por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Um Mantra de muitas palavras - José do Vale Pinheiro Feitosa


Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade tão diminuta entre os dois é a inesperada distância.

Viva e tente esperar que os padrões, as fórmulas e formas se apresentem igualmente as conhece. E quando elas se apresentarem examine o quão diferente são do que se esperava. É que nesta distância, mesmo que diminuta, uma grandeza de eventos sempre acrescenta algo ao imediato anterior.

Por isso teus conhecimentos dogmáticos perdem os pontos fundamentais pelo enxame de segundos que os transformam a partir de uma teia capilar de erros e críticas. Nem apenas essas modificações negativas, mas contribuições positivas que somam questões novas quando a soledade e a monotonia já se insinuavam como verdade.

E creia a história não é aquela dos personagens ilustres. Por isso toneis de elogios se esvaem no asfalto esburacado de uma classe dourando seus privilégios de serem lembrados. Mas a lembrança está no povo. No coletivo. Nesta imensa dimensão da proximidade que é distância universal.

Nem imagens coloridas em movimento, grandes e luminosas edições em papel de alta qualidade conseguem superar a iniquidade da adulação que permeia a narrativa estabelecida. Apenas toque a tela e verás a eminência do povo, num desfile sintético, a carregar o corpo de mestre Antonio Aniceto.

Antonio Aniceto com uma enxada e uma flauta de taboca foi a proximidade maior desta distância que existe para garantir a diversidade do mundo. Mas uma diversidade que existe para se aproximar, se igualar onde a terra para se plantar nunca seja por concessão.  

Assim como as surpreendentes orações do Papa Francisco a acabrunhar dogmas.


Então o que se dizer da mais recente declaração do Dalai Lama: “O que diz respeito às crenças sociopolíticas, considero-me um marxista. O marxismo é fundado em princípios morais, enquanto o capitalismo é baseado apenas em ganância e interesse pessoal. O marxismo está preocupado com as vítimas da exploração imposta por uma minoria. O fracasso do regime soviético não foi o fracasso do marxismo, mas o fracasso do totalitarismo.”

"ZERO" - José Nilton Mariano Saraiva

China e Coréia do Sul (lá do outro lado do mundo) se nos apresentam como dois exemplos emblemáticos do poder transformador da Educação rumo ao desenvolvimento de uma nação e, conseqüentemente, da alavancagem de uma melhor condição de vida aos respectivos povos.

E conseguiram alcançar tal desiderato só recentemente (há menos de 50 anos), quando seus dirigentes literalmente “viraram a mesa” ao optarem pela deflagração de uma autentica revolução no seu dia-a-dia, via direcionamento de uma significativa parcela do seu PIB (Produto Interno Bruto) para a área educacional. Tanto é que, hoje, são reconhecidos como potencias mundial e exemplo para as demais nações do planeta. Portanto diletos, bem-vindos e saudáveis filhos da era do conhecimento.

A reflexão é só para lembrar que aqui no Brasil temos o Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM, que avalia o conhecimento adquirido dos alunos que concluíram ou estão a concluir o Ensino Médio; serve como método de entrada em diversas universidades públicas substituindo seus respectivos vestibulares, através do Sisu; e é utilizado como critério de avaliação para oferta de bolsas de estudos pelo Governo Federal em universidades particulares pelo Prouni.

Pois bem, na última “seleção-prova” realizada pelo ENEM (dias atrás) dos 6.000.000 de candidatos que participaram, nada menos que 529.000 conseguiram a inacreditável “proeza” de zerar - tirar “nota 0”, sim senhor - na redação. Atestado inconteste da falência do modelo que aí está. Uma vergonha, aqui, na China, Coréia do Sul ou qualquer outra parte do mundo.

Convém ressaltar que muito antes dessa situação calamitosa se materializar, o Governo Federal já sinalizava sua preocupação para com o setor educacional, ao batalhar incessantemente pela alocação dos recursos oriundos da exploração do pré-sal para o Ministério da Educação.

Para que haja a mudança desejada, no entanto, temos de partir do pressuposto de que a “chave do sucesso” está numa varredura completa lá no “ensino médio”: reformando currículos; investindo pesado na formação de professores; incentivando a leitura e além do oferecimento de condições materiais que possam motivar a todos.Trata-se de uma tarefa hercúlea, mas que perfeitamente atingível, conforme já nos mostraram China e Coréia do Sul.

Só assim, a “tragédia” ocorrida no exame do ENEM desse ano servirá do tão necessário empuxo para que a nação ingresse de vez no seleto grupo de nações de primeiro mundo. 

Claro que temos tudo para chegar lá. É só seguir o caminho que China e Coréia do Sul nos apontaram: priorizar a Educação.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015


FW: Enc: ENVELHECER

               
 
       
ENVELHECER
(Pachecão - Prof. de Física e Matemática, B. Horizonte)
 
Não importa sua idade. Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos! De que adianta, é assim mesmo. Isso é um processo natural. É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia. Essa lei diz que: A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta. Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar.
Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós. Com o tempo, os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam.   Sendo assim, relaxe e aproveite. Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”. É isso que acontece a nós.
 
