por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 19 de agosto de 2012

ENZO


                                                                   ENZO 

         Seu avô paterno tinha então 29 anos quando, nos braços, recebeu seu pai, Leonardo, nosso caçula. Lembro-me que o beijei tanto que quase o desboto __ como beijei também seus tios Monalissa e David. Você, Enzo, começou bem, pois tem um avô beijoqueiro! No momento em que você chegou  o recebi vindo do berço materno ,e acolhi-o em meus braços trêmulos. A emoção é bem maior mesmo, e senti novamente pela sétima vez na minha vida algo sobre os meus ombros, como o roçar da asa de um anjo... O sétimo anjo! Deixamos para Deus, in útero, João, nosso 3º filho.
 Meu bebê, irei fuçá -lo tanto, farei tantas cócegas e piruetas à  espera somente do seu sorriso...O incentivarei a engatinhar e a por -se de pé. Quando caminhar por si, melhor ainda se Deus me escolhesse para seguir você sempre, como mais um anjo, o oitavo. Você não sofreria injúrias de ordem nenhuma, pois eu as absorveria. Na escola, sussurraria ao seu ouvido que especial atenção desse  aos professores e que convivesse com os colegas na medida e na liberdade com que gostaria você que lhes dispensassem. No esporte, que reconhecesse o talento dos demais sem inveja, mas vendo-os como modelos. Na juventude e adultície, faria que com que  não se apegasse  a coisas do homem, mas às coisas de Deus. Finalmente, depenado, pois tarefas assim não são fáceis, tomaria um banho de satisfação, pois teria cuidado de um Homem. Pois é, os filhos são como “petiscos” de Deus para os pais e, na vida, às vezes, nem tão gostosos! Já os netos... ah, os netos são os presentes! É quando de fato começa a festa e a orquestra já afinou os instrumentos, deixando os avós com aquela sensação boa na dança, a pedir bis várias vezes para que nunca acabe. Querem saber, valeu e tem valido a pena. Nos grandes encontros, pode-se ouvir a gargalhada de d’ELE. Éramos só você e eu, Fátima, pouco depois já somos tantos! Queridos netos Breno, Maria Alice e Enzo, com vocês estou desaprendendo a ser grande. Estou bem melhor e mais feliz hoje.  Obrigado. Vô e vó.

João Marni de Figueiredo
Crato, 09.08.2012


Hoje tem bolo confeitado!

Catarina Moreira e João Alfredo, mãe e filho, minha irmã e sobrinho, aniversariam na data de hoje.
Abraços especiais e desejos de felicidades aos dois!

Colaboração de Eurípedes Reis



Pecado...é lhe deixar de molho

(Marisa Monte)



Falados os segredos calam
E as ondas devoram léguas
Vou lhe botar num altar
Na certeza de não apressar o mundo
Não vou divulgar
Só do meu coração para o seu

Pecado é lhe deixar de molho
E isso me deixa louco
Não, eu não vou me zangar
Eu não vou lhe xingar
Lhe mandar embora
Eu vou me curvar
Ao tamanho desse amor
Só o amor sabe os seus

Não, eu não vou me vingar
Se você fez questão
De vagar o mundo
Não vou descuidar
Vou lembrar como é bom
E ao amor me render

sábado, 18 de agosto de 2012



Rilke Rainer Maria

Do eco sem fim de tua dor
nasce o Verbo, aflora o espinho
de uma morte a recender suave rosal.
Vieste ao mundo para orquestrar
a fúria de um Deus selvagem.
Nasceste para pacificar a violência
de um silêncio indomável.
Do escombro de cada momento
eriges o teu rosto, o teu louvor,
suavizando na angústia extrema
a violência das feras famintas.
Em cada instante escreves
a fatalidade de um anjo áspero,
o fascínio de um peregrino
a caminhar pela luz de um poema
em que tudo é santificado.
Às margens do Adriático
uma epifania conclama-te
no existir fulminante,
na loucura dos profetas,
na morte jamais desfeita em cinzas.
E tudo em nós ressuscita o intacto
silêncio das sinfonias, tudo em nós
louva a sagração do vinho,
quando nos findamos
no pólen dos teus dons.

