por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 2 de março de 2012


Quase nunca perco o último capítulo de novelas. “A vida da gente” foi uma delas. Ainda bem que a Manuela terminou com o Rodrigo e a Ana com o Lúcio. A reconciliação foi sem palavras e tão rápida... Ficou faltando  a minha lágrima.
Não quero deixar de me emocionar com cenas da ficção... Não quero esta alma desapaixonada, mas que por qualquer coisa fica de chama acesa, no coração. Tenho saudades do tempo que eu me enganava... Que pintava a parede do quarto de céu, lua, estrelas...Agora eu apago a luz, e durmo sem encomendar sonhos...Mas eles chegam!
Srtorm Weather com Billy Holiday é o embalo desta noite que antecede mais um dia de sábado...

Música pra chamar estrelas....




Futura
Lucio Dalla

Chissà chissà domani
su che cosa metteremo le mani
se si potrà contare ancora le onde del mare
e alzare la testa
non esser così seria, rimani
i russi, i russi gli americani
no lacrime non fermarti fino a domani
sarà stato forse un tuono
non mi meraviglio
è una notte di fuoco
dove sono le tue mani
nascerà e non avrà paura nostro figlio
e chissà come sarà lui domani
su quali strade camminerà
cosa avrà nelle sue mani.. le sue mani
si muoverà e potrà volare
nuoterà su una stella
come sei bella
e se è una femmina si chiamerà futura.
Il suo nome detto questa notte
mette già paura
sarà diversa bella come una stella
sarai tu in miniatura
ma non fermarti voglio ancora baciarti
chiudi i tuoi occhi non voltarti indietro
qui tutto il mondo sembra fatto di vetro
e sta cadendo a pezzi come un vecchio presepio.
Di più, muoviti più fretta di più, benedetta
più su, nel silenzio tra le nuvole, più su
che si arriva alla luna,si la luna
ma non è bella come te questa luna
è una sottana americana
Allora su mettendoci di fianco,più su
guida tu che sono stanco, più su
in mezzo ai razzi e a un batticuore, più su
son sicuro che c'e' il sole
ma che sole è un cappello di ghiaccio
questo sole è una catena di ferro
senza amore, amore, amore, amore.
Lento lento adesso batte più lento
ciao, come stai
il tuo cuore lo sento
i tuoi occhi così belli non li ho visti mai
ma adesso non voltarti
voglio ancora guardarti
non girare la testa
dove sono le tue mani
aspettiamo che ritorni la luce
di sentire una voce
aspettiamo senza avere paura, domani

OS POEMAS DE FORTALEZA





            Os POEMAS DE FORTALEZA estão no portal CRONÓPIOS:                       

               http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=5327




Coletivo Camaradas promove Laboratório de Arte Contemporânea




Por Leylianne Alves

Se você tem interesse por arte e estuda em alguma escola de ensino médio da rede pública do Crato, poderá se inscrever, entre os dias 12 e 13 deste mês, no Laboratório de Estudos, Vivências e Experimentações em Arte Contemporânea (LEVE Arte Contemporânea), que será organizado pelo Coletivo Camaradas e terá suas atividades iniciadas no próximo dia 14.


O laboratório tem o objetivo de aproximar os jovens das novas formas de organização artística e da arte contemporânea. Durante os trabalhos, acontecerão visitas a espaços de arte, tais como galerias, teatros, ateliers e mesmo espaços urbanos. Além disso, os participantes também terão contato com artistas, produtores, curadores, pesquisadores e artistas/educadores.

O laboratório terá seis monitores e serão ofertadas 20 vagas por escola de ensino médio. Todas as escolas do Crato serão visitadas durante o período de inscrições. As experiências realizadas neste espaço serão, em especial, as intervenções urbanas e performances. Também haverá espaço para universitários da região do Cariri.

Uma experiência piloto deste trabalho vem sendo realizada, desde o ano passado, no Colégio Estadual Wilson Gonçalves e na Escola Teodorico Teles de Quental. Estas atividades resultaram em sei vídeos que têm a finalidade de auxiliar os professores de Artes e que estão em exibição na Galeria de Artes do SESC Juazeiro do Norte, na Exposição de Não Artistas.


Os trabalhos acontecerão no Auditório do Centro Cultural do Araripe, localizado na RFFSA - Crato. As reuniões acontecerão duas vezes por semana, até o mês de dezembro. O Leve Arte Contemporânea é uma realização do Coletivo Camaradas e tem a parceria da Secretária de Cultura, Esporte e Juventude do Crato, da Sociedade Cariri das Artes, do Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA e o Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA.