O conselho é: Viva! Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez. Como disse um dos meus amigos a sua esposa: “me use, estou acabando!”. Hilário, porém realista.    
 
Ficar velho e cheio de rugas é natural. Não queira ser jovem novamente, você já foi. Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige. Já viveu essa fase. Reconcilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado. Esse é o pré-requisito da felicidade. “O passado é lenha calcinada. O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto”, como já dizia Cícero. Abra  mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho, pra não se tornar caricatura de si mesmo. Fazendo isso ganhará qualidade de vida. Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado. Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora. A flor da idade ficou no pó da estrada. Então, para que se preocupar?! Guarde os bisturis e toque a vida.
 
Você sabe quem enche os consultórios dos cirurgiões plásticos? Os bonitos. Você nunca me verá por lá. Para o bonito, cada ruga que aparece é uma tragédia, para o feio ela é até bem vinda, quem sabe pode melhorar, ele ainda alimenta uma esperança. Os feios são mais felizes, mais despreocupados com a beleza.  Na verdade, ela nunca lhes fez falta, utilizaram-se de outros atributos e recursos. Inclusive tem uns que melhoram na medida em que envelhecem. Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las! Suas memórias estão salvas nelas. Não seja obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais. O negócio é zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos.
Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos. Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres. Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena à ruína sua própria vida.         
 
Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase. Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida, o melhor a fazer é esquecer. A causa do sofrimento está no apego, está em querer que dure o que não foi feito para durar. É viver uma fase que não é mais sua. Tente controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios. Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido. Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento. Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura. A vida é o que importa; concentre-se nisso. A sabedoria consiste em aceitar nossos limites.
 
Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero. Faça o que pode ser feito com o que está disponível. Quer um conselho? Esqueça. Para o seu bem, esqueça o que passou. Têm tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está. Coisas do passado não te pertencem mais. Se você tem esposa e filhos experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos, faça a festa, celebre a vida. Agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute. Aceitando ou não, o processo vai continuar. Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora. Nada nos pertence.
 
Tive um aluno com 60 anos de idade que nunca havia saído de Belo Horizonte. Não posso dizer que pelo fato de conhecer grande parte do Brasil sou mais feliz que ele. Muito pelo contrário, parecia exatamente o oposto. O que importa é o que está dentro de nós. A velha máxima continua atual como nunca: “quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”.
Esse é o segredo de uma boa vida
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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Estou no zero da reta numerada! - por socorro moreira

Estou num caminho novo. Desconheço tudo, engatinho num jardim de flores. Balbucio sons incompreensíveis. Estou aonde devo estar. Alguém mandou me chamar.
Aprendo novas lições. Memórias do passado voam com os pássaros. O futuro  me surpreenderá. O presente são possibilidades...O que tiver pra fazer, farei já!
Farejo amores especiais. Amores que não se entregam porque já são unos com a humanidade.
Tenho leves medos, mas coragem para encará-los. Quero olhar nos teus olhos e expressar o inexplicável !

 

Maravilhosa interpretação



Je ne suis pas bourgeois - José do Vale Pinheiro Feitosa

Je ne suis pas Lula, Dilma, Cardoso, Serra, Bolsonaro, le Pape, le Clergé, le Patriarcha, Le Imam, Le Dalai-Lama.

Como não sou a comissão de frente da multidão que marchou em Paris contra o fuzilamento dos cartunistas e jornalistas do Charlie Hebdo.

Como não sou os apressados que retiraram as charges do Charlie do contexto para tentar provar que eles eram ao contrário do que se diziam.

Como, também, não fui leitor do Charlie, mas sei da linhagem crítica que sua editoria representou para a denunciar a ordem burguesa no mundo todo. Assim como sei que o Charlie tinha lado e o lado numa escrita crítica é sempre polêmico.

Como sei que a crítica ao capitalismo e à ordem burguesa teve, durante os séculos XIX e XX três linhas de ação diferentes. Uma reformista e duas revolucionárias. A social democracia é a que mais adiante foi por ser reformista e aceitável pelo sistema até que o neoliberalismo deu um chega para lá nela. As outras duas são revolucionárias com críticas entre ambas: a anarquista e a comunista.

Como sei que que as palavras anarquismo e comunismo estão inteiramente contaminadas de conteúdo ideológico e de acepções que nada representam de sua matriz. É assim que a luta ideológica se faz, tentando estigmatizar o adversário.

No dicionário que a nossa mente carrega, anarquismo, por exemplo, é quase apenas sinônimo de caos e agora são aqueles jovens vestidos de preto, os black blocs atirando pedras. Ou são aqueles assassinos, sabotadores e terroristas entre o final do século XIX e XX.

Come je ne suis pas les drones et les assassinats sélectif. Estes que são praticados pelas estratégias e táticas do imperialismo e do neo-colonialismo.

