por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 30 de março de 2012

AS VELAS LATINAS DAS QUINTAS FEIRAS - José do Vale Pinheiro Feitosa

Mais uma quinta feira. Toda quinta feira quando o corpo se desonera dos compromissos clínicos, no silêncio do pé de serra, ele expõe os fatos que se desenrolam na raiz de uma grande narrativa.

Mas nesta quinta ele perdera sua ilha de atracação. Sua Odisseia certamente no mar cearense, sem as ilhas do Egeu a desenrolar aventuras, na vastidão horizontal sem fim. Mas uma vastidão delimitada verticalmente pelo mar e pelo céu.

E seu destino sem porto, agora sem a ilha flutuante, no entanto, teve uma origem, um estaleiro onde seu barco flutuante fora construído. Mas é difícil precisar o local exato do estaleiro: se no meio da terra, nas Américas, ou nas margens orientais e ocidentais do Mediterrâneo. Com certeza a quilha veio do Oriente bíblico e o convés da Grécia.

Neste ponto gerou-se um paradoxo em sua narrativa desta quinta feira. Qual seja: não tem sentido falar-se numa origem desconsiderando ser esta o ponto inicial de uma ação cuja necessidade é o seu ponto final. E o ponto final de uma ação pode até acontecer por acaso, no entrechoque com penedos, mas isso apenas seria a quebra de um projeto individual a imaginar uma viagem muito mais longa, mas que, entretanto, não subtrai da ação o seu início e o seu fim.

Ação é o que estas quintas feiras revelam. Não uma deriva flutuante apenas ao sabor dos ventos. Acontece que há muito abandonou a vela áurica e seus necessários remos, afinal não viaja sobre uma galera, hoje a sua navegação acontece com velas latinas. As velas latinas viajam em qualquer tipo de vento.

As quintas feiras são exatamente isso: um navegante a traçar o próprio destino. E isso não pouco diante da incomensurável cordilheira a determinar o destino das pessoas. Aquelas que tomam o próprio destino em suas mãos podem ter cicatrizes, mas certamente o campo de ação a narrar quintas feiras.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Até os Macacos fazem Greve - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eu pensei numa frase e logo imaginei o quanto é rica a nossa língua. Do que se tratava?

De uma frase que seria algo assim: até os macacos fazem greve, só os “trogloditas” acoitam grevistas. Em outras palavras, usava o primitivo e o irracional como exemplos contraditórios. Mas é mais ou menos assim o que acontece.

Quando lemos ou ouvimos alguém defendendo a ditadura militar de 64 pensamos no direito democrático desta defesa. Mas isso não lhe dar o direito de negar a violência que foi o golpe e menos ainda a perseguição e morte dos opositores ao regime.

Hoje à tarde voltei aos idos dos tempos da ditadura. Fiz parte da concentração que se postou em frene ao Clube Militar em que generais comemoravam o dia do golpe. Participando do protesto ao lado de muita gente daqueles idos e de uma juventude que honra o que são e o que fomos.

Os Generais em ato de franca provocação soltaram notas, negaram a violência praticada nas dependências públicas das instituições militares e ainda divulgaram com alarde que fariam a comemoração. Fomos para lá para apoiar a comissão da verdade, a apuração e exposição de assassinos e torturadores que agiram em nome do Estado brasileiro.

Antes que alguém ponha em dúvida todo esse passado cruel, a Comissão de Direitos Humanos da OEA pediu explicações ao governo brasileiro sobre a apuração da morte do jornalista Vladimir Herzog. E um general reformado, num programa de televisão questionou exatamente este fato.

Opa! O assunto era correlato: eu falava que até os macacos fazem greve. E não é força de expressão é a verdade observada. O pesquisador holandês Frans de Waal observou que macacos do gênero Cebus se recusam a fazer tarefas se percebem que estão sendo alvo de tratamento desigual. Os macacos pregos da nossa Mata Atlântica são exatamente tais sujeitos.

Segundo o pesquisador: se damos a um destes macacos pregos uma recompensa menor do que damos a outro pela mesma tarefa, o animal prejudicado e irrita e deixa de colaborar. O cientista se diz convencido que “esses macacos entendem perfeitamente quando são tratados de maneira injusta e podem rebelar-se contra a desigualdade de uma maneira comparável às greves dos humanos”.

Sabem por quê? Ideologia não enche barriga, mas a violência mata. Os espanhóis deram um pé na bunda eleitoral ao Partido Socialista que ficou na lengalenga liberal. Aí os conservadores acharam que tinham a caneta para enforcar o povo. A greve espanhola parou o país e reuniu mais de 800 mil pessoas nas praças públicas das principais cidades.

Mas os “trogloditas” continuam na viagem para cegar o sol.

Cais


O mar como sempre imenso e inescrutável. Limitando-se por todos os lados com infinitos abismos. Abaixo, os mistérios abissais e inatingíveis da água: fluida como a existência. Ao derredor, com horizontes a se perder de vista: a abóbada celeste em ósculo lambendo os quatro recantos , lubricamente, num cunilingus intocável e sensual. Acima: um céu azul pincelado, aqui e acolá, pelo algodão doce das nuvens; aparentemente ao alcance das mãos, em verdade apenas atingíveis pelas digitais do sonho. Cercado pelo mistério , carregando nas mãos apenas a rosa dos ventos, um veleiro singra as ondas sem destino pré-determinado, sem ter aonde ir e aonde chegar. À mercê dos ventos, cicla, como um pêndulo, entre tempestades e calmarias, ora velas enfunadas, ora mastro recolhido . Sem rumo claro, nenhum vento lhe é perfeitamente favorável ou desfavorável. Na viagem, o barquinho termina por descobrir que singra sem astrolábio e sem sextante . As estrelas no céu , a lua argêntea no firmamento não lhe são pontos de orientação, apenas compõem o cenário : prestam a iluminação necessária para o grande script da viagem que é simplesmente flutuar. Não haverá Monte Ararat à frente, as águas jamais baixarão e a pombinha nunca retornará com o ramo de folhas de oliveira , pela simples razão de que não há continente possível, não há pomba , não há árvore. Existem apenas o mar, o barco, a viagem.