Relacionamentos - Rubem Alves



Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os relacionamentos são de dois tipos: há os do tipo 'tênis' e há os do tipo 'frescobol'. Os relacionamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. Explico: para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: 'Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: 'Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?

Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.' Scherazade sabia disso. Sabia que os relacionamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente.

Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: 'Eu te amo...'. Barthes advertia: 'Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada.
É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: 'Erótica é a alma'.

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada - palavra muito sugestiva - que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é jogar pra sempre... E, o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado.

Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos. A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá. Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração.

O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor. Ninguém ganha, para que os dois ganhem. E se deseja, então, que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim.
Rubem Alves

"Sinhá"- por socorro moreira


Estou em pleno inferno astral, suavizado pela compreensão das transições e conflitos existenciais. Mas o meu céu está quase descortinado. Aguardo dias melhores, embora saiba que a vida  tem percurso circular em movimento constante. Se tudo volta, tudo passa. Chances de acertar, viver alegrias e aprender com a dor e com o amor se alternam todo dia.
Tenho um interesse especial pela Astrologia... Inegável! Estou entrando num tempo, em que serei “geminiana” por um ano. O poder de comunicação fica mais forte, e a capacidade de tomar decisões, mais lenta. Para uma virginiana é mais Mercúrio influenciando a sua vida.
Haja discernimento de preço denso!
Na infância e adolescente vivia querendo descobrir um caminho para compartilhar o trabalho musical de quem tinha valor (Edite gosta de faxinar a casa ouvindo Danúbio Azul...).
Mais do que catadora do verso sou uma catadora de canções.
A música me faz viajar no tempo e me abstrai do tédio.
Convivo intimamente com a alma do poeta e de quem faz a melodia. È um encantamento que não se desfaz... Cristaliza-se!
Se a princípio não gostei em demasia do último disco de Chico, agora o escuto noite e dia. Tornou-se familiar, integrado nas minhas seleções musicais.
Aí lembro Nicodemos, Zé Nilton, Maryfran, Tuca, que adotam o repertório do Chico entre os preferidos. Ele é mesmo comovente em sensibilidade.
Na manhã deste sábado, escuto “Sinhá”...



sexta-feira, 17 de agosto de 2012



Colaboração de Ismênia Maia





Vende-se Tudo!!!
Martha Medeiros

No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:

- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.

Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.

Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.

Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu. No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material.

Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.

Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida.

Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile.

Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.

Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.

Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza:

"só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir,"é melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ!

Não são as coisas que possuímos ou compramos que representam riqueza, plenitude e felicidade.

São os momentos especiais que não tem preço, as pessoas que estão próximas da gente e que nos amam, a saúde, os amigos que escolhemos, a nossa paz de espírito.

Felicidade não é o destino e sim a viagem!



Foi show!


Teatro lotado. Presença de pessoas queridas prestigiaram o desempenho dos nossos músicos.
A platéia cantou junto.
Impressionante como um músico centenário permanece conhecido por sucessivas gerações. Canções imortais!
O que é bom fica!
Para a alma boêmia de muitos foi uma noite especial. Viva Abidoral!
Agradecimentos ao SESC, representado por Janaína e equipe. Agradecimento aos músicos que acompanharam Abidoral Jamacaru. Agradecimentos a todos que se fizeram presente, e participaram desta noitada, pensada e elaborada com carinho.
Dia 25 a festa será repetida no espaço de Kaika. Vamos ao Terraçus!
Aguardem fotos do evento!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Gambiarra


