por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 17 de maio de 2012

VASSOURINHA- Norma Hauer



‘ No dia 16 de maio de 1923 nasceu Mário Ramos de Oliveira, cantor que ficou conhecido com o nome de VASSOURINHA. Desde menino, ele demonstrou aptidão para o canto e, com apenas 12 anos, em 1935, tomou parte de um filme de nome "Fazendo Fita".

No ano seguinte, com apenas 13 anos, foi trabalhar como contínuo na Rádio Record de São Paulo; cantarolava durante o trabalho e à noite apresentava-se ao microfone da emissora como cantor, com o nome de Juracy (que serve para os dois sexos). Isso porque sua voz ainda era infantil.

Mais tarde, resolveram arranjar outro nome para ele, quando se tornou o Vassourinha. A história que sempre ouvi a respeito desse apelido é que ele, como contínuo da rádio, fazia faxina e "cantava" enquanto varria a emissora. Isaurinha Garcia ouviu-o, sugeriu o nome de Vassourinha e ele passou a cantar profissionalmente. A outra história sobre seu apelido, consta da Internet, mas, para mim, a que descrevi é a verdadeira porque a conheço há muitos anos .

O compositor Antonio Almeida, indo a São Paulo, gostou de Vassourinha e o trouxe para o Rio, a fim de que lhe dessem chance de gravar. Como ele cantava as músicas do repertório de Silvio Caldas, João Petra de Barros e Luiz Barbosa, sentiu que era deste que mais se aproximava, cantando também samba de breque.

O grande sucesso de Luiz Barbosa era um samba de Braguinha e Alberto Ribeiro de nome "Seu Libório", cantado por Luiz no filme "Alô Alô carnaval". Por motivos de contratos com gravadoras , sendo Luiz Barbosa da Odeon e Braguinha da Colúmbia, Luiz não gravou esse samba.

Com a morte deste, em 1938, Vassourinha teve sua chance de fazer sua 1ª gravação desse samba e, na outra face do disco, gravou "Juracy”.

JURACY

Autores Antonio Almeida e Cyro de Souza

Desde o dia em que eu te vi, Juracy

Nunca mais tive alegria

Meu coração ficou daquele jeito,

Dando pinotes dentro do meu peito

Mas agora eu quero, eu quero saber,

Qual a sua opinião

Pra resolver nossa situação

Pode ser ou tá difícil, coração?

Eu trabalhei durante o ano inteiro

E consegui juntar algum dinheiro

Fiz uma casa que é um amor

Botei rádio, geladeira e tem ventilador

Nossa casinha lá na Marambaia

Fica a dois passos da beira da praia

E se você achar que lhe convém

Eu lhe garanto tudo isso e o céu também.

Daí começou a fazer sucesso, gravando: "Emília"; "Ela Vai à Feira"; "Chik,Chik,Chik, bum"; "Apaga a Vela"; "Olga"; "E o Juiz Apitou"; "Amanhã eu Volto" e "Volta pra Casa Emília".

Foram apenas essas suas gravações e, posteriormente, a Musicolor gravou todas em um LP.

Seu maior sucesso foi "Emília"

"Quero uma mulher, que saiba lavar e cozinhar..."

E de manhã cedo, me acorde na hora de trabalhar.

Só existe uma e sem ela eu não vivo em paz

Emília, Emília, Emília

Não posso mais”..

Ainda aqui no Rio, Vassourinha começou a padecer de uma doença degenerativa, retornou a São Paulo e faleceu dessa doença, que nunca foi bem esclarecida, em 3 de agosto de 1942, com apenas 19 anos.

ALCIDES GERARDI- Norma Hauer




Na data de 15 de maio, em 1918, nascia em `Porto Alegre o cantor Alcides Gerardi,que teve passagem importante em nossa música popular.

´ Ainda jovem, veio trabalhar com o pai aqui no Rio de Janeiro

Em pouco tempo, deixou esse trabalho que não era o que queria e, tendo uma bonita voz, passou a crooner de cassino ,até juntar-se a um grupo que tomou o nome de "Namorados do Luar", em 1939.

Dois anos depois formou, com Marília Batista (que fizera dupla famosa com Noel Rosa) e seu irmão Henrique Batista, o trio "Os Três Marrecos".

