as mãos na tessitura da noite
enganam a criatura que fosse
riscar os versos de um poema
na lâmina do céu estrelado
tudo se embaraça no vinho,
na curva do límpido cristal,
goela abaixo sangue acima
e calor de mais de trinta graus
como fulgem olhos do trânsfuga
mirando as luzes dos prédios longe,
miríades de estrelas em silêncio
sobre a ilusão do poeta insone
o gosto amargo do meu cigarro
não se foi com a fumaça doce,
fumaça doce como se fosse,
fumaça maior do que o que vem
na forma de transtornadas ruas
dissolvidas na curva do hálito,
esterilidade nas palavras,
palavras completamente outras
Chagas
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