por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 6 de julho de 2014

Será armação? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Primeiramente houve o tal "Não vai ter copa", campanha de cunho aparentemente fascista, promovida sabe-se lá por quem. Iniciada a Copa, ela somente tem recebido elogios, segundo a própria imprensa nacional e internacional. Até o Secretário Geral da Fifa, Jerôme Volcke, aquele que reclamava dos atrasos nas obras prometendo chute no traseiro dos brasileiros, declarou ser essa "a melhor Copa de todos os tempos".

Com a bola rolando, tenho cá minhas suspeitas, que espero sejam infundadas. A violenta contusão sofrida pelo atleta Neymar, nada mais foi que outra campanha articulada por aqueles cuja miopia política, fazem-no acreditar que a conquista dessa Copa influenciará nas eleições do corrente ano. E principalmente suspeito dos interesses publicitários das empresas patrocinadores do evento.  

Desde o inicio da Copa, tenho assistido pela televisão a todos os jogos. E sinceramente não vi nenhuma falta violenta cometida contra os jogadores de outras seleções, como os extraordinários Robben da Holanda e Lionel Messi da Argentina, para citar apenas dois exemplos de jogadores fora de série como Neymar. Pois se observarem as reprises dos lances de jogos anteriores, verificarão que os melhores jogadores da Holanda, Alemanha, França  e Argentina, entre outros, não tiveram sobre eles nenhuma falta desleal, como as que foram cometidas contra Neymar, desde as partidas contra a Croácia, México, Camarões, Chile e Colômbia. Observei pelas repetições, que houve um lance no qual um jogador chileno cometeu uma falta quase idêntica àquela do colombiano, só que o chileno foi mais incompetente, atingiu somente a coxa do jogador, enquanto o colombiano seguiu à risca as supostas instruções recebidas sem nenhuma preocupação de deixar o outro sem condições de algum dia voltar a praticar futebol. Nesse aspecto, a mordida do jogador uruguaio no italiano foi menos danosa, pois não causou nenhuma lesão.

Acredito firmemente que o resultado dessa Copa, qualquer que seja ele, não influenciará na eleição de quem quer que seja. Em 1950, numa Copa do Mundo também realizada no Brasil, quando a seleção brasileira foi derrotada na partida final pelo Uruguai, não houve nenhuma influência no resultados das eleições daquele ano.

Deus permita que minhas suposições sejam falsas. Mas até a atuação dos juízes se voltam contra o Brasil. Gostaria que alguém me convencesse do contrário.

Esperamos que todos os brasileiros unidos, formem uma corrente positiva  e possamos comemorar mais um título. Um grande abraço!              

Por Carlos Eduardo Esmeraldo 

sábado, 5 de julho de 2014

"NO" BRASIL e "DO" BRASIL - José Nilton Mariano Saraiva

A rigor, nas duas últimas partidas (contra Chile e Colômbia), embora com 11 jogadores em campo o time do Brasil jogou com 10, tal a omissão do jogador Neimar (que, aliás, já houvera atuado apenas razoavelmente nos três jogos anteriores). É que, segundo a filosofia reinante no meio futebolístico, mesmo não jogando nada, aquele que é considerado o “craque” do time não pode ser sacado, na perspectiva de que num átimo de segundo decida o jogo (ou não é isso que o Messi vem fazendo na Argentina, na atual Copa ???). Assim, centralizando todas as manobras do time em um só jogador, temos que torcer para que ele não “amarele” (o que aconteceu).

E foi pensando nisso, que já havíamos aludido, aqui mesmo, que a perigosa “depen(neimar)dência” da nossa seleção poderia causar-nos preocupações futuras, como agora, quando o jogador, lesionado, não poderá entrar em campo para a semifinal contra a poderosa seleção alemã.

Mas, como há males que vêm pra o bem, paradoxalmente o time do Brasil vai realizar contra a Alemanha uma de suas melhores partidas (até agora não o fez), classificando-se para a partida final. E por razões simplórias: a) porque agora o time não atuará em função apenas e tão somente de um só jogador, em detrimento do conjunto (que, assim, será privilegiado); b) porque o “espírito de superação” se fará presente, com todos se doando ao máximo pelo objetivo comum; c) porque temos um técnico com ascendência sobre os atletas e capaz de motivá-los ao máximo; e d) porque, mesmo quando no auge da sua forma, os jogadores alemães “tremem” quando têm o Brasil pela frente. Definitivamente, como dois mais dois são quatro.

Há que se atentar, entretanto, que existem interesses inconfessos por trás de um evento portentoso e de cifras milionárias, como o é uma Copa do Mundo de Futebol. Assim, o perigo é: 1) que o(s) “patrocinador(es)” da seleção (e até o do atleta) exija(m) sua presença em campo na partida final, mesmo que de muletas, isso, claro, após passarmos sem ele pelos alemães (exemplo emblemático de tal situação foi a final da Copa da França, em 1998, quando o Brasil jogou todo o tempo com 10 atletas, tendo em vista que o tal Ronaldo-Gordo, após um ataque epiléptico momentos antes do jogo, sem a mínima condição de atuar foi irresponsavelmente escalado pelo patrocinador, com o aval do comando da CBF. Tanto que o jogador Edmundo, cujo nome já constava da súmula, foi “deletado”. Deu no que deu: França 3 x 0 Brasil, fácil fácil); 2) assim, por mais esdrúxulo e imoral que possa parecer, não nos surpreendamos se um outro laudo médico for emitido nos próximos dias atestando que a lesão não foi tão grave quanto anunciada anteriormente e que, em razão de se tratar de um atleta jovem, livre de vícios e blábláblá, estará habilitado a participar da partida final (mesmo que “entupido” de analgésicos e “empacotado” por diversos coletes ortopédicos); e é aí que mora o perigo. Urge, pois, não olvidar o passado.

No mais, como a Copa é “NO BRASIL”, vai ser “DO BRASIL”. Com ou sem choro, ninguém nos tira.


O resto... é perfumaria barata, de quinta categoria.

"NO" BRASIL e "DO" BRASIL - José Nilton Mariano Saraiva

A rigor, nas duas últimas partidas (contra Chile e Colômbia), embora com 11 jogadores em campo o time do Brasil jogou com 10, tal a omissão do jogador Neimar (que, aliás, já houvera atuado apenas razoavelmente nos três jogos anteriores). É que, segundo a filosofia reinante no meio futebolístico, mesmo não jogando nada, aquele que é considerado o “craque” do time não pode ser sacado, na perspectiva de que num átimo de segundo decida o jogo (ou não é isso que o Messi vem fazendo na Argentina, na atual Copa ???). Assim, centralizando todas as manobras do time em um só jogador, temos que torcer para que ele não “amarele” (o que aconteceu).

E foi pensando nisso, que já havíamos aludido, aqui mesmo, que a perigosa “depen(neimar)dência” da nossa seleção poderia causar-nos preocupações futuras, como agora, quando o jogador, lesionado, não poderá entrar em campo para a semifinal contra a poderosa seleção alemã.

Mas, como há males que vêm pra o bem, paradoxalmente o time do Brasil vai realizar contra a Alemanha uma de suas melhores partidas (até agora não o fez), classificando-se para a partida final. E por razões simplórias: a) porque agora o time não atuará em função apenas e tão somente de um só jogador, em detrimento do conjunto (que, assim, será privilegiado); b) porque o “espírito de superação” se fará presente, com todos se doando ao máximo pelo objetivo comum; c) porque temos um técnico com ascendência sobre os atletas e capaz de motivá-los ao máximo; e d) porque, mesmo quando no auge da sua forma, os jogadores alemães “tremem” quando têm o Brasil pela frente. Definitivamente, como dois mais dois são quatro.

