por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 5 de maio de 2012


Lua mais perto dos olhos...- socorro moreira



Fico a olhar o céu, fim de tarde, no caminho do Arajara (Crato x Barbalha).
Estou redescobrindo o verde do nosso vale.
Redescobrindo e entendendo porque um dia voltei...
- Um círculo que não fechou trouxe de volta o amor!
Esses altos e baixos da vida sempre a girar me fazem experienciar muitas vidas antes do fim.
Isso é reencarnação/ ressureição pra mim.
Um minuto de felicidade é crédito de paz. Manter esta sensação é deixar que a eternidade se aproxime, entre, e fique!
Mas a gente sabe que nada é pra sempre... Pra sempre é promessa que não se alinha... Eu aposto na vontade de ser vida, e aguardar o pôr-do-sol de cada dia. Labuzo-me no algodão cor-de-rosa, no instantâneo passar das horas... O céu celeste fica turquesa, e o meu coração se esvazia de todas as impressões sensoriais pra penetrar numa zona desconhecida, que eu apelido de paraíso.
Rostos amigos vão passando nas janelas de um trem espacial... Preciso matar a saudade com abraços...Lanço um pote de carinho, neste nosso Azul Sonhado.

Visitando um pedaço do céu- socorro moreira


Lua cheia. Maio sensorial e ao mesmo tempo virginal. Varanda iluminada. Mistura de aromas: alecrim, maracujá...
As letras me aguardam, e é tanta poesia guardada, que elas transbordam e flutuam no ar.
Sinto saudades das minhas saudades. A saudade fugiu de mim. Penso que ela era a minha musa, e desisto de juntar as letras que bailam, e me convidam pra dançar.
Agora só tenho o presente... O futuro começou em cada instante, mas o presente é absoluto; ele ordena que eu cante e deixe de sonhar, contar... Apenas viva a mágica de todos os meus encantos.
Sonhos sem sono. Vigília amorosa. Madrugada deseja a minha companhia.
Estou no caminho. Certa tristeza, que parece falsa... Tal é a minha alegria! 

socorro moreira


sexta-feira, 4 de maio de 2012

"PF" - José Nilton Mariano Saraiva

Muito embora o Governo do Estado e aliados da Assembléia Legislativa tentem blindar (por cima de pau e pedra), seu Chefe da Casa Civil (senhor Arialdo Pinho, ex-patrão do Ciro Gomes), a questão do possível tráfico de influência na questão dos “empréstimos consignados” não quer calar.
Ainda agora, o sério e marrento Deputado Estadual Heitor Ferrer, autor da denúncia inicial, volta à carga ao exibir no plenário da “casa do povo” um e-mail onde o genro do senhor Arialdo Pinho, Luis Antônio Valadares, suposto testa-de-ferro do sogro na empresa Promus, confirma em e-mail o pagamento da “propina” de R$ 100.000,00 (cem mil reais) por mês para o Diretor da Bradesco Promotora, senhor Fernando Perrelli.
O inusitado na coisa e que estarreceu gregos e troianos é o detalhe da observação contida no e-mail, através da aposição da sigla “PF”, que caracterizaria que o pagamento feito pelo genro ao empresário teria sido feito “POR FORA” (ou seja, longe da contabilidade do negócio e dos olhares indiscretos de terceiros).
Segundo se comenta, a confirmar-se tal aberração, estaríamos ante uma séria ocorrência de “desvio comportamental e improbidade administrativa”, já rotulado pelos “experts” com a apropriada denominação de “esculhambaria” (mistura exótica de esculhambação com putaria).
O Bradesco já veio a público com a esfarrapada e velha desculpa:  "não teve acesso ao e-mail mencionado para poder atestar a sua autenticidade" e que "tem inteira confiança nos seus executivos, que obedecem a rígidos padrões de comportamento ético e de governança no exercício de suas funções".
Espera-se que o Governo do Estado não deixe de prestar os esclarecimentos necessários.

Feliz aniversário, Fabiana!

 


Um protótipo do amor sustentável
Uma grande mulher ao lado de um grande homem
Amigos queridos de todas as horas
Pensantes complementares
Misturados numa energia amorosa
Hoje é o dia dela
-Poesia na vida do escritor Zé Flávio!


Um abraço do tamanho do teu coração,Fabiana, torna infinito meus braços.
Espelho-me nesse sorriso amigo pra acreditar na vida com felicidade!


No Azul sonhado a festa começa já!






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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Favela



                               A grande explosão das Redes Sociais trouxe consigo seus efeitos deletérios como  a chatice desenfreada das frasinhas de auto-ajuda, da religiosidade rasteira, das abobrinhas em larga escala. Mas, com o quadradismo com que os anos me foram achatando, tenho que reconhecer alguns benefícios inequívocos: a reaproximação de colegas e conterrâneos distantes e  , nos grupos, a democratização das fotos antigas do Crato. Recentemente, foi publicada uma que me pareceu interessantíssima. Mostrava o Crato Tênis Clube nos anos 60, com dois políticos locais importantes sentados numa mesa, num jantar festivo. Seguiram-se à foto uma imensidão de comentários afeitos todos às figuras importantíssimas que estavam no primeiro plano, numa homenagem, diga-se, justa e merecida. Pus os olhos na fotografia e, de chofre, divisei, no segundo plano, personagens que até então tinham sido totalmente esquecidos, dois garçons famosíssimos na cidade : Fuinha e Iguatu. Acredito que eles representam um pouco a tônica do meu pobre trabalho de cronista, aqui na região, nestes quinze anos em que venho escrevendo com alguma regularidade. Tenho a vista voltada sempre para o lado oficioso da cidade, até porque já existem historiadores de grande envergadura, bem mais abalizados,  para narrar a face mais visível e oficial desta terra. Interessa-me a face oculta: os poetas, boêmios, místicos,loucos, artistas  e beatos porque pressinto que  se a história oficial dá corpo à Vila de Frei Carlos, são estes outros que lhe imprimem a alma.
                                               E , neste sábado, venho fazer uma grande reverência a uma das figuras mais irreverentes deste Crato. Chamava-se  Manoel Favela Pantaleão, mas era conhecido, por todos os recantos dessa cidade, pelo sobrenome intermediário : Favela. Nasceu em Exu em 20 de Maio de 1924, há exatos 88 anos. Ainda rapazinho veio para o Crato e aqui fez o seu reinado. Alma boêmia, tornou-se músico e tocava seu instrumento nos cabarés da Rua da Saudade e, depois, acompanhou a saudosa rua nas suas mudanças , à medida que foi sendo engolida pelo progresso. Violonista admirado e incensado-- diziam que arpejava o violão até de cabeça para baixo-- junto com Pedro 21, tornou-se um mito. Levou seus acordes ainda para o nomadismo dos circos que por aqui passavam, acompanhando-os Brasil afora. Junto com a música foi tecendo toda uma mitologia de presepadas e chistes que terminaram por impeli-lo à área do folclore. Esposado pela Boemia, como bom Homem da Noite, nunca casou, teve um relacionamento com uma das saudosas Damas de Vermelho e ficaram   dois rebentos que hoje lutam pela vida no Sudeste.
                                               Favela foi, durante toda vida, um boêmio profissional, morava sozinho e, já velho, ainda utilizava todo dinheiro da aposentadoria com as bebidas e as mulheres. Há uns dois anos, foi premiado no Cariri da Sorte : mais de 30.000 Reais lhe caíram nas mãos. As sobrinhas orientaram-no para fazer uma poupança, guardar para os dias futuros. Favela não tinha vindo ao mundo como formiga, mas sim como Cigarra e respondeu-lhes com uma pergunta da mais profunda filosofia hedonista : Guardar ? Para levar para onde, meninas ? Meteu-se novamente em meio às namoradas e o álcool e não sossegou até transformar todo o pretenso tesouro em puro prazer.
                                               São inúmeras as presepadas que se foram colecionando a seu respeito. Vou elencar apenas algumas, na certeza que quase todo cratense que com ele conviveu, sabe de alguma munganga dessa figura célebre.
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                                               Favela gostava muito de freqüentar o Café de Roseno que nos anos 50-60 existia na Rua Bárbara de Alencar, onde hoje é o Ponto Dentário do inesquecível Maurício Almeida. A razão era simples, adorava um Doce de Banana de Botão que lá vendiam. Um dia , lá chegando, fez o pedido da terrina de doce e quando começou a comer, teve dificuldade de mastigar. Tinham usado bananas muito verdes e as rodelas tinham ficado duras demais para serem trituradas pelas próteses dentárias de Favela. Depois de alguns minutos, tentando em vão, rodando as peças de um lado para outro, ele reclamou cheio de razão:
                                               --- Não ! Não tem quem coma isso não! Eu pedi, Roseno, foi  doce de Banana, não foi Pedra de Gamão, não !
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                                               Antonio Favela , um irmão dele, trabalhava na Cantina do Oliveira e adorava ralhar com Manoel.  Um dia, vendo-o passar do outro lado da rua, resolveu mexer com ele e mandou o clássico xingamento :
                                               --- Manoel ! Vai ali na Praça Siqueira Campos prá ver se eu tou lá !
                                               Manoel, sem se alterar , responde na bucha:
                                               --- Vou já, Antonio, mas tenho que passar em casa primeiro !
                                               --- Em casa ?  Por quê ? -- Quis saber o irmão.
                                               --- Por que se tiver um cabestro eu já levo, prá não dá  duas viagens !
                                               Favela voltava de madrugada, violão às costas, após o show no Cabaré, quando foi abordado pelo terrível Major Bento. O militar foi um delegado violento da cidade que, numa determinada época, estabeleceu um Toque de Recolher por aqui. Vendo o músico quebrando o Toque, na rua àquelas horas , o abordou grosseiramente. Favela, então, explicou que era músico , que tocava nas Casas Noturnas da cidade e que  estava, pois, a trabalho à noite, aquilo era seu meio de vida. O Major não quis saber, ríspido falou:
                                               --- Me acompanhe, cabra !
 