Surpresinha Gelada


Aprenda o doce que leva chocolate meio amargo, doce de leite e sorvete
1h 50min
19 porções

ingredientes

100 g de chocolate meio amargo derretido
100 g de doce de leite
½ litro de sorvete de chocolate (ou de sua preferência)

Cobertura

200 g de chocolate meio amargo
50 g de gordura vegetal hidrogenada

modo de preparo

1°- Numa tigela coloque 100 g de chocolate meio amargo derretido e 100 g de doce de leite e misture bem. Deixe esfriar por 30 minutos

2°- Em forminhas de empada forradas com filme plástico forre o fundo e as laterais com a massa de chocolate (feita acima). Coloque uma porção de sorvete de chocolate e leve ao freezer por 30 minutos pra firmar.
Cobertura

3°- Numa panela em banho-maria coloque 200 g de chocolate meio amargo e 50 g de gordura vegetal hidrogenada e mexa até derreter.
Montagem

Desenforme as empadinhas e banhe cada uma na mistura de chocolate e gordura derretidos. Leve novamente para o freezer por mais 30 minutos.

Livro sobre narrativas orais do Barro Vermelho será lançado no Crato



O bairro do Alto do Penha na cidade do Crato ganha livro contando as histórias de memórias sociais e imaginárias da comunidade. O livro foi organizado pela professora Ana Rosa Dias Borges e será distribuído gratuitamente nas bibliotecas escolares da Cidade e na comunidade.





O projeto foi aprovado pelo Ministério da Cultura, através do Edital Micro Projetos Mais Cultura em 2010. Além do livro, o projeto propiciou a realização junto aos jovens da localidade, oficinas de produção textual, fotografia, desenho, pintura e identidade cultural, o que serviu de suporte para edição do livro.


De acordo com a professora Ana Rosa a ideia deste trabalho surgiu quando realizava seu trabalho monográfico que versou sobre a oralidade, por meio dos contos populares coletados nas comunidades narrativas orais da Chapada do Araripe. Ela destaca que a partir desta pesquisa sentiu a necessidade de ampliar o seu trabalho investigativo composto das memórias das pessoas mais velhas do lugar para evidencia fragmentos históricos que nunca foram evidenciados na historiografia oficial e cita que a escolha do Bairro Alto da Penha, se deu porque na sua infância residia próximo a localidade e isso proporcionou uma ligação afetiva com o bairro. Ana Rosa enfatiza que o Barro Vermelho que se encontra atualmente subdividido geograficamente em decorrência da urbanização e que o lugar descreve parte da história econômica, social e cultural da cidade do Crato.


O Lançamento do livro acontecerá em dois momentos, no dia 10 de maço, às 19h00, na sede da Pastoral do Menor dentro da Programação do evento cultural “O Alto Mostra a Sua Cara” coordenado pela geógrafa Sibelle Elpidio que é moradora do bairro e no dia 15 de março, às 19h00 horas, no salão de Atos da Universidade Regional do Cariri – URCA e tem a parceria do Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC.

Serviço:
Livro “Narrativas Orais no Barro Vermelho” organizadora Ana Rosa Dias Borges
(88)96196988 - Email: rosasacci@yahoo.com.br

quinta-feira, 1 de março de 2012


Janela


O frevo fervia na avenida, em pleno domingo de Carnaval. A troça se arrastava, rua abaixo, desordenadamente, com aquele andar de batráquio bêbado. À frente ,puxava o cordão o Estandarte rubro com letras douradas e pomposas : “TCM A vida é Maravilhosa” . Passistas, num delicado trabalho metalúrgico, espanavam o ar com o malabarismo frenético do passo : dobradiças, parafusos,locomotivas,ferrolhos , tesouras. Um pouco atrás, a banda atacava, com seus metais brilhantes, as sinuosas notas do “Fogão”, marcadas pela percussão impecável das caixas, surdos e ganzás. E a música imantava de uma súbita alegria o amálgama enorme de foliões fantasiados, no carnaval, com outras máscaras , outras vestes e outros adereços bem diferentes daqueles de que se mimetizavam na vida comezinha e cotidiana. Super-heróis, A La Ursas, Papangus, Fidel Castro, padres, frades , homens travestidos de mulher, de repente, caiam também na folia, engrossando o corso, rua abaixo. Até parecia que a vida era uma festa eterna e sem prazo para terminar. Como por encanto tinham evaporado : o trabalho, a escola, o chefe, a patroa embirrenta, o namorado ciumento, o “isso não pode”, o “é pecado mortal”. E a troça seguia ladeiras abaixo , ladeiras acima: sem destino predeterminado, sem porto, sem relógio que a acorrentasse os passos, sem freio, sem plano de vôo, sem regimento ou estatuto.

Defronte , no percurso, a Academia Santa Gertrudes , algo temerosa, se protegera com madeirites ao seu derredor . Como se as irmãs beneditinas que há quase um século ali oravam, se vissem, num átimo, ameaçadas no seu silêncio e no seu claustro pela alegria contagiante que soprava da rua, envolvida em cores, em música e em dança. E “ a cobra grande / que desce a ladeira / com gosto de gás” aos pouco se foi espremendo entre os madeirites da Academia, seguindo sua viagem hedonística. Neste momento, entreabre-se uma janela no andar de cima e surge um rosto de freira que sorrateiramente observa o desfile . Embaixo, no meio da turba, um folião olha a janela , sem compreender o inusitado da cena quase que surrealista. A freirinha sorri para ele, delicadamente, enquanto volta a fechar aquela fresta que, como um portal , se abrira para uma outra dimensão, para um outro planeta desconhecido e misterioso.