Há que se atentar, entretanto, que existem interesses inconfessos por trás de um evento portentoso e de cifras milionárias, como o é uma Copa do Mundo de Futebol. Assim, o perigo é: 1) que o(s) “patrocinador(es)” da seleção (e até o do atleta) exija(m) sua presença em campo na partida final, mesmo que de muletas, isso, claro, após passarmos sem ele pelos alemães (exemplo emblemático de tal situação foi a final da Copa da França, em 1998, quando o Brasil jogou todo o tempo com 10 atletas, tendo em vista que o tal Ronaldo-Gordo, após um ataque epiléptico momentos antes do jogo, sem a mínima condição de atuar foi irresponsavelmente escalado pelo patrocinador, com o aval do comando da CBF. Tanto que o jogador Edmundo, cujo nome já constava da súmula, foi “deletado”. Deu no que deu: França 3 x 0 Brasil, fácil fácil); 2) assim, por mais esdrúxulo e imoral que possa parecer, não nos surpreendamos se um outro laudo médico for emitido nos próximos dias atestando que a lesão não foi tão grave quanto anunciada anteriormente e que, em razão de se tratar de um atleta jovem, livre de vícios e blábláblá, estará habilitado a participar da partida final (mesmo que “entupido” de analgésicos e “empacotado” por diversos coletes ortopédicos); e é aí que mora o perigo. Urge, pois, não olvidar o passado.

No mais, como a Copa é “NO BRASIL”, vai ser “DO BRASIL”. Com ou sem choro, ninguém nos tira.

O resto... é perfumaria barata, de quinta categoria.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Marxismo cultural é um paradoxo - cuidado com quem evoca este termo por Gary North

sexta-feira, 4 de julho de 2014



Na década de 1960, os marxistas da URSS tratavam o movimento conhecido como 'marxismo cultural' com o mesmo grau de ceticismo que os cristãos seguidores da Bíblia tratam o modernismo teológico.  Em outras palavras, eles negavam veementemente que aquilo representava o marxismo.
Quando você abandona os princípios fundamentais de uma determinada ideologia, mas ainda tenta manter o nome dessa ideologia — porque há muitos seguidores dela —, você será tratado pelos defensores da ideologia original como um invasor.

O marxismo cultural está para o marxismo assim como o modernismo está para o cristianismo.  Qualquer indivíduo que considere que marxismo cultural é marxismo não entende nada de marxismo.  No entanto, tal postura é muito comum em círculos conservadores.  Trata-se de um grande erro estratégico porque representa, acima de tudo, um erro conceitual.

O coração, a mente e a alma do socialismo marxista ortodoxo é um só: o conceito de determinismo econômico.  Marx argumentou que o socialismo é historicamente inevitável porque haverá uma inevitável transformação do modo de produção da sociedade.  Ele argumentou que o modo de produção é a subestrutura de uma sociedade, e que a cultura geral é a superestrutura.  Segundo ele, as pessoas se apegam a uma visão específica das leis, da ética e da política de uma sociedade somente por causa de seu comprometimento a um modo específico de produção.  Se esse modo de produção for alterado, o apego das pessoas às leis, à ética e à política será alterado. 

Em 1850, o modo dominante de produção era o capitalismo.  Marx assim rotulou esse modo de produção.  O nome pegou, ainda que o marxismo original esteja culturalmente morto.

Essa posição de Marx ganhou vários defensores exatamente porque ela era puramente econômica/materialista.  Marx criou uma teoria que descartava a necessidade de qualquer explicação histórica; no fundo, era uma teoria que se baseava na ideia de que ideias não são fundamentais para a transformação da sociedade.  Marx acreditava que a arena decisiva da luta de classes é o modo de produção, e não a batalha das ideias.  Ele via as ideias como um desdobramento secundário do modo de produção.  Sua visão era essa: ideias não têm consequências significativas.  Retire esse postulado do marxismo, e o que sobra não mais será marxismo.

É por isso que sempre me espanto quando vejo analistas conservadores aceitando a ideia de marxismo cultural.  Eles recorrem aos escritos da Escola de Frankfurt para pegar notas de rodapé que dêem sustento a essa ideia.  Os analistas mais sagazes recorrem aos escritos de Antonio Gramsci feitos dentro de uma prisão na década de 1930.  Gramsci oficialmente era um comunista.  Ele era italiano.  Ele passou uma temporada na União Soviética durante a década de 1920 e voltou de lá acreditando que a tradição leninista estava incorreta.  O Ocidente havia demonstrado não ser um terreno fértil para o comunismo precisamente porque o Ocidente era cristão.  Gramsci entendeu claramente que, enquanto o cristianismo não fosse destruído e permanecesse uma tradição precípua no Ocidente, não haveria nenhuma revolução proletária aqui.  A história certamente o comprovou correto.  A revolução proletária jamais veio.

Gramsci argumentou, e a Escola de Frankfurt seguiu seu caminho, que a maneira de os marxistas transformarem o Ocidente era por meio da revolução cultural: daí surgiu a ideia do relativismo cultural.  Esse argumento está correto, mas o argumento não era e nem nunca foi marxista.  O argumento era hegeliano.  Tal argumentou virava o marxismo do avesso, assim como Marx havia virado do avesso as ideias de Hegel.  Em seus primórdios, toda a ideia do marxismo era baseada na rejeição do lado espiritual do hegelianismo.  O marxismo original estabelecia que o modo de produção deveria ser o núcleo da análise da cultura capitalista.

Em 1968, no auge do movimento contra-cultural, escrevi um livro sobre Marx intitulado Marx e sua religião de revolução.  Já era claro para mim, em 1968, que o marxismo era uma religião de revolução, uma visão que remetia aos festivais de Cronos, na Grécia antiga.  O marxismo não era uma análise científica da sociedade, e nem de sua economia.  Para escrever esse livro, não perdi tempo com o marxismo cultural.  No entanto, teria sido muito mais fácil mostrar o lado religioso do marxismo recorrendo aos marxistas culturais.  Eles claramente haviam entendido que, na cultura ocidental — a qual é um desdobramento do cristianismo —, todas as questões culturais envolviam religião.  Mas isso acabaria com o propósito do meu livro.  Meu objetivo era mostrar que o marxismo original era em si uma religião própria.  Invocar o marxismo cultural iria desviar o foco dos leitores.  Marxistas culturais teriam sido alvos mais fáceis, mas discuti-los enfraqueceria o argumento do meu livro.

Os marxistas culturais dividiram o campo marxista.  Seus ataques à cultura podem ser interpretados como uma tática, mas eram mais do que uma tática: eram uma estratégia.  Eram uma estratégia baseada no abandono do marxismo original.

Podemos discutir essa cisão no marxismo em termos de uma família específica.  O mais proeminente defensor intelectual do stalinismo nos EUA durante as décadas de 1940 e 1950 era Herbert Aptheker.  Sua filha Bettina era uma das líderes do Movimento da Liberdade de Expressão, o qual havia começado no segundo semestre de 1964 na Universidade da Califórnia, Berkeley.  Ela se tornou bem mais famosa que seu pai stalinista.  Foi aquele evento no campus que lançou a rebelião estudantil e o movimento contra-cultural.  Mas o próprio termo "contra-cultura" é um indicativo do fato de que tal conceito nunca foi marxista.  Era sim uma tentativa de derrubar a cultura dominante, mas Marx jamais teria perdido tempo com tal conceito.  Marx não era um hegeliano.  Ele era um marxista.

Bettina e seu pai romperam relações em 1968, quando a URSS invadiu a Tchecoslováquia.  Bettina foi contra a invasão.  O Partido Comunista dos EUA, onde seu pai era uma figura proeminente, foi a favor e defendeu a URSS.