Houve tempos em que o veleiro atingia às vezes uma pequena ilha flutuante e ali encontrava um porto seguro por alguns instantes. Era possível atracar, livrar-se temporariamente dos redemoinhos, das tormentas e gozar um pouco da paz reconfortante do cais. E antes de cair, novamente, nas correntes marinhas avassaladoras , podia pensar um pouco na viagem , agora com o contraponto do silêncio e da inércia. Na ilhazinha , atracado, o barquinho sentia-se com raízes, como uma árvore em solo firme, pronto a dar flores e frutos.

Um dia percebeu, com espanto, que a ilhazinha havia sido erodida e tragada pela inexorabilidade das marés. A paisagem voltara a ser imutável : mar e céu. O veleiro desliza agora à espera do tsunami vindouro ou do beijo fatal da quilha nas penedias. A árvore se transformou , num átimo, num simples aguapé obediente ao fluxos das águas e da preamar. E o barquinho à deriva fundeia-se no único esteio possível : uma âncora sombria, coberta de musgos e de ferrugem chamada Saudade.

J. Flávio Vieira


a despedida de dino

dino boy, um amigo nosso, que morreu em 2003 num acidente de moto


de madrugada.

silêncio, um pouco de frio no asfalto
as luzes de um laranja quase cansado
que os olhos sofrem de ir além de certos metros

os amigos trancafiados no sono
grades ao redor dos corpos
incapazes de alcançar o barulho do motor,
de estender a mão a seu corpo 

de manhã.

a escada por onde seus passos vinham
de luz branca embebida
não imagina: 
o dia se fez órfão de você
nós, privados de sua voz

mas tudo parece intacto,
manchas de sangue são distante
jamais nessas portas tal imagem

quem desconfiaria, dino?
quem? diga! diga, dino!

inocentes, caminhamos
de boa fé, tomamos café,
cotidianos, sem você,
colhemos um pouco do dia
sem que soubéssemos

de tarde.

mas veio a notícia,
angústia de não podermos 
erguer seu corpo dessa incerteza 
e trazê-lo à luz
aos sons da vida, ao calor das mãos

isso é certo,
nosso círculo se aperta, 
um pouco de nós transubstancia-se
em cinzas, capim seco, pedra, 
relâmpago e vento 


02.05.03

Tudo positivo - Emerson Monteiro

No dia em que chegar à paz definitiva da luz no coração do ciclone, e muito mais, haverá tranquilidade no mundo de em todos nós. Enquanto não vier esse dia radioso, haverá longa estrada de oportunidades sem fim a percorrer os passos, em todos os sentidos externos e internos, a circular o espaço das dimensões. Possibilidades de festa, porém, floreiam esse tempo de espera nas árvores, no luar, nas portas abertas aos meios utilizados em seguir trilhas adentro das dimensões inesgotáveis.

Poucos parágrafos definiriam o céu das criaturas, espécimes na divina formação, sentimentos vivos e fortes, a vontade acesa dos rios de plasma. Observe, pois, neste meio termo de poucas palavras, o potencial valioso de crer na infinitude dos dias solto nas mãos dos indivíduos. Orações pronunciadas de olhos abertos, à luz do dia, pelos peregrinos dessa caravana das estrelas rasgando o véu do Mistério através do sagrado difuso nos campos e cidades, terras e mares. Seres soltos pelo ar, pisadas calmas, no chão das flores no si próprio, emoção boas invés dos batalhões nas guerras cruas e infundadas.

Isto pesa na forma da indignação que machuca a alma quando corrupções e vaidades ferem de mágoa os sonhos. A pouca justiça entre os homens, nas instituições ainda imperfeitas, dos mendigos queimados em praça pública nos pontos de ônibus, nas portas de lojas para não espantar a freguesia nos dias ensolarados seguintes, os políticos infiéis, os traficantes, as falhas no sistema que quer avançar a troco da eliminação das vidas pelo aborto consentido, e passar em branco, que tange ao retorno do que precisam devolver após cobrar os impostos e esquecer-se dos que padecem às portas dos hospitais, com o sofrimento e a fome rompendo a paciência das gentes.

Erguer os olhos por fim de reconhecer necessidades extremas de profundas transformações, mesmo que nessas práticas impiedosas. Pedir, porém agir no íntimo através dos passos à frente, no transcurso precioso das horas de felicidade que aguardam os méritos de milhões, bilhões de criaturas inteligentes vagando por vezes só a esmo, batendo cabeça nas paredes do destino, inconscientes da prudente plantação de sementes melhores, o que somos.

Isto, sim, promover o crescimento da virtude – despertar os valores essenciais à paz coletiva e à tranquilidade, nas consciências das cavernas de nós. Saber acreditar no alvorecer das gerações, agora missão depositada nas mãos desses atuais representantes da colheita presente.

silhuetas




1.

estava tão exasperado!
uma impressão dolorosa
lamentar por quê?
só a inépcia para o riso
caberia nesse momento
que parece não ter fim nem começo
nele tudo é

por isso não pôde conter-se
em sua marcha contrária ao meu coração
insurgindo-se contra o dia
erguido para nós

preciso confessar: não sou aquele!
faria uma promessa,
enfim, mas manter sereno o peito
com as rachaduras todas,
quem pode?


