por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

"DECISÃO POLÍTICA" - José Nilton Mariano Saraiva

E acabou restando vergonhosa e infrutífera a tentativa de alguns maus brasileiros de, em se aproveitando dos problemas surgidos na Petrobras, entregar para a banca internacional aquela que é uma das principais empresas do mundo, porquanto detentora das fabulosas reservas petrolíferas do pre-sal.

É que a presidenta Dilma Rousseff, contrariando o tão poderoso “mercado” e a parte podre da mídia tupiniquim, optou por colocar no comando daquela estatal um técnico da sua irrestrita confiança, com especialidade em finanças e não em petróleo, a fim de conseguir não só estancar a corrupção praticada por bandidos de alta periculosidade que por lá agiam impunemente desde o governo FHC, bem como também continuar explorando em sua plenitude o nosso “passaporte para o futuro” (o pre-sal).

Claro que, em virtude do rombo descomunal praticado pelos marginais-engravatados comprovadamente vinculados à “tucanalhada” (Pedro Barusco, Paulo Roberto & Cia) o estrago foi significativo, e somente descoberto em razão da “decisão política” da Presidenta Dilma Rousseff de “ir fundo” nas investigações (atitude pra lá de comprobatória de quem não tem o que temer).

Cabe agora à justiça (principalmente ao Supremo Tribunal Federal) agir com rigor em relação aos marginais que se locupletaram, impondo-lhes penas compatíveis com os crimes perpetrados, independentemente da posição e filiação partidária.

Quanto à Petrobras, agora livre dos ladrões-engravatados e contando mais que nunca com o apoio do povo brasileiro e do seu excelente corpo técnico e funcional, certamente recuperar-se-á do baque muito em breve e, mais importante, sem perder sua identidade, já que livre de ser entregue aos “gringos”, como a “tucanalhada” apostava e faria, se por acaso assumisse o poder o despreparado “Aébrio Never”.




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

José Carlos Brandão disse...

Amor é loucura?
Então quero ser louco!
Mais louco quero ser
quanto amor pode me dar.
Quero um amor de mulher
para me extasiar.
Amor sempre é pouco,
meu coração no peito
nunca está satisfeito.
Amor é loucura?
Desse mal ninguém me cura!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Antonio César-Amigo querido!

Perdemos muita gente querida, nos últimos meses. Meu coração a cada dia fica mais triste. E pensar que essa cadeia de perdas é contínua...! Porque a morte faz parte da vida. Quando iremos encara-la  com naturalidade?
O tempo  transforma a tristeza em saudade!

 Renasceu hoje, num plano superior, onde não existe a dor. Espaço de luz! Tua presença enchia de alegria o coração dos amigos.Guardo para mim a lembrança do teu sorriso. Te conheci criança. Ficamos amigos, na tua juventude...E este afeto é para sempre!
 
Dia 17 de fevereiro de 2015 foi mais um dia de luto para mim e para muitos.
Deus nos fortaleça para que possamos salvar a nossa alegria interior, e continuar louvando a vida como um bem maior, mas passageiro.
Meus sentimentos se irmanam aos de Dona Almina, Joaquim, José, Maria Edite, Bida, Maria Amélia  e a todos desta família por quem tenho afeto e respeito especial
 
socorro moreira
 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Fotos do Carnaval 2015 no CTC

Palco das homenagens!
foto de Samuk

Aurélia e Socorro Moreira


Clóvis e Aurélia Milfont



foto de Samuk

No palco, os homenageados!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

As Histórias Vividas- Por Aurélia Milfont

Quando eu era criança
gostava de dormir no quarto de Mãe São.
Cama enorme com lençóis branquinhos e cheirosos, lavados por Maria Pretinha-
no rio das piabas.
Lembro-me das palavras da minha avó.
-Leve o seu lençol, e eu levava enrolado debaixo do braço.
E bem antes do galo cantar,
no quintal da D.Maria Romão.
 Lá estava vovó rezando o ofício
de Nossa Senhora(...Deus nos salve relógio,
que anda atrasado...).
Mas o nosso relógio não atrasava.
Pontualmente o galo cantava
alto e em bom tom.
Era a hora do levantar.
Eu ficava deitada só mais um pouquinho
escutando os versos assobiados,
na cumeeira da casa.
Então eu ouvia a voz do Sr.Vicente,
o padeiro.
-Olha o pão!
-Olha o pão D.Conceição!
Minha avó abria a porta
e de mão lavadas,
recebia o pão nosso de cada dia,
ainda quentinho.
Era sempre assim, o pão era cortado
e ela fazia a chamada dos presentes:
Aurélia, Alísio,Arcy,\Emílio, Fernando...
Eu, menina gulosa, sentava-me à mesa
e esperava impaciente
que o café cheiroso e esfumaçante
fosse servido da velha chaleira de ferro.
Com os olhos compridos, pidão,
namorava as tapiocas feitas por Ninãn.
-Vó, vou guardar o pão,
quero a tapioca
-Quem guarda com fome,
o gato vem e come.
Dizia sorrindo
Eita vida boa!
Tranquila, sem pressa.
Eita tempo bom!
 
 
 
 
*  Maria Aurélia Milfont Benício é filha do Maestro Hidelgardo Benício, e esteve no carnaval da saudade 2015, representando o pai, na homenagem prestada pelo  CTC.
Tive o prazer de conviver com ela e Clóvis( seu esposo), neste final de semana  festivo.
Revelou-se grande poetisa popular, quando na sua primeira postagem, no Azul Sonhado, atingiu  o maior número de nossos leitores. Espero que tenhamos oportunidade de postar mais alguns dos seus inúmeros versos brancos e cordéis.
 