Anos depois, Bettina revelou que seu pai havia lhe abusado sexualmente dos 3 aos 13 anos de idade.  No fundo, na visão de mundo de seu pai, ele estava apenas conduzindo sua própria agenda gramsciana; ele estava atacando a cultura ocidental desde dentro de sua própria casa.  Mas isso não afetou seu marxismo ortodoxo.  Afetou o de sua filha.

Bettina Aptheker é hoje professora da Universidade da Califórnia, e leciona estudos culturais: feminismo.  O movimento que ela lançou em Berkeley morreu no início da década de 1970.  Ela ainda é uma crítica fervorosa do capitalismo, mas suas críticas não se baseiam nos escritos de Karl Marx.  A contra-cultura também não baseou em Marx.

A contra-cultura

Sejamos claros e diretos: Marx estava errado e Gramsci estava certo.  O marxismo ortodoxo não foi a causa primária da contra-cultura.  A contra-cultura era um movimento progressista que visava a atacar as bases fundamentais da cultura ocidental.  Já o marxismo estava comprometido em alterar o modo de produção.  Com efeito, ele também queria alterar a cultura, mas queria fazer isso por meio de alterações profundas nos modos de produção. 

Eis o problema: os conservadores de hoje levam excessivamente a sério as declarações dos marxistas culturais da Escola de Frankfurt, que na realidade não eram marxistas.  Eles eram basicamente progressistas e socialistas. Mais ainda: eles facilmente teriam sido alvos de Marx em 1850.  Marx passou a maior parte de sua carreira atacando pessoas assim, e praticamente não gastou tempo nenhum atacando Adam Smith ou os economistas clássicos.  Ele jamais respondeu aos economistas neoclássicos e aos economistas da Escola Austríaca que surgiram no início dos anos 1870.  Marx teve muito tempo para responder a essas pessoas, mas ele nunca o fez.  Ele passou a maior parte de sua vida atacando indivíduos que hoje seriam rotulados de marxistas culturais.  Marx os considerava inimigos infiltrados no campo socialista.  Marx os atacava porque eles, quando atacavam o capitalismo, não fundamentavam seus ataques utilizando a teoria do socialismo científico de Marx, a qual era toda baseada no modo de produção.

Na década de 1920, Gramsci havia entendido claramente que, se ele permanecesse da União Soviética, ele acabaria sendo mandado a um campo de concentração.  Ele poderia até ser executado.  Ele havia percebido que Stalin provavelmente teria mandado matá-lo.  Portanto, ele voltou para a Itália sabendo perfeitamente bem que também acabaria sendo enviado a um campo de concentração italiano, o que de fato ocorreu.  Mas os fascistas o deixavam ler e o deixavam escrever.  Ao permitir isso, eles solaparam o comunismo marxista.

É difícil rastrear a influência histórica da Escola de Frankfurt.  Sair de uma ínfima seita e alcançar toda a cultura geral é algo que requer um estudo de causalidade complexa.  O movimento básico rumo ao relativismo cultural começou no final dos anos 1880, e os principais marcos disso foram o modernismo teológico e o movimento progressista.  A psicologia freudiana já fazia parte disso em 1925.  Freud fornecia a justificativa para o relativismo; a Escola de Frankfurt só veio depois.  Só que o modernismo teológico ganhou muito mais adeptos do que a Escola de Frankfurt jamais sonhou ganhar.

A contra-cultura que começou após o assassinato de Kennedy era muito mais um produto dos Rolling Stones do que da Escola de Frankfurt.  O sexo, drogas e rock 'n roll em meadas da década de 1960 substituiu o sexo, cerveja e rock 'n roll do final da década de 1950.  Era uma mistura mais poderosa.  Não tente rastrear a contra-cultura à Escola de Frankfurt.  É melhor rastreá-la à Primeira Guerra Mundial, que arrancou pela raiz as instituições do Ocidente.  O que ocorria nos bancos traseiros dos automóveis após 1918 tinha mais a ver com a contra-cultura do que com os escritos da Escola de Frankfurt.

Conclusão

O Ocidente jamais chegou perto de uma revolução proletária.  No entanto, quando o Ocidente decidiu que "não roubarás" deveria ser reescrito como "não roubarás, exceto por votação majoritária", a visão de mundo keynesiana havia nascido.  Essa visão é dominante hoje.

O marxismo está morto.  O marxismo cultural também.  Estamos na época do keynesianismo social-democrata.

Para vencer essa batalha é necessário persuadir as pessoas de que "não roubarás" significa exatamente isso: é imoral roubar, com ou sem voto majoritário.

E isso não tem nada a ver com o modo de produção.


Gary North , ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Equício

J. Flávio Vieira

                          Equício vivia encafifado com aquele mistério quase que kafkiniano. Estava ali , como um Sócrates moderno,  tentando entender os destinos do mundo. Ou como  um Hamlet , reencarnado, com seu tablet erguido em feitio de caveira,   e sua dúvida remasterizada :
    
-- Ter ou não ter, eis a questão!
 Como teria sido possível, remói o nosso Equício, a humanidade ter sobrevivido por tanto e tanto tempo, sem o Smartphone ?  Houve vida neste planeta antes da Internet ? Para que serviam os dedos e as mãos se não podiam deslizar nas telas de LED ? Houve uma época em que as pessoas precisavam ainda falar, se encontrar, se locomover para terem qualquer atividade social! Já se imaginou uma loucura dessas? Hoje essa maquininha faz tudo isso por nós! O livro que gostaria de ter está aqui dentro, a musiquinha que quero ouvir está à distância de um toque, o filme , a voz da namorada, a pizza, as compras , tudo está perfeitamente ao alcance de Equício, com um simples deslizar de tela. A coisa ficou fácil, prática e sobra tempo e mais tempo para a gente curtir esta viagem leve e  curta chamada de vida. Nossos avós, pensa Equício, precisavam se desdobrar para conseguir a caça, para descolar o alimento, para sobreviver em meio às enfermidades, às guerras. As mulheres tinham, biblicamente, os filhos com dor, não existia energia elétrica, rádio, TV, cinema. Já pensou na loucura do  mundo sem shopping? Do almoço sem Mac Donald´s ?  De ter que fazer a própria comida? E o deslocamento em lombo de burro? Um mundo sem carro, sem moto, sem trem bala e sem avião ?  
            -- Como eram infelizes nossos avós !
            Equício  tem essa revelação na fila do ônibus, onde aguarda , pacientemente, a volta para casa. Tudo depois de um longo dia de trabalho, como office-boy num escritório de advocacia.  Com sorte chegará umas dez horas da noite e às quatro terá que recomeçar de novo o trabalho de Sísifo.  Aproveita e manda um SMS para a namorada que já não vê há uns dez dias. Pelo  WhatsApp  conversa com alguns amigos que lhe mandaram mensagens e vídeos.  Lembra que precisa organizar um fim de semana para visitar os pais. Internos   num abrigo de idosos , depois que se foram se transformando num estorvo para a família ( infelizmente ainda não existe, nesses casos a tecla “Deletar”) , ele já não os contacta há uns três meses.       
                          Quando o ônibus , por fim, sai em meio ao congestionamento, Equício  vai observando, hipnotizado, as luzes dos teatros, dos cinemas, dos museus da cidade grande. Quantas opções de divertimento nós temos!  Um fim de semana desses, vou tirar para visitá-los!  Chegando à parada, desce, veloz, na velocidade típica dos novos tempos : a número cinco do créu. Olha para um lado e para outro, temendo o trombadinha.  Nem percebe, no céu, uma lua cheia argêntea,  esplendorosa, totalmente supérflua nos dias de hoje, ao alcance de um simples olhar.  Nem sabe que , a despeito de tudo, as Cataratas do Iguaçu continuam caindo com clamor e sem chips; o mar persiste quebrando suas ondas, ritmicamente, em Paraty, sem nenhum App; o Amazonas corta a floresta sob a música  dos pássaros e o mergulho incontrolável dos peixes. Equício   pega, por fim, seu Santo Graal, o aparelho pequenino que lhe dá poder, magia e  segurança e que lhe serve como filtro do mundo.  Pronto !  Eis o  admirável mundo novo : A solidão está perfeitamente atingível a um simples toque !


