por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 17 de janeiro de 2015

Marchinhas ao Twitter - José do Vale Pinheiro Feitosa

Rei Zulu - Nássara e Antonio Almeida - BLECAUTE

REI ZULU
O pré-capitalismo da janela na chapa quente do capitalismo. Escutava um mundo onde o capitalismo ainda não chegará.

O Rei Zulu. Nos limites das relações dele mesmo. Sem a interveniência do dinheiro como seduzem, se amam, comem e dormem embaixo de um teto.

E tem mais ele namora atrás do murundu.

Pai Adão - Antonio Soares, Hélio Nascimento, Agenor Madureira - ALCIDES GERARDI

Pai Adão
Nunca amou um compromisso. Um cartório com firma reconhecida. Sem testemunhas e celebrantes.

Amou o corpo. Apenas ele. Não uma leva de parentes e aderentes. A tornar grupal aquilo que apenas o desejo entre eles.
Pedreiro Valdemar - Roberto Martins e Wilson Batista - BLECAUTE

Pedreiro Valdemar
Você conhece? Ele levanta o céu e não tem indulgência para entrar. Reza, esfola os joelhos, derrete velas, mas não se encontra entre os escolhidos.

Ele construiu um puxado para os de pouca poupança purgar as falhas da vida. E detendo tão pouca, no purgatório não pode entrar.

Ajudou nos alicerces do inferno, mas o negócio por lá é de alto cacife e nem no inferno pode morar. 

E agora?

É o pedreiro Valdemar que não tem onde morar.
A Lua é dos Namorados - Armando Cavalcanti, Klécius Caldas e Brasinha - ÂNGELA MARIA.

A lua é dos namorados
E foi quando na prateleira da mercearia se podia comprar Lua a granel. Levar um eclipse por embrulho. Uma alça da espada de São Jorge para sair da cidade pelos caminhos levando seu retalho.

A vitória do império foi a lua. A mesma lua dos namorados agora tinha dono com bandeira fincada e tudo.

E cercaram a Lua para vender aos lotes.

Máscara Negra - Zé Keti e Armando Cavalcanti - DALVA DE OLIVEIRA

Máscara Negra

Por que a alegria se banha em lágrimas? Está fazendo um ano foi no carnaval que passou. Eu quero matar a saudade. Deixe que hoje é carnaval, beijar e não levar a mal.

O carnaval são estes encontros marcados, plenos de desencontros. Cheio de marchas rancho para expor tal tristeza.

Até Quarta-Feira - Umberto Silva e Pedro Sete - DISCO DE MARCHINHAS

Até Quarta-Feira

Meu bem, meu querer, meu duplo, vamos brincar separados. Não tem problema até se passarem três dias. Até quarta-feira.

E se o acaso nos encontrar não o transformaremos em necessidade. Um pra lá e outro pra cá. Assim como se nunca nos houvesse criado esta fantasia.

Pelo menos que seja até toda a tristeza desta canção chegar ao fim.

Voltei! - OSVALDO NUNES

Voltei!


Voltei! Aqui é meu lugar. A saudade era maior e voltei para ficar. 

SERENATA CONTÍNUA....









2015 reflexão nr.3- por socorro moreira

Fechando ciclos. A angústia se repete, seguida de um grande alívio. A gente vai perdendo o medo de viver,  em consonância  com a certeza de todas as perdas.
Os ganhos são antecipados  ou nunca pagos?
A matemática brinca no conjunto das complexidades. Em qualquer fase da vida vivemos  de alternâncias: sustos, alegrias, emoções, desesperança, e por fim,uma força maior, que vem não sei de onde...Ou sabemos?
Não chego a recuperar-me  das baixas materiais. Todo dia, uma pessoa amiga viaja  pro desconhecido, um plano espiritual que eu desejo que exista. Rejeitamos o luto, mas ele se faz necessário.. Tem permanência de eternidade, mas logo  um sorriso volta a se espelhar.
Não é pra isso que nascemos? Porque  só aceitamos a vida em margens plácidas?
A cabeça acorda do seu cochilo, e surgem algumas saídas. O peso da idade limita atitudes, mas fortalecem  opções sensatas,.na balança do comportamento humano.A as dores são compreendidas, mas os fatos ainda provocam indignações ou rebeldias. A morte é paz! Ou a paz pode ser construída com tantas experiências de vida?
Fecham-se os ciclos. Muitos recomeços, mas  algo  fica, em expansão  universal.