Hoje considero Aurélia minha amiga de infância, pelas afinidades, inclusive de sangue. Somos trinetas do Cel.Maiinha. 
 
Socorro Moreira
 
 

Fotos de Samuel Gregório- Carnaval da saudade 2015




 Fabiana e Zé Flávio: sucesso nas fantasias!


A nossa geração está reduzida  em presenças, a cada ano. Mas a festa continua muito bem participada e apreciada.
Animada por duas bandas, relevamos  a performance de Hugo Linard, Leninha Linard e o grande Peixoto( nosso eterno cantor).

E é como disse Mauricinho( um dos homenageados): Não vamos viver do passado. Vivamos o Carnaval 2015!


 

Carnaval da Saudade,2015 !




Maria Aurélia Milfont  representou o pai, nesta justa homenagem. Foi emocionante!















 Fotos de Samuel Gregório

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Selfie

                J. Flávio Vieira


                               Todo verão, amigos,  --não se enganem não !—lá se vem uma moda nova. Tivemos uma infinidade delas que se alternaram na mesma regularidade das estações. Já vieram:  o Walkman, o Celular, a máquina digital, o smartphone que, de alguma maneira, terminou por fundir muitas outras funções. Com ele, chegou uma das mungangas mais incríveis desses tempos : os selfies. O cabra bate selfie com o defunto no cemitério;  ensanguentado no acidente que acabou de sofrer; com a namorada na cama depois do venha-ver. E, mais que tudo! Manda imediatamente para as redes sociais, pois já não existe vida possível fora da virtualidade. Sem se mostrar para os outros, não é possível sobreviver.  Cada uma dessas invenções trazem, consigo, a ideia de ascensão social. Não ter no verão uma dessas estrovengas , remete, imediatamente, o sujeito  para a base da pirâmide e , de lá, não dá para ver o sol e nem se deleitar com a sombra. Claro que, em pouco, as feiras populares, fervilhantes vão se apropriando dessas modas , com produtos alternativos, para que o povaréu não fique na pior e possa também, de esguelha, bicorar um pouco desse paraíso de consumo. Quando a classe privilegiada descobre que o filho da empregada já possui a última novidade, a moda , imediatamente, é sustada e se inventa outra.  O ciclo, como um moto-contínuo,  se vai repetindo. 
                         A moca desse verão, por incrível que possa parecer,  é o tal do “Pau de Selfie”.  Talvez o leitor já tenha visto este penduricalho por aí. O sujeito usa um suporte para agarrar o Smartphone , dando uma certa distância, e facilitando o enquadramento, ao abrir mais o ângulo da selfie a ser tirada. As praias, os pontos turísticos se encheram destes “paus”, nestas férias, dava para se fazer uma apresentação de “Maneiro-pau”, se Mestre Cirilo topasse a brincadeira. Imaginem a dificuldade de carregar um trambolho desses, nas viagens, junto com uma infinidade de outras quinquilharias. Na Chapada Diamantina, um dos mais bonitos espetáculos , o pôr-do-sol visto do Morro do Pai-Inácio. Lá se postam inúmeros turistas , cada qual com o seu pau-de-selfie ( felizes, impávidos e orgulhosos com o novo aparelho), filmando o espetáculo e  privando-se, assim,  de assistir a ele. Vale mais o registro e, principalmente, a possibilidade de mostrar aos outros o vídeo, depois. A beleza do crepúsculo não interessa, degustá-lo, calmamente, nem pensar ! Nada de beber o Champanhe ! Vamos é mostrar aos amigos o rótulo do Moet-Chandon ! Freud diria, quem sabe, observando o brilho incandescente nos olhos dos pausistas,  que o pau-de-selfie, é um símbolo fálico, imprimindo aos seus proprietários um poder viril avassalador e inusitado.
                        Dizem os pausistas, justificando a aquisição, que a importância do  pau-de-selfie seria se bater a foto sem precisar incomodar ninguém. Se se refletir um pouco, veremos que a própria Selfie vai além do simples narcisismo. Há , por trás do retrato tirada por mim mesmo, uma certa dose de individualismo: eu sou eu e não preciso de ninguém! O pau de Selfie é, apenas, um aperfeiçoamento dessa arrumação. Houve um tempo, em que, nas viagens, as pessoas , solicitamente, pediam para os companheiros baterem suas fotos e retribuíam o favor, tirando a de outras pessoas e outros casais. Quantas amizades não começaram nestes simples contatos? Quantas paqueras não se encetaram, motivadas pelas fotografias que se iam alternando ? Se se reparar bem, esse individualismo tem sido um dos sintomas mais fortes dos tempos em que vivemos. As pessoas fogem dos relacionamentos como  o satanás da água benta. Amizades já não se fazem entre companheiros de trabalhos ou colegas de classe, até, porque, já não são colegas, mas concorrentes. As pessoas preferem, cada vez mais, os encontros ocasionais às relações mais sólidas. Casais já não querem filhos sob o pretexto que dá muito trabalho, atrapalha a vida pessoal e , economicamente, é um investimento muito desfavorável.
                                    As cidades, assim, parecem ter uma população muito grande, mas , na verdade, têm encolhido dia após dia, vêm se tornando desertas, simplesmente porque cada um dos seus habitantes deixou de viver na megalópole e passou a habitar no seu próprio mundo. Os habitantes de São Paulo cabem numa selfie.  Claro que existe uma praça gigantesca onde periodicamente muitos se encontram : as Redes Sociais. Essa encontro asséptico, no entanto, evita o toque, o olho-no-olho, o beijo, o abraço e, talvez, por isso mesmo, tenha se tornado tão importante e desejado. Dá a falsa impressão de que não estamos sós no mundo, que temos mais de dois mil amigos que nos curtem  e que, assim, a solidão não nos baterá à porta.