Crato, 03 de Julho de 2014

"Duelos de Titãs" - José Nilton Mariano Saraiva

A priori, não há o que temer. Agora, a briga é de “cachorro-grande”. E a Colômbia nunca o foi (como não o é, atualmente). Assim, no lucro e com a certeza do dever cumprido, os esforçados jogadores colombianos voltarão pra casa cantando o “amor febril”. Ganharemos, e o faremos com relativa tranqüilidade, apesar da desconfiança de muitos, mas com o time finalmente se estabelecendo em campo (atentem para o Fred).

Já quem não deve ter tanta tranqüilidade, mas certamente seguirá na competição, será a poderosa Alemanha (cujo jogo realizar-se-á antes do embate do Brasil). É que o esquadrão da França, embora pratique um bom e vistoso futebol, não é dos mais competitivos. Portanto, Brasil e Alemanha defrontar-se-ão numa estupenda semifinal. E aí eles tremerão, porque o nosso time já terá engatado e a nossa camisa impõe respeito.

Do outro lado, um embate de arrepiar, verdadeiro teste pra cardíacos: Argentina e Bélgica têm tudo pra patrocinar um dos grandes jogos dessa “Copa de todas as copas” e de tantos grandes jogos. Se jogar o que jogou contra os americanos, os belgas têm tudo pra despachar “los hermanos” (que vêm ganhando, mas sem convencer).

E, finalmente, já sabendo do vencedor do jogo Bélgica versus Argentina, a Holanda entregará o bilhete de volta com uma singela dedicatória de agradecimento à “zebra” Costa Rica, que ficará pelo meio do caminho, sem perdão. Assim, a Holanda fará uma semifinal portentosa com o vencedor do jogo acima.

Enfim, após alguns memoráveis “duelos de titãs”, daqui a exatos 10 dias teremos oportunidade de presenciar um Maracanã (em azul e amarelo) “transbordando” de gente pra acompanhar um mui provável Brasil x Holanda (ou Brasil x Argentina ou um inédito Brasil x Bélgica), quando teremos oportunidade de acabar de vez com essa frescura de “maracanazo”.


Lembram da frase escrita no ônibus da seleção - “Prepare-se. O HEXA está chegando” ??? Pois é, tão feliz profecia há de materializar-se. E por uma razão simplória: porque o povo brasileiro se fez merecedor - e até os “gringos” hão de reconhecer isso, a posteriori.

Por Rejane G Santos

Guiomar
Guiomar vive na rua de cima. Hoje, desceu. Num vestido sem mangas, de saia rodada e flores verdes em salpico, cintura marcada, decote sedento por um pedaço de chão. Braços nus, abandonados ao longo do corpo, mas vivos. Braços de bailarina. Olhos acesos catando os céus, luz em foco na palidez de cera do rosto de santa. Andar roubado, leveza de garça e ondulações de serpente. Veio do alto. Venceu a terra barrenta da rua comprida com força de inundação. Chegou embaixo re...pleta, grandiosa, maior que seu próprio tamanho. Acumulada.
Vi os cabelos de Guiomar, cortados à faca pelos soldados que a conduziam, sumirem na escuridão do corredor da delegacia daquela cidade pequena. Minha quase aldeia, onde o tempo também vai devagar e arrasta-se pestanas adentro das janelas que olham.
Nunca esqueci.
rejane gonçalves
(Para uma certa "mulher da vida", cuja altivez eu nunca esqueci)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

VTS 01 1CE TV Cariri /CE Jornal do Meio Dia

A Quem Interessa o Golpe? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O histórico de Golpes de Estado no Brasil é extenso e vem desde os tempos do Império, para decretar maioridade de Dom Pedro II antes dele completar 14 anos, no que ficou conhecido como "golpe da maioridade de Dom Pedro II ".

Em seguida houve o golpe militar da Proclamação da República, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. A mudança do sistema de governo foi realizada sem nenhuma participação do povo que ficou totalmente indiferente aos acontecimentos daquele 15 de novembro de 1899.

Os primeiros anos da República foram de muitas dificuldades, tanto econômicas, quanto administrativas. O país viveu sucessivas crises. O Marechal Deodoro, que assumira o cargo de chefe de governo, tentou solucionar essas crises impondo autoritarismo: dissolveu o Congresso e decretou Estado de Sítio, suspendendo todos os direitos individuais e políticos dos cidadãos. A reação a esse golpe foi intensa em todo o país e a crise se agravou a tal ponto que ao Marechal Deodoro, velho, doente e cansado, somente restou a renúncia em 23 de novembro de 1891. Seu conterrâneo, o também alagoano Marechal Floriano Peixoto, vice-presidente, assumiu o governo.
 
Em 1964, há 50 anos portanto, um governo legitimamente constituído foi deposto através de um golpe militar. Naquela época, temia-se a implantação de uma ditadura comunista, a exemplo da revolução acontecida em Cuba no ano de 1959. Partidos políticos  conservadores há mais de vinte anos na oposição, aliados aos meios de comunicação social, articularam a deposição do presidente João Goulart, pois segundo justificavam, o país  estava na iminência de um golpe de esquerda, às portas de uma ditadura sindicalista de inspiração comunista. Alguns setores conservadores do clero amedrontavam toda a classe média brasileira, com receio de que nos tornássemos vítimas de um regime comunista e ateu, no qual haveria a proibição de cultos religiosos e o fechamento das igrejas. A gestação do golpe foi lenta e contínua, com alguns períodos de calmaria. Mas resultou numa ditadura militar que durou 21 longos anos, camuflada para fins externos, como sendo um regime "democrático" de faz de conta. Mas internamente com censura à  imprensa, muitas prisões e torturas.

O histórico desse golpe teve início há mais de três décadas, nas eleições presidenciais de 1930, que como todas as eleições realizadas anteriormente, foram fraudadas e repletas de vícios. Júlio Prestes, o presidente eleito à "bico de pena", não chegou a tomar posse. Um golpe militar colocou no poder Getúlio Vargas, o candidato derrotado naquela eleição. A denominada "Era Vargas" durou 15 anos, incluído nesse período a "Ditadura do Estado Novo", que vigorou de 1937 até de outubro de 1945, quando Vargas foi deposto. Antes disso, pressentindo que o seu tempo se expirava,  Getúlio Vargas preparou o retorno do país à democracia permitindo a criação de novos partidos políticos, entre os quais: a UDN, o PSD, o PTB, entre outros, inclusive legalizando o Partido Comunista.   

Em dezembro de 1945 ocorreu o que se denominou como a "primeira eleição realmente democrática do país", tendo sido eleito o General Eurico Gaspar Dutra, cujo governo destacou-se pelo respeito à constituição.

A partir de 1950, com novas eleições presidenciais, quando então Getúlio Vargas foi reconduzido à presidência da república, intensificou-se a reação da UDN, sob a liderança de Carlos Lacerda. Havia acusações de corrupção, principalmente com relação ao empréstimo efetuado pelo Banco do Brasil ao jornalista Samuel Wainer, empréstimo esse autorizado pelo Presidente Vargas, para que seu amigo fundasse o jornal "Última Hora", cuja finalidade era defender o governo das constantes acusações da imprensa conservadora, acusações essas, cujo objetivo principal era a deposição de Getúlio.   