Eliseu  montara uma pequena bodega em Matozinho. Estabelecimentozinho de periferia, com duas portas que davam para rua e  eram fechadas com uma centena de cadeados, toda noite, por um comerciante temeroso de um rapa dos malacas cada dia mais frequentes e ousados naquelas brenhas. Com o passar dos anos e o crescimento da Vila, a bodega tornou-se cada vez mais central e nosso empreendedor  resolveu ampliá-la, comprando uma casa vizinha e estendendo um puxado lateral. Após a reforma de pobre, que durou uns três anos, Eliseu  resolveu , impavidamente, colocar um nome mais apropriado e menos brega. Convocou, então, “Pedro Brocha”, o mais importante puxador de letras da Vila. Uns dois dias depois, avistavam-se,  de longe,  as letras garrafais abertas por Pedro, no frontispício da antiga Bodega :  “Mercadim  Temo-Meno” e logo embaixo o slogan : “Se tá liso , fale com Eliseu “.
                                   Nosso comerciante compreendia, perfeitamente, os meandros dos pequenos negócios de interior. Precisava vender fiado, pois a clientela vive eternamente na dependura, esperando o salário futuro,  o Bolsa Família ou o décimo terceiro. Para tanto risco, fazia-se necessário vender com uma grande margem de lucro para cobrir os inevitáveis prejuízos dos velhacos que estavam , sempre, não na camada mais pobre da população, mas entre os mais remediados. Por outro lado, fazia-se mister fracionar as vendas a granel, ampliando as possibilidades de compra de todos : uma colher de manteiga, uma xícara de açúcar, dois dedos de óleo comestível, três gomes de tangerina, uma  talagada de café e por aí se estendiam as variadas unidades de  compra.  Houve casos de Eliseu vender a clara de  ovo para um freguês e a gema a outro.
                                   Com os ajustes necessários às peculiaridades de Matozinho, o negócio prosperou. Eliseu comprou alguns imóveis na nova periferia da cidade e até um sitiozinho próximo ao Açude do Sabugo, onde cultivava algumas fruteiras, quando conseguia se desvencilhar do Mercadinho que não lhe dava trégua , nem nos fins de semana ,nem nos feriados. Mesmo contanto com a ajuda de D. Eudóxia, a esposa, que se dividia entre os trabalhos domésticos e os empreendimentos comerciais do marido.
                                   O casamento, de mais de trinta anos, já era uma instituição mais burocrática que afetiva. O casal aprendera a se gostar, mas já não os unia aquele fulgor juvenil que incendiava as fronhas dos travesseiros e sapecava as beiradas das cuecas e calcinhas. Talvez, por isso mesmo, Eliseu ante uma Eudóxia de fogo arrefecido pela ducha da menopausa, tenha arranjado uma gambiarra,  se enrabichado de uma moreninha fogosa de uns vinte e poucos anos. Chamava-se Zuleika, para os íntimos, como Eliseu, atendia por Zuzu. Pernas parecendo troncos de aroeira, peitos duros, pontudos , ameaçadoramente, em riste,  e uma bunda enorme, de almofada; era impossível não se endoidar os cabeções  diante daquela Deusa Afro.
                                    Eliseu cedeu uma das casas para ela, fazendo um contrato fictício para não despertar a desconfiança da esposa e, à noite, passou seguidamente a sair e chegar tarde, sob o pretexto de que precisava cuidar do sítio. Como sói acontecer nesses casos, a repetição sub-reptícia dos meus hábitos termina por denunciar o crime. Cidadezinha pequena : povo de língua grande! Não tardou chegar aos ouvidos de Eudóxia a história da teúda e manteúda do marido. As portas do inferno, então, se abriram para Eliseu. A mulher, como um cão farejador, não dava trégua. Aos poucos, foi cercando o Lourenço e com ajuda de inúmeras amigas, montou um extenso dossiê sobre o caso e, montada neste calhamaço, dia após dia, numa tortura chinesa, infernizava a vida já tão atribulada do bodegueiro. Eliseu negava , negava, mesmo diante das inúmeras evidências. Inexistiam, no entanto, provas materiais e, de posse desta jurisprudência, ele mantinha uma cara de injustiçado, de perseguido, de torturado pelas idéias persecutórias da patroa. Esta era a única defesa que lhe restava. Começou a ter cuidados extras e os encontros com Zuzu, não mais se faziam na casa dela ( por medo de flagra) , mas no sítio, no mato, em propriedades afastadas de alguns amigos e numa outra residência que terminou adquirindo, às escondidas, no caminho de Bertioga e que usava, periodicamente, como um ninho de amor.
                                   Semana passada, no entanto, a porca torceu o rabo. Eudóxia permanecia no Mercadinho durante todo o dia, só saía na hora do almoço, entre às 11 e 13 horas. Ciente deste hábito da esposa, Zuzu tinha sido orientada  a , mensalmente, ir justamente neste horário pegar a feira dela.  Alguém deve ter soprado no ouvido de Eudóxia, o certo é que, no último sábado, no horário previsto, Zuzu estava com o carrinho cheio, no caixa de Eliseu, trocando os últimos combinemos para as noites seguintes, quando, de repente, a esposa entrou feito bala,  Mercantil adentro. Fitou o casal, furiosa e, mãos na cintura, em feitio de açucareiro,  aguardou o desfecho. Ia ser de graça? Estava, então, constatada, definitivamente, a tramóia! Certamente ela não tinha dinheiro pra pagar a feira, né? – pensou Eudóxia com suas metralhadoras engatilhadas!
                        Eliseu, no entanto, permaneceu tranqüilo, como se nada tivesse acontecido e Zuzu ainda pediu licença , perguntando se era possível ainda acrescentar mais uma lata de Leite Ninho. Claro que sim, minha senhora! -- retrucou o comerciante. Quando a mocinha retornou, ainda sob  as baterias carregadas de Eudóxia que a fuzilava, olhando de cima abaixo, como se perguntasse( com a pior certeza desse mundo) : “o que é que ela tem que eu não tenho?” , um Eliseu calmo e tranquilo, dirigiu-se ao Caixa, tirou de lá  setenta reais, estirou as notas despretensiosamente para a deusa de ébano e agradeceu:
                        ---- Tá aqui seu troco, D. Zuleika!Recomendações ao seu esposo !  Obrigado pela freguesia e volte sempre, viu? 

