por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 29 de abril de 2011

ODETE AMARAL- por Norma Hauer


Foi no dia 28 de abril de 1914 que ela nasceu na cidade de Niterói e ainda bem pequena veio com a família residir aqui no Rio.
Já em criança, por sua bonita voz, era sempre convidada a cantar no teatro da escola, além de festinhas familiares.
Em 1936, foi levada por Felisberto Martins para cantar na Rádio Guanabara, onde interpretou o samba então em voga na voz de Carmen Miranda: Minha embaixada chegou, de Assis Valente, acompanhada pelo violão de Pereira Filho.. Com o sucesso do teste, a cantora foi logo escalada para participar do programa "Suburbano", onde também se apresentavam Sílvio Caldas, Marília Batista, Noel Rosa, Almirante, Aurora e Carmen Miranda, entre outros.
Em seu primeiro disco gravou o samba “Palhaço”, de Milton Amaral e Roberto Cunha e “Dengoso”, também de Milton Amara, que não era seu parente.. Passando a atuar na RCA-Victor, para onde foi levada por Ary Barroso, ali gravou aquele que pode ser considerado seu primeiro sucesso:”Colibri” do próprio Ary Barroso...
”Foi uma das cantoras que mais apareceu em coros de cantores como Francisco Alves, Mário Reis, Almirante, Carlos Galhardo...
No ano de 1937 passou a fazer parte do “cast” da Rádio Mayrink Veiga, então a mais importante emissora da época. Cesar Ladeira costumava cognominar os cantores sempre com algo que os marcava bem,
Assim, Odete Amaral passou a ser “A Voz Tropical.
Mas no mesmo ano, transferiu-se para a Rádio Nacional, voltando logo à Mayrink, onde conheceu Ciro Monteiro e gravou um samba de sua autoria, de nome “Sorrindo” e, sorrindo, apaixonou-se pelo cantor, então também compositor, casando-se com ele no ano seguinte.
Ainda em 1937 obteve um grande sucesso no carnaval: a marchinha “Não Pago o Bonde”, de J. Cascata e Leonel Azevedo.

No apogeu do carnaval de rua, o bonde era a grande vedete”
NÃO PAGO O BONDE
Não pago o bonde, Iaiá,.
Não pago o bonde, Ioiô,
Não pago o bonde que eu conheço o condutor.
Quando estou na brincadeira,
Não pago o bonde, nem que seja por favor.

O maior sucesso de Odete Amaral foi o samba”Mormurando”, do maestro “Fon-Fon”, gravado em 1941
MORMURANDO
Murmurando esta canção
Eu sei que o meu coração
Há de suplicar amor
Vem matar tanta dor
Já não há luas-de-mel
Nem mais estrelas no céu
Um anel de ambições envolveu irmãos
E será um poder fatal
Se o bem não vencer o mal

Amor, tanta dor há de chegar
Ao fim
É melhor, é bem melhor
Viver sem imitar Caim
Por que mentir, trair, matar
Em vez de amar?

Será que a negra escuridão
Pode apagar a luz do Sol?
Será que o nosso coração
Pode viver sem um crisol?
Se Jesus ao levar a cruz além
Não deixou de pregar o amor a alguém?
Além de todas as razões
Quero mostrar aos meus irmãos
A lição de perdão do Grande Rei, o Criador
Que ao expirar sobre o Tabor
Quis imortalizar o amor.

Em 1946 Odete Amaral gravou um samba de Humberto Teixei ra, de nome “Bem Vi”, que citava o “gasogênio”. E o que era o gasogênio ? Era um combustível que surgiu no tempo da 2ª guerra para substituir a gasolina, importada, racionada, que só podia ser usada por médicos, táxis e autoridades.
Não me lembro bem da letra, mas sei que dizia:

“Bem, bem, bem vi
Teus olhos engolindo os dela
E logo compreendi
Que tens um sentimento nela....

E terminava assim
...e de quebra um gasogênio
É só isso que ela quer”.

Os autores sempre aproveitam de algo em destaque para colocar em suas composições..

Odete Amaral, depois do nascimento de seu filho, afastou-se do rádio e das gravações e faleceu no dia 11 de outubro de 1984, aos 70 anos.

Norma

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