por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
sábado, 5 de maio de 2012
Lua mais perto dos olhos...- socorro moreira
Fico a olhar o céu, fim de tarde, no caminho do Arajara (Crato x Barbalha).
Estou redescobrindo o verde do nosso vale.
Redescobrindo e entendendo porque um dia voltei...
- Um círculo que não fechou trouxe de volta o amor!
Esses altos e baixos da vida sempre a girar me fazem experienciar muitas vidas antes do fim.
Isso é reencarnação/ ressureição pra mim.
Um minuto de felicidade é crédito de paz. Manter esta sensação é deixar que a eternidade se aproxime, entre, e fique!
Mas a gente sabe que nada é pra sempre... Pra sempre é promessa que não se alinha... Eu aposto na vontade de ser vida, e aguardar o pôr-do-sol de cada dia. Labuzo-me no algodão cor-de-rosa, no instantâneo passar das horas... O céu celeste fica turquesa, e o meu coração se esvazia de todas as impressões sensoriais pra penetrar numa zona desconhecida, que eu apelido de paraíso.
Rostos amigos vão passando nas janelas de um trem espacial... Preciso matar a saudade com abraços...Lanço um pote de carinho, neste nosso Azul Sonhado.
Visitando um pedaço do céu- socorro moreira
Lua cheia. Maio sensorial e ao mesmo tempo virginal. Varanda iluminada. Mistura de aromas: alecrim, maracujá...
As letras me aguardam, e é tanta poesia guardada, que elas transbordam e flutuam no ar.
Sinto saudades das minhas saudades. A saudade fugiu de mim. Penso que ela era a minha musa, e desisto de juntar as letras que bailam, e me convidam pra dançar.
Agora só tenho o presente... O futuro começou em cada instante, mas o presente é absoluto; ele ordena que eu cante e deixe de sonhar, contar... Apenas viva a mágica de todos os meus encantos.
Sonhos sem sono. Vigília amorosa. Madrugada deseja a minha companhia.
Estou no caminho. Certa tristeza, que parece falsa... Tal é a minha alegria!
socorro moreira
sexta-feira, 4 de maio de 2012
"PF" - José Nilton Mariano Saraiva
Muito embora o Governo do Estado e aliados da Assembléia Legislativa tentem blindar (por cima de pau e pedra), seu Chefe da Casa Civil (senhor Arialdo Pinho, ex-patrão do Ciro Gomes), a questão do possível tráfico de influência na questão dos “empréstimos consignados” não quer calar.
Ainda agora, o sério e marrento Deputado Estadual Heitor Ferrer, autor da denúncia inicial, volta à carga ao exibir no plenário da “casa do povo” um e-mail onde o genro do senhor Arialdo Pinho, Luis Antônio Valadares, suposto testa-de-ferro do sogro na empresa Promus, confirma em e-mail o pagamento da “propina” de R$ 100.000,00 (cem mil reais) por mês para o Diretor da Bradesco Promotora, senhor Fernando Perrelli.
O inusitado na coisa e que estarreceu gregos e troianos é o detalhe da observação contida no e-mail, através da aposição da sigla “PF”, que caracterizaria que o pagamento feito pelo genro ao empresário teria sido feito “POR FORA” (ou seja, longe da contabilidade do negócio e dos olhares indiscretos de terceiros).
Segundo se comenta, a confirmar-se tal aberração, estaríamos ante uma séria ocorrência de “desvio comportamental e improbidade administrativa”, já rotulado pelos “experts” com a apropriada denominação de “esculhambaria” (mistura exótica de esculhambação com putaria).
O Bradesco já veio a público com a esfarrapada e velha desculpa: "não teve acesso ao e-mail mencionado para poder atestar a sua autenticidade" e que "tem inteira confiança nos seus executivos, que obedecem a rígidos padrões de comportamento ético e de governança no exercício de suas funções".
Espera-se que o Governo do Estado não deixe de prestar os esclarecimentos necessários.
Feliz aniversário, Fabiana!
Um protótipo do amor sustentável
Uma grande mulher ao lado de um grande homem
Amigos queridos de todas as horas
Pensantes complementares
Misturados numa energia amorosa
Hoje é o dia dela
-Poesia na vida do escritor Zé Flávio!
