por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 7 de junho de 2012

Apenas singular - por José do Vale Pinheiro Feitosa


Quando nasci,
Buscava eternizar-me,

Sobrevoar a poeira do tempo,
Desdobrar-me em circunstâncias,

Transpor a finitude,
Expor-me aos experimentos do espaço,

Extrair-me do cotidiano,
Antecipar-me ao futuro,
Sobretudo esgueirar-me ao passado.

E vim entre tais promessas,
Sujeitando-me ao esmeril do tempo,
Teimando em perenidade.

Qual nada me descobri mais.

Nem finito e nem eterno,
Apenas singular.

Colaboração de Eurípedes Reis- recebido por e-mail


É um assunto encantador. Quero compartilhar com você

Como você sabe, eu trabalho nas Casas André Luiz. Temos muitas funcionárias. Uma delas ficou grávida e, ao fazer o pré-natal recebeu a noticia que a criança que está esperando é deficiente.



Ela procurou uma das médicas da Instituição e disse: "Felizmente estou trabalhando nas Casas André Luiz. É como se Deus me estivesse preparando para a missão que eu terei."



A nossa médica mandou-lhe o texto abaixo, que transcrevo:

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Sempre me pedem para eu descrever a experiência que tive de ser mãe de uma criança deficiente – para tentar ajudar aquelas pessoas que vivenciam essa experiência original, para que possam compreender como se sentiriam, conto a seguinte história:



É como esta imagem:

Quando você tem a notícia que está grávida, é como planejar uma fabulosa viagem de férias à Itália . Você compra um guia de viagem e faz planos maravilhosos. O Coliseu, o David de Michelangelo, as gôndolas em Veneza, a região da Toscana, a Capela Sistina. Você aprende algumas palavras e frases acessíveis em italiano. É tudo muito emocionante! Após meses esperando, ansiosamente, o dia da viagem à Itália chega finalmente. Você faz suas malas e vai. Algumas horas depois, o avião aterrissa. O comissário de bordo entra e diz :Bem-vindos à Holanda!



"Holanda ! Você disse Holanda? O que significa bem-vindo à Holanda ? Eu comprei uma passagem para a Itália! Eu só posso imaginar que eu estou na Itália.Toda a minha vida eu sonhei em ir para a Itália!"



“Mas é que houve uma mudança no curso do voo. Chegamos na Holanda e aqui é seu destino".



A coisa mais importante é que não te levaram para um lugar horrível, repugnante, sujo e cheio de doenças.É apenas um lugar diferente.

Assim você deve ir comprar um novo guia de viagem. Você deve aprender palavras e frases de uma língua inteiramente nova . Você vai encontrar-se com novos grupos de pessoas diferentes que você nunca pensou em encontrar. É apenas um lugar distinto.

O progresso é mais lento do que na Itália, a vida é menos ofuscante do que na Itália. Mas depois você olha em torno, trava a respiração e começa a observar que a Holanda tem moinhos de vento, a Holanda tem tulipas, a Holanda tem até mesmo Rembrandt. Mas todo mundo que você conhece está ocupado indo e vindo da Itália e se vangloria sobre o tempo maravilhoso que eles tiveram lá. E para o resto de sua vida, você dirá, "sim é onde eu sonhei ir. O lugar que eu tinha sonhado em ir"

E a dor daquela vontade nunca passa, você sente sempre, porque a perda desse sonho é uma perda muito significativa. Mas se você passar a sua vida inteira lamentando pelo fato de que você não foi à Itália, você nunca estará livre para apreciar as coisas muito especiais e encantadoras da Holanda!!!



(Escrito por Emília Kingsley)



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Algum tempo depois, a funcionária enviou para a nossa médica o convite para o Chá de Bebê. No convite estava desenhado tulipas, moinhos de vento e a frase "Bem-Vindo a Holanda". Achei lindo.

Eirípedes Reis

As "oropa" é bem ali - José Nilton Mariano Saraiva


Já afirmamos aqui, mais de uma vez, que no nosso entendimento a política é, hoje, uma atividade pra lá de rentável, um meio de vida difícil de ser igualado. Aliás, tem muito nêgo que abdicou de exercer a profissão para a qual batalhou 4, 5, 6 anos numa faculdade e com a qual o pai tanto sonhou, pra dedicar-se “full time” à atividade política. Partindo de tal pressuposto não é difícil constatar que o empregão de “político” que se espraia pela família Ferreira Gomes (Ciro, Cid, Ivo, Patrícia e por aí vai) tem como mentor (ou padrinho) o irmão mais velho e chefe do clã, Ciro Gomes (que, paradoxalmente, hoje se acha desempregado, mas porque o povo assim o quis). Todos os familiares, pois, lhe devem obediência e gratidão.