                                   O problema é que as grandes questões do planeta precisam cada vez mais do diálogo, da dissolução de diferenças seculares entre os homens, da conversa, da compreensão e da visão holística. Nosso barco está à deriva e cada um dos tripulantes mete a cabeça no buraco, como avestruz, acreditando que o iceberg que está logo à frente não lhe diz respeito. Antes do impacto final estarão todos no convés , com seus pau-de-selfie para registrar o fabuloso naufrágio do  Titanic.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Uma aura permanente sobre a Índia - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eram muitas as Índias. Com múltiplas influências culturais. Ao sul e ao norte. A leste e oeste. Afinal aquele grande enclave no território asiático é um subcontinente. Que ao chocar-se com a Ásia, elevou o Himalaia, que formou gelo, as montanhas sofreram erosão e fizeram uma grande e fértil planície, ainda mais beneficiada pelos rios que descem das montanhas.

O Brahmaputra e o Ganges, são a vida do que é hoje a Índia. Que é uma criação nacional do colonialismo Inglês. Poucos sabemos que a enorme cidade de Calcutá foi fundada pelos ingleses ali onde já havia alguma aglomeração, canais de rios navegáveis e atividade econômica agropecuária bem desenvolvida.

As instituições ocidentais, de natureza do Estado Nacional, terminaram dando cabo das antigas organizações políticas da Índia, fazendo dela um todo. Multicultural. Múltiplas línguas. Múltiplas crenças, inclusive e com muito peso o islamismo.

Agora onde se vá pela Índia há uma aura permanente, pois ainda recente, do Mahatma Gandhi. Que foi o fundador do moderno Estado Nacional indiano. Que não foi um só, surgido por algum dom especial. Ele é parte de um movimento de renascimento do hinduísmo, fazendo frente ao futuro ocidentalizado do povo indiano. Criando uma ponte entre aquele passado milenar e o presente ubíquo.

Assim como Florença foi do Renascimento Europeu, Calcutá foi do Renascimento Indiano ou Bengali. Figuras como Gandhi, o escritor Bankim Chandra Chatterjee, Rabindranath Tagore, o multicientista Jagadish Chandra Bose, o grande físico da mecânica quântica Satyendra Nath Bose (a partícula Bose é em sua homenagem), Upendranath Brahmachari, Meghnad Saha, o músico Ravi Shankar.

No tumulto incrível das ruas de Delhi, um parque se aproxima. Um lindo, imenso e silencioso parque. Se estende às margens do rio Yamuna, aquele mesmo que espelha a belíssima construção do Taj Mahal na cidade de Agra. É um parque da memória das grandes figuras da modernidade indiana.

Especialmente do Mahatma Gandhi. E não junte o local ao corpo sepultado. Nem mesmo as cinzas. Que como cinzas se dispersam no espaço. Mas o local onde foi cremado o Mahatma Gandhi e daí em diante muitas outras figuras do mundo indiano.

Assim Ravi Shankar, o rei do Sitar, compôs um poema musical, quase um cantochão para a aura permanente de Gandhi.


E por New Delhi se deparar com o monumento feito à flor nacional da Índia: o Lótus. Assim esta construção, de um belíssimo formato e ousada arquitetura ao som de uma música de Rabindranath Tagore.

Era um momento de garoa. Uma garoa fina. Como uma tênue lembrança. Daquelas violentas moções que afogam aqueles que não têm respiração aquática.


Era uma garoa fina no Templo do Lótus.

O Lótus fechado em botão: infinitas possibilidades.

A flor do Lótus aberta: a criação do universo.

Shasrapatram, o lótus de mil pétalas; Shatapatram o lótus de cem pétalas, Amborohan o lótus que brota da água e  kamalan o lótus que decora a água.

A água lodosa onde nasce o lótus é o apego e os desejos carnais, a flor de lótus, imaculada, em busca da luz, é elevação espiritual.

A raiz na lama,
O caule na água,
A flor no sol.  

Representação de oito pétalas é a orientação no espaço, harmonia cósmica.

Representação de mil pétalas é esclarecimento, perfeição, totalidade.

Lótus azul – sabedoria
Lótus vermelho – amor, compaixão
Lótus branco – pureza mental
Lótus rosa – esclarecimento, Buda.

Os ideais dos atributos feminino: elegância, beleza, perfeição, pureza e graça.


LÓTUS – a única flor que se poder oferecer aos deuses ainda em botão. 

A Índia é um corpo milenar navegando rapidamente as águas tormentosas da globalização. 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

NEPAL - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Nepal. Uma cunha entre dois continentes: a China e a Índia. Por isso mesmo se desenvolveu como a rota entre um e outro. Um comércio que lhes deu vantagens e criou uma civilização.

Que era o cadinho de muitos povos, especialmente as macros culturas indo-gangética e chinesa, entre elas o budismo tibetano. Além do mais é pelo e no Nepal que nascem os grandes rios que descem pela planície indiana. É ao mesmo tempo fonte e dispersor das águas que fizeram a fartura indiana.

É uma faixa de terras de pequenas e médias montanhas que se antecipam às elevações do Himalaia. Insuperável como cadeia de montanhas. Os Andes e o Alpes lhes prestam vassalagem em termos de altura.  

Olhem esta imagem do Himalaia e do interior do Nepal ao som de uma música Dimphu.


As partes mais altas do Himalaia se encontram no Nepal. Por isso a palavra Nepal parece originar-se de Nepaly que em sânscrito significaria “ao pé das montanhas. Assim é que os povos com maior desenvolvimento em escalar e sobreviver nas grandes altitudes são originários da tribo dos Sherpas.

As tribos mais antigas do Nepal, os Kirat já estavam lá há mais de 2.500 anos. Depois vieram migrações do sul: indo-arianos, dravidianos, gente do sul da índia e do Sri Lanka. Do norte vieram tibetanos e chineses.

Rota de comércio e múltipla formação étnica, deram ao Nepal uma música muito rica. Com instrumentos próprios e bons músicos. Além da associação constante com a dança. Os principais gênero são os Dohori (que se caracteriza por danças e vozes masculinas alternadas por vozes femininas num longo diálogo), tem a Deuda e Aadhunik geet.

Mas existem muitas músicas étnicas por via dos grupos que para lá migraram. A Dohori, por exemplo é da etnia Kirat. Além destes gêneros existem músicas devocionais originárias da índia e da pérsia muçulmana, além da música moderna que se desenvolveu em torno do cinema.

Enquanto imagens dos quarteirões tradicionais que ficavam em volta dos palácios (tais quarteirões chamados Durbar) vão passando, ouviremos um belíssima canção Dohori:



Andar pelo interior do Nepal é circular por subidas e descidas, curvas contínuas, atravessando vales de rios do degelo do Himalaia. Viajar pelo Nepal é encontrar casas no fundo dos vales e plantadas nas encostas. É olhar para as encostas e vê-las cortadas em curva de nível para o plantio do arroz.


Vejam estas imagens da Colina de Suayambhu que tem um peso muito especial na mitologia da formação de Katmandu. Uma mitologia de origem indiana com seus deuses que criaram a colina, e como um deles demorou para cortar os cabelos, nasceram os macacos que são relíquias e vivem soltos na colina. 

Aliás é sempre importante não esquecer que Buda nasceu no norte da Índia, já próximo do Nepal e que sua formação religiosa é Hindu. Devem estar acompanhando as imagens com outra música Dohori.


Nestas imagens chega-se até a fronteira do Nepal com a China, ali onde um dia foi o território independente do Tibete. Os veículos são parados constantemente nas estradas e sua carga examinada. Há intenso comércio na fronteira. Caminhões se acumulam para entrar na China.

As mulheres fazem o comércio formiguinha (igual àquele entre o Brasil e o Paraguai) através da ponte que separa Kodari da vizinha cidade chinesa de Zagmuzhen.

O ser humano é muito igual. O mundo é de um relevo variado e surpreendente. Quando somamos nossos corações aos outros povos, o mundo também é surpreendentemente belo, igual e diferente. 



À ESPERA DE UM TEMPORAL - José do Vale Pinheiro Feitosa

Considerando o horário de verão: são 18 horas e 32 minutos no Rio de Janeiro. A cidade entocou-se dentro de casa (digo apartamento, abrigo, hotel etc.). Desde as 14 horas que os trabalhadores foram liberados para retornarem aos seus domicílios em segurança.

Digo. Liberado, às vezes, para enfrentar a insegurança de suas moradias. Neste momento há um tempo fechado. Sem qualquer sinal de trovões, relâmpagos e outros componentes do anúncio que se tornou espera.

Espera que chegue um temporal. Inundando tudo. Derrubando barreira. Travando o fluxo da cidade. Formando correntezas. Alagados. Transbordando lagoas, levadas, riachos e rios.

Na espera um silêncio de automóveis. Seria a hora do rush. As ruas principais ainda têm volume, mas muito esvaziadas. Assim como o tempo que se antecipa a jogos da seleção brasileira no período da tarde quando todo mundo era liberado mais cedo.

A espera do previsto. Lá pelos lados da Pedra da Gávea e Morro dos Dois Irmãos, as nuvens se avolumam. Quando porções anuviadas intensamente plúmbeas começarem a se desgarrar do volume principal, chegou a hora desta gente bronzeada encontrar-se com o vaticínio.

Mas se a previsão furar? Não vier temporal? Apenas aquelas tempestades corriqueiras de verão? O que se há de dizer do serviço de meteorologia? Infelizmente diante de tantas mensurações, de tantos modelos matemáticos, como se justificar ao distinto público tamanho efeito adventício.

Eis que à ciência da previsão, segura e precisa, teria chegado ao estágio em que as imprevisões agora previstas, por outro lado passaram a sofre os males da omissão. O imprevisto, o não acontecido do que fora previsto. E retornamos à dúvida da imprevisão.


Mas não nos enganemos. Nós que vivemos nesta terra. A espera continua até muito depois do que pensamos. Vejamos o anoitecer e seus mistérios não contabilizados. Ali onde o contabilizado também perde ou ganha valor.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

ATÉ ISSO ??? – José Nilton Mariano Saraiva

Até prova em contrário (e tal prova não existe), a sede da Universidade Regional do Cariri (URCA) se localiza na cidade do Crato-CE, onde além dos diversos cursos ministrados se acha estabelecida a sua Reitoria.

Dentre as diversas faculdades vinculadas à URCA, a Faculdade de Direito tem se destacado sobremaneira, o que pode ser constatado quando da realização do Exame Anual da OAB, quando os alunos oriundos daquela salamanca têm obtido significado numero de aprovação.

O que não dá pra entender é que, quando da divulgação pela imprensa nacional da relação dos alunos aprovados no tal Exame Anual da OAB, no espaço dedicado ao Estado do Ceará os alunos da Faculdade de Direito do Crato sejam listados como aprovados e oriundos de Juazeiro do Norte, sem que se mencione nem de leve tenham eles cursado e sido aprovados na Faculdade de Direito da cidade do Crato.