Em 1944 passou a crooner da Rádio Transmissora (atual Globo) e em 1946 gravou, na Odeon, seu primeiro disco em 78 rotações, com a composição "Lourdes".

Seguiu sua carreira solo, indo cantar na Rádio Tupi até que em 1953 ingressou na Nacional, onde ficou até seu falecimento em um acidente automobilístico, em 1º de março de 1978, quando regressava de um "show", da mesma forma que Francisco Alves.

Seus maiores sucessos foram "Antonico", de Ismael Silva



"Oh Antonico,vou-lhe pedir um favor

Que só depende da sua boa vontade"...



Dizem que o favor era para o próprio Ismael Silva que estava numa "péssima", financeiramente.

Com tantas músicas gravadas, Ismael não enriqueceu, como também acontecia com quase todos de sua época, principalmente os moradores de favelas.
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Outros sucessos de Alcides Gerardi, foram "Brotinho Maluco", "Suely" e o mais conhecido e que muitos cantores gravaram depois de Alcides Gerardi:"Cabecinha no Ombro"

CABECINHA NO OMBRO

"Encosta sua cabecinha no meu ombro e chora

E conta sua mágoa toda para mim.

Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora

Que não vai embora

Porque gosta de mim"


Como já disse, Alcides Gerardi morreu da mesma maneira trágica que morreu seu colega Francisco Alves 26 anos antes: acidente automobilístico na Via Dutra, regressando de um “show” .

Isso no dia 1° de março de 1978, sem completar 60 anos.

[Norma Hauer]

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O "poste" que... chora - José Nilton Mariano Saraiva

Ao dá posse, hoje, aos membros da “Comissão da Verdade” (que irá apurar as violações aos direitos humanos cometidas entre 1964 e 1988, quando da vigência da ditadura militar), a presidenta Dilma Rousseff surpreendeu, ao mostrar uma faceta não muito comum numa “gerente-durona”: a sua “porção-estadista” (e em diversas ocasiões).
Primeiramente, ao reunir e se fazer acompanhar, na chegada e durante toda a solenidade, pelos ex-Presidentes da República que a antecederam (Lula da Silva, Fernando Henrique, Collor de Mello e José Sarney), independentemente das divergentes conotações político-ideológicas de alguns (em relação à sua posição).
Passo seguinte, humildemente nos cientificau, en passant, de como cada uma daquelas autoridades (e inclusive Tancredo Neves e Itamar Franco, já falecidos) haviam contribuído para a realização daquele momento histórico.
Mais a frente, mostrou não guardar nenhum rancor por conta das atrocidades sofridas quando presa e torturada durante aquele período, ao declarar "... ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu. Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la (a verdade) em sua plenitude, sem ocultamento.
Em mais uma intervenção, pontuou de forma incisiva sobre a importância de se conhecer a própria história, de se ter a coragem de verbalizá-la e de registrá-la sem medo, ao declarar: “É como se disséssemos que, se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e mulheres livres que não têm medo de escrevê-la".
E, finalmente, coroando com competência sua participação na solenidade, foi ovacionada de pé no momento em que, lágrimas a escorrer na face e com a voz embargada pela emoção, (certamente que recordando as agruras enfrentadas no passado), concluiu: "O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia".
Pois é, pra decepção de muitos, até nisso o Brasil inova: temos um “poste” que... chora, um “poste” que... se sensibiliza, um “poste” que... é capaz de emocionar e transmitir emoção os que se encontram à sua volta.
Aleluia, aleluia !!!  

Rory Gallagher - A Million Miles Away Irish Tour 1974


Josenir Lacerda - A fala mansa do encanto


A cordelista carrega uma exuberância de versos fraternos na forma de lida com a literatura.  Josenir Lacerda é uma das inúmeras mulheres do Cariri que escreve cordel e que transita cotidianamente no universo da arte. Integrante da Academia dos Cordelistas do Crato e da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Josenir montou na sua própria casa uma budega para divulgar o artesanato e a literatura “popular”, na qual recebe artistas e pesquisadores de diversos estados brasileiros para beber da sua deliciosa conversa mansinha.       