Mas como na política impera a hipocrisia (em estado latente), eis que Ciro Gomes, de passagem por sua aristocrática Sobral, soltou a seguinte pérola (da boca pra fora), em relação às eleições de Fortaleza: “Sou LIDERADO do governador Cid Gomes com muito prazer, mas, se depender de mim, não haverá acordo para apoiar o nome que comanda a educação da cidade, que se encontra em penúltimo lugar no Ceará”.
 
Com ironia e sarcasmo, tratou de transferir alguns das suas “qualidades” (arrogância e prepotência) para a atual inimiga pública número um, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, ao disparar: “O povo de Fortaleza está sendo tratado como bicho. Fortaleza está em uma encruzilhada e nós temos a obrigação moral de buscar uma alternativa. A prefeita, em sua arrogância e a prepotência, se tornando um coronel de saia, parece que quer realmente eleger um poste sem luz” (aqui pra nós, como referido senhor se acha no direito de falar em “moralidade”, se conseguiu do irmão Governador ser nomeado “consultor” do PSB, percebendo uma razoável remuneração mensal ???).

Fato é que, mui provavelmente em obediência ao irmão mais velho, o Cid Gomes (Governador do Estado) teria cruzado o Atlântico rumo a Portugal com a missão de tentar sensibilizar o sempre “ausente” ex-Deputado Federal, Moroni Torgan (ouro espertalhão, que só aparece por aqui em tempo de eleição, e que durante o exercício do mandato nunca fez nada pelo Estado) para se engajar na campanha do PSB (provavelmente como vice de um dos queridinhos dos Ferreira Gomes: Ferrúcio Feitoza ou Camilo Santana).
Afinal, as “oropa” é bem ali.

por socorro moreira



Fora do espaço, afloram alegrias
Sereno da noite, orvalhando a flor
Encontros iluminados,no espelho da casa.

Meninos , o pouco é tanto ...!
Reposição de estoque
Duplicata de emoção
Recibos da devoção.

E os mares ?
Guardando sereias
Alojando a caixa-preta
Ou o báu de Pandora ?

Incertezas sustentam sonhos
Nesta adição de sementes
A regra é a floração.

O inferno é o limbo
A tristeza é a inconsciência
O pranto nos cofres da alma
E a arte nos átimos da noite.

Meninos,
Prendam a calda do porvir
O mel desse pêssego
Está na madrugada
É preciso retê-lo !

quarta-feira, 6 de junho de 2012



Luz e Sombra

O choro esgota a tristeza
Brota na lembrança
das águas passadas !

O outro
colhe a poesia na boca;
Os outros, a colhem,
na tecla da nossa alma.
Ela nasce tímida, desamparada...
Por simbiose, encontra fertilidade!

O tom de voz é inesquecível
Doce, rouco ou irritado

E o riso?
É a nódoa da saudade...
Cantilena que se gasta
pelas vezes já tocadas!

socorro moreira


Azul,
Nem céu ou perturbado,
Firmamento e assustado.
Na origem,
Uma linda pedra chamada,
Lápis-Lazuli.
Nem isso,
É que as nódoas da roupa,
Se vão com o anil.
E esta tosse obstrutiva,
Cianose por batom,
Cianamida com força germicida.
Adversário,
Nas lutas amazónicas,
Desfilados bois rubros de sucesso.
Meus sonhos são azuis,
Um japonês hibridou uma rosa azul,
O eleve azul,
E este azul é só meu,
E critico entre o verde e o violeta,
Fui eu quem descobriu esse azul.
Feito Colombo,
As Américas,
O gringo no samba,
Um brasileiro no Louvre,
Um papa na África.
Este azul é só meu,
Esteta de galhos da ibiraci,
Deste cinza no lombo do boi.

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE AZUL
José do Vale Feitosa
Acabei de assistir "Sem Censura". Presenças de Roberto Menescal, Verônica Sabino, Wanda Sá e Leny de Andrade. Devia ter sido pelo resto da noite, da semana...!
- Mas há quem goste de Paula Fernandes... ( não é o meu caso)!
Menescal falou sobre o preconceito musical. A arapuca caiu em mim. Vou abrir a cabeça, mas não me prometo gostar de música sertaneja, pagode e forró eletrônico. Help!