Qual a razão para esse “desvio de finalidade” ou autentico “estelionato educacional” ??? Por qual razão descredenciar quem realmente faz (a cidade do Crato), em beneplácito de quem não tem nenhum crédito na questão (Juazeiro do Norte) ??? Não seria o caso das autoridades cratenses (políticos, associações de classe, clubes de serviços e tal) se  dirigirem formalmente à OAB, “exigindo” explicações ???  Como continuar aceitando tal tipo de humilhação ??? Qual a razão de tanta passividade e subserviência ??? 

   

You´ll Never Know - José do Vale Pinheiro Feitosa

Comece assim, no tempo e no espaço. No tempo de muitas páginas no calendário. No espaço remoto onde a maior das vozes era aquela que ecoava, como se nas nuvens, pelas cornetas de um serviço de alto falantes.

Os anos agora, são outros, com outra cultura, novos valores, conexões numa malha inteiramente nova. O prazer, o vício da moda, o desprezo e estranhamento do passado. Mesmo naquele tempo de muitos calendários o preconceito com o que não era da “classe”, social, de idade, de “tribo”, de turma, estava presente. Entre esclarecidos revolucionários, alienados das bandinhas de guitarra ou senhores e senhoras de roupas cheirosas.

Apenas por ser daquele espaço remoto, ser brega, se enternecer com música brega, pensar em alguém pela música brega, era uma ponte entre o tempo e o espaço. Uma ponte anacrônica, pois o tempo do povo brasileiro sempre foi mais lento do que o da classe média e da elite.

Os nomes daquelas melodias de Waldick Soriano, Orlando Dias, Lindomar Castilho, Carlos Alberto, José Augusto, Agnaldo Timóteo (este mais palatável à classe média), Núbia Lafayette, Rosemary, Silvinho, Wando, Antonio Marcos é uma lista muito mais longa que estas páginas. As melodias vinham de versões, de compositores dos bares e cabarés da periferia das cidades.

E foi assim que uma música, brega de extravasar pelo sangradouro, fez sucesso, inclusive nos programas de auditório da televisão. Era um sucesso de Antonio Marcos. Escutem só:


 Eu vou ter sempre você - Antonio Marcos - com uma montagem do youtube bem ao estilo.

Todo o arranjo e letra são de descer um copo após o outro na mesa do bar. De sob o poste apagado, encostado nele, na escuridão da rua, lembrar que ela nunca saberá o quanto a fumaça do cigarro evola-se por ela, enquanto o estoque de tabaco se queima em brasa.

Ela sentada na janela secreta daquele quarto noturno, com o radinho de pilha no colo, ouvirá a canção que desfia sua alma e lança os fios flutuantes por sobre as flores do jardim. Fios que flutuam alto e distante a até enovelar-se na forma dela no coração daquele amor.  

Algo mais brega? Esta intensidade ameaçada pela perda. Pela incompreensão. Por alguém que jamais saberá? É isso mesmo, não é?

Errado.

Os gringos, que têm a batuta na mão de fazer o “dictatus” do que é e não é in. Hão de dizer que não. Acontece que toda a melopeia de Antonio Marcos ganhou um Oscar de melhor canção de 1943 pelo filme “Hello Frisco, Hello”. Certo que era o tempo da guerra. Que a perda, a distância e a separação eram quase que a regra. Mas ganhou o Oscar, viu gente bem sabida!

E sim. Tem mais. Os compositores são grandes nomes da música americana sofisticada, gente que fez música para orquestras do tipo Glenn Miller, gente que compôs coisas do tipo Chatanooga Choo Choo ou que compôs para Frank Sinatra, Dean Martin, Nat King Cole, Barbra Streisand e por aí vai. Falo dos compositores, especialmente para o cinema, Harry Warren e Mack Gordon.

Agora escutem a gravação do filme com Alice Faye em Hello, Frisco, Hello:

You´ll Never Know - Alice Faye - cena do filme Hello Frisco, Hello.
  
Agora uma tradução mais na base da letra americana, diferente daquela que Antonio Marcos fez:   

Querida, eu sou tão triste sem você
Penso em você nos longos dias da vida
Quando me perguntar se eu estou sozinho
Então, eu só tenho isso a dizer:

Você nunca saberá o quanto sinto tua falta
Você nunca saberá o quanto me importo
Mesmo se tentasse, não poderia esconder meu amor por ti
Você deve lembrar, eu não disse assim
Um milhão ou mais vezes?

Você foi embora e meu coração foi contigo
Eu falo o teu nome em todas as minhas orações
Se há alguma outra maneira de provar que eu te amo
Eu juro que eu não sei como
Você nunca saberá se agora ainda não sabe.

Você nunca saberá o quanto eu sinto tua falta
Você nunca saberá o quanto eu me importo
Você disse adeus; no céu as estrelas se recusam a brilhar
Vai por mim: não é divertido estar sozinho
Com luar e memórias,

Não que os nascidos dos anos 90 para cá não estranhem qualquer canção dos idos dos anos 30, 40 e 50. Aliás esta meninada por falta de algo maior na melodia (não nos intérpretes pois eles têm os deles de agora) não deixam de ouvir e se admirar dos Beatles. A velhice dos anos 60 continua sendo o mais revolucionário que conhecem.

Apenas para que sejamos mais informados sobre a carreira desta canção: ela foi gravada entre outros por Frank Sinatra (no seu primeiro disco solo), foi gravada por Barbra Streisand (quando tinha apenas 13 anos e sua primeira gravação), foi gravada por Harry James e Rosemary Clooney, por Shirley Bassey, Dorys Day, Sandi Patty, Jim Reeves, Trini Lopez (já coroão), por Al Hirt (aquele trompetista do filme Candelabro Italiano) e muitas outras pessoas. Inclusive uma surpreendente Ralna English. A versão de Ralna é bem ao estilo e sem contar seus olhos castanhos esverdeados enfeitiçando os acordes com aquele rosto bem talhado. 

