por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Feira do Crato da minha infância - por Magali de Figueiredo Esmeraldo.

Lembro-me que evento tão movimentado era a feira do Crato! No domingo à noite, os feirantes já colocavam sacos de feijão, na frente da calçada da casa onde eu morava, para a feira do dia seguinte. A economia do Crato dependia em grande parte dos produtos agrícolas. Os pequenos feirantes tiravam o sustento de suas famílias do resultado dessa feira semanal. Os proprietários das casas comerciais, graças ao aumento do fluxo de pessoas que vinham ao Crato, também se beneficiavam com a feira.

Era uma grande feira que se estendia por várias ruas do centro da cidade, pois naquela época não existia supermercados, só pequenas mercearias. Hoje a situação da feira é outra. Atualmente, embora tenha mudado de local, ainda serve de sustento para algumas poucas famílias e ponto de encontro dos moradores da zona rural. Além do mais, alguns produtos somente são encontrados na feira, como potes de barro, tamboretes, candeeiros e outras pequenas coisas.

No trecho da Rua Dr. João Pessoa onde eu morava, a minha euforia de criança era grande ao ver, já no domingo à noite, aqueles sacos de feijão empilhados sobre a minha calçada, pois sabia que com primos e primas íamos brincar em cima deles. A criatividade era grande, brincar de se esconder, ficar sentados enquanto uma prima nos contava histórias e muitas outras brincadeiras divertidas.

No outro quarteirão para lá da Praça Juarez Távora, chegando ao início da Rua Dr. João Pessoa, era a feira de barro. Era lá nesse trecho, que moravam minhas primas, que fizeram parte da minha infância. Na casa delas, muitos feirantes guardavam suas panelas de barros empilhadas no quintal para venderem na próxima feira. A mãe delas, por ser muito solidária, tinha a boa vontade de emprestar o quintal para os vendedores. Eu, na minha peraltice de criança, certa vez resolvi subir num pé de seriguela existente no quintal da casa das minhas primas, para logo em seguida cair, quebrando todas as panelas de barro que forravam o chão abaixo da árvore. Fiquei por alguns segundos sem fala, deixando todos nervosos e alvoroçados. Passado o susto maior, a gargalhada foi geral, porque eu na minha dificuldade de falar, a primeira coisa que disse foi: “Estou sem fala!” Depois desse sufoco, eu tive de ir para casa contar o que aconteceu ao meu pai e minha mãe, que além da preocupação com minha queda, tiveram que arcar com o prejuízo pagando aos pequenos comerciantes.

Na segunda-feira, logo ao amanhecer o dia, já se ouvia o barulho do pessoal arrumando as barracas para o início da feira. Ficava me distraindo vendo na parede do quarto, através da réstia do sol, pessoas se movimentando na rua. Imaginava estar assistindo um filme, devido às formas serem tão perfeitas. Era hora de me levantar para ir à aula e cumprir minhas tarefas de estudante. Quando voltasse, tinha a tarde toda, para me debruçar na janela da frente da casa e observar os transeuntes, porém antes tinha que fazer os deveres de casa.

A feira era o ponto de encontro do pessoal do campo que, além de fazer suas compras, aproveitavam para conversar. O dia era de animação para todos. Quando anoitecia os feirantes cansados, mas felizes desmontavam as barracas, varriam o local e deixavam em ordem. Tudo recomeçaria na próxima semana.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

8 comentários:

socorro moreira disse...

Arrepiou!

Este Crato vitalizado por seus habitantes, abastecido pelos seus produtos , tinha gosto de bom-bom!
Em todas as casas, sempre tinha um feirante pra pedir um copo d'água ou esperar a generosidade de um rango. Estas gentilezas eram trocadas por milho, macaúba, feijão verde ...
Feira tem a bagunça da infância e o lúdico também !

Saudades, amiga !

Anônimo disse...

Obrigada Socorro! Você como eu, morava no centro da feira. Era divertido!

Um grande abraço.

tatiana disse...

Naquela época existia mesmo infância. A gente era feliz. Brincava de verdade. Que saudade. Lindo texto querida irmã. Tenha um ótimo dia. Lembranças a todos. Bjs

Anônimo disse...

Obrigada Tati, por ter comentado o meu texto.

Um grandr abraço

Magali

Stela disse...

A feira do Crato, da nossa infância, é inesquecível.Pra mim é uma memória afetiva das melhores que tenho guardado.

Beijos MAGALI.

Anônimo disse...

Era muito bom Stela! Muitas vezes íamos em grupo depois da aula, lembra-se? Uma vez caí de joelhos na feira e fiquei chateada, pois Francíria e Rosineide deram boas gargalhadas. E eu com meu joelho sangrando e ardendo não tinha nenhuma vontade de rir. Agora sim lembro com alegria rindo e com saudades daqueles velhos tempos.
Obrigada e um grande abraço.

Altina Siebra P.Barreto disse...

Magali,
as segundas-feiras de nossa época, jamais serão esquecidas. E um marco na vida de cada uma de nós. Quando pequena,mamãe já me mandava fazer a feira da semana. E lá ía eu com um balaio,um ajudante para pegar o peso, pechinchando por meio dos cereais, frutas e verduras expostos nos quarteirões centrais de nossa cidade. Já adolescente, um grupo de amigas saíamos do colégio para comprar bitomba, mangaba, azeitona, macaúba e depois saboreá-las, sentadas nos bancos da Praça da Sé. Tempo bom e feliz para relembrar! Abraços!
Altina Siebra P.Barreto

Anônimo disse...

Você tem razão Altina, jamais esqueceremos a alegria que sentíamos com a feira do Crato. Que bom sua presença aqui nesse Blog!

Um grande abraço.

Magali