Em sua campanha para derrubar Vargas do poder, Lacerda usava o seu próprio jornal "Tribuna da Imprensa", fazia aparições na televisão, palestras em colégios, em associações de classe, onde quer que fosse possível. Por isso mesmo temia sofrer atentados. Então solicitou segurança ao Ministro da Justiça, na época, o Sr. Tancredo Neves. O Ministro colocou a policia à disposição de Lacerda e sugeriu que ele escolhesse o pessoal de sua confiança. Mas Lacerda preferiu cercar-se de amigos militares. E no inicio de agosto de 1954, ao chegar à sua residência em Copacabana, Lacerda sofreu um atentado à bala que atingiu o seu pé. Um outro tiro ceifou a vida de um de seus amigos, o major da aeronáutica, Rubens Vaz. Comandantes militares das três armas se revoltaram contra o presidente. A crise desencadeada com esse atentado, sob suspeitas de ter sido perpetrado pela guarda pessoal do presidente, levou Getúlio Vargas a optar pelo suicídio em 24 de agosto de 1954.

Em 1955, novas eleições presidenciais foram realizadas, com nova derrota da UDN e vitória de Juscelino Kubtschek do PSD.  Houve um breve período de crise, pois Carlos Lacerda desejava impedir a posse do presidente Juscelino, felizmente sem obter êxito.

A quem interessa um Golpe de Estado como o ocorrido em 1964? Em primeiro lugar aos políticos conservadores, submissos aos interesses das grandes potencias internacionais. Políticos esses  contrários ao combate à pobreza e à redução das desigualdades sociais. "Qualquer política voltada para extinção da pobreza é prontamente combatida pelos que detêm o poder econômico". Conclusão essa a que chegaram os bispos latino-americanos reunidos na III Conferencia Episcopal Latino-americana, realizada em Puebla no México em fevereiro de 1979.

Finalmente, um golpe como o de 1964 interessa diretamente às grandes potências mundiais que desejam para si as riquezas da nossa Amazônia e o nosso lençol petrolífero à águas profundas.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

terça-feira, 1 de julho de 2014

O "pragmatismo" alemão - José Nilton Mariano Saraiva

Embora sua história haja sido manchada indelevelmente em razão de ter sido espécie de ator principal nas duas Grandes Guerras Mundiais dos tempos modernos (1914/1918 e 1939/1945) a Alemanha, a partir de então e apesar da sua pequenez territorial (é um pouco maior que o nosso Maranhão, só que com uma população espantosa de mais de 82 milhões de habitantes), firmou-se como uma das maiores potências do mundo em termos técnico, científico, econômico-financeiro, esportivo e cultural, dentre outros.

O seu povo é, reconhecidamente, dotado de uma inteligência privilegiada e ímpar, o que, de par com a escolha preferencial do governo pela educação e pesquisa, propicia o surgimento de luminares e cientistas de escol nos mais variados segmentos da vida: da medicina à astronomia, da física nuclear à literatura jurídica, do automobilismo ao futebol, e por aí vai.

Assim, é fácil detectar que uma das características marcantes desse povo é sua idiossincrasia, sua determinação, seu “pragmatismo” por excelência; em tudo (ou quase, vide abaixo) que se mete o alemão se sai bem e dá o recado bem dado, exatamente porque preparado, culto e extremamente disciplinado.

Tomemos, genericamente, o futebol como exemplo e, particularmente, a atual Copa do Mundo que o Brasil tem a honra de patrocinar (e tem dado um verdadeiro show). Às 32 seleções que se habilitaram a participar do torneio, a FIFA concedeu o direito de livremente escolherem o estado e/ou cidade da federação que gostariam de ficar, durante a realização do torneio.

Pois bem, enquanto alguns optaram por hotéis localizados em cidades/praias badaladas (Ipanema, Santos, etc) e outros por cidades de porte médio (mas de fácil acesso dos nativos), os alemães adquiriram um imenso terreno numa praia pra lá de deserta, na Bahia, longe do burburinho das cidades, onde construíram o próprio hotel, que tem acomodado toda a delegação durante o torneio. Lá, isolados da badalação e, literalmente, do mundo, priorizaram o treinamento sob o causticante sol do meio dia (um verdadeiro tormento para quem tá acostumado com temperaturas siberianas) a fim de se adaptarem ao horário dos jogos que farão no país. Deslocamentos para as cidades onde jogarão somente às vésperas de cada pugna, com imediato retorno após. E ninguém reclama ninguém diz nada, porquanto sabedores que só através do sacrifício imposto por uma disciplina férrea terão chance de atingir o objetivo colimado. Essa uma das facetas do seu “pragmatismo” (no jogo de ontem, contra a Argélia, por exemplo, o preparo físico foi fundamental para uma vitória alemã na prorrogação, já que os africanos, mesmo habituados a temperaturas escaldantes, se “arrastavam” em campo em sua parte final, quando os germânicos fizeram os dois gols que os habilitaram a seguir em frente).

No entanto, a prova mais lídima desse mesmo “pragmatismo” já nos houvera sido concedida lá atrás quando, ao se classificarem pra disputar a Copa do Mundo, no Brasil, os alemães não se importaram em, literalmente, se “prostituir”, ao adotarem uma camisa com as cores e o padrão da do Flamengo, sabedores tratar-se de um time de massa, por aqui. E assim, fugindo da seriedade que os caracteriza e provocando uma “brecha” abominável em seu proceder, o discreto, austero e respeitado uniforme em preto e branco alemão foi substituído por um outro que não tem nada a ver com a sua tradição e história. O objetivo (velado naturalmente) foi o de ganhar a simpatia e apoio da torcida flamenguista (bem que poderiam ter adotado o uniforme do glorioso Vasco da Gama ou Corinthians, detentores de imensa torcida no Brasil, e cujas cores são similares às suas).

Fato é que, independentemente de tudo isso (e até como duro castigo por transmutar-se de alvinegro pra rubro-negro por mera conveniência) os alemães frustrar-se-ão quando, numa das semifinais, usando a camisa do Flamengo, enfrentarem a seleção brasileira com o seu uniforme tradicional (que lhes provoca fininhas,  comichões, caganeiras e arrepios). Ou seja, depois de todo esse cuidado, todo esse planejamento, toda essa discrição, terão que contentar-se com o terceiro lugar, em razão de terem inserido a “prostituição” em seu “pragmatismo”, via escolha de um uniforme inadequado e indesejado pela própria torcida alemã. Aí, então, esse “estranho no ninho”, o uniforme “rubro-negro-alemão”, será de pronto aposentado.

Alguém tem dúvida ???

domingo, 29 de junho de 2014

Vermelho pro "canibal uruguaio" - José Nilton Mariano Saraiva

Foi pouco, muito pouco, pouco mesmo. Apenas nove (09) jogos de suspensão de competições patrocinadas pela entidade, quatro meses na “geladeira” (banido que foi de jogar bola nesse período, e sequer poder adentrar um estádio de futebol) e mais uma multazinha irrisória (cerca de R$ 250 mil), esta a punição que a FIFA houve por bem aplicar ao “canibal” Luis Suárez, jogador de futebol da seleção uruguaia que se viciou em alimentar-se de partes do corpo dos colegas de profissão, durante as partidas de que participa (depois de “degustar” o sabor da carne de um holandês e um inglês, agora o “canibal uruguaio”, em plena Copa do Mundo, resolveu “deglutir” o pescoço de um italiano). É, pois, um tri-incidente cosmopolita.