Um abraço do tamanho do teu coração,Fabiana, torna infinito meus braços.
Espelho-me nesse sorriso amigo pra acreditar na vida com felicidade!
No Azul sonhado a festa começa já!
,
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Favela
A
grande explosão das Redes Sociais trouxe consigo seus efeitos deletérios
como a chatice desenfreada das frasinhas
de auto-ajuda, da religiosidade rasteira, das abobrinhas em larga escala. Mas,
com o quadradismo com que os anos me foram achatando, tenho que reconhecer
alguns benefícios inequívocos: a reaproximação de colegas e conterrâneos
distantes e , nos grupos, a
democratização das fotos antigas do Crato. Recentemente, foi publicada uma que
me pareceu interessantíssima. Mostrava o Crato Tênis Clube nos anos 60, com
dois políticos locais importantes sentados numa mesa, num jantar festivo.
Seguiram-se à foto uma imensidão de comentários afeitos todos às figuras
importantíssimas que estavam no primeiro plano, numa homenagem, diga-se, justa
e merecida. Pus os olhos na fotografia e, de chofre, divisei, no segundo plano,
personagens que até então tinham sido totalmente esquecidos, dois garçons
famosíssimos na cidade : Fuinha e Iguatu.
Acredito que eles representam um pouco a tônica do meu pobre trabalho de
cronista, aqui na região, nestes quinze anos em que venho escrevendo com alguma
regularidade. Tenho a vista voltada sempre para o lado oficioso da cidade, até
porque já existem historiadores de grande envergadura, bem mais abalizados, para narrar a face mais visível e oficial
desta terra. Interessa-me a face oculta: os poetas, boêmios, místicos,loucos,
artistas e beatos porque pressinto que se a história oficial dá corpo à Vila de Frei
Carlos, são estes outros que lhe imprimem a alma.
E
, neste sábado, venho fazer uma grande reverência a uma das figuras mais
irreverentes deste Crato. Chamava-se
Manoel Favela Pantaleão, mas era conhecido, por todos os recantos dessa
cidade, pelo sobrenome intermediário : Favela. Nasceu em Exu em 20 de Maio de
1924, há exatos 88 anos. Ainda rapazinho veio para o Crato e aqui fez o seu
reinado. Alma boêmia, tornou-se músico e tocava seu instrumento nos cabarés da
Rua da Saudade e, depois, acompanhou a saudosa rua nas suas mudanças , à medida
que foi sendo engolida pelo progresso. Violonista admirado e incensado-- diziam
que arpejava o violão até de cabeça para baixo-- junto com Pedro 21, tornou-se
um mito. Levou seus acordes ainda para o nomadismo dos circos que por aqui
passavam, acompanhando-os Brasil afora. Junto com a música foi tecendo toda uma
mitologia de presepadas e chistes que terminaram por impeli-lo à área do
folclore. Esposado pela Boemia, como bom Homem da Noite, nunca casou, teve um
relacionamento com uma das saudosas Damas de Vermelho e ficaram dois
rebentos que hoje lutam pela vida no Sudeste.
Favela
foi, durante toda vida, um boêmio profissional, morava sozinho e, já velho,
ainda utilizava todo dinheiro da aposentadoria com as bebidas e as mulheres. Há
uns dois anos, foi premiado no Cariri da Sorte : mais de 30.000 Reais lhe
caíram nas mãos. As sobrinhas orientaram-no para fazer uma poupança, guardar
para os dias futuros. Favela não tinha vindo ao mundo como formiga, mas sim
como Cigarra e respondeu-lhes com uma pergunta da mais profunda filosofia
hedonista : Guardar ? Para levar para onde, meninas ? Meteu-se novamente em
meio às namoradas e o álcool e não sossegou até transformar todo o pretenso
tesouro em puro prazer.
São
inúmeras as presepadas que se foram colecionando a seu respeito. Vou elencar
apenas algumas, na certeza que quase todo cratense que com ele conviveu, sabe
de alguma munganga dessa figura célebre.
