por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 15 de janeiro de 2011

Por Norma Hauer

JOSÉ GONÇALVES
Quem terá sido JOSÉ GONÇALVES?
Ele era, nada mais, nada menos, que o ZÉ DA ZILDA, nascido em 6 de janeiro de 1906, aqui no Rio de Janeiro.
Casado com Zilda Gonçalves, desde 1938, formou com ela uma dupla que começou a atuar na Rádio Transmissora, exatamente onde se conheceram e atuavam com o nome de “Dupla da Harmonia”.
Passando, nesse mesmo ano, para a Rádio Cruzeiro do Sul, a dupla foi ali “batizada” por Paulo Roberto de ZÉ E ZILDA. Assim, mantiveram-se juntos até que Zé faleceu, prematuramente, em 10 de outubro de 1954, aos 48 anos.

A partir de 1946, Jorge Veiga gravou, da autoria de ambos, “Caboclo Africano “; Emilinha Borba: “Nosso Amor”; Marlene , da co-autoria de Adelino Moreira e Zé, o samba “Quebra-Mar”; Orlando Silva, de Zé da Zilda e Marino Pinto fez grande sucesso com “Aos Pés da Cruz”.

Aos pés da Santa Cruz,
Você se ajoelhou
E em nome de Jesus
Um grande amor você jurou;
Jurou mas não cumpriu,
Fingiu e me enganou
P’ra mim você mentiu
P’ra Deus você pecou.

O coração tem razão,
Que a própria razão desconhece
Faz promessas e juras, depois esquece.
Seguindo esse princípio.
Você também prometeu.
Chegou até a jurar um grande amor,
Mas depois esqueceu.

O primeiro sucesso da dupla, como cantores, foi em 1954, no carnaval, com o samba “Ressaca”
“Tá todo mundo de ressaca,
Ressaca, ressaca, ressaca”...
Nesse mesmo ano, com o coro artístico da Odeon, fizeram outro sucesso:”Império do Samba”.
No ano seguinte, saiu a gravação de “As Águas Continuam”, embora ZÉ já houvesse falecido.
Com o falecimento de Zé, Zilda compôs em sua homenagem, o samba :”Vai, Que Depois Eu Vou” e “Meu Zé” .
Em 1958. outro samba:”Amor, Vem me Buscar”, dela com Ricardo Galeno.
Em 1961 gravou, de Paquito e Romeu Gentil, ainda em homenagem ao Zé, o samba “Vem Amor”.
Zilda não se conformou com a morte de Zé mostrando o grande amor que os uniu.
Isso é muito bonito, principalmente tratando-se de dois artistas unidos na vida e hoje na morte.

Norma
ALCIDES GONÇALVES
Ele faleceu em Porto Alegre a 9 de janeiro de 1987, mesma cidade onde nasceu em 1 de outubro de 1908.
E quem é ALCIDES GONÇALVES ? Músico e compositor, embora bastante conhecido em sua terra natal, viveu, durante alguns anos aqui no Rio de Janeiro onde fez parte da Orquestra da Rádio Nacional, para onde veio em 1939 e também da de Radamés Gnatalli, no Copacabana Palace.

Suas composições não foram em grande número, mas marcaram sucessos aqui no Rio, principalmente na voz de Francisco Alves, que gravou "Cadeira Vazia"
"entra meu amor, fica à vontade
e diz com sinceridade,
o que deseja de mim..."
ou ainda
"Quem há de dizer,
que quem vocês estão vendo
naquela mesa bebendo
é meu querido amor...;
ou mesmo
"Vocês estão vendo aquela mulher de cabelos brancos,
vestindo farrapos, calçando tamancos..."

Mas isso não é de Lupicínio Rodrigues? É !
Alcides Gonçalves foi para Lupicínio o que Vadico foi para Noel Rosa, Alberto Ribeiro para Braguinha, ou Octávio de Souza para Pixinguinha: O PARCEIRO NUNCA CITADO.
Mas estão lá, também são parte da história de algumas músicas daqueles compositores.