Por instantes , dois abismos se fitaram. O folião, na terra, contemplou o céu; a religiosa, dos píncaros, voltou-se para a terra. Na rua uma alegria franca inundava as pessoas, como que festejando o milagre da vida. No alto, uma felicidade contida debruçava-se sobre uma outra satisfação: a contenção e refreamento dos prazeres mais imediatos, para um outro big bang , bem além do nosso quintal. A porta do folião abria-se para um mundo concreto; a janela da freirinha estendia-se para um outro, menos palpável, menos visível. Por um minuto, no entanto, estes universos se tocaram e perpassou na cabeça do folião o doce gosto do paraíso possível e adiável e a religiosa, como um relâmpago, viu-se ladeira abaixo, sungando o hábito e fazendo misura com os pés. Até que a janelinha , como um portal, voltou a fechar-se e o silêncio firmou-se, novamente, como silêncio e a balbúrdia da avenida retornou a ser um monopólio da rua.

Em que lado da fresta Deus brincava? Em que extremidade do portal deslizava o pecado ? A verdade ressonava no prazer rasgado ou no orgasmo contido ? Em que ponta bailava o sagrado, em que extremo frevava o profano ? Na avenida ou no claustro? Ou os dois lados da janelinha não seriam apenas a continuidade de um mesmo Bloco Carnavalesco : “Vida Louca, Vida Breve em Folia “?

J. Flávio Vieira

4 de marzo de 1943 - José do Vale Pinheiro Feitosa


Os italianos vivem com uma paixão de vida tão intensa que a morte faz parte de sua narrativa feito uma desgraça de sangue. Morrer em Itália e sendo italiano é mais intenso, mas morrer num bairro de Nova York, de Buenos Aires e São Paulo é igualmente trágico. Basta ser italiano.

Em Montreux na Suíça o mais italiano dos italianos foi dito morto. Morreu de infarto agudo do coração. Por sua Itália e pela sua canção. Lucio Dalla deixou a Itália. Alargou o buraco da crise italiana. Agora na alma deste querido povo.

Há menos de uma semana conversava com Bruno Pedrosa e ele se confessava até hoje assistente regular do Festival de San Remo. Ele se perguntava pelos valores da música italiana que desapareceram como aquelas bolhas de sabão no ar. E ao lembrar-se das bolhas desfeitas, arrancou o seu contrário ainda vivo. Do sólido da canção de Lucio Dalla. Até hoje a alma viva da canção italiana. A voz que há bem pouco vira no Festival de San Remo com a mesma força que aquele povo pensa ter perdido nesta crise brutal que assola a economia Européia.

Nos idos dos anos 90 numa entrevista para o Jô Soares, Lucio Dalla mostrava um lado que pouco conhecíamos. Ele fora o guia, o espírito a conduzir Chico Buarque pela Itália naqueles anos negros do exílio cantado no Samba de Orly. Lucio Dalla dizia que seu 4 de março de 1943 tinha uma versão do Chico Buarque até melhor que a dele: falava do menino Jesus. Aliás, já que falamos de uma vida o 4 de março de 43 é a data de nascimento de Lucio Dalla. Mas ele não nasceu à beira mar, naquele mundo de marinheiros, ele nasceu em Bolonha.

A insegurança de todo viajante se expressa na seriedade do seu rosto preocupado. Nas ruínas de Herculano, vestido com aquelas capas de chuva de cinema, um chapéu estilo Indiana Jones, ainda usava óculos que uma cirurgia de miopia excluiria, me vejo diante de um guia das ruínas falando comigo e rindo. Ficou atento para saber qual besteira fizera. Afinal compreendi: um fratello de Lucio Dalla. E rimos a valer.

Uma das mais bonitas gravações de Toquinho – a Sofia não concorda ela acha que é Aquarela – é cantada em conjunto com o autor da canção Lucio Dalla: La casa in Riva el mare. Igual, por me lembrar aleatoriamente de outra – é aquela versão da Beth Carvalho e Mercedes Sosa do “Solo le pido a dios”. Será que estamos perdendo definitivamente o norte destas canções como aquelas bolhas acima do Bruno Pedrosa?

Então irei ao quarto em que Enrico Caruso morreu. Ao examinar a visão em Sorrento, sobre o mar com os barcos dispersos a pescar com suas lanternas acesas. Como a ter sua última platéia o Tenor viesse até à sacada e ali cantasse no pleno de sua voz até esvair-se em sangue a ruptura do seu câncer de laringe. Esta é a canção que todos os jornais, quase como um clichê lembrarão. Mas Lucio Dalla fará uma falta mais intensa do que todos os clichês da imprensa.



O Azul Sonhado, convida!







