por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 18 de agosto de 2012



Rilke Rainer Maria

Do eco sem fim de tua dor
nasce o Verbo, aflora o espinho
de uma morte a recender suave rosal.
Vieste ao mundo para orquestrar
a fúria de um Deus selvagem.
Nasceste para pacificar a violência
de um silêncio indomável.
Do escombro de cada momento
eriges o teu rosto, o teu louvor,
suavizando na angústia extrema
a violência das feras famintas.
Em cada instante escreves
a fatalidade de um anjo áspero,
o fascínio de um peregrino
a caminhar pela luz de um poema
em que tudo é santificado.
Às margens do Adriático
uma epifania conclama-te
no existir fulminante,
na loucura dos profetas,
na morte jamais desfeita em cinzas.
E tudo em nós ressuscita o intacto
silêncio das sinfonias, tudo em nós
louva a sagração do vinho,
quando nos findamos
no pólen dos teus dons.

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