Alexandre Lucas - Quem é Josenir Lacerda?

Josenir Lacerda –
Sou poeta, cordelista
Sou dedicada artesão
Natural aqui do Crato
E dele ardorosa fã
Retalhos de “ser feliz”
Emendo a cada manhã
Garanto que ainda sou
A mesma eterna criança
Que brinca de embalar sonhos
De fabricar esperança
Na mente imaginativa
A fantasia inda dança
Elói Teles, Patativa
Também o Cego Aderaldo
Os meus pais e meus avós
Professor Zé Esmeraldo
São exemplos de vida
Meu incentivo e respaldo.
Pela arte popular
Sinto um amor verdadeiro
Vejo em nossa tradição
Rico e cultural celeiro
Que transforma o Cariri
Em vasto e fértil canteiro.

Alexandre Lucas - Quando teve início o seu despertar pela Leitura?


Josenir Lacerda – Na infância ainda, começou meu interesse pela leitura.
 
Alexandre Lucas – Qual a influência do seu trabalho?


Josenir Lacerda – Tenho admiração por vários poetas e escritores, o que me estimulou a escrever, porém nunca me detive para tentar descobrir algum sinal que caracterizasse a influência de algum especificamente.
 
Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória?


Josenir Lacerda – Escrevo por necessidade de comunicação, bloqueada pela timidez, desde a adolescência. Tenho alguns cordéis publicados antes do meu ingresso na Academia dos Cordelistas do Crato em 1991 e hoje e conto com uma significativa produção divulgada em alguns pontos do Brasil. Em 2010 ingressei na Academia Brasileira de Literatura de Cordel no Rio de Janeiro.

Alexandre Lucas – Qual foi o seu primeiro cordel?


Josenir Lacerda – Foi “O Manequim”, que continuava inédito, engavetado esperando seu momento. O primeiro editado, foi “A “cabôca” que enganou o santo” em parceria com Iris Tavares. E ao ingressar na ACC foi “Severino e Luzia ou As Proezas do Destino”.

 
 Alexandre Lucas – A região do Cariri se destaca pela quantidade de
 cordelistas. Isso influenciou a sua carreira poética?


Josenir Lacerda – A efervescência cultural do Cariri como um todo, estimula, contagia e influencia.
 
Alexandre Lucas – Você hoje faz parte da Academia Brasileira de
 Literatura de Cordel. O que isso representa para você?


Josenir Lacerda – Significa não só uma conquista pessoal como cordelista, mas a chance de representar a mulher caririense na conceituada instituição nacional do cordel.
 
Alexandre Lucas - Como você caracteriza a sua poética?


Josenir Lacerda – Prefiro não buscar uma característica específica, pois de certa forma isso gera um rótulo e tira um pouco da liberdade de explorar os temas. Costumo dizer que a inspiração é igual a menino “birrento” que chega puxando a saia da mãe querendo algo imediatamente nos momentos inoportunos e inusitados. Geralmente procuro atender ao tema sugerido pela “musa” sem me preocupar em manter uma linha ou característica. Talvez minha poética tenha essa característica: “diversidade de temas“.
 
Alexandre Lucas – A sua residência se tornou ponto de referência para
 a pesquisa sobre cultura popular por conta do espaço que você criou
 “Cordel e Arte”. Isso contribui para a sua produção poética?


Josenir Lacerda – Contribui sim, pois cada contato oferece um pouco de conhecimento, aprendizado, informação e isso alimenta a criatividade e estimula a produção.
 
Alexandre Lucas - O que é a poesia para você?


Josenir Lacerda – A poesia pra mim
É uma amiga sincera
Que assume meus queixumes
Faz de inverno, primavera
Compreende os meus medos

Guarda fiel meus segredos
Meu sonho, minha quimera.
 

Sammy Davis, Jr.




Samuel George "Sammy" Davis, Jr. (Harlem, Nova Iorque, 8 de Dezembro de 1925 — Beverly Hills, 16 de Maio de 1990) foi um Cantor, ator e dançarino estadunidense.

