dino boy, um amigo nosso, que morreu em 2003 num acidente de moto
de madrugada.
silêncio, um pouco de frio no asfalto
as luzes de um laranja quase cansado
que os olhos sofrem de ir além de certos metros
os amigos trancafiados no sono
grades ao redor dos corpos
incapazes de alcançar o barulho do motor,
de estender a mão a seu corpo
de manhã.
a escada por onde seus passos vinham
de luz branca embebida
não imagina:
o dia se fez órfão de você
nós, privados de sua voz
mas tudo parece intacto,
manchas de sangue são distante
jamais nessas portas tal imagem
quem desconfiaria, dino?
quem? diga! diga, dino!
inocentes, caminhamos
de boa fé, tomamos café,
cotidianos, sem você,
colhemos um pouco do dia
sem que soubéssemos
de tarde.
mas veio a notícia,
angústia de não podermos
erguer seu corpo dessa incerteza
e trazê-lo à luz
aos sons da vida, ao calor das mãos
isso é certo,
nosso círculo se aperta,
um pouco de nós transubstancia-se
em cinzas, capim seco, pedra,
relâmpago e vento
um pouco de nós transubstancia-se
em cinzas, capim seco, pedra,
relâmpago e vento
02.05.03
Nenhum comentário:
Postar um comentário