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Favela
gostava muito de freqüentar o Café de Roseno que nos anos 50-60 existia na Rua
Bárbara de Alencar, onde hoje é o Ponto Dentário do inesquecível Maurício
Almeida. A razão era simples, adorava um Doce de Banana de Botão que lá
vendiam. Um dia , lá chegando, fez o pedido da terrina de doce e quando começou
a comer, teve dificuldade de mastigar. Tinham usado bananas muito verdes e as
rodelas tinham ficado duras demais para serem trituradas pelas próteses
dentárias de Favela. Depois de alguns minutos, tentando em vão, rodando as peças
de um lado para outro, ele reclamou cheio de razão:
---
Não ! Não tem quem coma isso não! Eu pedi, Roseno, foi doce de Banana, não foi Pedra de Gamão, não !
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Antonio
Favela , um irmão dele, trabalhava na Cantina do Oliveira e adorava ralhar com
Manoel. Um dia, vendo-o passar do outro
lado da rua, resolveu mexer com ele e mandou o clássico xingamento :
---
Manoel ! Vai ali na Praça Siqueira Campos prá ver se eu tou lá !
Manoel,
sem se alterar , responde na bucha:
---
Vou já, Antonio, mas tenho que passar em casa primeiro !
---
Em casa ? Por quê ? -- Quis saber o
irmão.
---
Por que se tiver um cabestro eu já levo, prá não dá duas viagens !
Favela
voltava de madrugada, violão às costas, após o show no Cabaré, quando foi
abordado pelo terrível Major Bento. O militar foi um delegado violento da
cidade que, numa determinada época, estabeleceu um Toque de Recolher por aqui.
Vendo o músico quebrando o Toque, na rua àquelas horas , o abordou
grosseiramente. Favela, então, explicou que era músico , que tocava nas Casas
Noturnas da cidade e que estava, pois, a
trabalho à noite, aquilo era seu meio de vida. O Major não quis saber, ríspido
falou:
---
Me acompanhe, cabra !
Favela,
de pronto, sacou o violão das costas, dedilhou as cordas e respondeu:
---
Pois não, Major! Em que tom ?
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Antonio
Primo de Brito é uma das memórias mais prodigiosas desta cidade e foi grande amigo de Favela. A mor parte
destas histórias foram a mim repassadas
por ele. Um domingo, Favela chegou cedinho na casa do ex-prefeito . Pediu R$ 100,00
emprestados. Precisava pagar uma dívida de última hora. Antonio Primo remexeu os pertences e só encontrou R$ 50,00.
Meio a contragosto avisou-o da triste novidade. Favela não se enrolou:
---
Tem problemas ,não, Antonio! Me dê os R$ 50,00! Você é um homem direito e vou
confiar em você, depois você me paga os outros R$ 50,00.
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De
outra feita, Favela acompanhou a seleção do Crato que aí pelos anos 70 ia jogar
em Baturité. O motorista do ônibus de carreira era uma outra figura antológica
: Moço Lídio. O coletivo vinha apinhado de passageiros e viajava à noite.
Favela—que tinha problemas de dormir naquelas horas—resolveu ir lá para frente,
ficou sentado conversando com o motorista. Já chegando na cidade de
Independência, numa grande descida da serra, o carro deu um estralo e embalou,
ladeira abaixo. Tinha quebrado o freio. Moço Lídio foi aprumando e sustentando
o veículo como podia, para ver se conseguia chegar à cidade de Independência,
lá embaixo, o que seria a única salvação possível. Favela manteve-se
impassível. Nisto, uma senhora passageira percebeu o estralo estranho , a
velocidade e o risco que estavam passando, correu lá prá frente aflita e
gritou:
---
Valei-me meu Deus ! Motorista, o que
isso significa ? Diga !
Favela,
sentado, tranqüilo, resumiu para ela o problema:
---
Ora, minha Senhora : Independência ou Morte !
*****************************************************************************
No
dia doze de janeiro último, o violão
silenciou. A velha Rua que um dia chamou-se Saudade perdeu uma de suas vozes
mais poderosas. E a história sentimental da vila que um dia foi tão fértil e
verdejante , hoje , mais que nunca , se transformou em Favela.
