por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 11 de julho de 2013

"Deboche" - José Nilton Mariano Saraiva

Como todos tiveram oportunidade de observar, as manifestações que irromperam por esse Brasilzão afora, objetivando “acordar” o Governo para demandas reprimidas, calaram fundo não só no seio da população, mas, principalmente, na seara política. Assim, não mais que de repente, os “mafiosos” com assento no Congresso Nacional (há exceções, evidente) trataram não só de por as barbas de molho, mas, também, de elaborarem às pressas uma providencial e oportunista “agenda positiva”, que consistiria em desenterrar e por em votação velhos projetos de há muito apresentados.
Entretanto, após os ânimos serenados e a poeira assentada, aqueles que vulgarizaram a nobre atividade política, transformando-a numa bem remunerada profissão, parecem ter “voltado à normalidade” e esquecido as tais “vozes roucas das ruas”. Assim, de novo legislando em causa própria, decidiram implodir a proposta do Executivo (presidenta Dilma Rousseff) de realização de um plebiscito visando processar uma reforma política de peso, que, certamente, cortaria privilégios do Legislativo, destacando-se: fim do financiamento de campanhas por parte de grandes conglomerados (que a posteriori sempre são ressarcidos através de licitações fraudulentas e outros mimos); recaal político, uma espécie de “cassação do mandado” por parte do próprio eleitor, ao constatar a mudança de rota do parlamentar, e por aí vai.
Agora, passado tão breve interregno, pra provar que aquele primeiro ato não passou de grotesca dissimulação e que não estão nem aí para o que pensa o povão, suas “excelências” se negaram, terminantemente, a acabar de vez com essa verdadeira excrescência que é a figura do “suplente de senador” (dois para cada parlamentar, normalmente parentes ou financiadores de campanha) que, sem receber um único voto, assumem a vaga e as mordomias respectivas (hoje, 17 suplentes estão lá, usufruindo o bem bom).
E o mais incrível é que, tentando sair bem na foto, sem nenhuma desfaçatez ou respeito para com o eleitor, deram “repeteco” à dissimulação ao, sarcasticamente, sacarem da cartola sem fundo, como se fora algo imbuído de seriedade e um grande sacrifício,  a possibilidade de reduzir o número de suplentes de 2 para 1 e... fim de papo; acabar coam o penduricalho, jamais.

Trata-se, como se vê, de um verdadeiro deboche para com as “vozes roucas das ruas”, passível de retaliações futuras. 

A ideologia e a geopolítica pelas mentes colonizadas - José do Vale Pinheiro Feitosa

O comércio do Atlântico morreu? É chegada a hora do Pacífico? Tais perguntas estão na ordem da emergência do Japão nos anos 80 e da China nos tempos atuais. É notório que apenas nos últimos 300 anos o comércio do Ocidente foi maior do que o da China e da Índia. Todos esperam o retorno dos negócios aos centros históricos.

Mas existe a costa atlântica africana a abrir uma grande oportunidade. A própria América Latina desponta com enorme força na economia mundial e sua face mais exuberante se encontra no Atlântico. Em outras palavras os países exclusivos da costa do Pacífico por certo têm interesse geopolítico mas a era do Pacífico não explica tudo.

Então a chamada Aliança do Pacífico em contraposição ao Mercosul ou à Unasul não tem razão na geopolítica regional, mas tem na geopolítica dos Estados Unidos da América. E a questão não é se alinhar ou não à maior nação do mundo. A questão é se teremos ou não um destino próprio e com decisões tomadas internamente e não à distância e no interesse daqueles que já ganharam muito.

Nisso reside o papel ideológico das Revistas Veja, Época, dos grandes Jornais e das grande cadeias de Televisão a sustentar as benesses econômicas do Chile e a Aliança do Pacífico. Outro dia o possível candidato do PSDB, senador Aécio Neves, foi para a Argentina e nas páginas de um jornal de oposição advogar as vantagens relativas da Aliança do Pacífico.