2.


quem pode caminhar
em caminhos tão difíceis,
passar o dia mastigando as horas,
de olho nas nuvens
enquanto arde a paisagem,
seus signos por desbastar?

não querer que o vento
sopre na janela aberta

toda ela
toda aberta
quase sempre
esbanjando o azul

paisagem a ser descoberta
por quem sabe
bem
enxergar flores em espinhos
onde a gente passa


24.mar.2012


Guto Bitu – Comicamente seco e poético





Se o cearense tem fama de humorista, Luiz Augusto Bitu não fica de fora dessa afirmação. Uma poesia nas estirpes marginal e bem humorada é uma das características desse poeta. Guto Bitu, esculpi, modela, desenha, pinta e escreve e diz que sua obra é “cercada do comportamento cearense, se divertir é básico pra mim, então isso se reflete no que eu faço. Já o urbanismo está em mim como as seqüelas de uma tuberculose, não posso retirar esse universo depois de ter passado tanto tempo inserido nessa fria realidade”.






Alexandre Lucas - Quem é Guto Bitu?

Guto Bitu - Luiz Augusto Bitu
É um tabuleiro sem peça
É um cheque mate as avessa
Na faculdade mental
É o cão soprando cal
Nas vistas de quem é cego
É o prego que entorta
Quando entra na parede
É um balanço de rede
É um rangido de porta
É uma folha que corta
A água que mata a sede
Luiz Augusto Bitu 10/11/09

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Guto Bitu -Tento sobreviver de arte desde adolescente, mas faço arte e sou artista desde criança. Tive meus primeiros contatos reais com mundo profissional na arte depois da maior idade e após isso foi só encarar a coisa como minha própria vida e não uma mera profissão. Não gosto da palavra trabalho me cheira a algo maquinado, um esforço em vão para pessoas que não o merecem. Arte não é isso.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Guto Bitu - Minha arte tem como maior influencia eu mesmo, já pensei muito sobre isso, sei que tem muita gente, cada um com a sua informação, para somar na minha arte, mas quem equilibra estas informações sou eu, aí é a diferença do verdadeiro artista (pessoa que leva a arte com profundidade) e aqueles que só copiam o que lhes inspira.

Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória:

Guto Bitu - Minha trajetória é algo que ainda começa, apesar de estar inserido no mundo da arte desde criança, mas para mim está apenas se iniciando e como todo início tem pouca coisa pra falar e muito mais a se observar. É por isso que insisto sempre em algo tão rebuscado para me expressar.

Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?

Guto Bitu - Tenho medo de falar sobre política, pois não a vivemos na real e sim a politicagem, então nesse assunto estou fora, isso me parece mais com time de futebol. Sou um crítico social e comportamental esses universo só me serve como matéria prima e não como medida.
Não gosto nem de botar arte perto de política que é para não sujar a arte.

Alexandre Lucas - Você é um artista com forte preocupação ambiental?

Guto Bitu - Sempre fui e sempre serei.

Alexandre Lucas - Quais os trabalhos que você já fez neste sentido?

Guto Bitu - Tudo. Sempre tenho como preocupação a natureza que estou inserida.

Alexandre Lucas - Como surgiu a poesia na sua vida?

Guto Bitu - Como um desafio, de repente, embolada, martelando, galopando a beira mar. Via a poesia como iluminação, como dom e eu que era um reles mal aluno, não teria essa iluminação divina. Até o dia que me disseram: duvido que tu faças, fiz e tirei o primeiro e o terceiro lugar com as minhas respectivas primeira e segunda poesias escritas, com esse incentivo nunca mais parei, tenho necessidade de escrever, detesto ler, sei que é meio egoísta, contudo poesia é minha terapia e se tenho público é por que eles tem identificação com minhas inquietações.


Alexandre Lucas - Qual a importância de você ser membro da Academia dos Cordelistas do Crato?

Guto Bitu - A Academia pra mim é algo nostálgico, me faz lembrar mestre Elói, meu primeiro grande incentivador na poesia. Tento permanecer lá, apesar de minha vida irregular e cigana, com a missão, que a maioria lá abraçou: prosseguir com sonho de seu Elói e não deixar a nossa querida literatura de cordel morrer.

Alexandre Lucas - O humor e a urbanidade é uma das características do seu trabalho?

Guto Bitu - Acho que refletimos nossas realidades. Apesar de achar que no trabalho não exista humor, nem quando se é palhaço. Vejo minha obra cercada do comportamento cearense, se divertir é básico pra mim, então isso se reflete no que eu faço. Já o urbanismo está em mim como as seqüelas de uma tuberculose, não posso retirar esse universo depois de ter passado tanto tempo inserido nessa fria realidade.

Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Guto Bitu - Essa só vou poder responder se você substituir essa palavra trabalho, creio eu que queira dizer obra e isso só vou poder responder 30 anos depois de morrer.

Alexandre Lucas – Quais os seus próximos trabalhos?

Guto Bitu - Nenhum se tudo der certo, sombra e água fresca. Trabalho é pra escravo eu já me alforriei.

