por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

ISMAEL SILVA- por Norma Hauer



Foi ali em Niterói, em Jurujuba que ISMAEL SILVA nasceu em 14 de setembro de 1905.
Mas aos 3 anos veio com sua família morar no Estácio e, graças a isso, se tornou um dos maiores sambistas dali; ao lado de Nilton Bastos, Mano Edgard , Mano Rubem...fundou a primeira escola de samba, em 1928, a Estácio de Sá.
Aos 15 anos compôs seu primeiro samba e, aos 20 (1925) teve sua primeira gravação:"Me faz Carinho", por Cebola, sambista da época.
Nesse ano, as gravações ainda eram mecânicas e as mais famosas eram realizadas pela Casa Edson. Eram "abertas" com uma voz dizendo:"disco da Casa Edson-Rio de Janeiro" e entrava a abertura, com poucos instrumentos.
Francisco Alves, que "de longe" sentia o que era bom, e já era um nome popular, sendo o primeiro a gravar pelo sistema elétrico, aproximou-se dos "bambas" do Estácio e propôs gravar seus sambas, desde que seu nome aparecesse como co-autor.
Ismael aceitou e surgiram seus primeiros sucessos, como a regravação de "Me Faz Carinho";"Não é bom Falar";"Se Você Jurar"... Francisco Alves é desculpado por essa atitude(até com Noel ele fez "parceria", como nos sambas "Não Tem Tradução", P'ra Esquecer" e alguns outros) . Ismael aceitou,mas em uma entrevista que ele deu a um órgão do qual não me recordo o nome, ele contou essa história; disse que na época achou ótimo porque, como sambista pobre, não teria como aparecer nas vozes dos cantores então famosos. E Francisco Alves era o mais famoso então.

Em 1944, Ismael encontrava-se em dificuldades financeiras e compôs um samba de nome "Antonico", dando-o para Alcides Gerardi gravá-lo. Era uma auto-história, visto que o "Nestor" ali descrito era o próprio Ismael. O "Nestor" estava precisando de ajuda e contava com o "Antonico". Esses eram os "famosos" dos anos 30, 40 e 50, não enriqueciam com suas músicas e ainda tinham de cedê-las ou pedir auxílio para sobreviver com elas. Principalmente se fosse negro e sambista.

Depois da entrevista em que Ismael contou sua odisséia, ele foi convidado(em 1964) a gravar dois LPS .

Dois Lps ISMAEL SILVA gravou em 1964:"O Samba na Voz do Sambista" e "Ismael Canta Ismael". Na mesma ocasião, Carlola e D.Zica criaram o restaurante "Zi-Cartola", na Rua da Carioca e convidaram Ismael para ali se apresentar. Foi bom para ele, que estava meio esquecido, mas não foi tão bom porque durou pouco.
Ismael foi para São Paulo, sendo homenageado na Bienal do Samba, naquela cidade.

Em 1973 no Teatro Paiol,de Curitiba Ricardo Cravo Alvim lançou o espetáculo "P'ra Você Jurar", uma de últimas apresentações de Ismael em público.

No momento em que estou escrevendo, ouço o programa "Minha Terra, Nossa Gente", que Luiz Vieira apresenta na Rádio Carioca - AM, 70 khz, de 2ª a 6ª feiras, das 6 às 8 da manhã e que está homenageando Ismael Silva.

Está sendo executada a música "Nem é Bom Falar", na voz do próprio Ismael. O que não dá para entender é que nesse samba, que Ismael gravou em um de seus LPs, de 1964, ele modificou a letra da 2ª estrofe, misturando-a com a da 4ª. Afirmo isso, porque na gravação original de Francisco Alves, feita em 1930, o final da 2ª estrofe dizia;
"Se não eu acabo, dando p'ra gritar na rua:
Oh, eu quero uma mulher bem nua".

A 4ª estrofe dizia:
Ela deu o fora, foi morar lá na Favela,
Oh, e eu não quero saber mais dela.

Ismael "misturou" as estrofes e começou a 2ª normalmente, mas na parte final acrescentou a 4ª. Ficou uma miscelânia. Se em 1930 ele podia falar em "mulher nua" por que não o pode em 1964? Seria conseqüência da "revolução"(?) de 64 ? .Jamais saberemos.
Ismael faleceu em 14 de março de 1978, seis meses antes da data em que completaria 73 anos.

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