Escutem esta entrevista da Elizeth Cardoso e em seguida
ouçam na voz dela a música Rancho Fundo de Ary Barroso com letra de Lamartine
Babo. De um lado a coragem de Elizeth ir cantar esta música num programa do Ary
quando ainda nem sabia a letra. Do outro este melancólico Rancho Fundo com seu
pobre moreno de olhar triste e profundo tendo os olhos rasos d`água e de tarde
no sereno espera a lua no terreiro tendo um cigarro por companheiro.
Algo assim com um texto da Socorro Moreira olhando triste a
penumbra de sua cidade rodeada de outras em efervescência de movimento e luzes.
Foi isso que me lembrou esta música. E onde encontrar o consenso onde ele não é
possível? Num filme, a que o povo do Crato não tem direito em seu território,
chamado Cocktail o personagem ao acabar um caso de amor responde para o outro
que nada pode estar bem, se estivesse não estariam se separando.
A letra da música deu uma quizomba tremenda no meio artístico
da época. O Ary Barroso fez a música e a deu para J. Carlos, famoso cartunista
do Rio, fazer a letra e ele fez com o nome de Na Grota Funda. Em 1930 Aracy Cortes
cantou esta letra num Teatro de Revista. O Lamartine Babo grande letrista,
ouvindo a versão do J. Carlos não gostou e fez este Rancho Fundo. Na semana
seguinte apresentou no seu programa de rádio. Dizem que isso estremeceu a boa relação
entre Ary e J. Carlos, mas deu uma grande canção para o patrimônio brasileiro.
E a lua por esmola vem para o quintal desse moreno. E não
veio por utopia. Não veio por ser romântica e solta no tempo e no espaço. Veio
por serem a Lua e o moreno reais partes deste mundo. Assim com o triângulo que
não depende da nossa idade e nem dos nossos sentimentos. Aquela penumbra existe
por que alguém apagou a luz da esperança. Não foi natural foi pela vontade de
alguns filhos da terra que ainda se fossem usar a lâmpada de Diógenes nada
tinham para mostrar de justo.
Ora se alguém a apagou, nada impede que outro venha e a
acenda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário