por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 7 de fevereiro de 2015

Uma aura permanente sobre a Índia - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eram muitas as Índias. Com múltiplas influências culturais. Ao sul e ao norte. A leste e oeste. Afinal aquele grande enclave no território asiático é um subcontinente. Que ao chocar-se com a Ásia, elevou o Himalaia, que formou gelo, as montanhas sofreram erosão e fizeram uma grande e fértil planície, ainda mais beneficiada pelos rios que descem das montanhas.

O Brahmaputra e o Ganges, são a vida do que é hoje a Índia. Que é uma criação nacional do colonialismo Inglês. Poucos sabemos que a enorme cidade de Calcutá foi fundada pelos ingleses ali onde já havia alguma aglomeração, canais de rios navegáveis e atividade econômica agropecuária bem desenvolvida.

As instituições ocidentais, de natureza do Estado Nacional, terminaram dando cabo das antigas organizações políticas da Índia, fazendo dela um todo. Multicultural. Múltiplas línguas. Múltiplas crenças, inclusive e com muito peso o islamismo.

Agora onde se vá pela Índia há uma aura permanente, pois ainda recente, do Mahatma Gandhi. Que foi o fundador do moderno Estado Nacional indiano. Que não foi um só, surgido por algum dom especial. Ele é parte de um movimento de renascimento do hinduísmo, fazendo frente ao futuro ocidentalizado do povo indiano. Criando uma ponte entre aquele passado milenar e o presente ubíquo.

Assim como Florença foi do Renascimento Europeu, Calcutá foi do Renascimento Indiano ou Bengali. Figuras como Gandhi, o escritor Bankim Chandra Chatterjee, Rabindranath Tagore, o multicientista Jagadish Chandra Bose, o grande físico da mecânica quântica Satyendra Nath Bose (a partícula Bose é em sua homenagem), Upendranath Brahmachari, Meghnad Saha, o músico Ravi Shankar.

No tumulto incrível das ruas de Delhi, um parque se aproxima. Um lindo, imenso e silencioso parque. Se estende às margens do rio Yamuna, aquele mesmo que espelha a belíssima construção do Taj Mahal na cidade de Agra. É um parque da memória das grandes figuras da modernidade indiana.

Especialmente do Mahatma Gandhi. E não junte o local ao corpo sepultado. Nem mesmo as cinzas. Que como cinzas se dispersam no espaço. Mas o local onde foi cremado o Mahatma Gandhi e daí em diante muitas outras figuras do mundo indiano.

Assim Ravi Shankar, o rei do Sitar, compôs um poema musical, quase um cantochão para a aura permanente de Gandhi.


E por New Delhi se deparar com o monumento feito à flor nacional da Índia: o Lótus. Assim esta construção, de um belíssimo formato e ousada arquitetura ao som de uma música de Rabindranath Tagore.

Era um momento de garoa. Uma garoa fina. Como uma tênue lembrança. Daquelas violentas moções que afogam aqueles que não têm respiração aquática.


Era uma garoa fina no Templo do Lótus.

O Lótus fechado em botão: infinitas possibilidades.

A flor do Lótus aberta: a criação do universo.

Shasrapatram, o lótus de mil pétalas; Shatapatram o lótus de cem pétalas, Amborohan o lótus que brota da água e  kamalan o lótus que decora a água.

A água lodosa onde nasce o lótus é o apego e os desejos carnais, a flor de lótus, imaculada, em busca da luz, é elevação espiritual.

A raiz na lama,
O caule na água,
A flor no sol.  

Representação de oito pétalas é a orientação no espaço, harmonia cósmica.

Representação de mil pétalas é esclarecimento, perfeição, totalidade.

Lótus azul – sabedoria
Lótus vermelho – amor, compaixão
Lótus branco – pureza mental
Lótus rosa – esclarecimento, Buda.

Os ideais dos atributos feminino: elegância, beleza, perfeição, pureza e graça.


LÓTUS – a única flor que se poder oferecer aos deuses ainda em botão. 

A Índia é um corpo milenar navegando rapidamente as águas tormentosas da globalização. 

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