por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 6 de junho de 2012

Geração que só se avista bem depois - Emerson Monteiro


Dias que lembram os que tombaram heróicos nas estradas e viraram meras cruzes de fumaça e vapor barato, a refazer de saudades um passado que nem existiu de forma total. Andou nas trilhas dos dissabores, festivais, ou das matas escondidas em noites abandonadas ao furor do destino. Vêm os nomes dos autores disso, desse quase nada, dessa ambulância gritando palavrões nos becos abandonados... Dores reais em forma de canções, violões salpicando ausências e amores, calabouços e aplausos, anonimato de bêbados, drogados nos isolamentos. Um quê de saudade invadiria o panorama, quando hoje morreu também Nélson Jacobina. Lá, outros muitos, os que não resistiram às doses duplas das escandinávias solidões da imensidade, imensuráveis, toscas e pós. Às luzes das ribaltas angustiadas na ressaca dos lenços acenados às pressas dos vagões de carga estremecidos e metálicos. As pontes explodidas e os guetos escuros das trombetas de um só e mesmo apocalipse de amarguras mórbidas, indivíduos e saudades ululantes dos nossos compositores geniais e seus palcos em festa, sempre e sempre, ainda que por dentro corações esfacelados, turmas unidas para não sangrar ainda mais, quais porcos espinhos reunidos em volta das fogueiras de bares madrugadeiros. Essa tonta geração de dormir nas praias afastadas, a fim de não destoar o coro dos contentes. Movimento de barcos à deriva, tambores de tribos exterminadas em blocos de concreto de réquiens alegres. Assim, falar desses marinheiros mareados, trombos nas veias dos sistemas oficiais, saltimbancos e andarilhos das estrelas, que marcaram seu tempo nosso tempo, viajantes da imaginação pura, naqueles turnos melancólicos de transformação duvidosa, no futuro próximo dagora. Horas de luta e abandono, motores da esperança do que mudaria com reservas e deixaria um travo de inautenticidade no céu das bocas de quem viveria o êxodo de fases nucleares e zumbidos de naves cruzando ares das doces felicidades senhoras das bestas, preço por demais exorbitante em homens e armas, sonhos e mistérios. Só bem depois, agora, portanto, mergulhariam nas vagas dos caracóis dos cabelos e das irreverências praticadas consigo no passado das notas tristes e muralhas intransponíveis. Haverá, por isso, e doravante, uma história disposta a quem quiser contar e ouvir, sorrir e falar das boas construções dos mágicos azuis da persistência no Tudo disfarçados, em tributo a esses guerreiros, por isso e muitos mais.

Nenhum comentário: