por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

AS PALAVRAS DE FOGO

                
                                  
                                                         
                                     
AS PALAVRAS DE FOGO


Piso as uvas no lagar.
Deus me açoita com uma vara de palavras.

Ouçam a harpa no escuro.
Ouçam a harpa gemendo como uma estrela estrangulada.
Ouçam a harpa.
Eu ouço a palavra.
Os vergões da palavra me comem a carne.

O mar me levou no seu sal inclemente.
O mar me levou para o horizonte branco.
O mar me cobre com seu lençol de espumas.
Deixei minha alma nas guelras de um peixe triste.
Mendiguei às portas dos pobres.
Mendiguei às portas dos soberbos.
Mendiguei as varas de Deus com suas palavras de fogo.

Saciei a minha sede com a água amarga.
Os cães me rodearam, farejando as minhas feridas.
Estou marcado a ferro pela palavra de Deus.
Levanto o cântaro com o vinho do espírito.
Dilacerado pelo zinabre do crepúsculo,
coroado de espinhos e escárnio,
voarei para o ouro do eterno.


2 comentários:

socorro moreira disse...

QUANDO COMEÇO A ENTRAR NAS PALAVRAS DOS TEUS VERSOS, BEBO-LHES A SABEDORIA.
ENCANTA-ME A IMAGEM QUA ACOMPANHA A POESIA.
SEM MAIS PALAVRAS... SÓ CONTEMPLAÇÃO E SENTIMENTO.

ABRAÇOS.

Stela disse...

"Deus me açoita com uma vara de palavras"

Após a leitura de um poema de Brandão só duas coisas a fazer:
silêncio e contemplação.