J. Flávio Vieira
Banda Jardim Suspenso se apresenta no Cariri em comemoração ao Dia das Mães
Banda Jardim Suspenso se apresenta no Cariri em comemoração ao Dia das Mães
Matéria publicada no blog Sobreart do jornalista Marcus Peixoto.
http://sobrearte-marcuspeixoto.blogspot.com.br/2012/05/banda-jardim-suspenso-se-apresenta-no.html
Coletivo Camaradas lança livro e documentário no Crato sobre arte e engajamento politico
Banda Sol na Macambira, performances, distribuição de cordéis e muita descontração deverão marcar o lançamento do livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação”.
A Praça Siqueira Campos no Crato será mais uma vez ocupada pelo Coletivo Camaradas, no dia 10 de maio, a partir das 18 horas. Desta vez o grupo fará o lançamento do livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação” do artista/educador Alexandre Lucas. O livro trata-se de uma coletânea de artigos baseados em experimentos, vivências e reflexões do autor, através da sua participação em coletivos de artes, como é o caso do Coletivo Camaradas. O livro tem caráter pedagógico e aborda a questão da arte de forma contextualizada com os aspectos sociais, políticos e culturais.
Já o documentário reúne falas de 56 pessoas, entre artistas, pesquisadores e produtores culturais de diversos estados brasileiros. Para produzir o documentário foram captadas imagens nas cidades de Recife-PE, Rio de Janeiro - RJ, Fortaleza, Aracati e na região do Cariri.
O livro faz questionamentos sobre o papel social do artista e do educador, a partir de uma tomada de posição política ligada aos interesses das camadas populares. As experiências compartilhadas ao longo dos anos com os coletivos e artistas de outros estados, através do Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA e do Instituto Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA possibilitou acumular argumentos para a produção do livro e do documentário.
A apresentação do livro é feita pelo filósofo e cineasta Rosemberg Cariry que entre outras questões cita : "Entre estes novos movimentos, destaco a marcante presença do Coletivo Camaradas, à frente do qual está Alexandre Lucas e uma “nação aguerrida” de jovens artistas, com uma perspectiva mais ampla do país e do mundo, levando artes e culturas em todas as frentes; das universidades às escolas públicas, das feiras às romarias, dos palcos às praças das pequenas cidades do sertão."
Para a arte/educadora, doutoranda pela Universidade de Sevilla em Artes Visuais e Educação, Sislândia Brito, “O artista/educador Alexandre Lucas tem um trabalho de engajamento político e de comprometimento com as causas populares na sua arte”, e destaca que “sempre com a preocupação de uma arte de interação com o público, seu trabalho sempre evidencia que é necessário possibilitar e criar condições para que o grande público se sinta parte do fazer artístico”.
O livro e o documentário serão disponibilizados gratuitamente pela internet e distribuídos as escolas.
"A arte é um diálogo constante entre o eu e a sua coletividade, que acarreta relações e necessidades humanas de atrelar o indivíduo ao seu entorno social." diz Alexandre Lucas no seu livro.
Serviço:
Kit Livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação”
Lançamento – Dia 10 de maio ( quinta-feira), às 18h00, no Praça Siqueira Campos – Crato/CE
Investimento: R$ 10,00
DOIS POEMAS DE MANUEL BANDEIRA
A ESTRELA
E O ANJO
Vésper em
cuja ardência não havia a menor parcela de sensualidade
Enquanto
eu gritava o seu nome três vezes
Dois
grandes botões de rosa murcharam
E o meu
anjo da guarda quedou-se de mãos postas no desejo insatisfeito de Deus.
(Neste
poema é a estrela da tarde, Vésper, a personificação lírica e metafórica do
êxtase amoroso. No entanto, é só o corpo que vive essa plenitude, o “desejo
insatisfeito de Deus” só alma o realizará “Só em Deus ela pode encontrar
satisfação” (Arte de amar - poema de
Bandeira).
Vi uma
estrela tão alta,
Vi uma
estrela tão fria!
Vi uma
estrela luzindo
Na minha
vida vazia.
Era uma
estrela tão alta!
Era uma
estrela tão fria!
Era uma
estrela sozinha
Luzindo
no fim do dia.
Por que
da sua distância
Para a
minha companhia
Não
baixava aquela estrela?
Por que
tão alta luzia?
E ouvi-a
na sombra funda
Responder
que assim fazia
Para dar
uma esperança
Mais
triste ao fim do meu dia.