O Chile é um país que tem um bom comércio exterior e nisso reside a menina dos olhos dos liberais, mas o Chile ficou aprisionado a uma situação grave: ele é um exportador de produtos primários ou dependentes de recursos naturais intensivos que em conjunto representam 87% das exportações chilenas. Isso quer dizer metais não ferrosos (o cobre é sua espinha dorsal), carnes e pescados, produtos de lavoura, celulose, bebidas (o vinho) e por aí vai.

Do mesmo modo que o Brasil o Chile esteve bem quando o preço das Commodities estiveram bem. Só que o Brasil tem um mercado interno importante e uma base industrial igualmente poderosa. Em parte o sucesso das exportações do Chile se deveu ao encanto das vantagens de livre comércio especialmente estimuladas pelo velho desejo americano de criar uma zona continental de livre comércio para funcionar sobre a liderança dele e assim fazendo sombra ao crescimento Chinês, Japonês e até Coreano.

Mas tudo se torna fantasia quando a realidade da crise não sustenta os sonhos geopolíticos. O EUA já não são mais o destino principal dos produtos chilenos transferindo parte para a China e havendo crescimento do Brasil e do México. Agora fica muito difícil aquele projeto imperialista de dominar o quintal latino americano.

E principalmente se tornará se as economias da América do Sul se integrarem mais e se o bom combate ao pessoal vendido ao império for consequente. Temos que avançar mais na unidade e reduzir ao máximos provocações do tipo Aliança do Pacífico. Isso não significa perder o comércio do Pacífico. Ao contrário é apenas retirar as amarras imperiais desse comércio.


Aliás a autonomia latino americana será muito boa para a convivência com os EUA e suas interferências golpistas na vontade popular. Uma América Latina com economia forte será ruim para modelos imperialistas, mas será, por outro lado, uma relação de sustentabilidade muito mais duradoura do que este atual modelo instável e predatório, especialmente da natureza. 

Descobrindo Luís Augusto Cassas por sugestão de Everardo Norões.

O AMOR

somos um livro

está tudo escrito
no dna do espírito
nas cartas astrológicas
nos meridianos dos corpos
na íris dos olhos
no alfabeto do infinito

nosso contrato de risco
é escapar ao inaudito
(as garras do hipogrifo)
e escrever c/fogo e luz
no espaço em branco dos capítulos
o nosso mito

Luis Augusto Cassas

Se sou amado,
quanto mais amado
mais correspondo ao amor.

Se sou esquecido,
devo esquecer também,
Pois amor é feito espelho:
-tem que ter reflexo.
Pablo Neruda
Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

Meu amor tem duas vidas para amar-te. Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo.
Pablo Neruda


Grandes duplas!








Agora, o "Judiciário" - José Nilton Mariano Saraiva

As recentes manifestações que abalaram a República, sem que tenha sido possível identificar seus idealizadores (porquanto geradas nas redes sociais) tinham destinatário certo e endereço conhecido: a classe política, no Legislativo e Executivo, em Brasília. 
Fato é que a grita sobre a corrupção na esfera política ecoou tão fortemente nas ruas que, ao pressentirem a gravidade da situação, de pronto os Deputados e Senadores “lembraram” de um sem número de projetos que dormitavam nas gavetas e escaninhos da vida. E aí, tivemos algo inusitado: “suas excelências” participando de reuniões plenárias, grupos de trabalho, comissões disso e daquilo, e isso durante os cinco dias úteis da semana, quando o “normal” para eles - e só para eles – era comparecer ao expediente somente as terças e quartas-feiras (viajam na quinta e retornam a Brasília na segunda). 
O Executivo, por sua vez, igualmente acusou o golpe, tanto que a presidenta Dilma Rousseff se valeu da TV para sugerir, em cadeia nacional, a realização de um plebiscito objetivando uma reforma política (hoje, baixada a poeira, os congressistas já boicotaram a iniciativa presidencial). 