2015, transforma os erros em acertos. Implora pelo alinhamento e cumplicidade dos Planetas.
Presenteie  os nossos amigos com notícias animadoras que provoquem  felicidades.
Se a gente  vai se encontrar noutros  planos, que possamos nos harmonizar por aqui, para que o nosso destino não seja violentado.

Uma música , antes que a madrugada termine...



Compartilhando

  1.  
- Os poetas dizem tudo e mais um pouco numa brevidade de tempo e espaço impressionante. Os poetas são artistas: verdadeiros filósofos, historiadores, cientistas, arautos, filhos legítimos dos deuses, benditos adivinhos...
O SOBREVIVENTE
A Cyro dos Anjos
...
"Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais
Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta muito para atingirmos um nível
razoável de cultura.
Mas até lá, felizmente, estarei morto.
Os homens não melhoraram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heroicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.
(Desconfio que escrevi um poema)"
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Um Mantra de muitas palavras - José do Vale Pinheiro Feitosa


Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade tão diminuta entre os dois é a inesperada distância.

Viva e tente esperar que os padrões, as fórmulas e formas se apresentem igualmente as conhece. E quando elas se apresentarem examine o quão diferente são do que se esperava. É que nesta distância, mesmo que diminuta, uma grandeza de eventos sempre acrescenta algo ao imediato anterior.

Por isso teus conhecimentos dogmáticos perdem os pontos fundamentais pelo enxame de segundos que os transformam a partir de uma teia capilar de erros e críticas. Nem apenas essas modificações negativas, mas contribuições positivas que somam questões novas quando a soledade e a monotonia já se insinuavam como verdade.

E creia a história não é aquela dos personagens ilustres. Por isso toneis de elogios se esvaem no asfalto esburacado de uma classe dourando seus privilégios de serem lembrados. Mas a lembrança está no povo. No coletivo. Nesta imensa dimensão da proximidade que é distância universal.

Nem imagens coloridas em movimento, grandes e luminosas edições em papel de alta qualidade conseguem superar a iniquidade da adulação que permeia a narrativa estabelecida. Apenas toque a tela e verás a eminência do povo, num desfile sintético, a carregar o corpo de mestre Antonio Aniceto.

Antonio Aniceto com uma enxada e uma flauta de taboca foi a proximidade maior desta distância que existe para garantir a diversidade do mundo. Mas uma diversidade que existe para se aproximar, se igualar onde a terra para se plantar nunca seja por concessão.  

Assim como as surpreendentes orações do Papa Francisco a acabrunhar dogmas.


Então o que se dizer da mais recente declaração do Dalai Lama: “O que diz respeito às crenças sociopolíticas, considero-me um marxista. O marxismo é fundado em princípios morais, enquanto o capitalismo é baseado apenas em ganância e interesse pessoal. O marxismo está preocupado com as vítimas da exploração imposta por uma minoria. O fracasso do regime soviético não foi o fracasso do marxismo, mas o fracasso do totalitarismo.”

"ZERO" - José Nilton Mariano Saraiva

China e Coréia do Sul (lá do outro lado do mundo) se nos apresentam como dois exemplos emblemáticos do poder transformador da Educação rumo ao desenvolvimento de uma nação e, conseqüentemente, da alavancagem de uma melhor condição de vida aos respectivos povos.

