por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 23 de outubro de 2011

O MORTO ENTERRADO NO FUNDO DO QUINTAL


Ninguém canta para o morto enterrado no fundo do quintal.
Ningém canta para os insepultos
mortos ou
vivos. E todos pedem esmola,

a moeda
para os olhos demasiadamente abertos.
Os olhos vazios
como casas em ruínas. A hera cresce pelas paredes, as raízes

engordam
as paredes. É um ambiente de paz
e desolação. As mãos
pendem

pesadas. Os pés estão fincados no solo, com musgo
no calcanhar.
O que faremos da vida? O que faremos da morte? Perguntamos
e nos afastamos envergonhados.

Nada resta nos bolsos para trocar,
para tocar
com os dedos ensanguentados. Abandonamos a nossa imagem
no fogo

que tudo consome. Uma gaivota, o clarão
de uma gaivota e o cachorro ganindo solitário como um barco
de borco
sob a lua.

                        J. C. Brandão




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