Essencialmente Dançarino e cantor, Davis passou sua infância no vaudeville e se tornou conhecido por suas performances na Broadway e em Las Vegas, estrelando programas de televisão, e filmes. Fez parte do grupo de atores liderado por Frank Sinatra, conhecido como Rat Pack, sendo o único membro não branco.

"Será" ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Meses atrás, aqui, no Brasil, na tentativa infrutífera de desestabilizar um Presidente da República, Lula da Silva, eleito através do sufrágio universal (o voto popular), a decadente e desonesta revista VEJA (vulgarmente conhecida por “óia”) se outorgou o direito de publicar uma capa que retratava a imagem do mandatário maior da nação numa posição pra lá de constrangedora e depreciativa, já que com marcas de sapato nas nádegas, como se houvesse levado um “pé-na-bunda”, que caracterizaria sua “expulsão” da vida pública. A agressividade da capa não deu em nada, por absoluta falta de consistência da matéria correspondente e, na seqüência, o prestígio do ex-torneiro mecânico fez foi crescer mais ainda, aqui e lá fora.
Eis que, esta semana, “do lado de cima da linha equatorial”, num país que não cansa de se vangloriar da pujança da sua democracia (mas coincidentemente, também em estado de decadência acentuada - Estados Unidos) a importante revista “Newsweek” usou e abusou do mesmo escabroso expediente, na tentativa de alavancar a candidatura do opositor do atual presidente Barack Obama, ao dedicar-lhe uma capa onde aparece com uma auréola “colorida” por sobre a cabeça, seguida da manchete de letras avantajadas “The First Gay President”  (O primeiro Presidente Gay). Pelo que se sabe e até prova em contrário, nada há que desabone a conduta moral do “colored” Obama.
Será que a “liberdade de expressão” comporta tais desatinos ??? Será que uma “autoridade” constituída, democraticamente eleita pela maioria da população, tem mesmo que suportar toda essa “sujeirada”, com um sorriso de Mona Lisa no rosto ??? Será que não estariam confundindo (propositada e covardemente) os conceitos de “liberdade de expressão” com “libertinagem de expressão” ???  Será que não existem limites éticos e morais para que uma publicação desonesta (mesmo que poderosa) tente impunemente destruir reputações e avacalhar com a honra de pessoas de bem, unicamente porque não concorda com seus posicionamentos políticos, sob a alegativa de quea defesa do casamento gay, professada por Obama, não passaria de uma manifestação oportunista objetivando ganhar os votos do segmento ???
Será ???

Liberdade para Angola - José do Vale Pinheiro Feitosa


Falo de 13 anos passados. Angola acabara de selar a paz entre a UNITAS e o MPLA e se formava um governo de coalizão. A missão do governo brasileiro estava no país.  Chegamos a ver prédios ruídos por tiros de armas pesadas e especialmente um que, ainda em pé, estava com as paredes varadas assim como um coador de folha-de-flandres.

Na embaixada brasileira após uma reunião de trabalho com um embaixador entrei numa roda de conversa com um dos funcionários locais. Um angolano alto e forte de seus quarenta e poucos anos de idade. Duas histórias dele prenderam toda a minha atenção. Ele estivera na frente de batalha junto com o MPLA. Estava no campo quando o regime do Apartheid da África do Sul, estimulado pelos EUA, invadira Angola com tanques modernos e um poderoso armamento.

Era um massacre no desaparelhado exército do MPLA. Os soldados Sul-Africanos já haviam superado, com facilidade, as primeiras linhas de fogo angolanas. A situação era de destruição iminente das forças angolanas quando, de repente, sem que a maioria dos combatentes angolanos soubessem, irrompeu na guerra as forças cubanas. Ali mesmo as forças Sul-Africanas foram barradas e rapidamente foram expulsas do território angolano.

Uma vez numa conversa com Neiva Moreira, ex-presidente do PDT, jornalista, exilado, uma grande figura que acaba de falecer aos 94 anos de idade ele me contou algo sobre isso. Neiva Moreira não se fixou num só lugar em seu exílio. Andou pelo terceiro mundo todo e por isso mesmo chegou a fundar a Revista do Terceiro Mundo em cuja redação um dia encontrei e passamos os três a conversar: era o João do Vale. Maranhense como Neiva. Pois bem, o Neiva me disse que estava em Angola quando um médico brasileiro exilado que estava ajudando o MPLA chegou e disse: Neiva algo estranho está acontecendo. Hoje atendi alguns combatentes que falam espanhol.