(O poema
A estrela é lindo e triste! As palavras, magistralmente cadenciadas nos versos,
configuram a tristeza e a desesperança do poeta que vê a estrela tão alta e tão
fria cintilando a solidão da sua noite, da sua vida.)
Por José do Vale
Stela tosada
Stela ausente da embarcação
Stela de verão
Stela ensombreada
Stela solta no firmamento
E por falar em solidão:
Stela vespertina
Stela matutina.
E precisa de algo mais?
quarta-feira, 2 de maio de 2012
No aniversário de Victor...( 29.04.2012)
Hugo e família: presente musical!
Só alegria!
Filomena e Maria Rita |
Leninha e Maria Rita |
Hugo, Rogério... |
Estou quase voltando... Tanta coisa pra contar, e a terna saudade deste pedaço de céu, extensão da minha casa, que reúne pessoas amigas, queridas!
Estou visitando o Crato e arredores, com olhos de turista e coração de cratense .
Nunca senti tanto o nosso verde e a força das nossas águas. Clima agradabilíssimo.
Eita Crato lindo!
Feliz pela manutenção do Blog... Beleza !
A proposta do coletivo é exatamente esta. Surpresa feliz, na leitura de textos dos colaboradores diversos, sempre bem-esperados!
Chagas, Marcos Barreto, Zé Flávio, Liduína, Stela ,Emerson, Zé do Vale!!
Abraços!!!
Caixa de boas novidades - Emerson Monteiro

Eis a Arte em momento apreciável
de real importância. Nordeste desvelado
transmite fiel a face da nossa gente com vigor e propensão, algo no nível
técnico da qualidade dos meios modernos da comunicação gráfica, qual o que se
espera dos artistas em tempo de tecnologia avançada. Isso visto de fora para
dentro, do espectador para a cena posta no palco das imagens recolhidas e do
objeto mercantil. No sentido inverso, do conteúdo ao prazer de quem olha /
escuta, olhará / escutará, grata surpresa lhes aguarda, apreciadores da melhor
Arte (de letra maiúscula e tudo).
Um presente digno de
nota alta revela a caixa do Nordeste Oculto / Desvelado, pelo bom produto que
carrega no seu interior. Do livro de fotografias de Augusto Pessoa, que testifica
a viagem transcendental das visões (Visagens, como o Autor denomina) através do
sagrado das tradições, dos benditos, das festas populares e religiosas, da
religiosidade perene de um povo sertanejo nordestino, virtuoso nos sonhos e na confiança
do Deus dos simples, e doutras partes do mundo, o que se pode viver / ver intensamente,
pela profusão das tonalidades, imagens, dos movimentos e ângulos desse jovem já
reconhecido mestre da fotografia brasileira.
Augusto César Cunha Pessoa
nasceu em 1974, em Campina Grande PB. Jornalista e fotógrafo, atua
profissionalmente desde 1994, integrando equipes de diversos jornais
nordestinos. Atualmente trabalha como free-lancer para tais revistas National
Geographic, Vida Simples, Caminhos da Terra, Horizonte
Geográfico, entre outras. Prêmios: Abril de Jornalismo (2008); Um
olhar sobre a cultura popular nordestina (2007); Pérsio Galembeck de
Fotografia (2010); Paraíba dos seus olhos (2007-2009); AETC
Jornalismo (2006 e 2007). Publicações: Capital iluminada [com a
arquiteta Lis Cordeiro Alves]; INTI (fotografias sobre os Andes, 2009).
Exposições: Casa Grande, uma viagem aos encantos da Chapada do Araripe (Nova
Olinda-CE, 2010); Fotografia em revista (0 anos de fotografia da Editora
Abril) (São Paulo, 2009); Guajás, os últimos nômades (Maranhão, 2008); X
Fenart (Funesc, 2004).
Quanto ao grupo
musical Cabruêra, parceiro de Augusto Pessoa nesta caixa de fábulas
inesquecíveis, dele trataremos em breve.
Desejo, por agora, no
entanto, aos agraciados com tamanha oportunidade de viver bom gosto o melhor
dos prazeres culturais...