A "face oculta" do Demóstenes - José Nilton Mariano Saraiva

O “jeitão” carrancudo e a retórica afiada, versando preferencialmente sobre ética, moral e seriedade na política (qualquer semelhança com o modus operandi do “mito” Rui Barbosa será mera coincidência, ou a lição foi bem assimilada ???), de certa forma moldaram a imagem do “ínclito” (???) senador goiano Demóstenes Torres (Democratas-GO) como um paladino da justiça, defensor dos descamisados e ícone da moralidade (além do que, sua excelência trazia no currículo a condição de ex-promotor de justiça e ex-secretário de segurança do seu Estado natal - Goiás).
Mas, como não existe crime perfeito (lembremo-nos que as falcatruas e desmandos do Rui só vieram a público recentemente), eis que o distinto vacila e a Polícia Federal (ainda lá em 2009) o flagra em mais de trezentos telefonemas (em apenas sete meses) com o criminoso Carlinhos Cachoeira, com o qual mantinha estreita amizade (e o mais incrível nisso tudo é que, a posteriori, ao ser questionado sobre de que tratavam, o “Doutor” Demóstenes, irônico e zombador, limitou-se a “zonar” com a cara de todos nós, ao dizer-se “conselheiro sentimental” do amigo).
No entanto, como não há coisa melhor que um dia atrás do outro (com uma noite no meio), eis que aconteceu o bendito “vazamento” para a imprensa e por extensão ao público (quem o terá feito ???) do teor dos tais telefonemas (autorizados pela Justiça), expondo a “face oculta” do ilustre Senador da República: descobriu-se, por exemplo, que ele tinha recebido de presente um telefone importado exclusivo (Nextel, linha direta, habilitado nos EE.UU.) para “contatos imediatos” com o “chefe”; que fora agraciado pelo próprio, quando do casamento, com um fogão e uma geladeira de luxo, também trazidos dos EE.UU.; que solicitara e conseguira uma “ajudazinha” de módicos R$ 3.000,00 para pagar um táxi-aéreo e principalmente, que cientificava, minuciosamente, ao “bicheiro-contraventor”, do teor de informações privilegiadas sobre ações dos três poderes federais: executivo, legislativo e judiciário.
Mais grave ainda: segundo a insuspeita revista Carta Capital, o senador teria direito a 30% da arrecadação total do esquema de jogos clandestinos comandados por Carlinhos Cachoeira (no estado de Goiás), que, em seis anos, teria movimentado míseros, irrisórios e desprezíveis (???) R$ 170 milhões.
E só assim, depois de pressionado e soterrado por esse verdadeiro terremoto de graves denúncias, oriundas das tais interceptações telefônicas e disponibilizadas ao público, foi que o Procurador Geral da República se viu literalmente “obrigado” a desengavetar o processo (de 2009) e acionar o Supremo Tribunal Federal para as providências cabíveis, enquanto que o Senado Federal deverá submetê-lo ao seu “Conselho de Ética”, objetivando uma possível cassação do mandato (neste momento, até os companheiros de partido, à frente o também mafioso José Agripino Maia, já ensaiam uma debandada geral).
Você, aí do outro lado da telinha, acredita mesmo que resultará alguma coisa, ou prevalecerá o velho e arcaico corporativismo (no Supremo e no Senado) ???
Mas... e a “grana” recebida, será devidamente reembolsada ???
Ou será que somente a desmoralização pública será suficiente pra penalizar essa corja de malfeitores, travestidos de “representantes do povo” ???

Convite Missa


Caros Amigos,

A Missa de Sétimo Dia de D. Ninette acontecerá na próxima Sexta-Feira - Dia 30 - na Igrejinha de N. S. de Fátima , no Pimenta , às 17 H. A Família agradece antecipadamente a presença de todos que puderem comparecer .



Dia - 30 de Março ( Sexta )

Hora - 17 : 00 H
Local - Igreja N. S. de Fátima ( Pimenta )

Alô, alô, aniversariante do dia!


Ele é músico, artesão, pintor, escultor, dançarino, professor de ioga, fotógrafo, e sobretudo um grande poeta!


Adivinhe o nome da pessoa, e deixe um abraço!


O meu está dado com desejos de  felicidades.




"Rabecas Sertanejas", crônica de Ana Miranda para O POVO (14.5)

Andava por aqui, fazendo serviços de eletricidade, o senhor Xavier, e entre uma conversa e outra ele acabou me contando que era rabequeiro. Homem magro, de cabelos brancos, olhos fundos e descorados, meio quixotesco, mostrava uma disposição e leveza para a vida que pareciam vir da música, ou, quem sabe, o espírito musical tenha sido inspirado por uma natural alegria. É um milagre do isolamento sertanejo que ainda existam rabequeiros. Em Portugal, não há mais, e as rabecas vieram de lá, com os primeiros colonos nas caravelas, tangendo seus sofrimentos sobre as ondas do oceano. Mas, aqui, rabequeiros estão por todo lado, como um secreto tesouro da história de nossa música e de um passado sentimental. Vi, num maravilhoso livro de Gilmar de Carvalho, Rabecas do Ceará, um levantamento feito há poucos anos em nossos sertões, perto de cem desses instrumentistas, e cada um deles cita um bocado de outros. Lindas fotos, comoventes depoimentos. As falas de cada rabequista são transportadoras de um mundo de muita dignidade e rudeza, que respeita uma moral de origem, e a compostura, mostrando-se num palavreado meigo e ancestral: zuadinha, entonce, fui eu que instruciei um martelo agalopado de oito linhas... Chiquim pegue o violim pra eu descansar meus dedos! Chico Ferreira, feitor de violino, O bichim tem que ser toadista mesmo, Tá aqui a rabeca é sua, você tem cuidado, porque isso aqui ensina tudo, o que é bom e o que não presta.