Com "Triste História", ao lado de Lupicínio, Alcides Gonçalves venceu um concurso realizado pela Prefeitura de Porto Alegre.
A primeira composição da dupla, entretanto, foi "Pergunta a Meus Tamancos", que não fez sucesso..

Depois de alguns anos aqui no Rio de Janeiro, regressou a sua terra natal (Porto Alegre) vindo a falecer ali em 9 de janeiro de 1987, aos 78 anos.

Norma
TREM DA ALEGRIA
Um dos mais importantes radialista e compositor de nosso meio radiofônico nasceu em um mês de janeiro, no dia 10, em 1904. Seu nome LAMARTINE DE AZEVEDO BABO.

LAMARTINE BABO, havendo perdido o pai muito cedo, cedo começou a trabalhar, sendo seu primeiro emprego na Light, onde não ficou muito tempo e,aprendendo o Código Morse, foi trabalhar nos Correios.
Mas seu destino era compor e elaborar programas radiofônicos e nisso ele foi um dos pioneiros.

Envolvendo-se com o "Bando dos Tangarás", em 1929, foi orientado por Almirante para ingressar no rádio, o que ele fez em 1929, na então Rádio Educadora do Brasil (PRB-7). Ali lançou os programas "Horas Lamartinescas","Radioletes e "Perfis e Perfídias".Apresentou, ainda um programa com o título de "Clube da Meia-Noite",não aceito pelos censores da época; Lamartine, perspicaz, mudou o nome para "Clube dos Fantasmas". Aí foi aceito.Ah, os censores!!!

Com a vinda de César Ladeira para a Rádio Mayrink Veiga, foi um dos primeiros a assinar contrato com a emissora, levando para lá seus programas e lançando a "Canção do Dia", onde comentava canções suas e de seus colegas. Foi um de seus programas de maior sucesso.

Como compositor, pode-se dizer que estreou com a marchinha para o carnaval de 1931, de nome "Com a Letra A",homenageando uma namorada de nome Alda, que não quis mais saber dele e,no mesmo ano compôs "Uma Andorinha Não Faz Verão". No ano seguinte,"estourou" com "O Teu Cabelo Não Nega",gravado por Castro Barbosa (aquele que depois fez sucesso ao lado de Lauro Borges na famosa "PRK-30).

compositores de Pernambuco, que entraram em ação contra a gravadora Victor Brasileira, por não haverem autorizado o aproveitamento de sua música. As segunda e terceira partes do samba são de autoria de Lamartine. Nas gravações posteriores a Victor foi obrigada a colocar o nome dos Irmãos Valença. E mais: acabou aceitando outras composições daqueles Irmãos, o que levou o então iniciante cantor Carlos Galhardo, a estrear em discos gravando um frevo da autoria dos compositores pernambucanos.

A partir daí o nome de Lamartine passou a figurar em um grande número de composições. A maioria representou sucessos, como "Marchinha do Grande Galo"(carnaval de 1934) "Ride Palhaço"(do mesmo ano) ;"Linda Morena” e "A Tua Vida é Um Segredo"(de 1933);"Na Virada da Montanha"; Hino dos Carnavais Brasileiros"(1938)...
Como compositor romântico, foi autor das letras de "Alma dos Violinos";"No Rancho Fundo";"Mais Uma Valsa...Mais Uma Saudade"; "Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda";"Serra da Boa Esperança"...

Um cateretê, gravado por Lamartine, com Carmen Miranda, de nome "As Cinco Estações" foi uma brincadeira com os prefixos das primeiras emissoras nacionais.