You´ll Never Know - Ralna English


Mas voltando a então. Naquele tempo tudo era brega, mas suspeito que era porque pertencia ao nicho popular e ninguém sabia que era um grande sucesso do cinema. Claro que para a geração Rock and Roll, geração Bossa Nova e até mesmo do MPB mais experimental, toda a geração de grandes compositores e intérpretes já estava ultrapassa. Eram novos tempo. Mas aquela divisão de classe, no mesmo velho estilo, era apenas isso: divisão de classe. 

E para finalizar, que tal Waldick Soriano dizendo que gostaria de ser compositor da canção:


Eu vou ter sempre você - Waldick Soriano

Sim. Os Platters fizeram outra canção com o mesmo título, que é totalmente diferente. É fácil achar no youtube.






 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

On the Avenue - quarto capítulo - José do Vale Pinheiro Feitosa

Conte aí. On the Avenue, filme musical de 1937. Os Estados Unidos da América estavam no centro da recessão. Os ricos eram o móvel do sofrimento dos desempregados e, ao mesmo tempo, os especuladores de Wall Street os grandes responsáveis por dramáticas histórias.

Então o que acontece após Mimi Carraway e sua família serem alvos do esquete, especialmente mais agressivo, cuja suposição era responsabilidade de Gary Blake? E considere que tudo isso aconteceu após um idílio amoroso, no banco mais procurado pelos namorados do Central Park. Aquele banco onde se via a lua melhor.

Mimi Carraway arquiteta a vingança e revela a sua intenção, sem dizer como, para a tia. Enquanto isso no escritório do produtor principal do show corre um nervosismo consequente. Os produtores agora sabem que podem ser processados pela família Carraway. Podem perder tudo e este fora o melhor show da produtora. O advogado da produtora chega e aumenta mais ainda a angústia da ameaça iminente.

A porta do escritório se abre e a secretária entra nervosa. Avisa ao chefe que Mimi Carraway está entrando. E ela entra com a energia de quem pode tudo. Ele, mesmo sem que ela pergunte, diz que não os pode processá-los. Ela diz que sim e que pode arrancar até o último centavo. Eles sabem que sim. Começam a falar sobre acordos.

Ela diz que não tem acordo e o que vai fazer é comprar o show. Imediatamente passam à composição do preço, o cheque é assinado, os chefes saem e o restante da produção fica trabalhando para Mimi. Que imediatamente começa a tomar providências.

Manda contratar trezentas pessoas entre o povo, recebendo ingressos para o show. Telefona a todas as colunas de jornais para que cheguem ao show pois haverá novidade. Convoca os Ritz Brothers ao escritório. Toma mais algumas providências subentendidas e parte para a noitada especial. Especial para os produtores pois nenhuma alteração do show foi anunciada aos atores (a não ser aos Ritz Brothers).

O show começa com Mona Merrick (Alice Faye) cantando Slumming on Park Avenue. Prestem atenção ao molho no canto de Mona e à coreografia. Ela toda é uma gozação aos ricos. Especialmente acompanhem a sequência em que Alice Faye dá uns passos de dança todos desengonçados, sem estilo de classe e mais à frente estes mesmos passos se tornam um belíssimo movimento.

Slumning on the Park Avenue - Alice Faye

Vamos lá favelizar, tome-se uma favelização
Vamos favelizar na Park Avenue.

Vamos nos esconder atrás de óculos extravagantes
E fazer caretas quando um membro das altas rodas passar.
Vamos cheirando o caminho onde eles andam
Farejando tudo que eles fazem.

Vamos adiante, eles fazem isso, por que não podemos também?
Vamos favelizar, nariz pedindo carona na Park Avenue

Vamos cheirando onde eles estão habitando
Farejando tudo do jeito que eles fazem

Vamos lá, eles fazem isso, por que não podemos fazê-lo também?
Vamos favelizar, nariz empinado na Park Avenue.

Como aconteceu com todas as músicas de On the Avenue, a Slumming on Park Avenue também foi gravada por muita gente. Em vários ritmos: fox-trott, swing, um tom mais jazzístico.
Escute esta versão em fox-trot com Ray Noble and his Orchestra.

Slumming on Park Avenue - Ray Noble and His Orchestra

Agora uma versão swing:

Slumming on Park Avenue - Charlie and His Orchestra 

E por último esta versão de Pegy Lee e do ator americano Jeff Chandler, uma surpresa ao cantar, sempre fazendo papel de homem durão, como cowboy, militar na segunda guerra, embora tenha feito comédias também.

Slumming on The Park Avenue - Pegy Lee e Jeff Chandler 

Então, retornando ao roteiro do filme musical On the Avenue. Agora entra a primeira maldade de Mimi Carraway com Gary Blake. Assim que Mona Merrick sai do palco, os Ritz Brothers fazem uma versão debochada do Slumming on Park Avenue. Acompanhem.


Slumming on the Park Avenue - Performance Ritz Brothers

O clima de mudança no show está construído. Gary Blake entra numa paisagem parecida com os alpes europeus, com uma linda mulher e canta para ela aquela mesma canção que cantou no Central Park para Mimi Carraway (You´re Laughing at Me e até no título da canção já tem ironia). Gary todo embevecido em seu número quando a atriz começa a demonstrar ares de preocupação.

Quando Gary olha para a plateia, parte substantiva está deixando o teatro (aqueles trezentos contratados por Mimi). O clima vai ficando pesado para a performance de Gary e ele vai se perdendo. O clima vai ficando pesado para a performance de Gary e ele vai se perdendo. A câmara foca Mimi Carraway com seu assistente, acompanhando espetáculo no balcão e o que se vê são olhares tristes e arrependidos. Afinal tudo é encerrado, grosseiramente, com a entrada dos Ritz Brothers fazendo uma tremenda gozação com a música russa Olhos Negros.