E conseguiram alcançar tal desiderato só recentemente (há menos de 50 anos), quando seus dirigentes literalmente “viraram a mesa” ao optarem pela deflagração de uma autentica revolução no seu dia-a-dia, via direcionamento de uma significativa parcela do seu PIB (Produto Interno Bruto) para a área educacional. Tanto é que, hoje, são reconhecidos como potencias mundial e exemplo para as demais nações do planeta. Portanto diletos, bem-vindos e saudáveis filhos da era do conhecimento.

A reflexão é só para lembrar que aqui no Brasil temos o Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM, que avalia o conhecimento adquirido dos alunos que concluíram ou estão a concluir o Ensino Médio; serve como método de entrada em diversas universidades públicas substituindo seus respectivos vestibulares, através do Sisu; e é utilizado como critério de avaliação para oferta de bolsas de estudos pelo Governo Federal em universidades particulares pelo Prouni.

Pois bem, na última “seleção-prova” realizada pelo ENEM (dias atrás) dos 6.000.000 de candidatos que participaram, nada menos que 529.000 conseguiram a inacreditável “proeza” de zerar - tirar “nota 0”, sim senhor - na redação. Atestado inconteste da falência do modelo que aí está. Uma vergonha, aqui, na China, Coréia do Sul ou qualquer outra parte do mundo.

Convém ressaltar que muito antes dessa situação calamitosa se materializar, o Governo Federal já sinalizava sua preocupação para com o setor educacional, ao batalhar incessantemente pela alocação dos recursos oriundos da exploração do pré-sal para o Ministério da Educação.

Para que haja a mudança desejada, no entanto, temos de partir do pressuposto de que a “chave do sucesso” está numa varredura completa lá no “ensino médio”: reformando currículos; investindo pesado na formação de professores; incentivando a leitura e além do oferecimento de condições materiais que possam motivar a todos.Trata-se de uma tarefa hercúlea, mas que perfeitamente atingível, conforme já nos mostraram China e Coréia do Sul.

Só assim, a “tragédia” ocorrida no exame do ENEM desse ano servirá do tão necessário empuxo para que a nação ingresse de vez no seleto grupo de nações de primeiro mundo. 

Claro que temos tudo para chegar lá. É só seguir o caminho que China e Coréia do Sul nos apontaram: priorizar a Educação.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015


FW: Enc: ENVELHECER

               
 
       
ENVELHECER
(Pachecão - Prof. de Física e Matemática, B. Horizonte)
 
Não importa sua idade. Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos! De que adianta, é assim mesmo. Isso é um processo natural. É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia. Essa lei diz que: A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta. Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar.
Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós. Com o tempo, os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam.   Sendo assim, relaxe e aproveite. Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”. É isso que acontece a nós.
 
O conselho é: Viva! Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez. Como disse um dos meus amigos a sua esposa: “me use, estou acabando!”. Hilário, porém realista.    
 
Ficar velho e cheio de rugas é natural. Não queira ser jovem novamente, você já foi. Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige. Já viveu essa fase. Reconcilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado. Esse é o pré-requisito da felicidade. “O passado é lenha calcinada. O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto”, como já dizia Cícero. Abra  mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho, pra não se tornar caricatura de si mesmo. Fazendo isso ganhará qualidade de vida. Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado. Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora. A flor da idade ficou no pó da estrada. Então, para que se preocupar?! Guarde os bisturis e toque a vida.
 
Você sabe quem enche os consultórios dos cirurgiões plásticos? Os bonitos. Você nunca me verá por lá. Para o bonito, cada ruga que aparece é uma tragédia, para o feio ela é até bem vinda, quem sabe pode melhorar, ele ainda alimenta uma esperança. Os feios são mais felizes, mais despreocupados com a beleza.  Na verdade, ela nunca lhes fez falta, utilizaram-se de outros atributos e recursos. Inclusive tem uns que melhoram na medida em que envelhecem. Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las! Suas memórias estão salvas nelas. Não seja obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais. O negócio é zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos.
Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos. Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres. Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena à ruína sua própria vida.         
 
Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase. Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida, o melhor a fazer é esquecer. A causa do sofrimento está no apego, está em querer que dure o que não foi feito para durar. É viver uma fase que não é mais sua. Tente controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios. Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido. Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento. Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura. A vida é o que importa; concentre-se nisso. A sabedoria consiste em aceitar nossos limites.
 
Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero. Faça o que pode ser feito com o que está disponível. Quer um conselho? Esqueça. Para o seu bem, esqueça o que passou. Têm tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está. Coisas do passado não te pertencem mais. Se você tem esposa e filhos experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida. Agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute. Aceitando ou não, o processo vai continuar. Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora. Nada nos pertence.
 
Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia saído de Belo Horizonte. Não posso dizer que pelo fato de conhecer grande parte do Brasil sou mais feliz que ele. Muito pelo contrário, parecia exatamente o oposto. O que importa é o que está dentro de nós. A velha máxima continua atual como nunca: “quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”.
Esse é o segredo de uma boa vida
.



 
 
 
 
 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Estou no zero da reta numerada! - por socorro moreira

Estou num caminho novo. Desconheço tudo, engatinho num jardim de flores. Balbucio sons incompreensíveis. Estou aonde devo estar. Alguém mandou me chamar.
Aprendo novas lições. Memórias do passado voam com os pássaros. O futuro  me surpreenderá. O presente são possibilidades...O que tiver pra fazer, farei já!
Farejo amores especiais. Amores que não se entregam porque já são unos com a humanidade.
Tenho leves medos, mas coragem para encará-los. Quero olhar nos teus olhos e expressar o inexplicável !

 

Maravilhosa interpretação



Je ne suis pas bourgeois - José do Vale Pinheiro Feitosa

Je ne suis pas Lula, Dilma, Cardoso, Serra, Bolsonaro, le Pape, le Clergé, le Patriarcha, Le Imam, Le Dalai-Lama.

Como não sou a comissão de frente da multidão que marchou em Paris contra o fuzilamento dos cartunistas e jornalistas do Charlie Hebdo.

Como não sou os apressados que retiraram as charges do Charlie do contexto para tentar provar que eles eram ao contrário do que se diziam.

Como, também, não fui leitor do Charlie, mas sei da linhagem crítica que sua editoria representou para a denunciar a ordem burguesa no mundo todo. Assim como sei que o Charlie tinha lado e o lado numa escrita crítica é sempre polêmico.

Como sei que a crítica ao capitalismo e à ordem burguesa teve, durante os séculos XIX e XX três linhas de ação diferentes. Uma reformista e duas revolucionárias. A social democracia é a que mais adiante foi por ser reformista e aceitável pelo sistema até que o neoliberalismo deu um chega para lá nela. As outras duas são revolucionárias com críticas entre ambas: a anarquista e a comunista.

Como sei que que as palavras anarquismo e comunismo estão inteiramente contaminadas de conteúdo ideológico e de acepções que nada representam de sua matriz. É assim que a luta ideológica se faz, tentando estigmatizar o adversário.

No dicionário que a nossa mente carrega, anarquismo, por exemplo, é quase apenas sinônimo de caos e agora são aqueles jovens vestidos de preto, os black blocs atirando pedras. Ou são aqueles assassinos, sabotadores e terroristas entre o final do século XIX e XX.

Come je ne suis pas les drones et les assassinats sélectif. Estes que são praticados pelas estratégias e táticas do imperialismo e do neo-colonialismo.

Come je ne suis pas le lois de la charia et les martyrs musulmam, esta prática de questionar a ordem por formas isoladas em que se mata mas não se muda nada.

Como denuncio a ação imperialista americana e francesa sobre a Líbia, o Iraque, a Síria, o Afeganistão, o Paquistão, descarregando uma chaga de destruição em que todos se matam sem evoluir em sentido algum, a não ser encharcar o terreno de sangue.

Je suis la liberté, la igualité et les droit humain et la protection sociale.


Como sou a crítica permanente da civilização e seu desenvolvimento além do estágio atual.      

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Amor americano - Lo Jaivas - poesia de Pablo Neruda

Era a época em que jovens músicos clássicos migraram para o rock. E usando os recursos eletrônicos, especialmente dos sintetizadores, abriram a senda do rock progressivo. Algum tempo após tornara-me parte carioca, passo num dos primeiro shoppings da cidade e escuto um rock progressivo bastante diferente. Com instrumentos musicais andinos. Descobri o conjunto chileno Los Jaivas que ainda hoje está ativo. E eram jovens que faziam uma música nova no país que havia mergulhado na idade média. A era Pinochet não matou o novo. Foi só uma questão de tempo para tudo vir à tona. Esta música que ouviram de um poema de Pablo Neruda fiz uma tradução ao modo das possibilidades. Mesmo que uma ponte, sempre existem outras possibilidades. Afinal é poesia. 

Suba comigo, amor americano.
Beija comigo as pedras secretas.
A prata torrencial da Urubamba
faz voar o pólen em sua copa amarela.

Voe o vazio da trepadeira,
a planta pétrea, a grinalda dura
sobre o silêncio do costado serrano.
Vem, minúscula vida, entre as alas
da terra, enquanto – cristal e frio, ar golpeado –
apartando esmeraldas combatidas,
oh água selvagem, baixas da neve.

Amor, amor, até a noite abrupta,
desde o sonoro pedernal andino,
até a aurora de joelhos rubros,
contempla o filho cego da neve.

Oh, Wilkamayu de sonoros fios,
quando rompes teus trovões lineares,
em branca espuma, como ferida neve,
quando teu vendaval alcantilado
canta e castiga despertando o céu
que idioma traz ao ouvido apenas,
desarraigada de tua espuma andina?

Quem apresou o relâmpago ao frio
e o deixou na altura encadeado
repartido em suas lágrimas glaciais
sacudido em suas rápidas espadas,
golpeando seus estambres aguerridos  
conduzido em sua cama de guerreiro,
sobressaltado em seu final de rocha?

Que dizem teus clarões acossados?
teu secreto relâmpago rebelde
antes viajou povoado de palavras?
Quem vai rompendo sílabas geladas,
idiomas negros, estandartes de ouro,
bocas profundas, gritos submetidos,
em tuas delgadas águas arteriais?

Quem vai cortando pálpebras florais
que vem a mirar desde a terra?
Quem precipita os racemos mortos
que baixam em tuas mãos de cascata
a debulhar sua noite debulhada
no carvão da geologia?

Quem despedra o ramo dos vínculos?
Quem outra vez sepulta os adeuses?

Amor, amor, não toques a fronteira,
nem adores a cabeça submergida:
deixa que o tempo cumpra sua estatura
no seu salão de mananciais rotos,
e, entre a água veloz e as muralhas,
recolhe o ar do desfiladeiro
as paralelas lâminas do vento,
o canal cego das cordilheiras,
o áspero cumprimento do orvalho,
e suba, flor a flor, pela espessura,
pisando a serpente despedrada.

Na escarpada zona, pedra e bosque,
pó de estrelas verdes, selva clara,
Mantur estala como um lago vivo
E como um novo piso do silêncio.

Vem ao meu próprio ser, a alvorada minha,
até as soledades coroadas.
O reino morto vive todavia.

E no relógio a sombra sanguinária
do condor cruza com uma nave negra.
diariodonordeste
Um dos mais importantes expoentes da cultura popular da região Metropolitana do Cariri, Mestre Antônio Aniceto faleceu por volta das 11 horas da manhã deste dia 12, no Hospital Regional do Cariri (HRC), onde estava internado desde o dia 24 de dezembro passado, vítima de um AVC isquêmico. #RIP #Cariri #Cultura #CulturaPopular #Pífano
marcosbmaia96

domingo, 11 de janeiro de 2015

Wapi Yo  - Lokua Kanza e Peter Maffay

Esta música belíssima de Lokua Kanza foi escrita na língua Lingala, ou Mangala, que é uma língua bantu (a mesma etnia que vive em Angola que veio para o Brasil) falada na bacia do Rio Congo, entre Lisala e Kinshasa. Wapi Yo, numa tradução para inglês é uma pergunta  "onde você está?" Esta mesma que fazemos o tempo todo ao nosso interior. Pois ter um interior é ser parte do outro. Ser parte do exterior. 