Mas, como o futebol é pura “emoção”, porquanto desprovido de qualquer “razão”, principalmente quando o objetivo maior é o de ser campeão do mundo, depois da “palhaçada” que patrocinou na Copa do Brasil, Luis Suárez foi corretamente mandado de volta pra casa, pela FIFA, e aí se deu o inusitado: no aeroporto, centenas de torcedores à espera do “canibalzinho” para prestar-lhe “solidariedade”. Ou seja, corroboravam com o grave erro por ele cometido, transformando-o numa espécie de herói nacional. E mais inusitado ainda: entre tais torcedores, ninguém menos que o Presidente da República, que fora protestar contra tão severa punição.


Pobre do país que enaltece e cultua (pseudos) heróis, porquanto de pés-de-barro.
Para acalmar os nervos, regular os batimentos cardíacos, compensar tanto grito abafado, tantos olhos fechados e ouvidos tampados... vamos apreciar, meus queridos amigos, de alma leve e grato sentimento, a bela delicadeza do poema de Manoel de Barros.

O apanhador de desperdícios

"Uso a palavra para compor meus silêncios....
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
Sou da invencionática
Só uso a palavra para compor meus silêncios."

 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

O sedento Deus Liberdade

J. Flávio Vieira

A violência sempre esteve ligada ao poder.
                                    E a violência masculina é um exercício perverso do poder.  
Affonso Romano de Sant' Anna

                                   A Violência é uma irmã siamesa da Civilização. A história da humanidade , desde os seus primórdios, tem sido escrita  com a rubra tinta do sangue. A evolução natural da nossa espécie nunca conseguiu debelar esse mal, apenas ele foi se metamoforseando e aparecendo com outras nuances e outras máscaras. A pólvora substituiu a espada, o canhão à espingarda, o tanque de guerra ao aríete. Se se reparar direitinho,  a Violência tem seu nascedouro nas nossas mais simples relações domésticas. Por trás dela sempre existe impulsionando-a o exercício do poder : seja de pai para filho, de patrão para empregado, do rico para o pobre, do político para o eleitor, do homem para a mulher, da nação mais favorecida contra as mais lascadas. A célula mater da Violência, no entanto, brota das nossas mais simples e domésticas  relações humanas. E ela nos aproxima, mais que nada, das nossas origens animalescas, quando abandonamos o racional e agimos como um lobo na matilha.
                                   No Cariri convivemos com uma chaga secular: a Violência contra a mulher. Entre 2009 e 2011, a cada 90 minutos,  uma mulher foi morta no Brasil , no mesmo período, só no Ceará, pereceram 684 mulheres. Estes índices são assustadores. Recentemente, aqui no Cariri,  nos espantamos, novamente, com dois fatos que, de tão comuns, parecem já corriqueiros. Duas médicas foram alvo impensável desta temida violência. Semana passada, Dra. Ângela Gimbo sofreu um atentado terrível, que quase lhe ceifou a vida, por razões estranhas e que estão em processo de investigação. Dra. Ângela é  uma profissional da mais alta qualificação, infectologista radicada na região há muitos anos e que atualmente assumia, com enorme desenvoltura,  o Cargo de Diretora da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte. Não bastasse esta notícia triste, esta semana, uma outra médica, Dra. Elizabete Bernardo, viu-se vítima de um crime passional, perpetrado por seu antigo companheiro, perdendo a vida de forma trágica e brutal. Dra. Elizabete era professora também da Faculdade de Medicina de Juazeiro e profissional capacitada e de finíssimo trato. Aparentemente, se tratam de dois crimes totalmente isolados e sem qualquer ligação um com o outro, há, no entanto, um fio condutor ligando as duas tragédias.
                                   No caso da Dra. Ângela, possivelmente, há motivos relacionados diretamente à sua atividade como dirigente de uma empresa educacional.  Administrar é ferir interesses de um lado ou do outro. Não será difícil para os investigadores fecharem o firo. O desvendamento do crime é essencial para que os caririneses ao menos consigam dormir com alguma tranquilidade. No caso da querida Dra. Elizabete, homicício seguido de suicídio, deslinda-se,  imediatamente,  a causa , mas permanece o gosto de fel em todos os seus amigos e admiradores. Em ambas situações percebe-se , claramente, a questão de Gênero presente. Os últimos cinquenta anos se caracterizaram por um avanço expressivo nos horizontes femininos. A mulher passou a ocupar espaços até então tidos como um  monopólio masculino. Conseguiram uma invejável independência financeira, levando a que hoje já sejam cabeça de família de um terço dos lares brasileiros. Já não precisam se submeter ao julgo do varão que lhe dava o pão mas , em troca, as mantinha subjugadas. Já não necessitam ser infelizes, mantendo relacionamentos de fachada. No trabalho, também, têm as mulheres formas peculiares de administrar, são, em geral, mais corretas e menos propensas ao “jeitinho”. Todas essas transformações , no entanto, não foram percebidas, ao que parece, pelo sexo antigamente tido como forte. Amor não correspondido se torna uma afronta para aquele que sempre se achou proprietário universal  da sua  companheira. Regras e leis cumpridas à risca viram uma agressão para os adeptos das maracutaias tão tupiniquins.
                                   Dra. Ângela e Dra. Elizabete são mais  dois cordeiros imolados  ao sedento Deus Liberdade. Esperamos que sejam os últimos. É preciso se pensar num mundo melhor e mais justo, onde o homem não seja o lobo do homem. Que diabos de animal racional é esse e que ainda se diz feito à imagem e semelhança do Criador ? Se pensamos desarmar nossos espíritos e atiçar nossos corações é preciso provar que já conseguimos sair da Selva e que criamos leis mais humanas e mais justas de convivência social.


Crato, 27/06/14    

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O "pequeno Drácula" - José Nilton Mariano Saraiva

Boa pinta, austero, comumente rigoroso e fluente em espanhol e inglês, Marco Antônio Rodriguez Moreno, o bom árbitro de futebol mexicano que foi selecionado para atuar na Copa do Mundo de Futebol, atualmente realizada no Brasil, é professor de Educação Física, tem 1,79 de altura e 81 kg. Pra ser infortúnio, no entanto, tem um apelido do qual não deve gostar nem um pouco, mas que aprendeu a aceitar por pura conveniência marqueteira: o “pequeno Drácula” (Drácula, como se sabe, era aquele vampiro famoso, que assustava a meninada, via telonas dos cinemas).

Pois bem, indicado para apitar o clássico Uruguai X Itália, de repente Rodriguez Moreno deixou passar um lance capital do confronto: aquele em que o atacante uruguaio Luis Sóarez, provando não ter nenhuma tendência “naturalista”, mas, sim, uma avidez carnívora desmedida, deixa o futebol propriamente de lado e quase arranca o ombro do zagueiro italiano Giorgio Chiellini, ao aplicar-lhe uma vigorosa dentada, à altura do pescoço (as marcas caninas foram mostradas pela TV e como é a terceira vez que faz isso (em campeonatos diversos), Sóarez corre o risco de ser suspenso do resto da Copa do Mundo).

No entanto, embora justificadamente o caso tenha sido explorado o máximo pela mídia, porquanto a imagem da televisão é pura e cristalina em relação à violência do lance, no relatório do árbitro à comissão de arbitragem da FIFA tal ocorrência não será citada, já que Rodriguez Moreno sequer apitou falta ou mostrou-lhe o “amarelinho”, que se fazia merecedor (alega não ter visto o lance).

Com o torneio se afunilando, tanto que metade dos concorrentes já voltou pra casa, a esperança dos que querem evitar um confronto com o Uruguai é que, tal qual procedeu em casos análogos, no passado, a FIFA puna com absoluto rigor o jogador, com base apenas nas imagens geradas pela TV (o que constituiria um desfalque de peso para quem quer chegar lá).