J. Flávio Vieira

Hoje, 20 :00 h, no SescCrato

Desde já, agradecemos apoio e presença dos amigos!
Vai seu um grande show!

Abraços

Por Norma Hauer



ESTÁ FAZENDO QUATRO ANOS
Que DORIVAL CAYMMI partiu. Foi a 16 de agosto de 2008.

Será que ele foi p'ra Maracangalha?

Teria ido só, ou foi com "Dora", "Marina", a "Morena de Itapoâ" ou mesmo a Anália? Parece que foi só e lá esperou por uma "estrela": Stela Maris, sua verdadeira deusa,. quie chegou pouco depois.

Conheceram-se na Rádio Mayrink Veiga, onde Dorival foi levado por Carmen Miranda, mas foi um baiano, que aqui chegou cantando antes dele: Victor Barcelar, que o apresentou a César Ladeira.

E lá, no Programa Casé da velha Mayrink encontrou sua Stela. Ela cantava no Teatro de Operetas do Casé; a partir de seu encontro com Caymmi passou a cantar só para ele, depois para Nana, Dori e Danilo. Mais tarde tudo se inverteu e os três passaram a cantar para eles.

Quando se vai à Bahia, principalmente a Salvador, sente-se a presença de Caymmi na Lagoa do Abaeté, nos coqueiros de Itapoã, no Bonfim onde quem não tem balanga-dãs não pode ir, nos tabuleiros em que se encontram as "Pretas do Acarajé". Lá, todo mundo gosta de acarajé, mas o trabalho que dá, p'ra fazer é que é".

Caymmi viveu 70 anos aqui, onde ele escolheu para morar, sempre recordando a Bahia, mas dando preferência ao nosso Rio de Janeiro.

Assim César Maia, em sua homenagem, batizou uma pequena rua do Leblon com seu nome. Era uma rua chamada apenas de B, seus moradores agora vão ter um endereço: Rua Dorival Caymmi. Ninguém vai reclamar pela "mudança de nome" que não houve.