As histórias da vida desses rabequistas se parecem, quase todos são lavradores, quase todos eram meninos quando começaram a tocar, quase todos aprenderam sozinhos, ao ouvirem outro rabequeiro e sentirem o chamado da vocação. Uma latinha de pólva, um braço de madeira... "Só porque eu vi os outros por ali e eu aprendi a afinar a rabeca e ela ali ensina a gente, né". Eles fazem o próprio instrumento. Conseguem com outro músico o molde, escolhem a madeira a seu gosto e critério, uns preferem raiz de juazeiro, outros, umburana de espinho, ou inharé, e compensado para o texto, pescoço de pau-d-arco, rabequinha de buriti, raiz de pau de timbaúba, cedro de lei talhado com uma faca velha, ou rabecas de folha de flandres, de bambu... Montam, colam, pregam, pintam, acabam, botam as quatro cordas, fazem o arco, estendem a crina, untam com breu. As histórias que eles contam da primeira rabeca são de cortar o coração, "O violino que recebi foi este. Que ele me prometeu, e depois da morte, o menino veio deixar". Ou o pai que descobriu o filho tocando escondido no mato e o surrou com chicote. Mas, um dia, depois de muita vontade e sonhos, apoiam o arrabil no peito e vão aprender o mais difícil, que é a afinação, em quintas, sol ré lá mi. Cada rabeca tem um jeito, um material, e um som. Todas são únicas. São difíceis de tocar, pois não há travejamento para marcar o lugar da nota. "As notas invisíveis quem faz é a cabeça da gente". Aprendem sem be-a-bá, "Com pouca hora tava encontrando o toque". Depois, vão conhecer quebra de tom. Saem a tocar o xote, a valsa, mazurca, o choro mole, baião, samba, as musgas do Gonzaga... "Na hora eu tocava um quinado, hum, eu fazia a rabeca falar". Uns compõem músicas, "Eu tiro uma música até duma música dum passarinho". Tocavam nas latadas, nos reisados, em casamentos ou leilões, nas brincadeiras, em Casimiro coco... Romances de apartação, lendas, versos satíricos... Eram muito requisitados, mas pagos na maior parte com uns goles de cana. "Naquele tempo, era promessa e o tocador tocava a noite inteira, até o sol nascer... Nove jornadas..." Um dia chegou a sanfona, a grande sanfona de Gonzaga, respeitáveis oito baixos, de som amplo e sem o plangente escorrido das cordas tensas. Muitos desses rabequeiros largaram o instrumento, não têm mais onde tocar, outros só tocam nos templos protestantes. ``Aí foi caindo, caindo, caindo, pronto. Ninguém quis mais." "Ninguém mais sabe nem se o tocador é bom."

Nunca tive a oportunidade de ouvir a rabeca de seu Xavier, mas escutei outros rabequistas, e adoro o som rude, quase arranhado, o toque rascante, sentido e tristonho, que carrega uma melancolia moura, assim como os sons medievais que faziam os dançarinos saltarem, ou os sentimentos das poesias seguidas pelos menestréis. Um som lunar, um violino ancestral e desobediente, que prefere as pancadas do braço, o ritmo, o som rasgado, e se reinventa na criação constante da sensibilidade sertaneja. As lágrimas dos descendentes do antigo rabab carregam o orgulho de uma sabedoria distinta.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Frases marcantes de Millôr Fernandes- Colaboração de Zélia Moreira




"Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira pra matar.”

“O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a matéria prima.”

“O homem é o único animal que ri. E é rindo que ele mostra o animal que é.”

“Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados.”

“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos muito bem.”

“O otimista não sabe o que o espera.”

“Eu também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto.”

“Nunca ninguém perdeu dinheiro apostando na desonestidade.”

“Brasil, condenado à esperança.”

“Brasil; um filme pornô com trilha de Bossa Nova.”

“Todo homem nasce original e morre plágio.”

“O dedo do destino não deixa impressão digital.”

“Sabemos que VOCÊ, aí de cima, não tem mais como evitar o nascimento e a morte. Mas não pode, pelo menos, melhorar um pouco o intervalo?”


" Quando os eruditos descobriram a língua, ela já estava completamente pronta pelo povo. Os eruditos tiveram apenas que proibir o povo de falar errado".

"A infância não, a infância dura pouco. A juventude não, a juventude é passageira. A velhice sim. Quando um cara fica velho é pro resto da vida. E cada dia fica mais velho."

"Não devemos odiar com fins lucrativos. O ódio perde a sua pureza".

"Um Homem só é completo quando tem família; mulher e filhos. Desculpe: completo ou acabado?"

"Deus é realmente um ser superior. Não há nada nem parecido no Governo Federal".

"Prudência: E devemos sempre deixar bem claro que nenhum de nós, brasileiros, é contra o roubo. Somos apenas contra ser roubados".

"Feliz é o que você percebe que era, muito tempo depois".

"Aprenda de uma vez: Se você acordou de manhã é evidente que não morreu durante a noite. A felicidade começa com a constatação do óbvio".

"Nem só comer e coçar é questão de começar. Viver também".

"Os ateus têm um Deus em que nem eles acreditam".

"O melhor do sexo antes do casamento é que depois você não precisa se casar".

"Tudo na vida tem uma utilidade - se não fosse o mau cheiro quem inventaria o perfume?"

"Voto de pobreza, obviamente só pode ser feito por rico".


"Repito um velho conselho, cada vez mais válido, sobretudo pro Congresso: Quando alguém gritar “- Pega ladrão”, finge que não é com você"

As Trombadas da Semana - José do Vale Pinheiro Feitosa

O papa Bento XVI termina sua visita a Cuba reunindo-se com o octogenário Fidel Castro. Para desespero das hienas raivosas que se refestelam por causa do leão americano (as hienas comem os restos da caça leonina) houve o encontro dos velhinhos. Aliás, o Papa não derrubou o regime, até ajudou a paz interna do país e o seu processo de restruturação. Como todo processo, um dia os dogmas serão superados, os modelos modificados e novas formas de ser cubano surgirão. A ideia da geração de Fidel tem algo assemelhado ao espírito de José Marti: Cuba pra os cubanos. Se isso se mantiver no futuro a revolução terá sido vitoriosa. Isso é o mínimo, mas ter sobrevivido como um regime comunista, contra todas as formas distintas e adversárias, isso é um achado digno de atenção.