No entanto (e por enquanto), à espera de tal decisão a pergunta que todos se fazem é: será que o “pequeno Drácula” (o juiz mexicano) deixou propositadamente de punir o jogador uruguaio por ciúmes, ao entender que ali, naquele momento e com imagens geradas para todo o mundo, nenhum outro Drácula (“fajuto ou de araque”) seria alvo dos holofotes a ponto de ofuscar a imagem dele, o “verdadeiro Drácula”, primeiro e único vampiro no pedaço ???

segunda-feira, 23 de junho de 2014

"Decepcionante" - José Nilton Mariano Saraiva

Dez dias após seu início, com jogos quase diariamente, tem sido prá lá de “decepcionante” a Copa do Mundo de Futebol, que ora se realiza no Brasil, sob os auspícios da FIFA.

E os motivos são vários: a) os estádios (ou Arenas) além de “pebas”, não foram concluídos (deverão sê-lo somente em 2038, conforme preconizado por uma tal revista VEJA, vulgarmente conhecida por “ÓIA”); b) o clima de insegurança é “palpável” e notório, e espraia-se por todas as cidades sedes, do Rio Grande do Sul ao Amazonas; c) em razão disso, o fluxo de turistas não foi o esperado (afinal, só os mais corajosos aventurar-se-iam a vir participar de uma festa dessas num país subdesenvolvido e repleto de índios e marginais); d) como reflexo, os comerciantes, que investiram pesado (principalmente da rede hoteleira) já sentem no ar a perspectiva de prejuízos milionários; e) em termos de comunicação, a Internet no Brasil tá uma “merda” só, impossibilitando que os visitantes se comuniquem com familiares, bem como que os jornalistas de todo o mundo não tenham condições de enviar suas matérias às redações; f) o transporte mostra-se ineficiente (tanto o público como o privado), além do que as vias de acesso não oferecem condição de tráfego; g) o caos aéreo é uma dura realidade, já que as empresas que operam o setor  não têm estrutura nem aeronaves suficientes pra atender os que aqui aportaram (mesmo que em número reduzido); h) os aeroportos, funcionando a “meio-pau” são um péssimo cartão postal, envergonhando-nos; i) o povo brasileiro, deseducado por natureza, tem tratado os “gringos”com desdém e menosprezo, desferindo-lhes “patadas” a torto e a direito; j) os jogos até aqui realizados têm tido um público chinfrim, já que esse mesmo povo nunca concordou com a sua realização; k) enfim, paira o sentimento de que, por ser um país subdesenvolvido, o Brasil não atrai nenhuma atenção, mesmo sendo sede de uma competição de tal porte, tanto que os jornais do mundo inteiro não fazem a mínima questão de divulgar (a Copa e o país).

Em resumo, a Copa do Mundo, no Brasil, tem sido “DECEPCIONANTE” sob todos os aspectos que se possa imaginar, só que: para determinados segmentos da mídia nacional (capitaneados pela tal VEJA) que, desde o anúncio da sua realização, diuturnamente optaram por tentar esvaziá-la, a ponto de insuflar a própria mídia internacional, fazendo-a embarcar na canoa furada do caos que seria; tem sido “DECEPCIONANTE” para os profetas do caos, os maus brasileiros, os eternamente do contra, os sectários e radicais de plantão que, por questões político-partidárias (ou simplesmente por serem contra o atual governo), anunciaram em alto e bom som, com estardalhaço, que “não vai haver Copa nem Olimpíada” (para tanto, fizeram o possível e o impossível pra isso).

Pois é, APESAR DELES, a verdade verdadeira é que até aqui não temos apenas uma Copa do Mundo; temos a maior de todas as Copas, a “Copa das Copas”, a nossa Copa (do Brasil), com tudo pronto e funcionando às mil maravilhas (salvo questões pontuais); temos tido embates monumentais dentro das quatro linhas, tanto que o número de gols marcados já é um recorde: e, mais importante, temos a certeza de que os “gringos” literalmente “redescobriram o Brasil”, já que vivamente impressionados com a beleza do nosso país, com a segurança que encontraram em nossas ruas e, principalmente, com a recepção, o carinho e afeto que lhes estão sendo ofertadas pelo povo e governo brasileiro (ontem, na Beira Mar, aqui em Fortaleza, dava pra ver e sentir quão felizes estavam alemães, americanos, ganenses, suecos, mexicanos, portugueses, japoneses e mais uma “ruma de alienígenas”; um espetáculo digno de nos fazer sentir orgulho do Brasil). 

E mais: por paradoxal que possa parecer, a mesma mídia internacional que antes alertava sobre o perigo iminente de se viajar ao Brasil e, principalmente, sobre se tínhamos ou não condição de sediar um evento de tamanha magnitude como a Copa do Mundo, agora não só se penitencia publicamente como é pródiga em derramar fartos elogios sobre a organização e a nossa capacidade em fazê-lo.

Uma prova ??? 
A declaração de um antigo ferrenho crítico, o jornalista britânico Jason Davis: “SE A COPA DO MUNDO FOR ASSIM COMO ESTÁ SENDO NO BRASIL, QUE TODAS AS COPAS DO MUNDO SEJAM NO BRASIL” (ipsis litteris).

É pouco ou querem mais ??? 


sábado, 21 de junho de 2014

Artilheiros - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Futebol é um esporte que parece ter sido inspirado nas guerras de antigamente. Termos como linha de defesa, ataque, artilheiro, matador, penetrar pelos flancos, entre outros, são frequentemente usados pelos entendidos nessa modalidade de jogo. O pior de todos é esse tal de "arena" que arranjaram recentemente para denominar as praças onde se pratica esse esporte e que faz as delicias dos locutores da televisão. 

Para quem acompanha futebol somente em época de Copa do Mundo, artilheiro é a denominação que se dá para o jogador que marca o maior número de gols numa competição.

Todos escutam pela TV e Rádio que o nosso Ronaldo "Fenômeno" é o maior artilheiro de todas as copas com 15 gols. Isto significa que ele assinalou este total de gols em três das quatro copas das quais participou. E ainda acrescentam  que ele poderá ser superado pelo alemão Kloser que até agora já marcou 14 gols. Besteira muita! O maior artilheiro de todas as copas foi aquele que assinalou o maior número de gols numa única copa do mundo. E esta façanha foi conseguida pelo francês Just Fontaine na Copa do Mundo de 1958. Ele é portanto o artilheiro recordista de todas as copas. Suplantou grandes jogadores de sua época como Pelé, Maradona, Platini e Zidane, tendo sido considerado o melhor jogador francês nas comemorações dos cinqüenta anos da UEFA (Union of European Football Associations)

Just Fontaine nasceu no Marrocos em 18 de agosto de 1933. Como na época, o Marrocos era colônia francesa, portanto Fontaine é cidadão francês. Encerrou sua carreira em 1962, por haver fraturado a tíbia e o perônio da perna direita, vivendo desde então do seguro que fez para suas pernas.

Somente Ademir Menezes do Brasil com 8 gols em 1950;  Kocsis da Hungria com 11 gols em 1954; Eusébio de Portugal com 9 gols em 1966; Müller da Alemanha Ocidental com 10 gols em 1970 e Ronaldo, o "Fenômeno" do Brasil em 2002 com 8 gols se aproximaram do recordista Just Fontaine, o maior goleador de uma única Copa do Mundo. E com esses rígidos sistemas de jogo empregados atualmente pelas seleções de cada país, dificilmente a marca do francês em uma única copa será superada.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Eles "USAM" black tie - José Nilton Mariano Saraiva

Ao contrário do comportamento-padrão daqueles que nada têm a temer  ou esconder, mas, sim, sentem orgulho e satisfação em propagandear os feitos da agremiação a que pertencem, nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010 a “tucanalhada” (PSDB) fugiu como o diabo foge da cruz de qualquer referencia ou citação à gestão de oito anos (1995-2002) do tucano-mor Fernando Henrique Cardoso.