A outra história do angolano já foi quando trabalhava na embaixada em Angola e o Brasil conquistou a quarta Copa do Mundo nos EUA. Aquilo representava um sentimento tão forte de terceiro mundismo, uma alegria tão intensa dos pobres, que uma multidão de mais de quinhentas mil pessoas subiu a colina onde ficava a embaixada brasileira para comemorar. O coitado do embaixador foi levado nos braços pela multidão.

Angola: aqui o Bonga fala do fim da guerra. A paz é uma coisa que nos parece tão absoluto apesar de sua dependência relativa ao conflito. E Angola é uma nação tão intensa que não sabemos como classificar com estas escalas civilizatórias.



terça-feira, 15 de maio de 2012

Que os muros do Crato desabem - José do Vale Pinheiro Feitosa


Sete de Outubro de 2012 e os eleitores Crato vão às urnas para eleger seu prefeito e os vereadores. O próximo prefeito e o novo plenário de sua câmara municipal. A afirmativa não é banal, embora muita gente viciada imagine sempre a sucessão como a manutenção de sempre. Para esta gente a política é só trocar os nomes da nata social e tudo está resolvido.

Não está. Todo mundo resmunga na baixa renda, na falta de saneamento, no transporte coletivo precário e caro, nas escolas que não educam, a saúde descuidada, os programas sociais para arrebanhar votos, na falta de trabalho, na esqualidez do crack e tantas outras mais que a manutenção e os mesmos apenas mudam de gabinete.

E podem considerar: depois de 1988, com a estabilização da moeda, com FHC, Lula e Dilma, o Brasil é outro e os prefeitos estão no centro daquele resmungo do outro parágrafo. Não adiante este cacoete de jogar o descompromisso, a inércia e o “arranjo entre nós” para cima, pois é aqui neste chão do Crato que as coisas brotam e degeneram.

Não vamos fazer tábula rasa da realidade. Todos temos conhecimentos. Quem tem consciência das coisas e se resume a desconfiar que estão a lhes fazer “lavagem cerebral” com ideias que já morreram na queda do  Muro de Berlim, têm muralhas maiores a tirar-lhes a visão.  Ou algo banal: querem manter a coisas como elas são.

Mas ora: eleições é o debate de ideias. Mas não só o debate. É o apanhado da vontade popular para poder representá-la na burocracia pública e nas políticas necessárias. Quando falei de Miguel Arraes para Pernambuco tinha em mente duas coisas: primeiro que ele não era Pernambucano e era da nossa região e segundo, ele pegou no pulso da história de Pernambuco e a repôs no cenário nacional como nenhum político Pernambucano no século XX o fez. Querer trazer a velha discussão do Golpe de 64 para um suposto “comunismo” do líder é revelar o quanto a eleição do Crato precisa efetivamente de uma sucessão.

Quando apontei a importância do Crato para a região não fui tomado de um bairrismo caduco. Juazeiro demograficamente e economicamente é mais importante que o Crato. Barbalha tem um passado relevante. A questão foi outra, mas é possível que alguém não tenha entendido todo o termo: o Crato tem que voltar a ser dinâmico e sair da inércia como fator estratégico para o desenvolvimento da região.

Quem pensa nas próximas eleições de outubro deveria varar noites de discussões, levantar consensos todos os dias, sair para a rua e ouvir. Ouvir mais do que falar. Mas ouvir e refletir coletivamente para juntar forças que superem este enorme marasmo. Chega dos conchavos de família, daqueles acordos infames com um prá cá e outro prá lá. Chega de apenas implantar sacanagem, cuidar da vida alheia e latir feito uma matilha apenas para espantar.

É hora de ser o galo da alvorada e acordar quem precisa acordar. É hora de chamar bem alto as pessoas de bem para o encontro das dezoito horas. É hora de encontro. Chega destas raivas que se assemelham a hidrofobia quando o nosso problema é sede de unidade.  