Come je ne suis pas le lois de la charia et les martyrs musulmam, esta prática de questionar a ordem por formas isoladas em que se mata mas não se muda nada.

Como denuncio a ação imperialista americana e francesa sobre a Líbia, o Iraque, a Síria, o Afeganistão, o Paquistão, descarregando uma chaga de destruição em que todos se matam sem evoluir em sentido algum, a não ser encharcar o terreno de sangue.

Je suis la liberté, la igualité et les droit humain et la protection sociale.


Como sou a crítica permanente da civilização e seu desenvolvimento além do estágio atual.      

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Amor americano - Lo Jaivas - poesia de Pablo Neruda

Era a época em que jovens músicos clássicos migraram para o rock. E usando os recursos eletrônicos, especialmente dos sintetizadores, abriram a senda do rock progressivo. Algum tempo após tornara-me parte carioca, passo num dos primeiro shoppings da cidade e escuto um rock progressivo bastante diferente. Com instrumentos musicais andinos. Descobri o conjunto chileno Los Jaivas que ainda hoje está ativo. E eram jovens que faziam uma música nova no país que havia mergulhado na idade média. A era Pinochet não matou o novo. Foi só uma questão de tempo para tudo vir à tona. Esta música que ouviram de um poema de Pablo Neruda fiz uma tradução ao modo das possibilidades. Mesmo que uma ponte, sempre existem outras possibilidades. Afinal é poesia. 

Suba comigo, amor americano.
Beija comigo as pedras secretas.
A prata torrencial da Urubamba
faz voar o pólen em sua copa amarela.

Voe o vazio da trepadeira,
a planta pétrea, a grinalda dura
sobre o silêncio do costado serrano.
Vem, minúscula vida, entre as alas
da terra, enquanto – cristal e frio, ar golpeado –
apartando esmeraldas combatidas,
oh água selvagem, baixas da neve.

Amor, amor, até a noite abrupta,
desde o sonoro pedernal andino,
até a aurora de joelhos rubros,
contempla o filho cego da neve.

Oh, Wilkamayu de sonoros fios,
quando rompes teus trovões lineares,
em branca espuma, como ferida neve,
quando teu vendaval alcantilado
canta e castiga despertando o céu
que idioma traz ao ouvido apenas,
desarraigada de tua espuma andina?

Quem apresou o relâmpago ao frio
e o deixou na altura encadeado
repartido em suas lágrimas glaciais
sacudido em suas rápidas espadas,
golpeando seus estambres aguerridos  
conduzido em sua cama de guerreiro,
sobressaltado em seu final de rocha?

Que dizem teus clarões acossados?
teu secreto relâmpago rebelde
antes viajou povoado de palavras?
Quem vai rompendo sílabas geladas,
idiomas negros, estandartes de ouro,
bocas profundas, gritos submetidos,
em tuas delgadas águas arteriais?

Quem vai cortando pálpebras florais
que vem a mirar desde a terra?
Quem precipita os racemos mortos
que baixam em tuas mãos de cascata
a debulhar sua noite debulhada
no carvão da geologia?

Quem despedra o ramo dos vínculos?
Quem outra vez sepulta os adeuses?

Amor, amor, não toques a fronteira,
nem adores a cabeça submergida:
deixa que o tempo cumpra sua estatura
no seu salão de mananciais rotos,
e, entre a água veloz e as muralhas,
recolhe o ar do desfiladeiro
as paralelas lâminas do vento,
o canal cego das cordilheiras,
o áspero cumprimento do orvalho,
e suba, flor a flor, pela espessura,
pisando a serpente despedrada.

Na escarpada zona, pedra e bosque,
pó de estrelas verdes, selva clara,
Mantur estala como um lago vivo
E como um novo piso do silêncio.

Vem ao meu próprio ser, a alvorada minha,
até as soledades coroadas.
O reino morto vive todavia.

E no relógio a sombra sanguinária
do condor cruza com uma nave negra.
diariodonordeste
Um dos mais importantes expoentes da cultura popular da região Metropolitana do Cariri, Mestre Antônio Aniceto faleceu por volta das 11 horas da manhã deste dia 12, no Hospital Regional do Cariri (HRC), onde estava internado desde o dia 24 de dezembro passado, vítima de um AVC isquêmico. #RIP #Cariri #Cultura #CulturaPopular #Pífano
marcosbmaia96

domingo, 11 de janeiro de 2015

Wapi Yo  - Lokua Kanza e Peter Maffay

Esta música belíssima de Lokua Kanza foi escrita na língua Lingala, ou Mangala, que é uma língua bantu (a mesma etnia que vive em Angola que veio para o Brasil) falada na bacia do Rio Congo, entre Lisala e Kinshasa. Wapi Yo, numa tradução para inglês é uma pergunta  "onde você está?" Esta mesma que fazemos o tempo todo ao nosso interior. Pois ter um interior é ser parte do outro. Ser parte do exterior. 