Como se sentissem vergonha e considerassem aquele nefasto e sombrio período uma espécie de nódoa irremovível na elitista elegância “black tie” tucana, permitir a presença de FHC no palanque nem pensar, porquanto representaria verdadeira afronta, perigosa sinalização de chuvas e trovoadas, adiante. Assim, a ordem foi enfática e contundente: “deletar” o chefe dos palanques de campanha e/ou de qualquer aparição pública. Foi o que aconteceu. E isso tem um nome, desaprovação.

É que, constatado restou, através de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, posteriormente publicizadas, (foram inúmeras) existia uma “quadrilha tucana” instalada no gabinete do então presidente do BNDES (Mendonça de Barros) que obtivera autorização expressa do “chefe-maior” pra usar seu nome (do Presidente da República) em transações prá lá de suspeitas, durante o processo de privatização (doação) do setor telefônico nacional, objetivando beneficiar, via fundos de pensão estatais, nada menos que o maior bandido do Brasil, senhor Daniel Valente Dantas. Foi o que aconteceu. E  isso tem um nome, corrupção.

Uma outra imoralidade que desnudou o mafioso modus operandi tucano de administrar à época FHC e que veio a público, foram as declarações espontâneas dos então deputados federais acreanos Ronivon Santiago e João Maia, confirmando terem recebido (assim como outros três colegas da bancada acreana) R$ 200 mil reais, cada, a fim de votarem pela reeleição de FHC. Foi o que aconteceu. E isso tem um nome, corrupção (um adendo: teriam sido “comprados”, a esse preço, 150 deputados, de diversos estados e siglas, segundo o senador gaúcho Pedro Simon).

Eis que agora, certamente que confiando na memória curta do povo brasileiro, o candidato do PSDB que irá disputar as próximas eleições presidenciais, o playboy Aécio Neves, à falta de um projeto para o país, resolve “fazer justiça” (palavras dele), ressuscitando FHC como se houvesse sido um grande administrador. Não foi o que aconteceu. E isso tem um nome, desonestidade.

O que podemos deduzir, é que ao espelhar-se num homem que deixou a ética de lado e corrompeu Deus e o mundo objetivando ganhos pessoais (nem que naquele momento o país literalmente estivesse afundando, tanto que valeu-se do famigerado FMI em três oportunidades), o senhor Aécio Neves implicitamente compactua e chancela toda a sujeirada e corrupção praticada pelo chefe.

Sinal de que, se algum dia chegar lá (e não será dessa vez), adotará idêntico proceder ???   


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Perigosa "depen(neimar)dência - José Nilton Mariano Saraiva

Ainda no alvorecer da competição, não mais que de repente uma nesga de decepção, desconfiança e pessimismo tomou de conta de boa parte da apaixonada torcida brasileira, depois da extrema dificuldade que a nossa seleção de futebol encontrou para suplantar o “ferrolho” da Croácia e, principalmente, do insosso empate sem gols com os aguerridos mexicanos.

E é fácil detectar que tal estado de espírito deu-se em razão do “óbvio ululante”: a dependência quase que visceral do bom time brasileiro, nesses dois jogos, ao tal Neimar, tido como o principal jogador do nosso selecionado (é que, mesmo jogando em casa, inexplicavelmente outras peças ainda não renderam o que podem).

No duro no duro, parece até que a partir do instante em que a mídia nacional “endeusou” o tal jogador de uma forma até que irresponsável, porquanto o ungindo e colocando-o no panteão de “salvador da pátria”, isso serviu de material de alta combustão para insuflar os torcedores, daí essa expectativa irracional e desmedida de que o tal jogador será capaz de decidir tudo, a toda hora e quando quiser. E, definitivamente, a coisa não funciona assim, como agora estamos a constatar. Até porque, se bem marcado ou mesmo se num dia não muito inspirado, temos que ter um plano B, encontrar alternativas outras que nos permitam avançar.

Assim, antes que a vaca vá pro brejo, o técnico Felipão, macaco velho no trato de questões sobre, ao tempo em que pedia paciência à torcida destacou exatamente isso: que o tal jogador não é um “astro-rei” ao redor do qual orbitam satélites inexpressivos, que o time tem que priorizar o coletivo em detrimento do individual, tem que remeter tal aura de dependência às calendas gregas e, enfim, tem que aprender a se virar nos momentos de dificuldades.

Afinal, temos, sim, outros jogadores que ainda não renderam o esperado, mas que, numa simples mudança de posicionamento durante os treinos ou até depois de uma conversa mais séria com o comando, se conscientizem que estão em débito com a nação e tratem de corresponder o que deles se espera (vide Daniel Alves, Paulinho e Fred, principalmente, jogadores passados na casca do alho, mas que até agora decepcionaram). O recado foi curto e grosso: se não atingirem o desejado, serão sacados (e já na partida seguinte).

No mais, a história está aí por testemunha: evoluindo para a segunda fase nosso time naturalmente encorpará, ganhará a consistência, solidez e confiança necessárias pra deslanchar rumo ao tão sonhado HEXA.

Até porque, queiram ou não os pessimistas de plantão (e/ou os eternamente do contra), a nossa camisa ainda impõe respeito, aqui e alhures e, apesar da exuberância e excelência do futebol que estão a praticar esquadrões como a Alemanha e Holanda, eles ainda tremem quando enfrentam o Brasil.

Portanto, a partir do “jogo da classificação’ (contra a seleção de Camarões) teremos que nos livrar dessa “depen(neimar)dência”, a fim de, no crepúsculo da competição, nos habilitarmos a disputar a finalíssima com as poderosas Alemanha e/ou Holanda (que num certo momento baterão de frente, sobrando uma delas).


Alguém tem dúvida ??? 



Minha mãe gostava de borboletas. Se uma delas entrasse lá em casa, ela nos dizia com voz de mando, quase ameaçadora: cuidado, não se espanta borboletas, elas são abençoadas, dão sorte. Minha mãe gostava de todas, mas especialmente de borboletas de asas quase translúcidas, delicadas, de um amarelo pálido. Talvez achasse que não merecíamos uma borboleta assim, feito esta, aí embaixo, harmoniosamente colorida, bordada com tantos desenhos, envolta em vários tons, ou quem sabe fos...se apenas o medo de não saber lidar com uma sorte tão avassaladora, trazida por uma borboleta tão ricamente vestida. Melhor as simplesinhas que entram aqui muito de vez em quando.
Minha mãe deixou-me por herança o gosto pelas borboletas, especialmente as simplesinhas, igual a esta de um amarelo anêmico, quase morto, que voa (agora) a esmo pela minha sala, num voo desgovernado, como se quisesse (mas) não soubesse sair. Faz tempo que a acompanho, meu olho corre de uma lado para o outro muito rápido; dou com ele no teto, pregado na porta, beirando o chão. Estão cansados, meu olho e a borboleta simplesinha. Pensei em espantá-la, em persegui-la de um canto a outro: venha, pequena, o caminho é por aqui. Mas minha mãe me disse que não se tange a sorte, não se espanta borboletas. Estou numa situação terrível, de pés e mãos atados. Se tanjo essa criatura por demais delicada, posso, num gesto desajeitado, despedaçá-la, aniquilar a sorte que ela me traz, além de desobedecer à severa ordem de minha mãe, que já faz muito tempo eu não vejo, ela não mora mais aqui. Por outro lado, se deixo que essas asas descoradas se encarcerem a si mesmas, que sorte posso eu pretender dessa borboleta simplesinha que vai morrer de tanto
voar?
(rejane gonçalves)
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