                                               Favela, de pronto, sacou o violão das costas, dedilhou as cordas e respondeu:
                                               --- Pois não, Major! Em que tom ?
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                                               Antonio Primo de Brito é uma das memórias mais prodigiosas desta cidade e  foi grande amigo de Favela. A mor parte destas histórias foram  a mim repassadas por ele. Um domingo, Favela chegou cedinho na  casa do ex-prefeito . Pediu R$ 100,00 emprestados. Precisava pagar uma dívida de última hora. Antonio Primo  remexeu os pertences e só encontrou R$ 50,00. Meio a contragosto avisou-o da triste novidade. Favela não se enrolou:
                                               --- Tem problemas ,não, Antonio! Me dê os R$ 50,00! Você é um homem direito e vou confiar em você, depois você me paga os outros R$ 50,00.
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                                               De outra feita, Favela acompanhou a seleção do Crato que aí pelos anos 70 ia jogar em Baturité. O motorista do ônibus de carreira era uma outra figura antológica : Moço Lídio. O coletivo vinha apinhado de passageiros e viajava à noite. Favela—que tinha problemas de dormir naquelas horas—resolveu ir lá para frente, ficou sentado conversando com o motorista. Já chegando na cidade de Independência, numa grande descida da serra, o carro deu um estralo e embalou, ladeira abaixo. Tinha quebrado o freio. Moço Lídio foi aprumando e sustentando o veículo como podia, para ver se conseguia chegar à cidade de Independência, lá embaixo, o que seria a única salvação possível. Favela manteve-se impassível. Nisto, uma senhora passageira percebeu o estralo estranho , a velocidade e o risco que estavam passando, correu lá prá frente aflita e gritou:
                                               --- Valei-me meu Deus ! Motorista,  o que isso significa ? Diga !
                                               Favela, sentado, tranqüilo, resumiu para ela o problema:
                                               --- Ora, minha Senhora : Independência ou Morte !
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                                               No dia doze de janeiro último,  o violão silenciou. A velha Rua que um dia chamou-se Saudade perdeu uma de suas vozes mais poderosas. E a história sentimental da vila que um dia foi tão fértil e verdejante , hoje , mais que nunca , se transformou em Favela.