Desnovelando versos - José do Vale Pinheiro Feitosa

Pegar uma ponta do fio
desnovelar toda a sua extensão
expor a outra ponta
escondida no centro do novelo.

Então ligar as extremidades
entre a ponta do coração,
que se encontra no planisfério,
e a cena confusa à nossa frente.

Apenas assim poderemos regar as raízes,
garantir que os olhos acompanhem a escritura,
movimento cadenciado com cifras e compassos.

O corpo que marcha, remancha fronte ao caos,
mas evolui, liberto, aos passos de dança,
sorri de felicidade ao canto do rouxinol.  

* - abrindo a caixa de segredos da Socorro Moreira. 


por socorro moreira- reflexão 2015- nr.2

Em meio a tantos tumultos  ,que inauguraram os primeiros dias de 2015, eu resisto em abrir  a porta da poesia. Encontro o alívio de me sentir só, e desacompanhada. Anulo a vontade de cantar  meus versos. Eles ficam enovelados, sem desejos, sem espaços. A zona de silêncio teima  em ampliar seu tempo. O sono me chama e os sonhos se afastam. Mas tudo passa...Novas notícias nos surpreenderão. Novos sentimentos   entrarão em  nossas  vidas  pra abrasá-las, sem afetar a paz consolidada.
Não sei escrever a dor. Ela é silenciosa e gagueja demais pra ser compreendida.
Quero a luz de todos os sóis  para clarear a negritude do mundo !
Meu vale é verde.Isso  me deprime, e ao mesmo tempo me conforta.
O que fazer? Esperar o que?
Estou â  disposição do universo!

Saudades das nossas alegrias!

 

APRÉS MOI, LE DÉLUGE - José do Vale Pinheiro Feitosa

Nenhuma frase representa tão bem a ideologia burguesa que essa em que após sua ordem apenas restará o dilúvio. É a fórmula ideológica de cessar toda crítica e qualquer ação para questionar e modificar esta ordem calcada no capitalismo econômico.

Esta ideologia para que cumpra sua sentença é niilista e no extremo tal niilismo sustenta o radicalismo das forças populares a serviço da ordem burguesa. Após o capitalismo, só o vazio e assim amedrontam o povo com a impossibilidade de uma sociedade que promova a justiça social, tenha plena liberdade e que avance a civilização.

Acontece que temos forças produtivas suficientemente desenvolvidas, amplo conhecimento da realidade da natureza e aprendizado suficiente sobre nós mesmos para podermos construir exatamente isso: bem estar, liberdade e contínua crítica da civilização. E não podemos avançar sem que toda a “institucionalidade” burguesa ou agregada a ela seja criticada.

A ideologia niilista da burguesia, vamos dizer um pouco menos, niilista para o mundo sem ela, com ela controlando tudo, apenas resta aos outros o destino neste vale de lágrimas. E isso não é pouco para dizer, especialmente quando o terrorismo do dilúvio é desaguado continuamente na consciência das pessoas.

Por isso seus pensadores, seus soldados e mulas ideológicas tanto temem de algo que não seja a ordem niilista do dilúvio. O bem estar geral é sempre combatido como a corrupção da ordem sem a qual é o dilúvio. A liberdade é sempre combatida como uma degeneração moral em que a moldura é a censura e o paspatur o poder maior. A civilização vista como um carro descendo uma grande ladeira necessitado de enormes freios.

Então tudo que existe é sujeito à crítica. Apenas ela é capaz de orientar os passos dentro de uma ordem que se declara a última fronteira da história (e até já decretou o fim dela).  

TÊNUE E PERIGOSA FRONTEIRA - José Nilton Mariano Saraiva

A priori, e com absoluta convicção, que fique bem claro: assim como meio mundo e a outra banda pensa, também entendemos como vil, inadmissível e covarde, sob qualquer ângulo que se observe, o atentado ao jornal francês (e as mortes daí decorrentes).

No entanto, e já que a questão está posta à mesa, bem que se poderia aproveitar a ocasião para tentar esclarecer dúvidas ou questionamentos pertinentes: afinal, qual o alcance desse tal “direito de expressão” ou “liberdade de imprensa”  ??? Não haveria aí uma certa “subjetividade” caolha, um certo “excesso” de bondade, uma determinada e indesejável “liberalidade”, para com os integrantes de tal segmento ???

Ou o “agredir”, “desonrar” ou “injuriar” publicamente se enquadraria em tais conceitos ??? O “enxovalhar” com outrem, em razão de divergências político-religiosa-cultural, poderia ser considerado algo “normal”, “direito” ou “permissível” ??? A tentativa de incitar terceiros  contra uma determinada instituição, cultura ou crença (e a imprensa tem esse poder, sim), se enquadraria como “aceitável”, mesmo que através de “inocentes” (?), mas, paradoxalmente, ácidas e auto-explicativas “charges-(pseudo)humorísticas” (?) como restou comprovado ser a característica marcante do Charlie Hebdo ???