Desnovelando versos - José do Vale Pinheiro Feitosa

Pegar uma ponta do fio
desnovelar toda a sua extensão
expor a outra ponta
escondida no centro do novelo.

Então ligar as extremidades
entre a ponta do coração,
que se encontra no planisfério,
e a cena confusa à nossa frente.

Apenas assim poderemos regar as raízes,
garantir que os olhos acompanhem a escritura,
movimento cadenciado com cifras e compassos.

O corpo que marcha, remancha fronte ao caos,
mas evolui, liberto, aos passos de dança,
sorri de felicidade ao canto do rouxinol.  

* - abrindo a caixa de segredos da Socorro Moreira. 


por socorro moreira- reflexão 2015- nr.2

Em meio a tantos tumultos  ,que inauguraram os primeiros dias de 2015, eu resisto em abrir  a porta da poesia. Encontro o alívio de me sentir só, e desacompanhada. Anulo a vontade de cantar  meus versos. Eles ficam enovelados, sem desejos, sem espaços. A zona de silêncio teima  em ampliar seu tempo. O sono me chama e os sonhos se afastam. Mas tudo passa...Novas notícias nos surpreenderão. Novos sentimentos   entrarão em  nossas  vidas  pra abrasá-las, sem afetar a paz consolidada.
Não sei escrever a dor. Ela é silenciosa e gagueja demais pra ser compreendida.
Quero a luz de todos os sóis  para clarear a negritude do mundo !
Meu vale é verde.Isso  me deprime, e ao mesmo tempo me conforta.
O que fazer? Esperar o que?
Estou â  disposição do universo!

Saudades das nossas alegrias!

 

APRÉS MOI, LE DÉLUGE - José do Vale Pinheiro Feitosa

Nenhuma frase representa tão bem a ideologia burguesa que essa em que após sua ordem apenas restará o dilúvio. É a fórmula ideológica de cessar toda crítica e qualquer ação para questionar e modificar esta ordem calcada no capitalismo econômico.

Esta ideologia para que cumpra sua sentença é niilista e no extremo tal niilismo sustenta o radicalismo das forças populares a serviço da ordem burguesa. Após o capitalismo, só o vazio e assim amedrontam o povo com a impossibilidade de uma sociedade que promova a justiça social, tenha plena liberdade e que avance a civilização.

Acontece que temos forças produtivas suficientemente desenvolvidas, amplo conhecimento da realidade da natureza e aprendizado suficiente sobre nós mesmos para podermos construir exatamente isso: bem estar, liberdade e contínua crítica da civilização. E não podemos avançar sem que toda a “institucionalidade” burguesa ou agregada a ela seja criticada.

A ideologia niilista da burguesia, vamos dizer um pouco menos, niilista para o mundo sem ela, com ela controlando tudo, apenas resta aos outros o destino neste vale de lágrimas. E isso não é pouco para dizer, especialmente quando o terrorismo do dilúvio é desaguado continuamente na consciência das pessoas.

Por isso seus pensadores, seus soldados e mulas ideológicas tanto temem de algo que não seja a ordem niilista do dilúvio. O bem estar geral é sempre combatido como a corrupção da ordem sem a qual é o dilúvio. A liberdade é sempre combatida como uma degeneração moral em que a moldura é a censura e o paspatur o poder maior. A civilização vista como um carro descendo uma grande ladeira necessitado de enormes freios.

Então tudo que existe é sujeito à crítica. Apenas ela é capaz de orientar os passos dentro de uma ordem que se declara a última fronteira da história (e até já decretou o fim dela).