Vimos a resposta de Medvedev a Mitt Romney que disputa as primárias do partido republicano. Mitt classificou a Rússia como inimigo geopolítico número 1 dos EUA. A resposta de Medvedev teve o efeito de uma trombada sobre o ranço da direita americana (que, aliás, é internacional, até por aqui os argumentos são iguais) fazendo-lhes duas recomendações: "Primeira, quando declarar sua posição, é preciso usar a cabeça, usar a razão, sem prejudicar um candidato a presidente; além disso, olhem o relógio: estamos em 2012, não em meados da década de 1970." Mais ainda: "Com relação aos clichês ideológicos, toda vez que este ou aquele lado usa frases como 'inimigo número 1' isso sempre me alarma, isso cheira a Hollywood e a certas épocas (da Guerra Fria)".

Há muitas coisas erradas na reportagem da Globo sobre os corruptos do hospital da UFRJ. Na base e na conclusão da matéria. Mario Augusto Jakobiskink chamou a atenção para a primeira: um repórter a serviço de agentes privados não pode se passar por um agente público. Isso seria uma ação da polícia federal. Se aceitarmos a afronta legal a prática pode ser exercida por qualquer um e todos veriam os interesses privados conduzindo os interesses públicos. A conclusão básica é que o público é corrupto, que não é preciso mais dinheiro para o SUS e o melhor são planos de saúde. Este povo ainda vive a fantasia de um Brasil para poucos sem pensar na guerra civil de todos os dias.

A história do Senador Demóstenes Torres é bíblica. E quando leio a raiva moralista do velho udenismo sinto uma pena tremenda da fé cristã. O ranço moralista parece ter Cristo em bandeiras de pano bem à mostra enquanto mataram a ideia em seus corações. Cristo acusava duas coisas principais: o poder de Roma na pessoa de César e o poder corrupto do judaísmo nas pessoas dos escribas e fariseus. Por isso quando imaginam Cristo como um símbolo etéreo estes enganadores negam o quanto ele foi a matéria da história de seu tempo e com uma viagem política profundamente enraizada numa espiritualidade cheia das marcas deste tempo.

Não é figura de linguagem. É a agonia de um ser humano diante da humilhação pública e vergonhosa do Procurador Geral da República Roberto Gurgel em relação ao caso Demóstenes Torres. Desde 2009 ele tem a denúncia e não moveu um milímetro do assunto. Depois que o Jornal Nacional “deu-lhe a palavra”, ele saiu com o “rabo entre as pernas” feito um cão enxotado a fazer o que não tinha feito até então. Sinceramente eu gostaria de pertencer a uma espécie de ser vivo mais digna de estar no mundo.

ADEMILDE FONSECA - Por Norma Hauer


MAIS UMA QUE PARTIU

A RAINHA DO CHORINHO

Ela nasceu e partiu num mês de março.

Ademilde Fonseca nasceu no dia 4 de março de 1921, no interior do Rio Grande do Norte; quando tinha 4 anos sua família mudou-se para Natal, onde residiu, casou-se e veio para o Rio de Janeiro em 1941. Já no ano seguinte (1942) se apresentou no programa Papel Carbono, de Renato Murce.

No mesmo ano, acompanhada pelo regional de Benedito Lacerda interpretou, durante uma festa, o choro "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu, com letra de Eurico Barreiros.

Até então, choros, de um modo geral, não tinham letras; eram apenas musicados.

Benedito gostou tanto de sua interpretação que tomou a iniciativa de levá-la aos estúdios da gravadora Columbia, na época dirigida pelo compositor João de Barro (Braguinha).

Em agosto desse mesmo ano gravou seu primeiro disco, um 78 rotações tendo na face A o chorinho “Tico-Tico no Fubá” e na B o samba “Voltei p’ro Morro”, de Vicente Paiva, antes gravado por Carmen Miranda.

Gravou também, o samba “Racionamento”, de Humberto Teixeira e Caio Lemos. Esse samba se relacionava com o racionamento de gasolina, açúcar, carne.. que o país viveu no tempo da guerra.

A partir daí, passou a ser conhecida como a “Rainha do Chorinho” . O mais interessante é que ela cantava muito rápido , fato que outras tentaram imitar, mas não conseguiram. Era incrível como tinha facilidade de cantar rapidamente, sem errar ou perder qualquer palavra.



Em 1943 foi contratada pela Rádio Tupi, atuando com o conjunto de Rogério Guimarães.

Em 1945 gravou seu maior sucesso : “O Que Vier eu Traço”, de Oswaldo Medeiros e Zé Maria. E, em ritmo de choro, a tradicional polca (ainda dos anos 10) “Rato”, de Claudio da Costa e Casimiro Rocha.

Em 1950, depois de ficar algum tempo sem gravar, gravou “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo e “Teco-Teco”, de Milton Vilela e Pereira da Costa. Ambos fizeram grande sucesso..

Em 1952, acompanhada da orquestra Tabajara fez uma temporada na França, participando, em Paris, de um espetáculo produzido por Assis Chateaubriand.

A partir de 1954 passou a fazer parte do elenco da Rádio Nacional, que era o sonho de todos os artistas da época.

Em1958 gravou um LP de nome “A La Miranda”, com músicas do repertório de Carmen, da autoria de Assis Valente, como “Uva de Caminhão”; “Recenseamento”... e em 1959, regravou “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso.

Continuou sua carreira, até que em 1961 excursionou pela Espanha e Portugal. MPB

MAR

Em 1997 ela, com as colegas Carmélia Alves, Ellen de Lima, Nora Ney, Rosita Gonzáles e Violeta Cavalcanti, criaram um conjunto a que deram o nome de “As Éter nas Cantoras do Rádio”.

Esse conjunto participou de teatros e rádio e começou a se desfazer com as saídas de Nora Ney e Rosita Gonzáles

Depois disso, passaram a cantar separadamente. Exceção de Violeta Cavalcanti que se encontra adoentada.

Em 2010 apresentou-se no Clube Militar em um espetáculo idealizado pelo cantor Jorge Goulart.

Todos os anos cantava músicas tradicionais do carnaval, em um tablado montado em frente à Câmara dos Vereadores , na Cinelândia, que de Cinelândia não tem mais nada.

Em 2011, após completar 90 anos na véspera do carnaval, tornou a se apresentar naquele tablado .

Em junho de 2011 junho compareceu e foi ovacionada na mesma Câmara dos Vereadores, quando o radialista Osmar Frazão foi condecorado com a Medalha Pedro Ernesto por seus serviços prestados à Rádio Nacional.

Neste mês de março, no dia 5, completou 91 anos e antes, no dia 1°, em uma festa em homenagem ao aniversário da cidade do Rio de Janeiro apresentou-se na Igrja dos Capuchinhos.

Foi sua última apresentação em público

Ontem à noite, em sua residência, uma morte repentina a levou, quando ainda aparentava estar bem.

E assim, mais um grande vulto de nossa música popular partiu para a viagem sem volta, mas foi-se encontrar com inúmeros artistas que partiram antes dela.


Norma

ASELINO MOREIRA - Adelino Moreira -Por Norma Hauer


Foi no dia 28 de março de 1918 que nasceu , em Portugal, Adelino Moreira de Castro ou simplesmente ADELINO MOREIRA, compositor que se entrosou bem com nossa música, sendo autor de vários sucessos, principalmente na voz de Nelson Gonçalves.
Com apenas 1 ano, veio com sua família para o Brasil, indo residir no bairro de Campo Grande, aqui no Rio, onde viveu toda sua vida.

Em 1948, voltou a Portugal, onde gravou músicas brasileiras.

Regrtesssou ao Brasil no início dos anos 50, período em que passou a compor mais canções.

Como já dissemos acima, grande parte de sua obra foi gravada por Nelson Gonçalves, para quem compunha desde 1952, .

"Última Seresta" foi sua primeira canção gravada. E a mais famosa, “A Volta do Boêmio”, é uma resposta àquela.

Nem só de Nelson Gonçalves viveu ADELINO MOREIRA,

Foi ele quem “descobriu” a cantora Núbia Lafayete, em 1959, a quem deu dois sambas:”Devolvi” e “Solidão”.

“Devolvi” foi o maior sucesso da cantora

“ Outro cantor foi lançado por Adelino Moreira: Carlos Nobre, em 1964. Este teve, em “Negue” seu primeiro grande sucesso, embora não fosse o primeiro a gravá-lo. Quem o fez foi Carlos Augusto.

Nessa época havia rompido com Nelson Gonçalves e quem lucrou foi Carlos Nobre.

Somente em 1975 voltou a gravar com Nelson Gonçalves.

Em 1971, Teixeirinha (outro aniversariante de março) grava em seu LP: "Num Fora de Série" a música: "A Volta do Boêmio".

Em 1972, Teixeirinha grava a música: "Perdoar é Divino"; sendo esta canção da trilha sonora de dois filmes estrelados pelo cantor: "Ela Tornou-se Freira" e "Teixeirinha a 7 Provas".

Suas músicas mais regravadas são "Negue" (composta em dupla com Enzo de Almeida) e "a



A VOLTA DO BOÊMIO



Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição.
Voltei pra rever os amigos que um dia
Eu deixei a chorar de alegria; me acompanha o meu violão.
Boemia, sabendo que andei distante,
Sei que essa gente falante vai agora ironizar:
"Ele voltou! O boêmio voltou novamente.
Partiu daqui tão contente.

Por que razão quer voltar?"


Acontece que a mulher que floriu meu caminho
De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração,
Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir:
"Meu amor, você pode partir, não esqueça o seu violão.
Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas.
Vá sonhar em novas serenatas e abraçar seus amigos leais.
Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
Em saber que depois da boemia
É de mim que você gosta mais

No dia 9 de maio de 2002, encontrava-se em sua casa, como sempre em Campo Grande, quando um infarto fulminante o levou aos 84 anos.

Norma Hauer

terça-feira, 27 de março de 2012

Ao Emerson Monteiro - José do Vale Pinheiro Feitosa

Emerson Monteiro tem a natureza de um ser a decifrado. O rosto severo de um sertanejo que não se derrete ao sol e uma disciplina no trabalho acompanhada de compromissos desta mesma origem cultural. Mas o contato revela um ser suave e muito atento ao outro. Tem o espírito voltado para o coletivo, os seus textos revelam isso, suas posturas na vida, sua militância e suas posições de princípios. Nessa fase da vida, não sei bem de quando ou se não foi de sempre, tem se revelado com uma sensibilidade religiosa universal, que junta oriente e ocidente, além de uma história de lutas sociais.

A beleza do aniversário não é a contagem do tempo, é aguçar a beleza de termos gente como ele neste momento em curso. Convenhamos é uma grande companhia nesta estrada.

Salve, Emerson!



Antes que o dia acabe, nosso abraço de parabéns e desejos de felicidades!
Você é tão nosso, tão querido...!
Nos encontramos  no começo do dia.Nas minhas correrias, esqueci que o dia era seu!


Feliz aniversário,amigo!
Particularmente, obrigada por fazer parte da minha vida.

A "amargura" do Chico - José Nilton Mariano Saraiva

Muito já se escreveu e se comentou sobre o falecimento do “gênio” Chico Anísio, o cearense motivo de orgulho pra todos nós, seus conterrâneos; também muito já se falou sobre a sua incrível criatividade e versatilidade, capaz de nos brindar com mais de duzentos tipos, todos absolutamente convincentes e capazes de arrancar riso escancarado do mais sisudo dos mortais. Chico Anísio foi, pois, um iluminado, a quem muito devemos.
Estranhamente, no entanto, ninguém fez qualquer comentário ou se ateve às entrelinhas e detalhes da sua última entrevista para a Rede Globo, quando, já visivelmente debilitado em razão do severo tratamento a que vinha se submetendo, prestou homenagem à atual mulher e teceu comentários sobre temas variados à belíssima repórter Patrícia Poeta, do “cast” global.
Pois bem, lá pras tantas, certamente que já ciente do seu delicado estado de saúde, o “homem” se sobrepôs ao artista, o “ser humano” se impôs ao humorista, o “irreverente” cedeu lugar a um sombrio personagem e, claramente amargurado, aflorou um Chico Anísio a reclamar do desprezo a que havia sido relegado, do sumiço de “espaço” na televisão, da repentina falta de “trabalho” e de como haviam “batido” nele nos últimos tempos.
E, finalizando, para que dúvidas não pairassem e todos tomassem conhecimento, categoricamente afirmou que o responsável pela triste e vexatória situação em que se encontrava estava vivo e, certamente, assistiria àquela entrevista.
Portanto, agora, que a Rede Globo se apressa em “homenageá-lo” reprisando seus melhores momentos (nada mais justo), sobra a indagação: quem, da cúpula global, seria o responsável pela “amargura” do Chico ???

segunda-feira, 26 de março de 2012

MIGUEL GUSTAVO- por Norma Hauer



P’ra frente Brasil!

Ele nasceu em 24 de março de 1922 e recebeu um nome longo: Miguel

Gustavo Werneck de Souza Martins, mas teve uma vida curta, não

chegando a completar 50 anos. Ficou conhecido como MIGUEL

GUSTAVO.

E como Miguel Gustavo ele foi o responsável por vários “jingles” que

circularam pelo rádio e pela televisão.

Mas destacou-se com aquele que foi considerado o hino da Copa do

Mundo, quando o Brasil foi tri-campeão em 1970. Aliás, 1970 só foi ano de

júbilo para o futebol.

“90 milhões em ação,

P’ra frente Brasil

Do meu coração.

Todos juntos, vamos,

P’ra frente Brasil,

Salve a Seleção.



De repente

É aquela corrente p’ra frente,

Parece que todo o Brasil deu a mão.

Todos juntos, juntos...

P’ra frente Brsil

Salve a Seleção”



Como radialista, Miguel Gustavo iniciou sua carreira aos 19 anos, na

Rádio Vera Cruz, como discotecário,e depois apresentando o programa

“As mais belas frases”

Seu primeiro sucesso, porém, foi um samba gravado por Jorge Veiga,

ironizando os colunistas sociais em grande voga nos anos 50. Seu nome

“Café Soçaite”. Na onda desse sucesso, compôs, ainda para Jorge Veiga

gravar, os sambas “Boite Tralalá” e “O Que é o Café Soçaite”, que tiveram

menos êxito que o primeiro.



Em 1958 Elizeth Cardoso gravou o samba “E Daí, e Daí?” e nesse mesmo

ano Carequinha fez todo o povo cantar:



“Ela é fã da Emilinha,

Não sai do César de Alencar

Grita o nome do Caubi

E depois de desmaiar

Pega a Revista do Rádio

E começa a se abanar...”



Era uma alusão às chamadas “macacas de auditório” que esqueciam tudo

para tomar parte nos programas populares da Rádio Nacional.

Outra grande produção de Miguel Gustavo que “pegou” na época do Dia

do Papai foi “È Sempre o Papai”, gravado por Zezé Gonzaga, que se tornou

uma espécie de hino daquela data.

O cantor Moreira da Silva, que fez grande sucesso nos anos 30 e 40, estava meio afastado dos estúdios.

No início dos anos 60, Miguel Gustavo

”transformou-o” em uma espécie de artista do faroeste americano dando-lhe

para gravar os sambas de breque “O Último dos Moicanos”; “O Rei do

Gatilho”; “O Sequestro de Ringo” e, ainda como “gozação”, “O Rei do

Cangaço”, "O Canto do Pintor” e “Morengueira contra 007”.

Seus “jingles” famosos ele começou a compor em meados dos anos 50,

iniciando com um para as “Casas da Banha”:



“Vou Dançar o Chá-Chá=Chá,

Casas da Banha...”



Depois vieram para o Leite Glória, para o Toddy, para a Varig, para a

abertura do programa do Chacrinha, para vários outros produtos , assim

como para campanhas políticas, de Sarney (desde deputado) Juscelino e

Jango

“É Jango, é Jango

É o Jango Goulart”.



Miguel Gustavo foi casado com a também radialista Sagramour de

Scuvero, que mantinha um programa radiofônico com o nome de “O

Mundo Não Vale seu Lar”.


Sagramour e Lígia Lessa Bastos, foram as primeiras mulheres eleitas

vereadoras no Rio de Janeiro, quiçá no Brasil.

Pouco antes de falecer, Miguel Gustavo gravou um LP só com músicas

natalinas suas e de outros compositores.

Sem mesmo completar 50 anos, Miguel Gustavo faleceu em 22 de janeiro

de 1982.


Norma