Não custa lembrar (guardadas as devidas proporções), que por essas bandas algo parecido (na essência) aconteceu recentemente, quando o panfleto da Editora Abril (a revista ÓIA-Veja) antecipou o lançamento de sua edição semanal para manchetar em capa (sem que houvesse nenhuma prova comprobatória) que “Lula e Dilma sabiam de tudo” (sobre os malfeitos da Petrobras). E não só os brasileiros como todos com um mínimo de neurônios consideraram tal iniciativa um autentico “jogo sujo”.

Assim, repetimos a fim que dúvidas não pairem e/ou julgamentos precipitados sejam externados: em sã consciência ninguém é favorável a que qualquer ser humano seja “executado” de forma violenta e covarde por essa iniciativa (falta de respeito a instituições, crenças ou pessoas, literalmente), mas, não seria o caso de se pensar duas vezes (o “escriba”,  lá na origem, quando com o papel à frente e a caneta à mão) antes de tentar “descredenciar de graça e irresponsavelmente” um presumível “adversário” ???

Afinal, se no Ocidente veneramos um ser superior a quem denominamos “Deus” e a ele exigimos respeito, por qual razão lá no Oriente as pessoas não podem venerar e exigir respeito ao “seu” ser superior, denominado “Maomé’ ??? Como aceitar seja ultrajado, gratuitamente ???

Juntando as pontas, a verdade é que é perigosamente imperceptível (sob qualquer ótica), a fronteira entre o “poder” teoricamente albergado no tal “direito de imprensa” ou “liberdade de expressão” e a convivência pacifica de povos de “credos díspares” ou “culturas antagônicas” (até porque os fundamentalistas são, na acepção plena do termo, isso mesmo, fundamentalistas; e, pois, jamais abririam mão dos seus princípios, por mais que os consideremos radicais).   

Assim, embora a comoção que tomou conta de todos (insuflada pela imprensa, sim) com o ocorrido em Paris, seja de certa forma compreensível (afinal, Paris é Paris), também deveria servir de uma séria reflexão sobre os “excessos” do “quarto poder” (a imprensa), antes que dele nos tornemos reféns. A propósito, aqui em Fortaleza, no bairro denominado Bom Jardim, todos os dias uma “carrada” de gente é fuzilada sumariamente e sem piedade, sem que a imprensa repercuta (afinal, assim como Paris é Paris, Bom Jardim é Bom Jardim e... estamos conversados).

Alfim entendemos que antes de adentrarmos e bradarmos tratados sociológicos ou coisa parecida, a respeito, urge que nos questionemos seriamente sobre essa tênue e perigosa fronteira: afinal, qual o alcance desse tal “direito de expressão” ou “liberdade de imprensa”  ??? Seria o mesmo que os “anarquistas” usam para exigirem “democracia”, quando dos seus excessos em manifestações ???

Mas... anarquia e democracia por acaso têm alguma semelhança uma com a outra ??? Não são amazônica e diametralmente opostas ??? Como esconder-se atrás de uma para justificar a outra, se tão paradoxais ???




sábado, 10 de janeiro de 2015

SERÁ O INCÊNDIO DO REICHSTAG ? José do Vale Pinheiro Feitosa

O mundo se espatifou. Morreu gente pra burro. De fome, de bala, de praga, largado, fugindo, morreu gente. A Europa em frangalhos, se matava uns aos outros, mais a uns que a outros só porque o sujeito estava fora da linhagem da grande burrice humana.

Aí a grande guerra acabou. Os estúpidos se olharam no espelho e outros se maquiaram para aparentar outra coisa do que teriam sido. Mas afinal em torno da estripação generalizada, o melhor mesmo seria manter as vísceras no abdome.

Acordo feito e começou uma paz de araque. Um bando de burgueses tecendo regras para tudo. Na igreja, na calçada, na rua, debaixo da escada, nos lupanários a mijar na fidelidade impossível. E esta hipocrisia ficou à amostra.

Foi este acordo de merda, sem futuro e pleno de apenas representações que foi questionado pelos filhos dos operários e da burguesia. Na música pop, nas manifestações de rua, na iconoclastia ampla e geral.

Esvoaçantes vestimentas de hipocrisia rasgadas no cerne da cultura. Tudo, que é sistemático esteve sujeito ao olhar crítico e desarranjador de uma fé que escondia a descrença de tudo que era por medo de ser diferente.

E por aí que vejo a geração, o trabalho, a linha, a sequência do seminário Charlie Hebdo. Estamos falando da cultura que mostrou a arrogância e o embuste de tantos valores feitos apenas para alienar a consciência da realidade.

Vamos ao cerne. Há uma direita raivosa querendo superar as desgraças do capitalismo salvando a alma dos capitalistas. E são estes “cavaleiros do apocalipse” que necessitam de um novo “incêndio do Reichstag” para implantar o autoritarismo raivoso e violentador nos governos europeus.