Fechem os olhos e deixem que a canção vos leve por aí... Céus, prados, mares... Cheiros amados, vento que fustigada a felicidade.

Pensando no quanto deixamos de valsar, dançar, viajar no ritmo de belas canções, resolvemos comemorar a vida, escolhendo um homenageado: Hugo Linard!

Um dos grandes músicos, repertório, talento vivo de algumas gerações.

Dia 14 de abril de 2012!

No Crato Tênis Clube às 22 h.

Pretendemos reunir todos os amigos e os músicos amigos.

Nas paralelas, Hugo já está se empenhando em compor uma grande banda com aquele repertório que tanto nos agrada.

Breve estará à disposição de todos os ingressos da festa, cuja renda será revertida na compra de um acordeom.

Agradecemos o apoio da Presidência do CTC (Danja), assim como de todos aqueles que participarem do Baile/Aniversário de Hugo Linard.

Gente são 65 anos de idade e 60 anos dedicados á música de todos os tempos!

 www.catadoresdeversos.blogspot.com

Começando um novo dia...


Na Rádio Azul


Trago no peito a lira
Do meu versejar vivido
Que de vez enquanto tira



MEU SOFRIMENTO
NÃO É MEU SOFRIMENTO
MEU SOFRIMENTO
É O SOFRIMENTO
COMPARTILHADO
POR TODA A HUMANIDADE

Por Geraldo Ananias


Este rapaz da foto abaixo é meu sobrinho. Veja que matéria legal. Como é gratificante estudar...
Abraços,
Geraldo Ananias


FACEBOOK

Davi Duarte – Crédito: Cin/Divulgação

A grande notícia foi revelada nesta terça-feira. O estudante da Universidade Federal de Pernambuco, Davi Duarte, vai integrar o grupo de pernambucanos que já passaram pela estafe do Facebook. A contratação do rapaz aconteceu assim: ele participou de três edições da Maratona de Programação ACM-ICPC, sendo campeão da etapa nacional em 2011 e foi através deste resultado que a equipe do Facebook o procurou.

“Depois do resultado da maratona, eles entraram em contato e me propuseram a fazer uma seleção que tinha três etapas, uma delas muito parecida com o que fazemos na maratona: desenvolver códigos para um problema colocado pelo Engenheiro de Software que acompanhou o processo seletivo”, explicou Davi.

O embarque com destino a uma jornada de três meses na sede do Facebook, localizada em Menlo Park, na Califórnia, está agendado para o fim do mês de agosto.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A história mostra que os EUA são ávidos por ações militares

Retirado do Blog Diário do Centro do Mundo,

Veja o que diz num editorial o jornal chinês Global Times, que reflete o pensamento do governo: “Sem uma defesa formidável, os sentimentos irracionais contra a China podem piorar, e se converter em ação. Na condição de maior potência militar, os Estados Unidos colocaram a China no centro de sua estratégia de defesa. A história prova que os Estados Unidos são ávidos por ações militares. Quando os americanos estão confiantes em sua superioridade, eles costumam usar a pressão militar sem nenhuma cerimônia.”

A democracia européia é um arranjo degenerado - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma coisa o é mesmo que tenha por necessidade a sua contradição. Mesmo que esta coisa o seja já deixando de ser, ela será identificável até com maior realismo por que parte das afirmações no âmago dos movimentos contraditórios.

A Europa é o vetor histórico da democracia da modernidade. O renascimento juntando o mundo greco-romano e o cristianismo e restabelecendo o indivíduo como o centro da história foi o marco fundante da moderna democracia. Depois a nova base mercantil, a descoberta do mundo novo e a industrialização com a acumulação capitalista, completaram o edifício desta democracia.

Em todo caso: a democracia moderna tem a Europa como fundamento. Até por isso se costuma às vezes, numa espécie de paradoxo, acrescentar o termo “cristã” para designar a “democracia” de base européia. Acho que não precisamos ampliar para falar nos princípios que regem esta democracia: é do conhecimento de todos.

A questão é que a Europa há mais de século bem corroendo por dentro a instituição democrática. A começar pelo mundo comercial e sua fachada diplomática. A diplomacia européia tornou-se aquela novilíngua que George Orwell denunciava em seu livro 1984. A destruição da linguagem universal da democracia, por outra língua que desdiz o que está a dizer, faz parte da maior decadência que o pensamento europeu já teve em toda a sua história.

O Holocausto Judaico não deve ser posto apenas na “cônsul” da Alemanha. Ele é Europeu. O colonialismo dos séculos XVIII ao XX é coisa européia. A primeira guerra mundial (que aconteceu principalmente no território europeu e nas suas áreas de colônia) foi a guerra das trincheiras com os marechais dizimando a juventude até a fileira das crianças. A segunda guerra nem se fala. Sem contar o “herdeiro bastardo da democracia européia” querendo fazer subprodutos dos seus ideais com as entranhas do povo de Nagasaki e Hiroshima.

