por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 14 de abril de 2011

"...DO CARIRI" - José Nilton Mariano Saraiva

Desnecessário forçar a memória pra lembrar que, meses atrás, quando da “farsa” que foi a plenária solene de criação da Região Metropolitana do Cariri, no recinto da Assembléia Legislativa do Estado, alguns dos Deputados Estaduais (que inclusive foram votados no Crato) se postaram peremptória e radicalmente contrários a tal denominação, já que, asseveravam convictos, desde o batismo oficial a denominação mais “apropriada” para aquela área seria Região Metropolitana de Juazeiro. Como não houve unanimidade e objetivando aparar arestas, os “bombeiros de plantão”, por conveniências momentâneas, decidiram pela manutenção da primeira denominação – Região Metropolitana do Cariri. Puro jogo de cena, conversa pra boi dormir, cinismo absoluto, hipocrisia em estado latente, já que a questão substantiva, a da localização dos empreendimentos que viriam para a Região Sul do Ceará e a conseqüente alocação dos necessários recursos para tal mister, de antemão já estavam garantidos pra Juazeiro do Norte.
Na oportunidade, registramos aqui mesmo o nosso protesto, e profetizamos que, em razão do “componente político”, na prática a teoria seria outra, já que havia e estava clara a predisposição governamental de privilegiar as cidades de Sobral, ao norte, e Juazeiro do Norte, ao Sul, em termos de interiorização desenvolvimentista do interland alencarino; às demais cidades seriam destinadas as sobras, os refugos, as migalhas, aquilo que não fosse de interesse da “metrópole” (o lixão, por exemplo), já que meros satélites a vagarem na órbita das urbes acima citadas. O tempo literalmente “fechou”, já que fomos “premiados” com alguns adjetivos de cunho eminentemente preconceituosos e depreciativos, tais quais: conservador, bairrista, ultrapassado, anacrônico e por aí vai.
Fato é que, de lá pra cá (e lamentavelmente), o que houvéramos previsto se tornou uma dolorida realidade (principalmente para os cratenses), além do que revestido e acompanhado de um componente sarcástico e provocativo: em todos os grandes principais investimentos implementados em Juazeiro do Norte (principalmente na esfera governamental), há de se expressar e constar em “caixa alta e cores diferenciadas”, tanto na fachada da obra civil como em documentos atinentes, a denominação complementar “...DO CARIRI” (assim, temos o Aeroporto Regional do Cariri, o Hospital Regional do Cariri e por aí vai), como se, a partir de então, nenhuma obra similar ou de características idênticas se torne necessária (Juazeiro do Norte deterá o privilégio de ser o primeiro e único em termos de Cariri, ad eternum).
E, só pra chatear (ou jogar a última pá de cal num corpo insepulto e putrefato), maus cratenses (adeptos do puxasaquismo e de conveniências momentâneas) trataram de difundir um slogan tão cretino quanto derrotista - “somos um só povo, uma só nação Cariri” - que apenas denota a falta de compromisso, o desamor ao Crato, o pouco caso com o futuro da cidade, o conformismo com o catastrófico status atual, a impotência de se conseguir algum projeto de porte gerador de emprego e renda, a inapetência política caracterizada pela falta de parcerias capaz de alavancar o desenvolvimento da urbe; e o pior é que tão estapafúrdio conceito foi imediatamente absorvido e difundido, inclusive e principalmente pelas autoridades do município, numa clara sinalização de que não devemos nos preocupar se nada vem para o Crato, não devemos reclamar se nos falta emprego e renda, não devemos se importar se a nossa cidade dia-a-dia se degrada, afunda e se transforma numa cidade fantasma, porque, afinal de contas... “Juazeiro é bem ali” (assim, até um simples BO policial terá que ser obtido lá).
Também, esperar o que de um prefeito que publicamente proclamou que “...o Crato é final de linha, só vai ao Crato quem tem negócios lá” ??? O que esperar de um prefeito que é tão “afinado” com o Governador do Estado que este, em visita à cidade, fez questão de ignorá-lo solenemente e às claras ???
Ta na hora, pois, do povo do Crato encarar com mais seriedade e responsabilidade uma eleição, colocando à frente do município pessoas que tenham compromissos com a cidade, que se disponham a catapulta-la do pântano movediço em que a meteram (já há décadas).

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