Este atentado tem tudo menos culpa dos cartunistas. Quem assim andou pensando, escrevendo e falando não consegue esconder o rabo das suas farsas burguesas. Ora se você é muçulmano jamais desenhe Maomé, mas não venha me proibir de desenhar o que desejo desenhar, inclusive Maomé.

É este o limiar do problema. Se algo não pode ser criticado, nada o poderá. Para a crítica não há limite, embora se tenha como certo que este mandato crítico, faz parte do desmascaramento e ao mesmo tempo do aprendizado. Ninguém vai querer ser a seiva de uma civilização degenerada em perdas do faz-de-conta.

A morte do pessoal do Charlie não é apenas a morte privilegiada de europeus. Nisso eu discordo de muitos que analisaram assim. O que se tem por parte disso é que os fascistas são aqueles lá fora, não a revista. E a morte da revista tem o mesmo dom da mudez que existe nos milhares de iraquianos, sírios, afegãs, paquistaneses mortos na ação imperial americana e europeia.


A questão é que a Europa anda rapidamente para o velho cenário turbulento do sofrimento e da perseguição, tudo para salvar os anéis dos senhores do dinheiro. 

TERRORISMO SÓ PORQUE FOI NA FRANÇA?


O injustificado ato de terrorismo ocorrido esta semana na França, como era de se esperar, causou impacto e revolta no mundo ocidental. A imprensa deu enorme destaque à violência que matou 12 pessoas no primeiro momento.
                Passei 40 anos da minha vida trabalhando em ambientes fechados, cercados de colegas. Fico imaginando um episódio destes nos locais em que trabalhei, ou seja, de repente, chegassem 3 ou 4 pessoas fortemente armadas atirando contra funcionários desarmados, sem a menor chance de defesa.
                O que estranho é o posicionamento diferente, quase de indiferença, com relação a atos de terrorismo igualmente covardes, também inexplicáveis.  
                No último dia 16.12.2014 um míssil disparado de um drone não tripulado contra uma escola no Afeganistão matou 141 pessoas, a maioria crianças. A quantidade de vítimas foi 12 vezes maior do que o atentado de Paris. O pretexto para o ataque foi a localização de um jeep pertencente a um líder talibã estacionado no pátio da escola. A ação foi deflagrada sem a menor preocupação em preservar vidas de inocentes.
                É espantoso saber que, até fevereiro de 2013, 4.700 pessoas foram mortas dessa maneira, segundo informação dada pelo Senador Americano Lindsey Graham. Pior ainda o nome que a burocracia militar americana classifica as vítimas inocentes deste terrorismo: “insetos esmagados”, evidência do pouco caso dado a vida humana.
                Assombroso também é o fato destes ataques contarem com autorização de um homem que, por incrível que pareça, ganhou o prêmio Nobel da paz em 2009: Barack Obama.
                O ataque na França foi alvo de protesto generalizado. A Presidente Dilma, a ABI, OAB e até o Sport Club de Recife divulgou nota condenando o ato. Já a carnificina das crianças afegãs, que eu saiba, recebeu críticas apenas do Papa Francisco.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Porque te amo Uruguai - José do Vale Pinheiro Feitosa

Será que nossas paixões se diluíram nas águas amazônicas deste continente chamado Brasil? Por que tantas tragédias parecem menores que em outras nações? E falo dos dramas, das dores, das perdas, das corridas ao precipício das nossas condições estaduais.
Mas assim não foi com o Rio Grande do Sul. A simples unidade política do que antes era uma carnificina entre ximangos e maragatos engendrou uma revolução no país inteiro. Ali se vivia na fronteira entre ser e não ser, entre cruzar a linha ou não cruzar. E não cruzaram.
Como o Uruguai cruzou e tornou-se uma cunha perfeita a dividir a bacia do Prata. E nós pouco sabemos de sua cultura. Sabemos de sua história, de ter tido uma educação universal, excelente qualidade de vida e que isso tudo decaiu com a crise dos seus produtos primários.
Que a tragédia se fez em forma de uma ditadura Militar sangrenta, como cá. Que os músicos, poetas, artistas, profissionais liberais, pegaram em armas para superar o impasse e novamente retornarem ao lugar de sua forma na história.
O Uruguai é um tanto argentino, muito gaúcho, mas é sobretudo um encontro dele com a sua alteridade. E até o encontro deles com eles mesmos.
E pouco sabemos da música Uruguaia, seus ritmos variados, suas influências variadas, desde a milonga, passando pelo tango, pela música negra (candombe), por tantos estilos, inclusive latinos em geral e brasileiro em particular.

El otro lado del rio - Jorge Dexler


Com "Al otro lado del rio" Jorge Dexler ganhou um Troféu Oscar de trilha sonora. Para o filme "Diários de Motocicleta" de Walter Salles. Escutem com atenção a letra da música, estamos falando da juventude de Che Guevara tentando conhecer uma alternativa do outro lado da vida em que ele se encontrava.  