É este corpo histórico decadente que deita falações sobre o mundo árabe. Que deseja uma carnificina sádica e cínica sobre a África. Que soltou a raposa no galinheiro para nutrir-se na carcaça magra de Gregos, Portugueses e Espanhóis. São estes deformados morais que falam a novilíngua em seus ditames diplomáticos: a ameaçar, ameaçar e ameaçar.

O Irã não pode ter a bomba nuclear, mas Israel pode. A Índia teve a bomba e deram a mesma ao Paquistão e lá tem talibã a dar na canela. Os EUA querem a guerra nas estrelas e claro a velha Rússia já se aliou à Nova China para ambos se entupirem com as meizinhas de dizimar carnes e mentes. A Europa trás o estigma da morte. Isso é comum nos corpos terminais.

Muito cuidado com o que eles dizem. Nós os que queremos viver, não deveremos mais ler as “lições de democracia européia” estas estão cheias de páginas danificadas.

Rumo ao Brasil Central - Por Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali de Figueiredo Esmeraldo

. Carlos
. Magali

Quando completamos pouco mais de um mês de casados, morando ainda em Tomé-Açu, Carlos recebeu a notícia da Construtora Engenorte, de que iria trabalhar em S. João d'Aliança - Goiás, na estrada São João d'Aliança-Alto Paraíso. Em conseqüência das fortes chuvas os trabalhos da estrada “Tomé-Açu-Paragominas foram suspensos.

Com a surpresa tive a certeza de que a nossa vida estava parecendo com vida de cigano, sempre levantando acampamento. Mas, com toda a animação da nossa juventude, fomos enfrentar a mudança. E eu que, aos poucos estava conhecendo e me acostumando com aquela região cheia de igarapés, onde havia grandes plantações de pimenta-do-reino, teria que ir embora. Além dos japoneses proprietários dessas plantações, a cidade de Tomé-Açu abrigava também muitos cearenses.

Novamente, nosso fuscão ficou lotado de bagagens. Os poucos móveis e o fogão foram acomodados no caminhão da firma. Seguimos viagem pelas estradas enlameadas, deixando para trás a nossa casinha de madeira pintada de branco que foi testemunha da nossa felicidade do primeiro mês de casados.

A estrada foi aberta no meio da floresta e lembrava muito a subida para Serra do Araripe, com a diferença de que as árvores eram mais altas e frondosas e era numa região plana. Em conseqüência das fortes chuvas recentes, a estrada estava encharcada de lama. Em algum momento teria mesmo que atolar. E o fusca atolou junto também com os caminhões e máquinas da firma, próximo a uma fazenda. Horas e horas ficamos atolados já com a fome apertando, pois só tínhamos tomado o café da manhã. Dormir em Paragominas, como era o planejado não seria mais possível, pois já estava anoitecendo. Com o estômago vazio, começamos a pensar nas pessoas que passam fome. Imaginamos um pai ver os filhos sem ter o que comer e não poder fazer nada por causa do desemprego.

O mais interessante é que apesar de todas essas dificuldades eu me sentia tranquila, achando que tudo daria certo. Além da minha fé em Deus, eu confiava que ao lado de Carlos, íamos encontrar uma saída. A sintonia entre nós dois era e continua tão forte, assim como o nosso amor. Por isso, estávamos muito calmos e não nos desesperamos em nenhum momento. Lembrei-me de um pequeno versículo do Livro de Gênese 2, 24: "Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e os dois se tornam uma só carne." Era aí onde estava a nossa força, na Palavra de Deus, nas suas bênçãos e no nosso amor. Naquele momento, em vez de perdermos a paciência, enfrentamos tudo com muito humor. Estávamos confiantes de que Deus nos tiraria daquela situação.

Para nossa salvação, avistamos uma casa de fazenda, próximo de onde os carros ficaram atolados. Pedimos abrigo por uma noite e o fazendeiro, um simpático mineiro que há poucos dias instalara-se na terra, antes devoluta, nos acolheu. Lá já se encontrava um engenheiro do Departamento Nacional de Minas e Energia, que descobriu extensas reservas de bauxita naquela área. Após o delicioso jantar, conversamos durante algum tempo e logo fomos dormir, pois a noite estava bastante fria. É que no meio da floresta, quando chove, faz frio durante a noite. Quando o dia amanheceu, verificamos que a chuva deu um pouco de trégua, foi possível desatolar os carros e prosseguirmos com a viagem até Belém, de onde sairíamos para Brasília. Quando chegamos à capital paraense, já era noite.

No dia seguinte, acertamos os últimos detalhes da longa viagem de Belém até Brasília. Às seis horas da tarde partimos de Belém e seguimos até Santa Maria do Pará, um percurso de 100km, quando o asfalto terminou. Resolvemos dormir nessa cidade e prosseguir logo na manhã do dia seguinte.