Brincou, principalmente com a Rádio Sociedade, a mais antiga, dizendo que havia sido "parteira de Rio Branco"
Brincalhão como sempre foi, em seus programas gostava de contar que não podia sair de terno preto e gravata branca porque, magro e alto, poderiam confundi-lo com os postes de parada de bondes, que pretos, tinham uma faixa branca.
Havendo sido telegrafista, certa vez ingressou em uma agência dos correios e dois telegrafistas, vendo-o trocaram a seguinte mensagem: "feio, alto e magro..."; Lamartine, dedilhando sobre o balcão da Agência, respondeu :"feio, alto, magro e ex-telegrafista".

Talvez o mais falado e importante programa criado por LAMARTINE BABO tenha sido o "Trem da Alegria", que apresentava com Heber de Boscoli e Yara Sales, sendo os três cognominados o "Trio de Osso", parodiando o “Trio de Ouro”, formado por Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas.

O "Trem da Alegria" foi lançado na Rádio Mayrink Veiga, daí o trio ser assim denominado por César Ladeira.

Antes de o "Trem da Alegria" partir para a Rádio Nacional, passou a ser apresentado do Teatro João Caetano, tão grande era o público que freqüentava o auditório (pequeno da PRA-9.

Com a morte prematura de Heber de Boscoli, o trio se desfez e quando os ritmos de nossa música começaram a mudar, Lamartine, fazendo parte da União Brasileira de Compositores, dedicou-se mais ao órgão, afastando-se das atividades radiofônicas.

Em junho de 1963 estava sendo ensaiada uma peça em homenagem a Lamartine, com o nome de "O Teu Cabelo Não Nega" da autoria de Carlos Machado.

Convidado a assistir aos ensaios, ficou emocionado e, no dia 16 daquele mês, veio a falecer de ataque cardíaco, com apenas 59 anos.

TREM DA ALEGRIA DOS PARLAMENTARES
Talvez os próprios parlamentares atuais não saibam de onde vem o nome "Trem da Alegria" como é considerada a "marmelada" que eles "inventam" principalmente quando há um grande "benefício" aumentando seus popudos salários em 63 %

Essa denominação veio, exatamente do "Trem de Alegria", de Lamartine Babo e companhia.

É um verdadeiro "trem da alegria" no quial todos eles embarcam

Norma
ÚLTIMA INSPIRAÇÃO
Foi no dia 10 de janeiro de 1947 que ele partiu deixando uma grande lacuna em nossa música.
Seu nome: JOÃO PETRA DE BARROS

Nascido em 23 de junho de 1914, começou sua carreira de cantor ainda no início dos anos 30, tendo sido amigo de Noel Rosa, sendo o primeiro a gravar, de Noel, "Até Amanhã". Foi, também o primeiro a gravar "As Pastorinhas", ainda com Noel vivo e que não fez sucesso.

Naquela ocasião a música chamava-se "Linda Pequena" e alguns versos foram, posteriormente, modificados por Braguinha, que mudou o título de "Linda Pequena" para "As Pastorinhas", deu a Sílvio Caldas para gravar e é sucesso até hoje, sucesso que Noel não conheceu.

Petra de Barros foi também o primeiro a gravar "Última Inspiração", de Peterpan, que vinha a ser cunhado de Emilinha Borba..

De seu repertório constam, ainda: "Santo Antônio Amigo";"Bonequinha de Veludo";"Teatro de Revista";"Flor do Lodo";"Rosa de Veludo" e muitas outras.

Nos tempos dos bondes, dos quais temos saudades, mas que devemos recordar que não eram tão bons assim, acontecia que, quando não havia lugares em seus bancos, a "moçada" viajava nos estribos, expondo suas vidas.
E muitos morreram por causa disso.

João Petra de Barros, viajando no estribo de um bonde “Tijuca” (66), que transitava pela Rua da Carioca, rumo a seu ponto inicial na Praça 15, teve uma de suas pernas esmagada entre o bonde e um caminhão estacionado naquela rua.

Resultado: teve de amputá-la.

Nunca mais foi o mesmo.
Caiu em depressão e, em 10 de janeiro de 1947, com apenas 32 anos, amargurado, pôs fim à sua vida terrena.


Norma

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