Geração que só se avista bem depois - Emerson Monteiro


Dias que lembram os que tombaram heróicos nas estradas e viraram meras cruzes de fumaça e vapor barato, a refazer de saudades um passado que nem existiu de forma total. Andou nas trilhas dos dissabores, festivais, ou das matas escondidas em noites abandonadas ao furor do destino. Vêm os nomes dos autores disso, desse quase nada, dessa ambulância gritando palavrões nos becos abandonados... Dores reais em forma de canções, violões salpicando ausências e amores, calabouços e aplausos, anonimato de bêbados, drogados nos isolamentos. Um quê de saudade invadiria o panorama, quando hoje morreu também Nélson Jacobina. Lá, outros muitos, os que não resistiram às doses duplas das escandinávias solidões da imensidade, imensuráveis, toscas e pós. Às luzes das ribaltas angustiadas na ressaca dos lenços acenados às pressas dos vagões de carga estremecidos e metálicos. As pontes explodidas e os guetos escuros das trombetas de um só e mesmo apocalipse de amarguras mórbidas, indivíduos e saudades ululantes dos nossos compositores geniais e seus palcos em festa, sempre e sempre, ainda que por dentro corações esfacelados, turmas unidas para não sangrar ainda mais, quais porcos espinhos reunidos em volta das fogueiras de bares madrugadeiros. Essa tonta geração de dormir nas praias afastadas, a fim de não destoar o coro dos contentes. Movimento de barcos à deriva, tambores de tribos exterminadas em blocos de concreto de réquiens alegres. Assim, falar desses marinheiros mareados, trombos nas veias dos sistemas oficiais, saltimbancos e andarilhos das estrelas, que marcaram seu tempo nosso tempo, viajantes da imaginação pura, naqueles turnos melancólicos de transformação duvidosa, no futuro próximo dagora. Horas de luta e abandono, motores da esperança do que mudaria com reservas e deixaria um travo de inautenticidade no céu das bocas de quem viveria o êxodo de fases nucleares e zumbidos de naves cruzando ares das doces felicidades senhoras das bestas, preço por demais exorbitante em homens e armas, sonhos e mistérios. Só bem depois, agora, portanto, mergulhariam nas vagas dos caracóis dos cabelos e das irreverências praticadas consigo no passado das notas tristes e muralhas intransponíveis. Haverá, por isso, e doravante, uma história disposta a quem quiser contar e ouvir, sorrir e falar das boas construções dos mágicos azuis da persistência no Tudo disfarçados, em tributo a esses guerreiros, por isso e muitos mais.

EM BUSCA DA JUSTIÇA - Aldir Blanc


      Não sou historiador nem sociólogo. Não consultei nenhum livro para escrever o texto abaixo. Minha memória esta se movendo como estilhaços do amado caleidoscópio que perdi, menino, em Vila Isabel. Viva a Comissão da Verdade para que nunca mais coloquem uma grávida nua sobre um tijolo, atingida por jatos d’água, com ameaça: “Se cair vai ser pior”; para que senhoras que fazem seu honrado trabalho não sejam despedaçadas por cartas bombas; para que um covarde que bote a boca de um homem torturado no escapamento de uma viatura militar não passe por homem de bem onde mora; para que orangotangos que se tornaram políticos asquerosos não babem sua raiva na internet: “Nosso erro foi torturar demais e matar de menos”; para que presos em pânico não sofram ataques de jacarés açulados por antropóides; para que nunca mais teatros e livrarias sejam vandalizados e queimados; para que um estudante de psiquiatria não seja obrigado a passar por sentinelas de baioneta calada para ouvir um coronel médico dizer que “histeria é preguiça”; para que os brasileiros possam homenagear um autêntico herói nacional, João Cândido, com um monumento, sem que surjam energúmenos prometendo “voltar a explodir tudo se isso apontar para o Colégio Naval”; para que a nossa Força Aérea, que nos deu tanto orgulho na Itália, com seus valentes pilotos de caça, não atire pessoas, como se fossem sacos de lixo, no mar; para que um pai, ao se recusar a cumprir a ordem de manter o caixão lacrado, não se depare com o corpo destruído do filho, jogado lá dentro feito um animal; para que militares honrados não sintam “constrangimento” na busca de Justiça; para que cavalos ( aqueles de quatro patas, montados por outros) não pisoteiem um garoto com a camisa pegando fogo por estilhaço de bomba, na Lapa; para que torturadores não recebam como “prêmio” cargos em embaixada no exterior; para que uma estudante não desmaie num consultório médico ao falar sobre as queimaduras do pai, feitas com tocha de acetileno; para que esquartejadores não substituam Tiradentes por Silvério dos Reis; para que inúmeros Pilatos ainda trambicando naquela casa de tolerância do Planalto vejam que suas mãos continuam cheias de sangue e excremento; para que nunca mais na vida de um jovem idealista -o queixo firme , olhos faiscantes de revolta, com a expressão da minha Suburbana no 3X4 que guardo na carteira - seja ceifada por encapuzados. Uma delas, quem sabe?, pode chegar a Presidência da Republica e enquadrar a récua de canalhas.