A estrada Belém-Brasília, como era chamada desde sua construção, possuía, já naquela época, um intenso movimento de caminhões. No trecho do Pará, até Imperatriz no Maranhão nos deslocamos muito bem, pois apesar de não haver asfalto, havia um bom revestimento primário, termo técnico usado na engenharia rodoviária para o que popularmente é conhecida por estrada de piçarra. Entretanto pernoitamos em Paragominas. No terceiro dia da viagem, passamos por Imperatriz, e por volta das oito horas da manhã atravessávamos a ponte do Estreito sobre o Rio Tocantins e entramos no Estado de Goiás.

Desde o norte de Goiás, onde atualmente é o Estado do Tocantins, a rodovia estava sendo asfaltada e passamos a viajar sobre longos trechos de desvios. Eram duas trilhas aprofundadas pelos caminhões carretas, além das caçambas com o transporte de material para construção da estrada. Por isso se formou nos dois lados do desvio duas trilhas sobre a areia, bem aprofundadas. Como a largura dos caminhões era bem maior do que a do fusca, ao tentar ultrapassar uma caçamba, ficamos facilmente suspenso pelo "canteiro central" formado no meio das duas cavas feitas pelo peso das carretas. O motorista da caçamba, de espírito bastante solidário, ofereceu-se para ajudar. Amarrou uma corda no eixo dianteiro do fusca e deu partida. Ouvi um estalido seco e senti não haver saído do lugar. O motorista desceu e constatou que a ponta do eixo traseiro da caçamba havia rompido. Com isso a estrada ficou interditada. A caçamba de um lado e o fusca do outro. Imediatamente formou-se duas filas de caminhões, uma à nossa frente, e outra atrás. Até que um motorista de uma das carretas exclamou: "E nós vamos ficar aqui parado por causa desse fusquinha, pessoal?" Convocou seus companheiros e quando menos esperei, estávamos voando sobre a estrada, nos braços de homens fortes, que nem sequer pediram para que descêssemos do fusca.

Mas o pior nos aguardava mais um pouquinho à frente. Mal refeitos dos susto sofrido pelo episódio do "entalo" do fuscão, ao subirmos uma ladeira, lá no alto, fomos mandados parar por dois homens que mais pareciam dois portões de ferro. Era um posto da Polícia Federal. Perguntaram de onde vínhamos, para onde íamos, profissão, pediram nossa documentação, identidade, certidão de casamento, registro do CREA, carteira de trabalho, tudo o mais que comprovassem que não éramos terroristas. Não satisfeitos, pediram para abrir o bagageiro e passaram a revistar nossas malas, sacolas e tudo o que vissem pela frente. Dias antes, o dono da Engenorte fez uma viagem a Manaus e na volta me presenteou com uma pequena radiola portátil importada do Japão, que transportávamos debaixo do banco traseiro do fusca, por falta de espaço. Pois eles, depois de revistarem tudo, descobriram a radiolazinha e pediram a nota fiscal. Respondi que havia sido um presente, e que ao recebermos um presente não ficava bem pedir a nota fiscal e nem perguntar o preço. De nada adiantou. Ficaram com nossa radiola. Depois é que nós ficamos sabendo que naquela época estava acontecendo a guerrilha do Araguaia, a cerca de uns 50km dali. Daí termos sidos tratados como se fossemos terroristas.

Deixar nossa radiola para trás nos deixou muito tristes, pois era um dos três bens de consumo que tínhamos para o nosso entretenimento. Os outros bens eram, um pequeno toca fitas e um rádio portátil, que somente sintonizávamos à noite. Ouvíamos os discos e as fitas de Paul Mauriat, Paulinho da Viola e Roberto Carlos.

Seguimos viagem e já quase na hora do almoço avistamos um restaurante num local bastante agradável localizado numa plataforma de madeira sobre um pequeno rio. Estava praticamente lotado. Chamei Carlos para almoçar, mas ele disse que era cedo e almoçaríamos mais adiante. Só que não passamos mais por nenhum restaurante, aliás não havia mais nenhuma cidade, apenas pequenos povoados. Num deles, paramos em uma bodega procurando comprar alguma coisa para comer, mas não havia nada, nem mesmo uma coca-cola, ou um pacote de bolachas, nem água mineral. A água existente era barrenta. Passamos o resto do dia com fome e sede. Não adiantava lamentar, o certo era esperar com muita paciência até chegar a Porangatu, o que somente aconteceu à noite.

Orestante da viagem transcorreu sem mais nenhum sobressalto. De Porangatu até Brasília já havia asfalto. No dia seguinte chegamos à noite em Brasília, onde dormimos e seguimos para São João d'Aliança, nosso destino.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali de Figueiredo Esmeraldo

José Flávio Vieira – O médico das palavras



Escritor inquieto e bem humorado, José Flávo Vieira busca no seu trabalho como médico o enredo e a alma para suas histórias carregadas de humanismo e questionamentos sobre a vida. Com uma produção crescente nos ultimos anos o médico/escritor consegue conseque fazer o hibridismo entre o erudito e popular, entre o local e o universal.

