SONETO DE RENDIÇÃO
Sandra Pimentel
Ah, amor, enquanto se é humano
não se pode chegar ao bem divino,
contentar-se urge com o destino
de tecer o sacro em tear profano.
Não nego, amo-te tanto e tanto
que me entrego errante aos sentidos
de nossos corpos já tão confundidos
como de Orfeu a lira e o doce canto.
Se o amor é humano enquanto carne
e o humano é divino enquanto amor,
a carne é sinal de divindade.
Por isso nos beijemos sem pudor,
numa ânsia que embriague, que nos farte,
já que a eternidade é puro amor.
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