ALDIR BLANC

O "LIVRÃO" - José Nilton Mariano Saraiva


“Antígona julgava que não haveria suplício maior do que aquele: ver os dois irmãos matarem um ao outro. Mas enganava-se. Um garrote de dor estrangulou seu peito já ferido ao ouvir do novo soberano, Creonte, que apenas um deles, Etéocles, seria enterrado com honras, enquanto Polinice deveria ficar onde caiu, para servir de banquete aos abutres. Desafiando a ordem real, quebrou as unhas e rasgou a pele dos dedos cavando a terra com as próprias mãos. Depois de sepultar o corpo, suspirou. A alma daquele que amara não seria obrigada a vagar impenitente durante um século às margens do Rio dos Mortos”. (Antígona, personagem de Sófocles, mestre da tragédia grega).

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A citação acima é só uma pequena amostra da sua portentuosidade. Nas suas exatas 500 (quinhentas) páginas, 30 centímetros de comprimento, 23 de largura, 04 de espessura e pesando 1.750 kg, não restam resquícios de dúvida: “Direito à Memória e a Verdade”, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, é um “LIVRÃO”, na mais completa acepção do termo. Impresso em 2007, com tiragem inicial de 3.560 exemplares, foi reimpresso em 2008, com 5.000 exemplares, perfazendo, pois, 8.560 exemplares. Trata-se, pois, de uma obra tanto rara quanto histórica e que poucos têm o privilégio de ter em seu acervo. Recebemos esse presentão do conterrâneo, residente em Brasília, Elmano Rodrigues Pinheiro, (que sequer conhecemos pessoalmente), mas atendeu ao apelo que lhe dirigimos e nos dignou com um exemplar.

Trata-se, em verdade, de parte da história do Brasil passada a limpo.  Uma análise profunda das arbitrariedades e abusos ocorridos no tempo do “regime militar brasileiro” (de 1964 a 1985), abordando o seu Contexto Histórico, as Ditaduras no Cone Sul, as Fases do Regime Militar no Brasil, a Resistência, a Distensão, a Anistia e o Fim do Regime Militar. Como “recheio”, a biografia/história detalhadíssima de 477 (quatrocentos e setenta e sete) brasileiros que se insurgiram e participaram ativamente daquele período negro da história brasileira, dentre os quais: Frei Betto, Carlos Lamarca, Iara Iavelberg, Vladimir Herzog, Marilena Villas Boas, José Genuíno, Carlos Marighella, Rubens Paiva, Bergson Gurjão e por aí vai.

Ao final (a partir da pagina 463), como suculenta sobremesa, a historiografia pormenorizada das principais “organizações de esquerda do Brasil”, que tiveram papel decisivo na história do país (PCB, PCdoB, AP, ACN, MR-8, VPR  dentre tantas outras). 

Definitivamente, o “LIVRÃO” não é superlativo apenas por suas dimensões e peso, mas, sim, pelo conteúdo ímpar expresso em seu bojo.

Ao fazer tal registro, não poderia deixar de externar de público (já o fizemos por e-mail, à época do recebimento) agradecimentos sinceros ao Elmano Rodrigues Pinheiro pelo “presentaço” e por nos ter dado a oportunidade de conhecer mais de perto tão relevante período da nossa história recente. Definitivamente, somos um privilegiado.

MONTE BRANCO

 
Um anjo de palha adormece em meus braços
e sorri como um cão numa gravura antiga.

Longe das ameaçadoras falanges,
eu me deito no húmus quente, entre as folhas úmidas,

e sonho o alto carvalho que sobe ao céu.
 