No quiero hablar de esas cosas - Samantha Navarro

Olhem que música e mulher mais bonitas! Ficamos com vontade de ouvi-la várias vezes.


Amandote - Jaime Roos


Uma canção por demais experimentada, mas com arranjo e uma voz singular. 

JE SUIS CHARLIE - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ora atravessar a rua de uma cidade se diferencia quando eram carroças e quando automóveis. Isso é: em Nova York, Paris, Londres, na era das carroças o descuido ao atravessar uma rua era fatal. Talvez não no Crato.

O que se tem é que casas de um lado e outro, uma via estreita e concentração de pessoas é o modelo humano que caracteriza a cidade. Os equipamentos, instrumentos e tecnologias mudam muito, mas as cidades são o que são.

Onde quero chegar?

A que o modelo do capitalismo é o mesmo. Tem evolução, recebe novas práticas, acentuam-se as transações, sua logística, facilita eletronicamente sua matemática, mas o velho capitalismo é o mesmo e está em crise. Crise séria. A ponto de pensadores como Wallerstein imaginarem uma passagem ao pós-capitalismo.

Formular o pensador americano que ao entrar em declínio esta ordem se desagregando liberta uma certa emergência (por falta da ordem) ao mesmo tempo em que expande os valores de um pós-capitalismo. Essa dinâmica pode pender para o lado de um sistema mais democrático e igualitário como exatamente para o oposto com um mundo mais hierarquizado, violento e desigual.  

Aí é que entra a política e a consciência de cada um, seja quem for, onde estiver e o que fizer. Estas duas alternativas irão “brigar” pela sucessão de modo que o conjunto histórico compreende o que cada um fizer, a cada momento, e casa assunto que se apresente à nossa realidade.

Estamos novamente na ocasião do poder da politização (consciência) de cada um.

Sobre o atentado em Paris é o que vemos. Compreender duas coisas simples: ele é um atentado político, como é, também, uma armadilha para empurrar a política para o lado da hierarquia, violência e autoritarismo. Essa é a direita da história. Aquela que tem a oportunidade de criar o horror aos migrantes de todos os continentes que estão na Europa.


Como diz a historiadora francesa Maud Chirio: “puro produto do obscurantismo e da tradição da violência fascista contra toda a filosofia das Luzes e do pensamento livre. A sociedade francesa está, portanto, confrontada com dois extremismos que acabam fazendo o jogo um do outro (jihadistas e extrema direita).  

Além do finito- por socorro moreira


 

 



Sonhei dormindo
Acordada apenas  penso,
E às vezes sinto...

Crato guarda  lembranças  infantis
É confidente dos  arroubos juvenis
Ensina que a renúncia
É etapa do viver contínuo

Transe- incontáveis noites-
Cata de versos no mistério
Vazio inquieto
A paz do equilíbrio!

Assumir limites
Desafiar  o inusitado
Jogo de braço e abraços
Chega, escapole, e volta...
No tempo da hora errada 

Conto e reconto nos dedos
Falta  um tanto
E sempre tanto
Mas um dia chega ...É fato!

Busco  a eternidade
Temendo esquecer um traço
Tenho tudo desenhado
Na lembrança do passado

Tanta gente coabita
No destino já fechado
Tanta gente, tanto afago...
Os galos na madrugada
O miado nos telhados

Velhas e belas canções
Parecem parar o tempo
Na viagem interminável

Cantos de acalanto
De dores que estão curadas
De vidas  já sepultadas! 

Ruptura dos elos
Olhar assustado
Asas frágeis
Impressão de medo ou cansaço
Aguardam além do finito
Aquele encontro esperado!

Minar vidas e rimas
Alinhar letras
formigar prazer nos lábios
Balbuciar palavras
Sujeito, verbo...É ação!
Falar de amor é um fado!
 
 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

ALAHU AL AKBAR (Deus é Grande) - José do Vale Pinheiro Feitosa

Sobre o atentado à revista humorística Charlie Hebdo na França, com o assassinato do pessoal de sua redação, incluindo o editor Charb e alguns cartunistas, entre os quais Cabu e o “Pelé” do cartunismo: Wolinski.

Sobre este atentado.

A razão histórica já tem boas análises do grande historiador Inglês Eric Hobsbawm. Melhor dizendo, sem desconsiderar as variantes fortuitas e conjunturais, ele sintetiza a razão, dos dois grandes conflitos mundiais do século, no liberalismo econômico como uma filosofia totalitária a dominar todas as instâncias sociais, econômicas e políticas.

Agora se conjure a crise do sistema bancário, o desmantelamento das proteções sociais na Europa, o problema energético (somos uma sociedade energizada e pelo petróleo) e mais a velhas rixas religiosas, étnicas e temos um caldo para ferver. Quem imagina o problema da Rússia com a Ucrânia como algo isolado, erra por usar antolhos.