"Chico Peba" - José Nilton Mariano Saraiva

Chico Peba”, perigoso bandido cearense, foi preso em 29.04.12 (duas semanas atrás), acusado do seqüestro de uma empresária, aqui de Fortaleza (um crime “hediondo” e que não merece perdão, tal o doloroso sofrimento que impinge a muitas pessoas); ontem, 14.05.12, decorridos 15 dias da detenção, foi transferido, numa operação prá lá de sigilosa, de Fortaleza para um presídio de segurança máxima, lá em Catanduvas, interior do Paraná (atentem para o detalhe de que, aqui vizinho, em Mossoró-RN, existe uma dessas tais prisões de “segurança máxima”, mas que, inexplicavelmente, mostrou-se inservível pra ‘abrigar’ o monstro Chico Peba). De qualquer forma, parabéns à justiça pela “agilidade” no desenlace do problema.
Já o tal de Carlinhos Cachoeira, cuja “alta periculosidade” ficou constatada nas centenas de telefonemas gravados com autorização da Justiça (num dos quais conspirava com o amigo Demóstenes Torres visando “derrubar o Governo”) e que estava detido na mesma prisão de “segurança máxima” de Mossoró-RN, não mais que de repente foi transferido, por determinação de um determinado Desembargador Federal (Tourinho Neto) para uma prisão normal (Papuda), lá em Brasília-DF, segundo se alega em razão de não ter se dado com o clima quente do Nordeste, pela “carência-afetiva-matrimonial” de que repentinamente se viu possuído, assim como por não ter se adaptado ao deficiente e pobre “valor protéico” do cardápio da prisão (o “coitadinho” chegou a perder 15 quilos, conforme repercutido com estardalhaço em toda a mídia nacional por um dos seus advogados).
Agora, convocado a prestar depoimento na CPMI que trata dos graves crimes praticados por ele e sua quadrilha, eis que, também não mais que de repente e às vésperas da data prevista, um dos ministros do Supremo Tribunal Federal (Celso de Melo), houve por bem conceder um habeas-corpus cancelando temporariamente o tal depoimento (aguardado com expectativa por toda a nação), atendendo ao pedido de um dos advogados “peso-pesado” do marginal, o ex-ministro do governo, Márcio Thomaz Bastos (que, segundo se comenta, teria cobrado do senhor Cachoeira a irrisória, tímida e desprezível quantia de dezoito (18) milhões de reais pra defendê-lo; cinco (05) dos quais já pagos antecipadamente).
Não se divulga e ninguém questiona é o “porquê”, ou a  “razão”, ou o “a troco de quê”, um Desembargador Federal e um Ministro do STF foram tão ágeis ou expeditos em favorecer um marginal de tamanha e reconhecida periculosidade (ou conspirar pra derrubar um governo democraticamente eleito não se constitui crime ???), enquanto que o tal do Chico Peba não mereceu o mesmo tratamento.
De nossa parte, de há muito temos, sim, e não guardamos nenhuma reserva ou receamos em afirmar publicamente, dúvidas (e muitas), a respeito do comportamento e das decisões daqueles que deveriam atuar como “magistrados” (lembram do Gilmar Mendes, concedendo dois habeas-corpus num mesmo dia em favor do Daniel Dantas ???).
Assim, entendemos que não existe diferença entre a “hediondez” do crime praticado pelo Chico Peba e a “periculosidade” (e bote periculosidade nisso) dos diversos crimes praticados pelo Cachoeira. Ou será que a diferença estaria implícita no abissal abismo entre os saldos das “contas bancárias” de ambos ??? Você, aí do outro lado da telinha, o que acha de tudo isso ???   

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Já é hora de adeus - José do Vale Pinheiro Feitosa


Raimundo Capirote, recebeu este apelido, como todos o conhecemos em Paracuru, de um amigo da família que via ali um diabinho a fazer malinação. Um herói do século XX: saiu lá da pobreza da roça e se fez na cidade onde se aposentou na Universidade Federal do Ceará como Diretor. Trabalhou na rádio Universitária e atualmente faz um programa popular na Rádio Mar Azul aos domingos. Aqui estivemos numa roda de música. As fotos são apenas ilustrativas mas as últimas retiradas no lugar onde se deu o encontro.