You Laughing at Me - Dick Powell e Slumming on The Parke Avenue - Ritz Brothers

No dia seguinte Mimi Carraway se encontra no escritório da produtora quando entra Gary Blake, empurra a cadeira de Mimi, abre a gaveta da mesa do escritório, retira o seu contrato e o rasga. Criou-se, então, a ruptura final do amor entre os dois. Cada um para o seu lado. Nos jornais a grande notícia: Mimi Carraway irá se casar com o explorador.

No restaurante frequentado pelos artistas da Broadway, Mona Merrick, sozinha numa mesa, janta. Nisso olha para a porta e vê um Gary Blake, abatido, perdido sem saber bem o que fazer, mas procurando a companhia de alguém. Descobre Mona e se dirige até a mesa. Chega tentando fazer ares alegre, mas logo em seguida entra em depressão.

Para tentar mostrar o que não está sentido, desperta e pede um champanhe para os dois. Mona fica observando aquela triste cena. Logo que o dono do restaurante se afasta, Gary volta ao seu ar perdido, partido pequenos pedaços de breadsticks que acompanha o couvert. Mona olha aquela tristeza e diz: eu sempre soube que você não era um bom ator. Agora tenho certeza.

No dia seguinte, Mimi Carraway, com ar de enfado e sem vontade de prosseguir se prepara para a cerimônia do seu casamento que será na própria mansão. O noivo, com seu ar esnobe, diz para os amigos que gostaria que a lua de mel fosse no polo norte. Faz tipo para quem o rodeia. Mimi, se deita na cama e pede uma taça de champanhe. Atrapalha quem lhe arruma, mas não liga.

Nisso Mona Merrick invade seu quarto e ambas ficam face a face. Mimi desafia Mona a dizer o que viera fazer ali. Mona diz que fará algo que não gostaria. Revela que a piora do esquete foi tudo armado por ela, sem o conhecimento de Gary. Mimi pergunta a razão disso tudo. Mona responde: o que uma mulher não faz por amor. Mimi, então, angustiada percebe o seu erro. Mona vai embora.

Começa a cerimônia. O explorador entra rodeado pelos amigos e desfila entre os convidados. Em seguida vem Mimi com seu pai ao som da marcha nupcial. O ar de Mimi é de total inconformismo. Olha para os lados e para trás, parece querer fugir. Em seguida, a cena troca para a tia de Mimi, numa sala contígua à de cerimônia, com uma orquestra de Jazz. Dirige os músicos de Jazz e recomenda que toquem bem alto. Então eles tocam abafando a marcha nupcial.

Fica uma perplexidade no salão. O pai de Mimi se descuida e ela foge da cerimônia. Ele vai atrás. A tia abre uma porta e o pai entra. Em seguida ela fecha o irmão por fora e o deixa com os enormes cães de Mimi que os rasgam todo. Quando, finalmente, saí, todo rasgado, Mimi já havia fugido.

Entra no carro para a fuga. Logo em seguida Gary Blake, fantasiado como o pai dela, também senta-se ao lado. Ela pergunta para onde vão. E ele responde: para prefeitura casar-se. Mimi o reconhece e o romance se confirma.

Como é um romance com um tom de crítica. Leve, até mesmo doce e conciliador de classes, o filme termina com todo mundo comemorando o casamento no vagão de trem transformado em restaurante. Mimi e Gary Blake brincando com o dono do restaurante, a tia com seu professor de trapézio, os Ritz Brothers e Mona com o pai de Mimi. É a cena do famoso:


THE END


Célia - O amor de Flaviano Callou!

Fiquei triste  com a partida repentina  da esposa do meu amigo Flaviano Callou. Ele faz parte do grupo de músicos que toca aos domingos, na garagem da Rua Pedro II.
Às vezes pedia-lhe para tocar e cantar a valsa Célia, de Augusto Calheiros, que o meu pai tanto gostava, e são raros os músicos que a conhecem. Claro que ele a conhecia!
Como a maioria das valsas , ela tem um toque de nostalgia. Um sentimento  presente, nestes dias de luto.
Que a música nos salve das dores das perdas e nos faça reencontrar forças  pra , apesar da saudade, voltar a sorrir.
 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

On the Avenue - terceiro capítulo - José do Vale Pinheiro Feitosa

Filme musical On the Avenue, de 1937, com músicas de Irving Berlin. Segundo o enredo do filme em continuação: o ator Gary Blake termina a noite memorável junto à milionária Mimi Carraway diante da mansão da família dela, com os dois cochilando, abraçados, na pequena carruagem nova iorquina. São acordados pelo cocheiro que nesta altura recebe como pagamento o casaco de inverno do ator e a gorjeta de um cachecol elegantíssimo.

Gary e Mimi estão apaixonados. No dia seguinte a sala e a biblioteca da mansão estão cheias de buquês de flores. Cada qual maior que o outro e com cartões apaixonados de Gary Blake. A distância entre os dois é insuportável e eles desejam que o tempo, até o reencontro, seja subtraído. Gary numa exaltação do amor, promete a Mimi que modificará o esquete com a família dela. A direção do teatro não aceitou a exclusão inteira, mas ele não deixará nada que seja ofensivo à dignidade familiar.

Promessa feita. Gary Blake, com mãos à obra, segue modificando o esquete. Onde ele faz isso? Dentro do salão do teatro. Rodeado de atores, produtores, roteiristas, ele se senta à mesa, com uma garrafa de coca-cola do lado, um pacote de batatas, concentrado, modificando o texto. Ao lado, junto ao pianista que a acompanha, Mona Merrick, a atriz que contracena com Gary, que é apaixonada por ele, canta uma canção de amor.