J. Flávio Vieira

Banda Jardim Suspenso se apresenta no Cariri em comemoração ao Dia das Mães

Banda Jardim Suspenso se apresenta no Cariri em comemoração ao Dia das Mães

A banda cearense Jardim Suspenso, fará seu primeiro show na Região do Cariri, na cidade do Crato no próximo dia 12, a partir das 22h, no Terraçus Bar e Petiscaria. A festa organizada pela Sertão Pop Produções homenageia as mães caririenses, pois acontece na véspera do Dia das Mães. Para isso está trazendo duas bandas onde a mulher é destaque: para abrir o evento Banda Godivas, do Crato, formada por mulheres e o show que elas nos apresentarão é em cima da obra de Roberto Carlos. A outra, de Fortaleza, é a Jardim Suspenso, que faz uma releitura da obra da Rainha Rita Lee. "Naturalmente será um grande evento e em um momento muito especial, pois achamos que as mães são a mola-mestra da família e portanto merecem essa grande homenagem através da música", afirma Kaika Luiz, produtor do evento. A banda Jardim Suspenso está na cena musical cearense desde 2010 e desde então vem realizando show de releitura da obra de Rita Lee e de seu ex-grupo, Os Mutantes. A banda tem se apresentado em importantes espaços culturais, eventos de Fortaleza e programas de TV. Fora da capital, já se realizaram show na Região Metropolitana e na cidade Sobral. O grupo é formado por Joanice Sampaio (vocal), Pedro de Farias (guitarra), Victor Fontenele (baixo) e Carlinhos Perdigão (bateria). Serviço: Festa do Rei e da Rainha Tributo à Rita Lee, com a banda Jardim Suspenso (Fortaleza) Tributo a Roberto Carlos, com a banda Godivas (Crato) Terraçus - Bar e Petiscaria Dia 12 de maio, a partir das 22h Av. Pedro Felício Cavalcanti - 1969, 63106-010 Crato-CE Info: (88) 9666.9666 (88) 3521.5398 (88) 8824.2131

Matéria publicada no blog Sobreart do jornalista Marcus Peixoto.
http://sobrearte-marcuspeixoto.blogspot.com.br/2012/05/banda-jardim-suspenso-se-apresenta-no.html

Coletivo Camaradas lança livro e documentário no Crato sobre arte e engajamento politico

Banda Sol na Macambira, performances, distribuição de cordéis e muita descontração deverão marcar o lançamento do livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação”. 

A Praça Siqueira Campos no Crato será mais uma vez ocupada pelo Coletivo Camaradas, no dia 10 de maio, a partir das 18 horas. Desta vez o grupo fará o lançamento do livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação” do artista/educador Alexandre Lucas. O livro trata-se de uma coletânea de artigos baseados em experimentos, vivências e reflexões do autor, através da sua participação em coletivos de artes, como é o caso do Coletivo Camaradas. O livro tem caráter pedagógico e aborda a questão da arte de forma contextualizada com os aspectos sociais, políticos e culturais.

Já o documentário reúne falas de 56 pessoas, entre artistas, pesquisadores e produtores culturais de diversos estados brasileiros. Para produzir o documentário foram captadas imagens nas cidades de Recife-PE, Rio de Janeiro - RJ, Fortaleza, Aracati e na região do Cariri. O livro faz questionamentos sobre o papel social do artista e do educador, a partir de uma tomada de posição política ligada aos interesses das camadas populares. As experiências compartilhadas ao longo dos anos com os coletivos e artistas de outros estados, através do Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA e do Instituto Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA possibilitou acumular argumentos para a produção do livro e do documentário. 

A apresentação do livro é feita pelo filósofo e cineasta Rosemberg Cariry que entre outras questões cita : "Entre estes novos movimentos, destaco a marcante presença do Coletivo Camaradas, à frente do qual está Alexandre Lucas e uma “nação aguerrida” de jovens artistas, com uma perspectiva mais ampla do país e do mundo, levando artes e culturas em todas as frentes; das universidades às escolas públicas, das feiras às romarias, dos palcos às praças das pequenas cidades do sertão."

Para a arte/educadora, doutoranda pela Universidade de Sevilla em Artes Visuais e Educação, Sislândia Brito, “O artista/educador Alexandre Lucas tem um trabalho de engajamento político e de comprometimento com as causas populares na sua arte”, e destaca que “sempre com a preocupação de uma arte de interação com o público, seu trabalho sempre evidencia que é necessário possibilitar e criar condições para que o grande público se sinta parte do fazer artístico”.

O livro e o documentário serão disponibilizados gratuitamente pela internet e distribuídos as escolas.

"A arte é um diálogo constante entre o eu e a sua coletividade, que acarreta relações e necessidades humanas de atrelar o indivíduo ao seu entorno social." diz Alexandre Lucas no seu livro.