Estranhamente, entretanto, o outro poder constituído, o "Judiciário", não foi sequer lembrado. E o nosso Judiciário definitivamente não é flor que se cheire, tantas são as decisões em favor de uma casta de privilegiados, e em desfavor dos menos favorecidos.  Só dois fatos ilustrativos, por falta de espaço: 1) em Brasília, por falcatruas, num mesmo dia o banqueiro Daniel Dantas é trancafiado duas vezes por determinação do Juiz Federal Fausto de Sanctis; de pronto (em ambas), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, atropelando os ritos processuais, manda soltá-lo (antes, o banqueiro já houvera confidenciado aos advogados que não se preocupassem com os tribunais superiores, porquanto lá ele resolvia); 2) em Fortaleza, o ex-presidente do BNB, Byron Queiroz, é “agraciado” pela Justiça Federal com três condenações (14 anos de prisão, em todas elas) em razão das portentosas e comprovadas fraudes quando geria o BNB; apela ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife-PE, onde é absolvido POR UNANIMIDADE.  
Partindo do pressuposto de que Juízes Federais embasam suas decisões em provas robustas e consistentes, salta à vista que por trás de tais anomalias se escondem corruptores e corrompidos por excelência.  
Assim, urge que os holofotes sejam direcionados ao “Judiciário”. Tentemos abrir essa caixa-preta. 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

11 de julho de 1973...





Eu lembro desse dia...


As luzes estão acesas. Ele voltou.
Quando chegou, seus braços se abriram para mim, como de um Cristo Redentor.
Victor  é mel!

O Ômega 3 no óleo de peixe das águas geladas - José do Vale Pinheiro Feitosa

Vá que as meizinhas de nossas rezadeiras, os chás de nossas avós, os rituais dos xamãs não se enquadrassem no script exato da racionalidade e da pesquisa científica cujas dúvidas e assertivas a maioria segue. Mesmo assim seja por rejeição ao modelo comercial vigente, seja por acreditar mais nas coisas naturais do que industrializadas ou seja pela profunda umbilicação com o tempo da cultura, a verdade é que muita gente aceita as curas tradicionais.

Em parte há uma desconfiança bastante razoável com as práticas enganadoras, de fetiche da mercadoria, da promessa da panaceia entre médicos e laboratórios, entre profissionais de saúde e a estratégia de “vender mais e melhor o seu peixe”. A febril mercantilização da saúde se tornou na patologia e na insanidade subjacente e ameaçadora a requerer mais e mais gastos diretamente do bolso das pessoas.

Revistas, programas de televisão, especialmente no horário das famílias, seja de manhã para atingir as mulheres em casa ou aos domingos no Fantástico, vivem de apresentar “estilos”, “técnicas”, “medidas”, “necessidades” de coisas novas e desconhecidas sem as quais não haverá amanhã para ninguém. É uma prática enganosa, irresponsável e sem validação externa que garanta a responsabilidade científica de tudo isso. Mas conseguem o efeito: gera uma demanda permanente nas famílias.

E pensei nisso tudo ao atravessar de barco a distância entre a ilha de Chiloé e o Continente numa região ao sul do Chile. E pensei não apenas com a dinâmica intelectual. Pensei por intenso estímulo olfativo. Um fedor de carnes apodrecidas, com olores de animal oriundo do mar que se expandia por todo o ambiente do barco e penetrava o carro, apesar dos seus vidros fechados.

Fedia como fedeu o e-mail que uma colega médica recebeu de outra profissional. Esta última enviou um e-mail indignada para um conjunto de colegas com uma reclamação que torna grave a mercantilização da medicina no Brasil. E olhem que o mal cheiro no barco da travessia vinha de uma grande carreta com enorme carroceria em forma de baú. O caminhão ficava um pouco depois do nosso carro. Era um caminhão perfeitamente legal, destes que rodam todas as estradas do mundo levando mercadoria de um para outro lugar.

Ao ler o e-mail daquela colega, minha amiga viu estarrecida que aquela denunciava a ameaça que tinha recebido de um representante de laboratório que dizia o seguinte: a nossa auditoria interna identificou que a senhora não tem prescrito o nosso medicamento e que, ao contrário, tem feito escolhas pelo medicamento do nosso concorrente. Isso não fica bem pois acabamos de oferecer um cruzeiro marítimo para a senhora.

Imediatamente me veio a comparação entre a carga podre daquele caminhão em Chiloé na travessia do Catamarã e o Transatlântico carregado de médicos às expensas de um laboratório. Tudo transpirava o mesmo odor, e a médica havia suspeitado daquilo tudo. Ela era matéria prima para o lucro da Indústria Farmacêutica. E mais revelador ainda, com uma suspeita digna de um Snowden: como a empresa tomara conhecimento da prescrição da médica? Teria controle das farmácias ou das informações geradas pelas receitas controladas para a Vigilância Sanitária?