RECADO DOS PÁSSAROS - Marcos Barreto de Melo
chegado o mês de São João
os pássaros do baião
fizeram uma reunião
pra discutir a questão
procuraram Gonzagão
e numa noite enluarada
o nosso Rei do Baião
recebeu a passarada
estavam lá reunidos
acauã, o assum preto
asa branca, o sabiá
galo campina, o carão
a peitica e o bacurau
todos pra guerra munidos
a prosa foi demorada
e depois de muito acerto
mandaram dar um aperto
nessa turma enjoada
junto com este recado
um tanto desaforado
que pra ser bom forrozeiro
tem que entender do riscado
dançar baião e xaxado
e que esse povo interesseiro
que canta só por dinheiro
respeite o rei do baião
os pássaros do baião
fizeram uma reunião
pra discutir a questão
procuraram Gonzagão
e numa noite enluarada
o nosso Rei do Baião
recebeu a passarada
estavam lá reunidos
acauã, o assum preto
asa branca, o sabiá
galo campina, o carão
a peitica e o bacurau
todos pra guerra munidos
a prosa foi demorada
e depois de muito acerto
mandaram dar um aperto
nessa turma enjoada
junto com este recado
um tanto desaforado
que pra ser bom forrozeiro
tem que entender do riscado
dançar baião e xaxado
e que esse povo interesseiro
que canta só por dinheiro
respeite o rei do baião
Punta Del Este - José do Vale Pinheiro Feitosa
Punta Del Este é a Miami do Cone Sul. Uma ponta no mar plena
de mansões, edifícios de luxo. De Cassinos iguais aos Zigurates da Mesopotâmia
onde os astros a serem observados são os semideuses desta mortalidade aderente
ao sucesso. E girava por suas ruas. Todas em longitude de sua ponta, aquela
espécie de bússola que parece nortear a imensa deságua do Rio de la Plata.
Um clima de Atlântico Sul: Leões Marinhos próximos ao píer, à
espreita que os restos do tratamento dos peixeiros retornam às águas onde
pescam. Uma face de endinheirados: inúmeras lanchas a condecorar o tédio de
tanta riqueza sem norte de aplicação social. Quando passava em frente ao velho
prédio da Marinha encontrou Che Guevara, o chefe da Missão Cubana, em passo
apressado para o desfecho da Oitava Reunião de Consulta de Ministros de
Relações Exteriores da OEA.
Bem na ponta da Punta as estátuas de sereias feitas com o
lixo sólido que se depositam nos mares. Os restos carcomidos do capacho Colombiano
de tanto uso pelo Império a convocar a Reunião. As teses e decisões que geraram
as ditaduras militares de direita na América Latina sob o capuz da tortura de
algozes americanos: intervenção estrangeira como desculpa para intervir; segurança
contra a ação subversiva do comunismo internacional com senha para os golpes e
a Aliança para o Progresso para consolidar “il capo de tutti capi”.
E os olhos tontos de tantas fachadas luxuosas, ruas desertas
na fase do estio das douradas temporadas de verão. É tanto verde, verde
rasteiro, ao rés do chão, verde sobre antigas dunas, verdes para ladear os caminhos
sinuosos dos carrões de sonhos. Verdes no meio dos quais se erguem mansões de
tantos cômodos com se uma grande hospedaria fosse para apenas algum casal, seus
dois filhos e uma multidão de puxa-sacos e admiradores no frisson do verão.
Na praia, aquela face da Punta que se beira às ondas
revoltas das Praias Oceânicas. Em qual delas os dedos gigantes de uma mão
emergem das areias como se a mão de um zumbi fosse, a pedir socorro ao presente
do enterro vivo da história. Em qual destes dedos encontrou Guevara, Brizola,
tantos latinos americanos perplexos com a expulsão de Cuba. Na Oitava Reunião
de Punta Del Este o dragão queimava o destino de uma geração e roubava dela a
construção dos próprios passos.
Não parece, mas em Punta Del Este alguns pobrecitos clamam
por comida. São poucos, invisíveis aos filtros de ar condicionado dos vidros
fechados na velocidade de conta-giros enlouquecidos. São fugitivos do abraço
que os retém bem para o interior da Punta, para longe das praias e dos
balneários. Com Maldonado e San Carlos a reter-lhe o desejo de examinar os
ricos como os ricos são.