Serviço: 
Kit Livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação” Lançamento – Dia 10 de maio ( quinta-feira), às 18h00, no Praça Siqueira Campos – Crato/CE Investimento: R$ 10,00

DOIS POEMAS DE MANUEL BANDEIRA

A ESTRELA E O ANJO

 Vésper caiu cheia de pudor na minha cama

Vésper em cuja ardência não havia a menor parcela de sensualidade

Enquanto eu gritava o seu nome três vezes

Dois grandes botões de rosa murcharam

E o meu anjo da guarda quedou-se de mãos postas no desejo insatisfeito de Deus.


(Neste poema é a estrela da tarde, Vésper, a personificação lírica e metafórica do êxtase amoroso. No entanto, é só o corpo que vive essa plenitude, o “desejo insatisfeito de Deus” só alma o realizará “Só em Deus ela pode encontrar satisfação” (Arte de amar  - poema de Bandeira).

 A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta,

Vi uma estrela tão fria!

Vi uma estrela luzindo

Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!

Era uma estrela tão fria!

Era uma estrela sozinha

Luzindo no fim do dia.


Por que da sua distância

Para a minha companhia

Não baixava aquela estrela?

Por que tão alta luzia?


E ouvi-a na sombra funda

Responder que assim fazia

Para dar uma esperança

Mais triste ao fim do meu dia.


(O poema A estrela é lindo e triste! As palavras, magistralmente cadenciadas nos versos, configuram a tristeza e a desesperança do poeta que vê a estrela tão alta e tão fria cintilando a solidão da sua noite, da sua vida.)


Por José do Vale


Stela tosada
Stela ausente da embarcação
Stela de verão
Stela ensombreada
Stela solta no firmamento

E por falar em solidão:

Stela vespertina
Stela matutina.

E precisa de algo mais?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

No aniversário de Victor...( 29.04.2012)

 

Hugo e família: presente musical!
Só alegria!

Filomena e Maria Rita

Leninha e Maria Rita
Hugo, Rogério...


Estou quase voltando... Tanta coisa pra contar, e a terna saudade deste pedaço de céu, extensão da minha casa, que  reúne pessoas amigas, queridas!
Estou visitando o  Crato e arredores, com olhos de turista e coração de cratense .
Nunca senti tanto o nosso verde e a força das nossas águas. Clima agradabilíssimo.
Eita Crato lindo!


Feliz pela manutenção do Blog... Beleza !
A proposta do coletivo é exatamente esta. Surpresa feliz, na leitura de textos dos colaboradores diversos, sempre  bem-esperados!
Chagas, Marcos Barreto, Zé  Flávio, Liduína, Stela ,Emerson, Zé do Vale!!

Abraços!!!

Caixa de boas novidades - Emerson Monteiro


O fotógrafo Augusto Pessoa, paraibano com trânsito livre e constante pelas terras cearenses, é quem traz o presente, essa caixa contendo o livro Nordeste desvelado, de fotografias suas colhidas nas andanças nesta Região do Brasil, e o cd Nordeste oculto, que contém peças musicais do grupo Crabuêra, da mais fina flor de sonoridade do âmbito desta parte de mundo, numa embalagem primorosa de cores e desenho.

Eis a Arte em momento apreciável de real importância. Nordeste desvelado transmite fiel a face da nossa gente com vigor e propensão, algo no nível técnico da qualidade dos meios modernos da comunicação gráfica, qual o que se espera dos artistas em tempo de tecnologia avançada. Isso visto de fora para dentro, do espectador para a cena posta no palco das imagens recolhidas e do objeto mercantil. No sentido inverso, do conteúdo ao prazer de quem olha / escuta, olhará / escutará, grata surpresa lhes aguarda, apreciadores da melhor Arte (de letra maiúscula e tudo).

Um presente digno de nota alta revela a caixa do Nordeste Oculto / Desvelado, pelo bom produto que carrega no seu interior. Do livro de fotografias de Augusto Pessoa, que testifica a viagem transcendental das visões (Visagens, como o Autor denomina) através do sagrado das tradições, dos benditos, das festas populares e religiosas, da religiosidade perene de um povo sertanejo nordestino, virtuoso nos sonhos e na confiança do Deus dos simples, e doutras partes do mundo, o que se pode viver / ver intensamente, pela profusão das tonalidades, imagens, dos movimentos e ângulos desse jovem já reconhecido mestre da fotografia brasileira. 

Augusto César Cunha Pessoa nasceu em 1974, em Campina Grande PB. Jornalista e fotógrafo, atua profissionalmente desde 1994, integrando equipes de diversos jornais nordestinos. Atualmente trabalha como free-lancer para tais revistas National Geographic, Vida Simples, Caminhos da Terra, Horizonte Geográfico, entre outras. Prêmios: Abril de Jornalismo (2008); Um olhar sobre a cultura popular nordestina (2007); Pérsio Galembeck de Fotografia (2010); Paraíba dos seus olhos (2007-2009); AETC Jornalismo (2006 e 2007). Publicações: Capital iluminada [com a arquiteta Lis Cordeiro Alves]; INTI (fotografias sobre os Andes, 2009). Exposições: Casa Grande, uma viagem aos encantos da Chapada do Araripe (Nova Olinda-CE, 2010); Fotografia em revista (0 anos de fotografia da Editora Abril) (São Paulo, 2009); Guajás, os últimos nômades (Maranhão, 2008); X Fenart (Funesc, 2004). 

Quanto ao grupo musical Cabruêra, parceiro de Augusto Pessoa nesta caixa de fábulas inesquecíveis, dele trataremos em breve.
Desejo, por agora, no entanto, aos agraciados com tamanha oportunidade de viver bom gosto o melhor dos prazeres culturais...  

RECADO DOS PÁSSAROS - Marcos Barreto de Melo

chegado o mês de São João
os pássaros do baião
fizeram uma reunião
pra discutir a questão

procuraram Gonzagão
e numa noite enluarada
o nosso Rei do Baião
recebeu a passarada

estavam lá reunidos
acauã, o assum preto
asa branca, o sabiá
galo campina, o carão
a peitica e o bacurau
todos pra guerra munidos

a prosa foi demorada
e depois de muito acerto
mandaram dar um aperto
nessa turma enjoada
junto com este recado
um tanto desaforado

que pra ser bom forrozeiro
tem que entender do riscado
dançar baião e xaxado
e que esse povo interesseiro
que canta só por dinheiro
respeite o rei do baião


A solidão faz de mim:


Rapunzel de cabelos curtos

Isolda sem Tristão

Branca sem beleza de neve

Moça de chapéu desbotado

clamando por Ariadne

(acordada sem fio condutor e amor de Teseu).
     Stela Siebra

Punta Del Este - José do Vale Pinheiro Feitosa


Punta Del Este é a Miami do Cone Sul. Uma ponta no mar plena de mansões, edifícios de luxo. De Cassinos iguais aos Zigurates da Mesopotâmia onde os astros a serem observados são os semideuses desta mortalidade aderente ao sucesso. E girava por suas ruas. Todas em longitude de sua ponta, aquela espécie de bússola que parece nortear a imensa deságua do Rio de la Plata.

Um clima de Atlântico Sul: Leões Marinhos próximos ao píer, à espreita que os restos do tratamento dos peixeiros retornam às águas onde pescam. Uma face de endinheirados: inúmeras lanchas a condecorar o tédio de tanta riqueza sem norte de aplicação social. Quando passava em frente ao velho prédio da Marinha encontrou Che Guevara, o chefe da Missão Cubana, em passo apressado para o desfecho da Oitava Reunião de Consulta de Ministros de Relações Exteriores da OEA.

Bem na ponta da Punta as estátuas de sereias feitas com o lixo sólido que se depositam nos mares. Os restos carcomidos do capacho Colombiano de tanto uso pelo Império a convocar a Reunião. As teses e decisões que geraram as ditaduras militares de direita na América Latina sob o capuz da tortura de algozes americanos: intervenção estrangeira como desculpa para intervir; segurança contra a ação subversiva do comunismo internacional com senha para os golpes e a Aliança para o Progresso para consolidar “il capo de tutti capi”.

E os olhos tontos de tantas fachadas luxuosas, ruas desertas na fase do estio das douradas temporadas de verão. É tanto verde, verde rasteiro, ao rés do chão, verde sobre antigas dunas, verdes para ladear os caminhos sinuosos dos carrões de sonhos. Verdes no meio dos quais se erguem mansões de tantos cômodos com se uma grande hospedaria fosse para apenas algum casal, seus dois filhos e uma multidão de puxa-sacos e admiradores no frisson do verão.