Alexandre Lucas - Quem é José Flavio Vieira?

José Flávio Vieira - Sou um sujeito esquisito, casado com a Medicina e amante da Literatura. Faço parte de uma longa tradição de médicos que se ligaram às Letras :Lobo Antunes, Guimarães Rosa, Moacir Scliar, Ronaldo Brito, Pedro Nava. A Medicina nos faz viver nesse limite impreciso entre a vida-morte, saúde-doença, bem-estar--infelicidade e acredito nos ajuda a conhecer um pouco mais da fragilidade humana. Pedro Nava dizia que ao médico era tão importante o Livro de Fisiologia como a leitura de Balzac. Não me considero escritor na acepção mais plena da palavra, assim como um corredor de fim de semana não pode se arvorar de Maratonista. A Literatura é um apêndice importante na minha vida, me deu a possibilidade de conhecer novas pessoas, fazer novos amigos e registrar, além da êfemero da oralidade, minha relação com a vida e o mundo.

Alexandre Lucas - Quando teve início sua atuação na literatura?

José Flávio Vieira - Cresci dentro de uma Livraria. Meu pai era professor de Língua Portuguesa e próprietário da Livraria Católica aqui em Crato. Desde menino gostei de escrever, na quinta série já redigia os primeiros textos e os primeiros poemas. Como adolescente tinha um diário escrito religiosamente. No Colégio Estadual Wilson Gonçalves fundei o primeiro Jornal Mural, participei de Grêmio Literário e fui um dos fundadores do Jornal Vanguarda nos fins dos anos 60 . Ali participei também da primeira Coletânea de textos: "Cariri Jovem 67". Hoje, olhando para trás ,com o distanciamento dos anos, imagino que desde mininote pulsava em mim esta tendência e já observava o mundo com olhos de escritor.

Alexandre Lucas – fale da sua trajetória:

José Flávio Vieira - Em 1970 fui estudar em Recife e entrei na Faculdade de Medicina em 1972, formando-me em 1977. Fiz Residência Médica no Hospital Getúlio Vargas na Veneza Brasileira(1978-79) : Cirurgia Geral. No período de Faculdade , em plena Ditadura Militar, participei de Jornais estudantis, como "O Esculápio" . Participei, também, dos Festivais da Canção do Cariri em 1974 e 1975 com o Grupo Kirimbau formado por primos e irmãos meus. Fui letrista de várias canções (" Sargaços" , quarto lugar em 1974; "Salvo Conduto", terceiro lugar em 1975 e muitas outras). Veio dessa época os meus primeiros problemas com a censura. Formado, voltei ao Crato em 1980 e desde então aqui estou. A vida de médico e pai de família me tomaram o tempo e escrevi apenas esporadicamente para os jornais da região. A partir de 1997, no entanto, comecei a escrever regularmente uma crônica nos sábados. Em 2003 lancei o primeiro livro "A Terrível Peleja de Zé de Matos com o Bicho Babau nas Ruas do Crato", um texto teatral que terminou sendo montado, através do II Edital de Incentivo às Artes do Estado do Ceará". Teve Direção minha, de Luiz Carlos Salatiel, Joaquina Carlos, Mauro Cézar, Abidoral Jamacaru e João Nicodemos e envolvia uma trupe de mais de 15 atores. Foram mais de 40 apresentações no Estado do Ceará, com grande sucesso, inclusive com premiação de Melhor Texto, no Festival de Acopiara.Em 2008 lancei o "Matozinho vai à Guerra", um livro quase que memorialístico e muito bem humorado e que terminou tendo uma das histórias : "Zezinho e o Cinematógrafo Herege" sendo levada ao Cinema por Jéfferson Albuquerque Júnior ( 2011) . Finalmente, em 2011, lancei "O Mistério das 13 Portas no Castelo Encantado da Ponte Fantástica" , um livro infantil baseado nos mitos caririenses . O Livro tem ainda um CD com 15 músicas feitas em parceria com inúmeros artistas : Abidoral Jamacaru, Luiz Fidelis, Lifanco, Luiz Carlos Salatiel, Zé Nilton Figueiredo, Pachelly Jamacaru, Amélia Coelho, Ulisses Germano, João Nicodemos e com direção musical do maestro Ibbertson Nobre; além de um Audio-Livro que vem anexo . "O Mistério..." ganhou o I Prêmio Rachel de Queiroz" da SECULT e está adotado como paradidático em inúmeras escolas cratenses. Participei ainda de Coletâneas : "Cariricaturas" e "No Azul Sonhado" e fui vencedor dos três Prêmios SESC de Contos ( 2007-2009-2011) , com coletâneas também publicadas. Continuo escrevendo para o Rádio e para o jornalismo virtual ( blogs : Cariricult, Coletivo Camaradas, No Azul Sonhado e o meu : Simbora prá Matozinho).Fui convidado este ano, ainda, a participar do Projeto "Livro de Graça na Praça" em Belo Horizonte, com conto em coletânea que será lançada em Outubro.