Em Punta Del Este toda a Cachoeira de práticas escusas com o
único fito de acumular. E se a esta queda da água fosse possível tratar-lhe no
gênero masculino, o Cachoeira despejaria pedras e lamas, trapaças e artimanhas
igual a qualquer sujeito em franco processo de amealhar, ajuntar, enriquecer. O
Cachoeira tem o dom do mesmo ato de expulsar Cuba, exilar Brizola e matar
Guevara.
Na saída rápida e desejada de Punta del Leste, tonto de
tanta jactância, abobado com tanta gramínea, quase grita palavras de teor
anarquista: Professor! Doutor! Professor! Doutor! Professor! Doutor! Num
roteiro tão longo que a paisagem foi se transformando e o automóvel voou baixo
na ruta 9.
Algumas horas após, uma vez havido ultrapasso o Arroio Chuí,
ali onde ele se despeja no mar, o olhar para o sul enxergava a ironia de ter
sido naquele carnaval de Cassinos que a Revolução Cubana que derrubara os Cassinos,
fora vingada pelos contraventores.
a um mestre do samba
sim
em silêncio aguardamos,
peito de dor também,
teu samba do infinito
quem sabe de quê?
então calamos
aguardando até hoje
teu samba do infinito
silêncio,
os defeitos deste mundo
não têm
segredo para nós
se ouvimos fundo
teu samba do infinito
quem sabe de quê?
por isso calamos
aguardando até hoje
teu samba do infinito
"Silêncio e Estupidez" - José Nilton Mariano Saraiva
“A direita elege o passado porque prefere os mortos; mundo quieto, tempo quieto. Os poderosos, que legitimam seus privilégios pela herança, cultivam a nostalgia. Mentem-nos o passado como nos mentem o presente: mascaram a realidade. Obriga-se o oprimido a ter como sua, uma memória fabricada pelo opressor, alienada, dissecada, estéril. Assim, ele haverá de resignar-se a viver uma vida que não é a sua, como se fosse a única possível” (Eduardo Galeano)
**********************************
Meses atrás, numa de nossas postagens em blogs da Região do Cariri, alertávamos aos conterrâneos cratenses sobre a necessidade premente de um choque de realidade, de um maior comprometimento dos munícipes com o futuro da cidade e, enfim, do despertar de uma ínfima dose de clarividência e responsabilidade no momento de usar sua mais poderosa arma, o sufrágio universal do voto.
Mostramos, didaticamente, ancorados no dantesco quadro de acefalia, imobilismo, abandono e corrosiva decadência físico-econômico-financeira da cidade, que não se justifica, em pleno século XXI, se optar por entregar o destino de uma urbe da estatura do Crato a pessoas comprovadamente sem a mínima vocação para cuidar da coisa pública, sob o cínico e estapafúrdio argumento da origem familiar ou da manutenção de uma tradição que se perdeu nas brumas do tempo.
Afinal, o que esperar do indicado por alguém ( integrante de uma agremiação desprovida de maiores preocupações com o “social”, o PSDB ), que não teve o menor constrangimento de, ao ser contestado num evento público sobre o marasmo e a lerdeza da sua administração à frente da municipalidade, declarar “...O CRATO É FINAL DE LINHA; SÓ VAI AO CRATO QUEM TEM NEGÓCOS LÁ”; ou que, quando do momento decisivo da escolha da cidade onde seria instalado o Campus-Cariri, da Universidade Federal do Ceará-UFC, simplesmente não compareceu à reunião, deixando a representação cratense órfã da sua mais alta autoridade institucional (aqui pra nós, o reitor da UFC deve ter pensado lá com seus botões: se o prefeito da cidade não fez questão de participar é porque não tem interesse; portanto...).
Pois bem, naquela postagem sugeríamos que as diversas alas do espectro político cratense atuantes à esquerda (que comprovadamente se preocupam com o bem-estar do povo, além do handicap de aliados de primeira hora do poder central), quebrassem lanças, aparassem suas arestas, tentassem se compor, dessem um jeito de agrupar-se por um objetivo maior e específico: o bem-estar da população e o conseqüente progresso da cidade, através do lançamento de uma candidatura una, apoiada pelas diversas tendências.