Há hoje, anotem nos seus caderninhos, um grande questionamento dos valores democráticos como construídos após a segunda guerra mundial. Até animais “demofóbicos” andam dizendo que o Brasil vive numa ditadura. E dizem isso como forma de apregoar a ditadura. Para fugir à nau desgarrada da doutrina liberal (laissez-faire) os povos querem organização política para juntar a todos em busca de soluções.

Esta ação agudiza o campo das disputas políticas. O liberalismo controla os meios (mídia, finanças e produção), não cederá, mas a urgência da vida urbana, dependente de dinheiro para acontecer a cada passo que dar, é inquietante. E aí é que na velha, romântica, racional e brutal Europa o problema é politizado como em nenhum outro lugar.

Sempre foi assim. Os EUA passaram a grande recessão numa guerra surda, com levas de miseráveis de um lado para outro nos trens que não paravam de circular, mas sem nenhuma mudança social que não pelos braços do governo Roosevelt. Já na Europa foram os movimentos populares, desesperados, que politizaram a extrema direita, criando o Fascismo (Nazismo) e a fórmula autoritária.

Este atentando contra o Charlie é um atentado da extrema direita contra um jornal de esquerda, progressista, criticava a direita francesa, a ocupação israelense na palestina e propunha pensar o islamismo como um dado da história. Antes do atentado o último número da revista tratava de um romance escrito por Michel Houellebecq, intitulado Soumission, ficção em que o governo de Hollande ao seu fim apenas encontra a alternativa da Frente Nacional (de Le Pen, de extrema direita) ou o poder religioso. Aí o escritor desenvolve uma tese em que para não se deixar a Frente Nacional conquistar o poder, há um acordo para que o partido islâmico vença.

Então o livro é a construção desta suposta era de domínio político do islamismo na França sob um clima nada simpático.  Por isso o livro é tido como uma linha auxiliar da campanha de Marine Le Pen da FN. E desse modo gerou uma forte polêmica e tornou-se capa do Hebdo.  

Apenas se passaram 24 horas e muitas coisas serão esclarecidas ainda. Mas já existem certas evidências. A primeira: fica claro o “profissionalismo” dos atacantes. É gente fortemente treinada. A ação foi fulminante, rápida, arrasadora e até quando escrevo este texto, os principais suspeitos não haviam sido aprisionados. É quase certo que exista uma organização por trás disso tudo.

O ataque interessa às demandas autoritárias e antidemocráticas. Interessa à direita francesa. É um estopim para revoltas populares e para ampliação da xenofobia que já tomou conta de amplos segmentos na Europa. Por parte do governo se verá um endurecimento que extrai liberdades e favorece soluções de cúpula ao invés da construção popular. Enfim a vida em Paris hoje está um pouco mais difícil, especialmente nos ambientes públicos, inclusive o dos meios de transporte coletivo.

As principais mensagens das autoridades pelo mundo, Hollande, Dilma, Cameron, Rajoy, Merk e Obama apontam a questão do ataque à liberdade de imprensa. Mas a questão não é a liberdade específica da imprensa, mas a liberdade como um valor fundamental do indivíduo e do seu modo de socialização, culturalmente, economicamente e políticamente. Aí é que mora a grande questão.

Estaríamos diante de algo parecido com o atentado contra o príncipe herdeiro da Áustria que desencadeou a Primeira Guerra Mundial? Acredito que como rumo político estamos, não necessariamente como estopim de um grande conflito, mas como uma mudança geral na segurança entre as nações, assim como foram os atentados às Torres Gêmeas.

Algo este atentado diz a respeito de uma realidade em que:  “a metade dos principais projetos de óleo xisto dos EUA fica inviável com as cotações a US$ 60,00/barril”; “seis anos de ajuste, Europa enfrenta deflação recessiva, Itália tem desemprego recorde, Alemanha e França assistem a uma espiral de extremismo xenófobo, Grécia inclina-se para a esquerda, Portugal tem 500 mil desempregados e Espanha devastou sua rede de proteção social; “no Brasil indústria automobilística demite mais de mil funcionários.”

*Alahu al Akbar – assim os atacantes gritaram ao entrar e começar a chacina. Na ocasião a frase parecia o sentido de evocar a força maior, mas na realidade, como autores da ação, eles eram o próprio Deus se manifestando.






quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

2015- reflexão nr.1- por socorro moreira

Passagem de ano entre sonhos
Reunida no mundo dos encantos
Desejei um bloco de rimas
Ou sentimentos sem intenções poéticas...
Transbordando emoções-enfim anistiadas!

2015  temeroso,e esperançoso
Expurgo de energias alérgicas
Claridade nas verdades
A paz na compreensão dos fatos.

A gente precisa da gente e de gente
O silêncio está cheio de perguntas sem respostas
Nossa  intuição trabalha dobrado
-Ato falho!


Quero o simples.
A linguagem das primeiras palavras
E a maturidade das últimas experiências.

É possível caminhar desprevenida
Mas quando sinto o desamor, culpo-me!
Minha mensagem foi truncada por  desejos solitários!

O mundo é carente de carinho
Olho nos olhos de quem não sabe pedir!