Alexandre Lucas – como você consegue conciliar o trabalho médico com a literatura?

José Flávio Vieira - Esta pergunta muitos colegas e clientes me fazem. Como você arranja tempo? Digo sempre que tempo a gente sempre arruma se assim interessar. E para mim escrever traz um grande deleite, um grande prazer, não é um trabalho a mais, mas uma maneira de voar para fora das tariscas da gaiola da pesada vida cotidiana. Além do mais, sou um hiperativo e não consigo ficar parado muito tempo. Não bastasse isso, a Literatura para mim é uma extensão da minha vida profissional como médico e é nesse manancial que eu bebo para derramar depois no papel.

Alexandre Lucas – Todos os dias você escreve?

José Flávio Vieira - Normalmente escrevo uma vez por semana. Sou um indisciplinado, anárquico por natureza, mas nesse ponto sou muito determinado: escrevo às quintas, a não ser quando existe um Projeto novo, aí caio de cabeçae torno-me mais regular.

Alexandre Lucas – A sua forma de escrever une o humor com o linguajar nordestino. Você acha que isso caracteriza a sua poética?

José Flávio Vieira - O humor é uma característica certamente da maneira com que escrevo, falo, vivo. É inclusive uma característica familiar, acredito que roubei das minhas raízes varzealegrenses. Gosto também de mesclar a linguagem erudita com a popular( que no fundo são o verso e anverso de uma mesma moeda) e, principalmente nos diálogos, busco imprimir a doce língua do povo. Uma tentativa geralmente inglória de levar o doce da oralidade para a forma escrita.

Alexandre Lucas – Como você ver a relação entre literatura e política?


José Flávio Vieira - Acredito que a Arte é revolucionária na sua essência e, no fundo, o artista sempre se posiciona politicamente. Escrevemos sempre para denunciar, para tentar mudar o leme do barco e dar uma nova direção. Não aprecio, no entanto, a arte engajada ( qualquer tipo de engajamento no fundo é um cerceamento da atividade artística), embora admita a necessidade disso em determinadas situações, como na Ditadura Militar, por exemplo.

Alexandre Lucas - O seu livro Matozinho vai à guerra foi indicado para o vestibular da Universidade Regional do Cariri – URCA. Você acredita que isso potencializa a produção literária da região?

José Flávio Vieira - Fiquei muito feliz com a indicação, até porque era uma luta de muitos anos. Finalmente temos a possibilidade de olhar também para o umbigo. A URCA acordou para a possibilidade de ter uma visão também regional da Literatura. Isso certamente potencializa a produção literária local e abre horizontes imensos para que a juventude conheça os nossos escritores regionais. O Ceará tem um viés terrível: ele não olha para si , ele sempre vislumbra o mar em busca de Miami. A possibilidade da Arte Popular fazer parte do cotidiano das pessoas passa necessariamente pela Escola e, finalmente, começamos a descobrir isto.

Alexandre Lucas – Quais os seus próximos trabalhos?

José Flávio Vieira - Tenho um Livro pronto de histórias mais urbanas : "A Delicada Trama do Labirinto" que estou vendo a possibilidade de publicar ainda esse ano. Penso ainda num livro de Contos que ainda merece um trabalho mais demorado. E tenho pronto um Audio- Livro de textos: " Ícaro". Penso ainda escrever alguma coisa sobre a História da Medicina aqui no Cariri. E mais: pretendo voltar a escrever para o teatro , uma das minhas paixões.

Alexandre Lucas – Quais os desafios?

José Flávio Vieira - Gosto de trabalhos coletivos ,onde possa envolver os inúmeros artistas da região. No Zé de Matos juntamos teatro-dança-música e em "O Mistério das 13 Portas" mais de 50 artistas estiveram participando do Projeto. Congregar tantas forças não é fácil, passa por administração de egos e sensibilidades, mas potencializa imensamente o trabalho e este é um desafio interessante. Um outro desafio é fazer com que o nosso trabalho seja reconhecido na nossa própria casa, que as pessoas leiam nossos escritores,assistam a nossas peças teatrais, que nossas Rádios toquem nossos artistas, que o Reisado seja visto como uma expressão da nossa identidade e não como extraterrestres que desceram numa nave espacial na Bela Vista.E também que os palcos das nossas festas mais tradicionais não sejam exclusividade do que existe de mais reles na Cultura brasileira. Isso passa pela Escola e é lá onde devemos exercer a nossa força para que a mudança pouco a pouco se efetive. E mais: o Estado precisa ser obrigado a exercer sua função , através de Política Cultural.E aí temos uma arma poderosa que precisa ser engatilhada : o voto.

Alexandre Lucas – Como você vê a relação entre arte e política?

José Flávio Vieira - A Arte por si só é um instrumento político de mudança, de vislumbre de novos tempos e novos rumos. Precisará apenas ter a leveza, a delicadeza para ser Arte e fugir simples e cartorial panfleto.