E tudo poderia se voltar ao Xamã quando ele ainda não fora aprisionado ao “mercado” como aqueles panfletos que vendem a “Madame” que traz o namorado de volta. Acontece que o Congressos dos profissionais de saúde são máquinas dos laboratórios e da indústria de equipamentos. Não são congressos científicos, são feiras para vender produtos. Assim como as ofertas para ouvir de graça um grande especialista pago pelo laboratório e logo em seguida um bom jantar num caro lugar.

O caminhão que fedia na travessia entre Chiloé e o Continente estava com carga plena de vísceras de salmão. As vísceras iriam para uma indústria multinacional que alguns meses depois estaria com seu produto devidamente embalado e tornado atraente nas prateleiras das farmácias do Brasil. Assim como os profissionais de saúde que se imaginam dominando o processo do seu conhecimento.


Logo de manhã despeja-se na palma da mão para que possa ser enviado diretamente à boca e em seguida deglutido com um copo de água. Aquela capsula dourada do óleo de salmão. O óleo do peixe das águas frias: criado em cativeiro, comendo ração e enganado para ovular.    

Por Rosa Guerrera

 
É triste , muito triste e desolador a gente encarar o marchar dos dias atuais, quando as manchetes das tvs e dos meios de comunicação retratam a crescente onda de violência e de impunidade que assola o nosso país.
Os crimes mais hediondos , os latrocínios , os homicídios , os estupros , a falta de respeito aos velhos e a inocentes crianças são coisas rotineiras no nosso dia a dia .
O pavor de caminhar a noite por ruas desertas, de sermos mortos por um moleque qualquer , assaltos a casas comerciais , a bancos, a industrias, mulheres brutalizadas, crianças violentadas , policiais assassinados no cumprimento do dever ,infelizmente é a imagem que temos diante de nossos olhos e da nossa impotência .
Muitos afirmam que esse quadro horripilante é consequência da falta de Deus em muitos corações.
Eu diria no entanto que toda essa situação provém de uma simples "canetada " por parte de autoridades que poderia modificar as caducas leis, as ultrapassadas Leis , que urgentemente precisam ser mudadas no nosso país. Se o menor com 16 anos tem direitos como cidadão de ir às urnas e colocar o seu voto , porque não teria ele , muitas vezes assassino frio , calculista , estuprador, viciado em drogas, também ser julgado como cidadão adulto , com direito a prisão e a pena de anos num cárcere ?
É como falei antes : bastaria uma canetada e tenho certeza que muita coisa seria resolvida dentro da lei
Mas enquanto o assunto de maior importância no momento for o futebol , a Copa , as construções caríssimas das "arenas " e os bilhões gastos com toda essa ornamentação .....a saúde , a educação ,e a segurança pública vão sendo deixadas para segunda ou terceira opção .
E nós , os coitados e honrados cidadãos vamos continuar gradeando nossas casas , temendo a vida de nossos filhos, os assaltos em plenas avenidas e os mais bárbaros homicídios estampados diariamente nas grandes manchetes dos jornais .
E pensar que só bastava uma " canetada " para em grande parte começar a solucionar esse "problemão" que assola esse nosso Brasil tão lindo !

terça-feira, 9 de julho de 2013

HILDEGARDO BENÍCIO RECEBENDO UMA DAS MUITAS CONDECORAÇÕES DA SUA CARREIRA. O MELHOR CONJUNTO MUSICAL DA REGIÃO: "HILDEGARDO E SEU CONJUNTO".

Chiloé - José do Vale Pinheiro Feitosa

Após a interrupção da série sobre o Chile, hoje retorno com mais um texto sobre a Ilha de Chiloé.

Era uma manhã fria, de névoa densa e baixa, com o Oceano Pacífico em frequente ondulação, embora de pouca amplitude. O catamarã que transportava o carro em que estávamos, entre o continente e a Ilha de Chiloé não balançava muito e fomos para o alto dele a experimentar o agasalho quase absoluto frente ao intenso e cortante gelo dos ventos daquele tempo ruim enquanto vivíamos a paisagem.