Hoje, tomamos conhecimento, via alguns blogs da Região, que o eminente cratense radicado no Rio de Janeiro, Zé do Vale Feitosa, desejaria muito “ouvir e falar” com o provável candidato do PT à Prefeitura da cidade, senhor Marcos Cunha (que não conhecemos pessoalmente, mas temos referencias promissoras), objetivando uma profícua troca de informações sobre as perspectivas da cidade.
E como o Zé sugere que os que partilham desse seu anseio e preocupação com o destino do Crato se manifestem, pedimos sua autorização para subscrever, de público, tudo o que por ele foi posto, até porque... “temos observado um silencio muito parecido com a estupidez”.
E o inapropriado e desastroso “acasalamento” do silêncio com a estupidez certamente nada gerará de saudável.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Memórias de Abril. Liduina Vilar.
Não devo nada a Abril,
a não ser o que aconteceu de bom.
Se chorei, já esqueci,
se sofri, já passou...
As vezes que a tristeza chegou,
o amor recebido compensou.
Tenho muito que agradecer
a Deus, Criador do mundo,
ás maravilhas do mês quatro:
Todos os abraços e beijos recebidos
e ao trabalho realizado.
Aos sorrisos recebidos
e aos olhares, estes, inesquecíveis!
Feliz mês de Maio, queridos e queridas.
a não ser o que aconteceu de bom.
Se chorei, já esqueci,
se sofri, já passou...
As vezes que a tristeza chegou,
o amor recebido compensou.
Tenho muito que agradecer
a Deus, Criador do mundo,
ás maravilhas do mês quatro:
Todos os abraços e beijos recebidos
e ao trabalho realizado.
Aos sorrisos recebidos
e aos olhares, estes, inesquecíveis!
Feliz mês de Maio, queridos e queridas.
FAZENDO AS PAZES COM UMA TANGERINA – por Stela Siebra
Sabe aquela história de procurar uma coisa e achar outra? Na
bagunça suportável de uma estante, encontrei hoje um livro do monge budista
Thich Nhât Hanh , que tenho desde 1989. Eu procurava um dos meus livros de Astrologia
e eis que “O Milagre da mente alerta”
se apresenta para mim, como me dizendo: ‘nesse momento você precisa reler
minhas lições’. Bom, como eu sempre estou precisando aquietar minha mente...
fui reler o livro, cuja base é o ato de respirar consciente, é o foco na ação
que se está fazendo, como caminho para a unidade, para a percepção da realidade
como um todo e não compartimentos estanques. Parece simples, mas o pensamento
gosta de voar, é preciso disciplina para se chegar à concentração. Pelo menos
para mim é assim. E lá vem aquela música que diz “o pensamento parece uma coisa
à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar”.
Hum... mas onde é que entra a tangerina nessa história? No
livro, Thich Nhât Hanh conta o fato de que um amigo seu estava chupando uma
tangerina com toda sofreguidão, colocando um gomo atrás do outro na boca, sem
mastigar, enquanto falava empolgado de seus planos para o futuro. O monge,
então, chama sua atenção, pois se não saboreava um gomo de cada vez, não
conseguiria tampouco saborear a tangerina inteira. Lembra-lhe que ele não está
presente na ação, e que junto com a tangerina está engolindo seus planos.
Quando li o livro pela primeira vez lembrei-me de um fato
semelhante que acontecera comigo: estávamos eu e uma prima saboreando umas tangerinas,
quer dizer...minha prima saboreava, mas eu devorava as tangerinas, sem me dar
conta que estava perdendo o melhor daquele momento. De repente, minha prima
percebeu minha avidez e falou: “Oxe, que agonia é essa, menina? Tu nem
respira!”. E começou a rir; também ri, porque nesse tempo eu tinha fama de
estabanada, alvoroçada. Bom... ainda hoje essa fama me acompanha um pouquinho.
A partir daí sempre que tenho uma tangerina em mãos, recordo-me da história e
escolho saboreá-la com vagar, sorvendo seu sabor com prazer, lembrando-me do
ensinamento recebido.
“Se você não está presente, você olha e não vê, escuta mas
não ouve, come mas não saboreia”.
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