César não quis repetir seus erros quando tentou mudar os nomes das Avenidas Vieira Souto e Visconde de Pirajá para Tom Jobim, que, por sinal, ganhou seu nome em nosso principal aeroporto.

A partida a Dorival foi num bonito domingo de sol, com o céu todo azul, embelezando quem só nos trouxe beleza.

Hoje ele é um monumento na Avenioda Atlântica, para que nunca seja esquecido. 


Norma






No clima de Noel...



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Amanhã é o dia "D"


Participação especial do músico Jaime Starkey!

Noel...



Imagem de Vila Isabel. Estátua de Noel Rosa, no comecinho do Boulevard 28 de setembro.





Altamiro Carrilho





(Santo Antônio de Pádua, 21 de dezembro de 1924 - Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2012)

O "bibelôzinho" de luxo - José Nilton Mariano Saraiva

Aconteceu o previsível: depois de “jogar pedrinhas na Lua” e vencer a duras penas equipes de quinta categoria e sem nenhuma tradição no futebol (Egito, Bielorússia, Nova Zelândia, Honduras e Coréia do Sul), o “timeco” que o Brasil levou para as Olimpíadas de Londres “amarelou” feio e foi batido na partida final pela apenas esforçada equipe mexicana (chance igual de conquistar um “ouro” será difícil de aparecer, já que sem nenhum concorrente de peso).
Mas, esperar o que de um “bando” cujo “comandante”, desde o princípio, mostrou-se despreparado para o exercício do cargo, conforme atestam suas exóticas convocações, incompreensíveis escalações e atrapalhadas substituições ao longo das partidas ???  Como justificar que jogadores reservas em suas equipes européias de repente sejam alçados à titularidade de uma seleção brasileira ??? 
Completando a série de equívocos, pra ”liderar” a patota e servir como “jogador-referência” do grupo, foi escolhido o “bibelôzinho de luxo” conhecido por Neimar, acostumado a fazer e desfazer por aqui (mas vaiado insistentemente na Europa pelo cai-cai recorrente), que de há muito vem provando não “ter cabeça” para encarar coisas mais sérias, já que a camisa da seleção brasileira reconhecidamente lhe pesa toneladas, daí ter fracassado nas competições internacionais das quais participou (Copa América, Olimpíadas, etc).
Certo estava o treinador Renê Simões que, meses atrás, ao presenciar o jogador Neimar desrespeitar acintosa e publicamente o treinador da equipe do Santos, Dorival Júnior, sentenciou incontinente para toda a imprensa: “Vocês estão criando um monstro”.  Não deu outra: o “bibelôzinho de luxo” se acha no direito de casar e batizar, proferir idiotices à granel (sempre repercutidas pela mídia), enquanto que dentro de campo falta comprometimento, dedicação e responsabilidade e sobram palhaçadas e fanfarronices. E ainda assim, o próprio sempre encontra espaços pra arrotar suas idiotices.
E pra não dizerem que é fácil malhar depois da desgraça acontecer, abaixo a postagem que fizemos aqui mesmo no dia 26.05.2012 (há mais de dois meses, portanto), a saber:     
“...mas, a realidade nua e crua, e não é preciso ser nenhum “expert” em futebol, é que se esses mercenários que atualmente vestem a camisa de uma seleção brasileira de comando e competência prá lá de duvidosos continuarem a jogar a bolinha que atualmente jogam, temos tudo pra fracassar tanto na Olimpíada (cujos adversários da fase inicial são inexistentes e nos permitirão ir um pouco mais à frente), como lá adiante, na Copa do Mundo que se realizará por aqui, quando a coisa for pra valer, olho-no-olho e eficiência comprovada. Se não houver mudanças radicais tenderemos à humilhação de ser despachado no meio do caminho. A não ser que se coloque logo alguém de pulso e conhecimento como treinador, capaz de convocar criteriosamente os que vão nos representar num evento de tamanha magnitude, independentemente de pressões e lobbys”.
Alguém duvida ???