Chiloé não fica muito distante da orla continental, tem uma grande ilha, com várias cidades, a extensão principal tem mais de duzentos quilômetros, nela nascem e desembocam rios, existem montanhas, inúmeros acidentes geográficos costeiros e um arquipélago de ilhas a rodear-lhe. Vivem no arquipélago mais de 154 mil pessoas.

Suas cidades principais são Ancud e Castro. Os habitantes são identificados como chilotes e ele têm a sensação plena de que estão na ponta sul do mundo. Pela formação de seu povo, na fusão de ameríndios e europeus as noites e dias são diferentes. Quando o sol desaparece na risca do Pacífico, a noite se adensa de plenas “americanidades”, os seres míticos descem como uma bruma à realidade ancestral que teima em manifestar-se com as “pincoyas”, os “traucos” e toda uma rica mitologia chilota.

Chiloé foi um objetivo estratégico para a conquista dos bravos araucanos e suas águas já eram navegadas pelas naus espanholas, vindas do vice-reinado do Peru desse a primeira metade dos anos de 1500. Nas águas de Chiloé o brilhante poeta dos Araucanos don Alonso de Ercilla e Zúñiga navegou na missão conquistadora em que era parte.

Os espanhóis, já em 1567 fundavam vilas, entre as quais a capital atual de Chiloé que é Castro. Chiloé se desenvolveu nos negócios do mercantilismo espanhol e foi um dos últimos territórios do atual Chile a separar-se da Coroa Espanhola. O movimento de separação do Chile da Espanha ocorreu durante as invasões napoleônicas da península ibérica, no mesmo ano em que a corte portuguesa fugiu para o Brasil. Liderada por Bernardo O´Higgins isso aconteceu entre 1817 e 1818. Mas Chiloé só fez parte da nova República a partir de 1826.

Aí foi o projeto de conquista do extremo sul e foi de Chiloé que partiu a expedição que conquistou o estreito de Magalhães para o chilenos em 1843. Chiloé hoje é um dos centros da produção do salmão, onde os peixes atingem a maturação na costa marítima e por isso tem um valor econômico estratégico para o país. E como o interior nordestino e as regiões amazônica ainda sob forte influência das culturas indígenas, Chiloé é de uma riqueza extraordinária em cestarias, enfeites, cerâmicas e trabalho com madeira. A riqueza da vegetação de juncos, capins, plantas arbustivas típicas de costas, faz de Chiloé a singularidade que é encontrada e vista, por exemplo, no museu de Ancud.

Se os nordestinos sentem na sua epiderme todos os ventos da mitologia ancestral, em Chiloé ela é imensa, guarda a memória dos conquistadores espanhóis e como aqui formam um sincretismo mitológico que por vezes até se assemelha aos nossos. Não sei dizer se as semelhanças são pela identidade ibérica de nossos povos ou pela identidade americana do primórdio da ocupação do continente pelos seres humanos.

Como o El Caleuche que é um barco fantasma que aparece e desaparece num repente, todo ele iluminado, com sua tripulação fantasmagórica cantando e dançando ao som de encantadoras melodias. Os comerciantes que tiveram a sorte de negociar com a tripulação se tornaram prósperos. A Pincoya é a Afrodite de Chiloé, a deusa da fertilidade que é uma mulher belíssima e tudo depende do sentido em que ela dança quando sob o estímulo envolvente da voz melodiosa do seu marido o Pincoy. Se a sua dança gira em direção ao mar haverá abundância e se em direção à terra, haverá escassez. Considere-se que a fertilidade de Chiloé é a pesca marinha.

E a mitologia vai num paralelo com a nossa ou não com personagens míticos como a Fiura uma mulher velha asqueroso que endoida às pessoas, o Camahuet que é um touro com unicórnio, o Brujo, o Invunche, a Viuda, o Trauco, La Violadora, El Cuchivilu, Ten-Tem Vilu e Cai-Cai Vilu; El Culebrón, El Coo, Chihued; Basilisco e o Caballo Marino. Mas o paralelo desta mitologia conosco se encerra na nossa falta de vontade com nossa cultura. Eu sei disso tudo porque em Chiloé eles vendem um simpático livrinho com estas coisas.