 
 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Corrigindo o vídeo da postagem anterior que deveria ter sido esse


UM RANCHO FUNDO É A SOMBRA DA CIDADE - José do Vale Pinheiro Feitosa



Escutem esta entrevista da Elizeth Cardoso e em seguida ouçam na voz dela a música Rancho Fundo de Ary Barroso com letra de Lamartine Babo. De um lado a coragem de Elizeth ir cantar esta música num programa do Ary quando ainda nem sabia a letra. Do outro este melancólico Rancho Fundo com seu pobre moreno de olhar triste e profundo tendo os olhos rasos d`água e de tarde no sereno espera a lua no terreiro tendo um cigarro por companheiro.

Algo assim com um texto da Socorro Moreira olhando triste a penumbra de sua cidade rodeada de outras em efervescência de movimento e luzes. Foi isso que me lembrou esta música. E onde encontrar o consenso onde ele não é possível? Num filme, a que o povo do Crato não tem direito em seu território, chamado Cocktail o personagem ao acabar um caso de amor responde para o outro que nada pode estar bem, se estivesse não estariam se separando.

A letra da música deu uma quizomba tremenda no meio artístico da época. O Ary Barroso fez a música e a deu para J. Carlos, famoso cartunista do Rio, fazer a letra e ele fez com o nome de Na Grota Funda. Em 1930 Aracy Cortes cantou esta letra num Teatro de Revista. O Lamartine Babo grande letrista, ouvindo a versão do J. Carlos não gostou e fez este Rancho Fundo. Na semana seguinte apresentou no seu programa de rádio. Dizem que isso estremeceu a boa relação entre Ary e J. Carlos, mas deu uma grande canção para o patrimônio brasileiro.

E a lua por esmola vem para o quintal desse moreno. E não veio por utopia. Não veio por ser romântica e solta no tempo e no espaço. Veio por serem a Lua e o moreno reais partes deste mundo. Assim com o triângulo que não depende da nossa idade e nem dos nossos sentimentos. Aquela penumbra existe por que alguém apagou a luz da esperança. Não foi natural foi pela vontade de alguns filhos da terra que ainda se fossem usar a lâmpada de Diógenes nada tinham para mostrar de justo.

Ora se alguém a apagou, nada impede que outro venha e a acenda.  




Paisagem triangular- socorro moreira



Juazeiro está cada vez mais luminoso. Agora tem fonte luminosa no “Giradouro” – Praça de entrada da cidade. O Shopping, ampliado, atende as necessidades de uma grande metrópole. Aguardamos as salas de projeção. Cinema no escurinho faz a maior falta.

Nos problemas sociais talvez estas cidades se identifiquem, e seja tudo quase a mesma coisa.

Depois é pegar a estrada que liga Juazeiro a Barbalha. Impactante! Sempre surpreendendo com novas construções, restaurantes interessantes. Barbalha nestes dias está especialmente linda. Igreja de Sto. Antonio super decorada; ruas enfeitadas de bandeirolas e balões.Até chegar neste cenário percorremos 22 km.
Crato embora apagado, sem opções de quase nada é a cidade que amamos, e na qual desejamos morar.
Falta tanta coisa, que até perdemos a vontade de sonhar. O momento político se aproxima, mas sinto no povo em geral, uma certa apatia, falta de entusiasmo e paixão.
Seja o que Deus quiser?
Espero o milagre da animação, da vontade esperançosa de nossas melhoras. Não sinto unidade neste sonho. Não sinto o interesse de investir num reduto decadente com poucas perspectivas de revitalização.
O silêncio nas calçadas conta-nos baixinho que o nosso povo está dormindo.

Julho trará nossa festa de Exposição.Afora os reencontros com os cratenses que moram distante, o resto é desencanto. Quando penso na programação musical começa minha frustração. Possuímos grandes músicos, e nenhuma orquestra. Os shows que se apresentam importam bandas de forró, grupos de pagodes, e até duplas sertanejas... É uma pena!
Minha geração não se diverte. Ela aos poucos vai se acomodando na alcova, frente à televisão. Melhor se tivesse continuado na poltrona da sala, ou nas cadeiras da calçada.
As salas ficaram despovoadas. O calor humano transita entre o quarto e a cozinha. Sim, eu acho que se foram os bons tempos, que tudo hoje é diferente, mesmo curtindo a magia da vida, e sendo inexplicavelmente, quase feliz.
Sofro do desencanto... Quem sabe são os meus 60 anos?


