por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 28 de março de 2012

ADEMILDE FONSECA - Por Norma Hauer


MAIS UMA QUE PARTIU

A RAINHA DO CHORINHO

Ela nasceu e partiu num mês de março.

Ademilde Fonseca nasceu no dia 4 de março de 1921, no interior do Rio Grande do Norte; quando tinha 4 anos sua família mudou-se para Natal, onde residiu, casou-se e veio para o Rio de Janeiro em 1941. Já no ano seguinte (1942) se apresentou no programa Papel Carbono, de Renato Murce.

No mesmo ano, acompanhada pelo regional de Benedito Lacerda interpretou, durante uma festa, o choro "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu, com letra de Eurico Barreiros.

Até então, choros, de um modo geral, não tinham letras; eram apenas musicados.

Benedito gostou tanto de sua interpretação que tomou a iniciativa de levá-la aos estúdios da gravadora Columbia, na época dirigida pelo compositor João de Barro (Braguinha).

Em agosto desse mesmo ano gravou seu primeiro disco, um 78 rotações tendo na face A o chorinho “Tico-Tico no Fubá” e na B o samba “Voltei p’ro Morro”, de Vicente Paiva, antes gravado por Carmen Miranda.

Gravou também, o samba “Racionamento”, de Humberto Teixeira e Caio Lemos. Esse samba se relacionava com o racionamento de gasolina, açúcar, carne.. que o país viveu no tempo da guerra.

A partir daí, passou a ser conhecida como a “Rainha do Chorinho” . O mais interessante é que ela cantava muito rápido , fato que outras tentaram imitar, mas não conseguiram. Era incrível como tinha facilidade de cantar rapidamente, sem errar ou perder qualquer palavra.



Em 1943 foi contratada pela Rádio Tupi, atuando com o conjunto de Rogério Guimarães.

Em 1945 gravou seu maior sucesso : “O Que Vier eu Traço”, de Oswaldo Medeiros e Zé Maria. E, em ritmo de choro, a tradicional polca (ainda dos anos 10) “Rato”, de Claudio da Costa e Casimiro Rocha.

Em 1950, depois de ficar algum tempo sem gravar, gravou “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo e “Teco-Teco”, de Milton Vilela e Pereira da Costa. Ambos fizeram grande sucesso..

Em 1952, acompanhada da orquestra Tabajara fez uma temporada na França, participando, em Paris, de um espetáculo produzido por Assis Chateaubriand.

A partir de 1954 passou a fazer parte do elenco da Rádio Nacional, que era o sonho de todos os artistas da época.

Em1958 gravou um LP de nome “A La Miranda”, com músicas do repertório de Carmen, da autoria de Assis Valente, como “Uva de Caminhão”; “Recenseamento”... e em 1959, regravou “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso.

Continuou sua carreira, até que em 1961 excursionou pela Espanha e Portugal. MPB

MAR

Em 1997 ela, com as colegas Carmélia Alves, Ellen de Lima, Nora Ney, Rosita Gonzáles e Violeta Cavalcanti, criaram um conjunto a que deram o nome de “As Éter nas Cantoras do Rádio”.

Esse conjunto participou de teatros e rádio e começou a se desfazer com as saídas de Nora Ney e Rosita Gonzáles

Depois disso, passaram a cantar separadamente. Exceção de Violeta Cavalcanti que se encontra adoentada.

Em 2010 apresentou-se no Clube Militar em um espetáculo idealizado pelo cantor Jorge Goulart.

Todos os anos cantava músicas tradicionais do carnaval, em um tablado montado em frente à Câmara dos Vereadores , na Cinelândia, que de Cinelândia não tem mais nada.

Em 2011, após completar 90 anos na véspera do carnaval, tornou a se apresentar naquele tablado .

Em junho de 2011 junho compareceu e foi ovacionada na mesma Câmara dos Vereadores, quando o radialista Osmar Frazão foi condecorado com a Medalha Pedro Ernesto por seus serviços prestados à Rádio Nacional.

Neste mês de março, no dia 5, completou 91 anos e antes, no dia 1°, em uma festa em homenagem ao aniversário da cidade do Rio de Janeiro apresentou-se na Igrja dos Capuchinhos.

Foi sua última apresentação em público

Ontem à noite, em sua residência, uma morte repentina a levou, quando ainda aparentava estar bem.

E assim, mais um grande vulto de nossa música popular partiu para a viagem sem volta, mas foi-se encontrar com inúmeros artistas que partiram antes dela.


Norma

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