O Chile é um lugar longo, montanhoso, estreito, vulcânico e inteiramente sujeito a terremotos e abalos de todas as naturezas. Como todo povo em suspense suas paixões são maiores, seu espírito transformador intenso, mas igualmente é maciço e esmagador o braço de sua elite vinculada à exportação de commodities, especialmente o cobre. Em Chiloé o maior evento dos últimos séculos foi um terremoto com epicentro em Valdívia que abalou Chiloé de tal modo que uma parte da ilha afundou mais de metro no magma por onde as águas do mar inundaram terrenos que até então eram cultivados e habitados. Isso aconteceu em 1960 e o sofrimento de Chiloé foi tremendo, abalando suas vilas e cidades e sendo a ilha agredida por duas tsunamis simultâneas uma entrando pelo estreito com o continente e outra pegando a ilha de frente.


Conversei com um professor aposentando que naquele dia estava dando aulas numa pequena ilha em frente a Chiloé. Ele nos disse que o chão balançava como se balança um lençol para tirar-lhe o pó. Após cessado o desastre maior ele saiu com um pequeno barco para procurar pessoas isoladas na costa da pequena ilha e quando chegou a um dos lados o mar borbulhava como uma panela no fogo. Não era uma fervura, era como água mineral gasosa.     

Nua Ideia

Lua cheia
Ilumina minha vida
Pura lâmina polida
Lábio, leite, peito, mãe
Nua idéia
Pavão de plumagem branca
Moça de risadas franca
Meia-taça de champanhe
Minha seta atravessa o meu amado
Linha reta do real do outro lado
Lua nova tudo agora recomeça
O mundo está posto à prova
Muda a luz e muda a cor
Lua, lua
Ilumina esta promessa
Com tua vontade crua
Ilumina o meu amor
Composição: Caetano Veloso / João Donato

por socorro moreira

Eduardo, meu sobrinho-neto.



Lindas festas aconteceram na família, nos últimos dias.

Aniversário de Camila e Eduardo, nos dias juninos.

Batizado de Sophia e Maria Luiza, nos primeiros dias de julho.

Fui madrinha de batismo, e não consegui segurar a emoção, lembrando  minha infância tão cheia de religiosidade.

Rezávamos o terço em família; ficávamos atentas aos pecados, e já classificávamos os veniais ,os mortais.

"Fazei-me dócil, humilde e obediente"- Frase que a minha mãe sugeria que eu repetisse todos os dias, todas as noites, e sempre!

Hoje eu sei o quanto é difícil  ser obediente, mas o quanto buscamos um Senhor!

A cidade está alterada por visitantes  e gente da terra, que mora noutros cantos. 

Hoje tem inauguração de um novo Atacadão. O comércio está vendendo menos. O povo guarda dinheiro para aproveitar ofertas.Eu gosto de perder horas olhando produtos , preços...Sem deixar de adorar feiras livres e aquele cheiro "fresco-podre" de frutos e folhas.

Sinto enormes saudades de alguns rostos. Sonho muito com todos. Esta noite sonhei que voltaria a trabalhar no BB, numa Ag. de Petrópolis (RJ). Ora, ora... Tremi de medo. Eu tenho medo sim, destes desabamentos que  vivem zoadas dentro de mim. Mas sou plácida diante da morte. Ela só não precisa chegar  numa estrada as faltada ou esburacada. Quero embarcar devagar, adentrando nuvens, e varando o planeta azul até encontrar o espaço que me reunirá a todos.

Penso no Hino ao amor de Piaf, e até acho graça... Deixei de canta-lo, mas não deixei de desejá-lo.

P.S.... só você pra arrancar estrelas dos meus olhos. 





Verde Araripe
Inspira vida
Caminho findo

Morte intrometida
Espera inquieta
 Eterna sina

O lado de lá
Não responde

No lado de cá
Só lembranças

História saudosa-
 Limpa-
Pelo repassar dos anos

Neste mar passado
Presente mergulha
Futuro nada...

Adormeci tanto
Com ninar materno
Acordei pranto
Universo inverso

socorro moreira