"A FESTA" do Facebook

Aproveitando a véspera do feriado de "Corpus Christy", a Sertão Pop Produções está trazendo este evento que promete ser super especial. Com a participação de duas maravilhosas bandas da cena caririense, "A FESTA" será animada pela banda GAFIEIRA BAD VIBE, a nova banda de samba-rock daqui do Cariri, que mistura o velho e o novo samba-rock, transformando samba de mesa em samba groove, tocando o melhor de SEU JORGE, TIM MAIA, FUNK COMO LE GUSTA, ADONIRAN BARBOSA, NOEL ROSA e muitos outros nomes da música brasileira, e o grande trabalho do músico AQUILES SALES com o seu projeto TOCA RAUL, sucesso já consagrado no Terraçus Bar e Petiscaria, local onde vai rolar "A FESTA".
"A FESTA" do facebook será um grande encontro dessa galera massa que vai CURTIR, COMENTAR e COMPARTILHAR a alegria de estarmos juntos nesse universo virtual e que será concretizado em um encontro de corpo e alma nessa noite delirante!!
Vamos nessa?
E lembre-se, no dia seguinte É FERIADO!!!!!


"A FESTA" do facebook é pra você curtir, comentar e compartilhar dessa alegria. Estrelando GAFIEIRA BAD VIBE e AQUILES SALES TOCA RAUL. Nesta quarta-feira, no TERRAÇUS Bar e Petiscaria, dia 6, véspera do feriado de Corpus Christy. Acesse a página do evento no Facebook. Curta, comente e compartilhe com os seus contatos e vamos fazer um evento super gostoso.

https://www.facebook.com/events/424559017575546/?ref=notif&notif_t=plan_user_invited

DATA: 06/06 - Quarta-feira
LOCAL: TERRAÇUS - Bar e Petiscaria
HORA: 21h
VALOR DA ENTRADA:  10 Reais


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Será que a Rainha Elizabeth II acenou para o nosso passado neocolonial? - José do Vale Pinheiro Feitosa


Vitória tem quatro anos e adora programa infantil. A geração dela está inundada de personagens de contos de fada redivivos no qual abundam reis, rainhas e princesas. Já tem até DVD em que a famosa boneca barbie vai para uma escola de princesas e na escola é só maquiagem, aprender a se curvar, enfim etiquetas da realeza. Se algum dia Vitória gostar de vê a coroação do futuro rei da Inglaterra ou os noventa anos do reinado de Elizabeth II, não tem por que estranhar: é isso mesmo que ela está vendo. Ela e toda a geração dela.

Por isso compreendo a presença de um milhão de ingleses espalhados na beira do Tâmisa com a finalidade de assistir ao desfile do barco real carregando a detentora de 60 anos de reinado. Eles não sabem bem para que serve a realeza inglesa, mas que diverte lá isso diverte. É um show ou uma escola de princesa da barbie.

Não há um grande problema com o circo e a diversão, mas é um grande problema não se entender o quê foi a Inglaterra e seu império para o Brasil. Desde comboiar Dom João VI até o Rio de Janeiro, e aqui abrir os portos para criar um canal de exportação de matérias primas para a crescente industrialização imperial. E não me venha com papo furado de que os ingleses trouxeram a estrada de ferro, os bondes, a energia elétrica entre outras bondades da sua produção porque tudo foi  às custas do sacrifício dos brasileiros.

Os ingleses, se diga os bancos ingleses, seu comércio monopolista, sua armada violenta literalmente têm responsabilidade sobre o atraso relativo da industrialização brasileira. Sabotaram todas as tentativas de se criar uma verdadeira indústria por aqui, basta ler o livro sobre o Barão de Mauá, traziam o trem e nós pagávamos caríssimo pelo seu carvão. O trem não foi apenas para passageiros, era essencialmente o escoamento da produção do café que ia para a bolsa de Londres. A geração de energia elétrica se dava com o monopólio que multiplicava e sangrava a bolsa popular.

Se inventaram a penicilina, nos deram Shakespeare, o som dos Beatles, mas levaram os nossos ganhos e garrotearam nossas iniciativas de desenvolvimento nacional a ponto de atrasá-lo por mais de um século. Portanto enquanto a comitiva desfilava os nossos olhos deveriam simultaneamente olhar para o show e para o passado de um império que teve o seu apogeu com a bisavó da Rainha Elizabeth II.