A canção é esta: This Year´s Kisses:

This Year´s Kisses - Alice Faye

Este ano a safra de beijos
Não parece tão doce para mim
Este ano a colheita é de perdas
São beijos de segunda mão.

Este ano um novo romance
Não parece ter uma chance
Mesmo ajudada pela lua cheia no alto
Este ano a safra de beijos não é para mim
Por que eu ainda sou roupa do ano passado.

Esta canção superou, como outras do filme, a sua trilha sonora e foi gravada por um número grande de cantoras e até por Benny Godman que segue abaixo:

This Year´s Kisses - Benny Goodman e Margaret McCrae

E, também, por Billie Holiday, agora num ritmo bem compassado e pronunciando as palavras com muita clareza:

This Year´s Kisses - Billie Holiday

Após terminar a sua canção, Mona Merrick (Alice Faye), se volta para Gary na sua tarefa concentrada de “amenizar” o esquete com a família e a própria Mimi. Mona expressa seu rosto de ciúme ao saber o que Gary faz. Os produtores se queixam que a esquete é o principal sucesso do espetáculo. Gary faz uma argumentação pouco sustentada, um tanto, "é assim que tem de ser".

A família de Mimi, agora com a tia dela de companhia, vem ao espetáculo. De cara Gary que imita o pai da Mimi, já não entra puxando um barquinho de brinquedo como da outra vez. Em seguida seria a entrada do personagem de Mimi, encenado por Mona, não deveria entrar mais com os cães como da noite anterior. Mas aí é que vem a traição e Mona entra com uma vara de porcos descendo o cenário do que seria a escada da mansão.

Mimi indignada. A família toda se retira. A esquete ficou muito mais ofensiva. Vão para o carro. Gary desesperado, surpreso com as “pioras” introduzidas por Mona, ainda tenta chegar à família mas eles já estão saindo e Mimi se recusa a olhar para ele.

Gary é chamado de volta ao espetáculo e então vai ao palco para uma performance com esta belíssima canção “I´ve Got My Love to Keep me Warm”. Olhem só como a canção tem um swing todo especial. Aqui Gary repete os clássicos passos dos anos 20 e 30 na coreografia americana. Olhem Gary cobrando Mona pelo que ela fez. 



A neve está nevando,
O vento está ventando
Mas posso resistir à tempestade!
Que me importa o quanto ela pode esfriar?
Eu tenho o meu amor para me manter aquecido.

Não me lembro de um dezembro pior
Basta ver esses pingentes de gelo!
O que me importam pingentes de gelo?
Eu tenho o meu amor para me manter aquecido.

Retiro meu sobretudo, puxo minhas luvas
Eu não preciso de sobretudo, estou queimando de amor!
Meu coração está pegando fogo, a chama aumenta
Então eu vou resistir à tempestade!
Que me importa o quanto ela pode esfriar?
Eu tenho o meu amor para me manter aquecido.

(Instrumental)

Retiro meu sobretudo, puxo minhas luvas
Eu não preciso de sobretudo, estou queimando de amor!
Meu coração está pegando fogo, a chama aumenta
Então eu vou resistir à tempestade!
Que me importa o quanto ela pode esfriar?
Eu tenho o meu amor para me manter aquecido. 

Como depois, Roberto e Erasmo Carlos vão lembrar de se aquecer, só que mandando o resto para o inferno.

Got My Love To Keep me Warm, fez um grande sucesso e muita gente pelo mundo a gravou. Desde Frank Sinatra, passando por Dean Martin, passando por Rosemary Clooney, Kay Starr, Billie Holiday, Ella Fitzgerald e chegando ao roqueiro inglês Rod Stewart.

Vamos escolher esta versão de Les Brown and his Orchestar, com um arranjo dançante, aquela coisa do ritmo da dança que tantos se criaram, como Charleston e tantos outros. Este é o grande ritmo do período entre a grande guerra e o imediato pós. 

I´ve Got My Love to Keep me Warm - Les Browm and His Orchetar.

Esta versão de Ella Fitzgerald que tem um arranjo clássico do jazz das grandes orquestras.

I´ve Got My Love to Keep me Warm - Ella Fitzgerald


E mais esta de Kay Starr - noutro ritmo, noutro molho do jazz, com a cantora brincando com as frases musicais. Quase improvisando como os instrumentos no jazz. 


Não perca. Aqui nesta tela. Amanhã. O último capítulo de On the Avenue. 

Canções de amor

Canção do Nosso Amor

Ah! toda canção de amor
Me faz lembrar o nosso amor
Nosso amor
Toda vez uma canção me faz lembrar
Toda vez uma canção me lembra de você
Me lembra dos seus olhos
Lindos como a luz
Brilhantes como estrelas
Alegres de felicidade
Olha, meu amor, eu só me lembro de você
De você
Ah! toda canção de amor
Me faz lembrar o nosso amor
Nosso amor
Nosso amor que já merece uma canção
Nosso amor que eu prometi
Um dia lhe daria
Com letra dessa vida
Fazer a melodia
A linda melodia
Canção do nosso amor










Eu sou sensível às canções de amor

A beleza de expressão é sorvida como um elixir de vida

A frase mais ansiada é sem dúvidas ...Eu te amo!

Isso provoca um sorriso que parece riso

Porque é bom demais pra ser verdade

Só pode ser ilusão

Ou fruto da imaginação

Os sentimentos nascem de um olhar ou de um nada

Quando não se desgastam

Permanecem inalterados como o azul do céu

Quando as nuvens estão afastadas
]socorro moreira