Na praia, aquela face da Punta que se beira às ondas revoltas das Praias Oceânicas. Em qual delas os dedos gigantes de uma mão emergem das areias como se a mão de um zumbi fosse, a pedir socorro ao presente do enterro vivo da história. Em qual destes dedos encontrou Guevara, Brizola, tantos latinos americanos perplexos com a expulsão de Cuba. Na Oitava Reunião de Punta Del Este o dragão queimava o destino de uma geração e roubava dela a construção dos próprios passos.

Não parece, mas em Punta Del Este alguns pobrecitos clamam por comida. São poucos, invisíveis aos filtros de ar condicionado dos vidros fechados na velocidade de conta-giros enlouquecidos. São fugitivos do abraço que os retém bem para o interior da Punta, para longe das praias e dos balneários. Com Maldonado e San Carlos a reter-lhe o desejo de examinar os ricos como os ricos são.

Em Punta Del Este toda a Cachoeira de práticas escusas com o único fito de acumular. E se a esta queda da água fosse possível tratar-lhe no gênero masculino, o Cachoeira despejaria pedras e lamas, trapaças e artimanhas igual a qualquer sujeito em franco processo de amealhar, ajuntar, enriquecer. O Cachoeira tem o dom do mesmo ato de expulsar Cuba, exilar Brizola e matar Guevara.

Na saída rápida e desejada de Punta del Leste, tonto de tanta jactância, abobado com tanta gramínea, quase grita palavras de teor anarquista: Professor! Doutor! Professor! Doutor! Professor! Doutor! Num roteiro tão longo que a paisagem foi se transformando e o automóvel voou baixo na ruta 9.

Algumas horas após, uma vez havido ultrapasso o Arroio Chuí, ali onde ele se despeja no mar, o olhar para o sul enxergava a ironia de ter sido naquele carnaval de Cassinos que a Revolução Cubana que derrubara os Cassinos, fora vingada pelos contraventores.
  
  


a um mestre do samba



sim
em silêncio aguardamos,
peito de dor também,
teu samba do infinito

quem sabe de quê?
então calamos
aguardando até hoje
teu samba do infinito

silêncio,
os defeitos deste mundo
não têm
segredo para nós
se ouvimos fundo
teu samba do infinito

quem sabe de quê?
por isso calamos
aguardando até hoje
teu samba do infinito


"Silêncio e Estupidez" - José Nilton Mariano Saraiva

                        
“A direita elege o passado porque prefere os mortos; mundo quieto, tempo quieto. Os poderosos, que legitimam seus privilégios pela herança, cultivam a nostalgia. Mentem-nos o passado como nos mentem o presente: mascaram a realidade. Obriga-se o oprimido a ter como sua, uma memória fabricada pelo opressor, alienada, dissecada, estéril. Assim, ele haverá de resignar-se a viver uma vida que não é a sua, como se fosse a única possível” (Eduardo Galeano)
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Meses atrás, numa de nossas postagens em blogs da Região do Cariri, alertávamos aos conterrâneos cratenses sobre a necessidade premente de um choque de realidade, de um maior comprometimento dos munícipes com o futuro da cidade e, enfim, do despertar de uma ínfima dose de clarividência e responsabilidade no momento de usar sua mais poderosa arma, o sufrágio universal do voto.
Mostramos, didaticamente, ancorados no dantesco quadro de acefalia, imobilismo, abandono e corrosiva decadência físico-econômico-financeira  da cidade, que não se justifica, em pleno século XXI, se optar por entregar o destino de uma urbe da estatura do Crato a pessoas comprovadamente sem a mínima vocação para cuidar da coisa pública, sob o cínico e estapafúrdio argumento da origem familiar ou da manutenção de uma tradição que se perdeu nas brumas do tempo.
Afinal, o que esperar do indicado por alguém ( integrante de uma agremiação desprovida de maiores preocupações com o “social”, o PSDB ), que não teve o menor constrangimento de, ao ser contestado num evento público sobre o marasmo e a lerdeza da sua administração à frente da municipalidade, declarar  “...O CRATO É FINAL DE LINHA; SÓ VAI AO CRATO QUEM TEM NEGÓCOS LÁ”; ou que, quando do momento decisivo da escolha da cidade onde seria instalado o Campus-Cariri, da Universidade Federal do Ceará-UFC, simplesmente não compareceu à reunião, deixando a representação cratense órfã da sua mais alta autoridade institucional (aqui pra nós, o reitor da UFC deve ter pensado lá com seus botões: se o prefeito da cidade não fez questão de participar é porque não tem interesse; portanto...).
Pois bem, naquela postagem sugeríamos que as diversas alas do espectro político cratense atuantes à esquerda (que comprovadamente se preocupam com o bem-estar do povo, além do handicap de aliados de primeira hora do poder central), quebrassem lanças, aparassem suas arestas, tentassem se compor, dessem um jeito de agrupar-se por um objetivo maior e específico: o bem-estar da população e o conseqüente progresso da cidade, através do lançamento de uma candidatura una, apoiada pelas diversas tendências.
Hoje, tomamos conhecimento, via alguns blogs da Região, que o eminente cratense radicado no Rio de Janeiro, Zé do Vale Feitosa, desejaria muito “ouvir e falar” com o provável candidato do PT à Prefeitura da cidade, senhor Marcos Cunha (que não conhecemos pessoalmente, mas temos referencias promissoras), objetivando uma profícua troca de informações sobre as perspectivas da cidade.
E como o Zé sugere que os que partilham desse seu anseio e preocupação com o destino do Crato se manifestem, pedimos sua autorização para subscrever, de público, tudo o que por ele foi posto, até porque...  “temos observado um silencio muito parecido com a estupidez”.
E o inapropriado e desastroso “acasalamento” do silêncio com a estupidez certamente nada gerará de saudável.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Memórias de Abril. Liduina Vilar.

