por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 27 de março de 2012

A "amargura" do Chico - José Nilton Mariano Saraiva

Muito já se escreveu e se comentou sobre o falecimento do “gênio” Chico Anísio, o cearense motivo de orgulho pra todos nós, seus conterrâneos; também muito já se falou sobre a sua incrível criatividade e versatilidade, capaz de nos brindar com mais de duzentos tipos, todos absolutamente convincentes e capazes de arrancar riso escancarado do mais sisudo dos mortais. Chico Anísio foi, pois, um iluminado, a quem muito devemos.
Estranhamente, no entanto, ninguém fez qualquer comentário ou se ateve às entrelinhas e detalhes da sua última entrevista para a Rede Globo, quando, já visivelmente debilitado em razão do severo tratamento a que vinha se submetendo, prestou homenagem à atual mulher e teceu comentários sobre temas variados à belíssima repórter Patrícia Poeta, do “cast” global.
Pois bem, lá pras tantas, certamente que já ciente do seu delicado estado de saúde, o “homem” se sobrepôs ao artista, o “ser humano” se impôs ao humorista, o “irreverente” cedeu lugar a um sombrio personagem e, claramente amargurado, aflorou um Chico Anísio a reclamar do desprezo a que havia sido relegado, do sumiço de “espaço” na televisão, da repentina falta de “trabalho” e de como haviam “batido” nele nos últimos tempos.
E, finalizando, para que dúvidas não pairassem e todos tomassem conhecimento, categoricamente afirmou que o responsável pela triste e vexatória situação em que se encontrava estava vivo e, certamente, assistiria àquela entrevista.
Portanto, agora, que a Rede Globo se apressa em “homenageá-lo” reprisando seus melhores momentos (nada mais justo), sobra a indagação: quem, da cúpula global, seria o responsável pela “amargura” do Chico ???

3 comentários:

socorro moreira disse...

Os ídolos também sofrem a marginalização...
Zé Nilton, vens pra festa do Hugo?

Abs

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Zé, eu não lembro bem daquele personagem que se dizia funcionário da globo e mostrava o crachá. Embora a Globo o tenha mostrado bastante com o fito de ligá-lo à emissora, se não me engano o personagem criticava exatamente esta arrogância da emissora. O personagem avocava ser funcionário como uma carteirada do velho coronelismo. Parece que a direção não viu isso. Eu não vi a entrevista, mas se conheço o Chico ele não deixava isso por menos. Ele era um gênio que conhecia bem o chão de fábrica da emissora. Ele era tão da terra que ao dizer que não tinha medo de morrer, revela a pena que tinha de não ver os netos e os bisnetos crescerem

jose nilton mariano saraiva disse...

Zé do Vale,

Se não estamos enganados, o personagem em evidência se chamava "Bozó" (ou coisa parecida)e o seu bordão tradicional era "...eu trabalho na Globo",mui usado e abusado quando necessitava "abrir portas" (principalmente com as mulheres).
Quanto à entrevista, foi a um só tempo comovente e triste, em razão dos evidentes sinais de exaustão do Chico (certamente em razão da medicação pesada que estava fazendo uso), assim como da dificuldade até de expressar-se.