Não devo nada a Abril,
a não ser o que aconteceu de bom.
Se chorei, já esqueci,
se sofri, já passou...
As vezes que a tristeza chegou,
o amor recebido compensou.
Tenho muito que agradecer
 a Deus, Criador do mundo,
ás maravilhas do mês quatro:
Todos os abraços e beijos recebidos
e ao trabalho realizado.
Aos sorrisos recebidos
e aos olhares, estes, inesquecíveis!

Feliz mês de Maio, queridos e queridas.

FAZENDO AS PAZES COM UMA TANGERINA – por Stela Siebra
Sabe aquela história de procurar uma coisa e achar outra? Na bagunça suportável de uma estante, encontrei hoje um livro do monge budista Thich Nhât Hanh , que tenho desde 1989. Eu procurava um dos meus livros de Astrologia e eis que “O Milagre da mente alerta” se apresenta para mim, como me dizendo: ‘nesse momento você precisa reler minhas lições’. Bom, como eu sempre estou precisando aquietar minha mente... fui reler o livro, cuja base é o ato de respirar consciente, é o foco na ação que se está fazendo, como caminho para a unidade, para a percepção da realidade como um todo e não compartimentos estanques. Parece simples, mas o pensamento gosta de voar, é preciso disciplina para se chegar à concentração. Pelo menos para mim é assim. E lá vem aquela música que diz “o pensamento parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar”.
Hum... mas onde é que entra a tangerina nessa história? No livro, Thich Nhât Hanh conta o fato de que um amigo seu estava chupando uma tangerina com toda sofreguidão, colocando um gomo atrás do outro na boca, sem mastigar, enquanto falava empolgado de seus planos para o futuro. O monge, então, chama sua atenção, pois se não saboreava um gomo de cada vez, não conseguiria tampouco saborear a tangerina inteira. Lembra-lhe que ele não está presente na ação, e que junto com a tangerina está engolindo seus planos.
Quando li o livro pela primeira vez lembrei-me de um fato semelhante que acontecera comigo: estávamos eu e uma prima saboreando umas tangerinas, quer dizer...minha prima saboreava, mas eu devorava as tangerinas, sem me dar conta que estava perdendo o melhor daquele momento. De repente, minha prima percebeu minha avidez e falou: “Oxe, que agonia é essa, menina? Tu nem respira!”. E começou a rir; também ri, porque nesse tempo eu tinha fama de estabanada, alvoroçada. Bom... ainda hoje essa fama me acompanha um pouquinho. A partir daí sempre que tenho uma tangerina em mãos, recordo-me da história e escolho saboreá-la com vagar, sorvendo seu sabor com prazer, lembrando-me do ensinamento recebido.
“Se você não está presente, você olha e não vê, escuta mas não ouve, come mas não saboreia”.