Socorro e Aloísio,

Foi mesmo assim. Uma noite, destes luares de praia nordestina, quase como num sítio remoto, uma roda gravitada por uma viola e duas vozes de inundar o presente. Ele Capirote e ela Gil. Ele marido boêmio das noitadas de Fortaleza. Ela decidida a se aliar à voz das madrugadas, com seu canto de mulher entre mesas, garrafas e a canção para dilatar a vida.

Sabem daquelas noites que não acontecem por acaso mesmo quando os arranjos para que aconteçam sejam imprecisos. Sei, não foi por acaso, foi programada, quando falo do acaso é o resultado. Um eco que não se apaga da memória. Mas não apenas o som de um eco, mas um eco de todo o momento com a brisa da noite e as canções. Muitas canções a varar uma fileira de horas.

Como foi começada chegou a hora da despedida. Um pouco longa, como devem ser as despedidas dos tempos bons. Enquanto a noite se adiantava em madrugada o Capirote tocou a viola para a saudade e com canções simples, daquelas que achamos melosas, mas naquele ambiente se tornaram diamantes resistentes e brilhantes.

Diamantes resistentes e brilhantes. 

JAMELÃO - por Norma Hauer



Ele nasceu no dia 12 de maio de 1913, no bairro de São Cristóvão, aqui no Rio de Janeiro. Recebeu o nome de José Bispo Clementino dos Santos.

Mas quem é essa pessoa?

Nada mais do que o grande cantor JAMELÃO.

Como todo menino pobre começou a trabalhar como pequeno jornaleiro, mas vivendo ali, perto do morro da Mangueira, bem cedo ingressou na respectiva Escola, tocando tamborim e aprendendo cavaquinho.

Em 1930 já se apresentava em gafieiras, como o Fogão, a Cigarra e a Tupi.

Mas faltava o principal: o rádio. E assim fez várias tentativas no famoso "Calouros em Desfile", de Ari Barroso, mas não foi aprovado. No mesmo ano de 1940 conseguiu um contrato na Rádio Clube do Brasil e teve como "padrinho" artístico o cantor Onéssimo Gomes.

Em 1945 já se apresentava com a Orquestra Tabajara, de Severino Araújo e com ele cumpria contratos em rádio e boates.

Em 1949 gravou, com Antenógenes Silva "A Jibóia Comeu".

Gravando e se apresentando no rádio passou a ser um nome conhecido no meio e daí o resto foi mais fácil

Mangueirense de coração, gravou "Exaltação à Mangueira".

Adotando o repertório de Lupicínio Rodrigues lançou vários sucessos, sendo os mais famoso, os sambas "Foi Assim"; "Meu Natal" ;"A Vida é Isso"e "Ela Disse-me Assim", sucesso eterno.

Em 1969, quando as escolas passaram a gravar seus sambas em LPs, gravou o samba-enredo da Mangueira "Mercadores e Suas Tradições".

Em 1972 e 1987 gravou, acompanhado por Severino Araújo dois LPs.

só com músicas de Lupicínio e, em 1994, lançou o LP "Minhas Andanças".

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Em 2003, por ocasião de seu 90º aniversário foi lançado o "Baile da Mangueira", com vários cantores, dentre eles Zeca Pagodinho.

Até 2006 foi o "puxador " do samba da Mangueira. Ele não gostava desse nome. Ele se considerava (e era) o intérprete.

Puxador, para ele, era ladrão de carro.

Nos dois anos seguintes, já adoentado, foi proibido (pelo médico) de continuar com suas atividades normais, mas estava firme até os seus 95 anos!

Jamelão faleceu em 14 de junho de 2008 exatamente com 95 anos.

FELISBERTO MARTINS- por Norma Hauer




Foi a 9 de maio de 1904 que nasceu aqui no Rio de Janeiro um compositor não muito citado, mas que é responsável , como co-autor, de dois grandes sucessos de Lupicínio Rodrigues.

Seu nome: FELISBERTO MARTINS

Uma de suas composições "Brasa", de co-autoria com Lupicínio Rodrigues, foi inicialmente gravada por Orlando Silva com alguns erros crassos de português. Como ficou muito marcante, Orlando fez uma nova gravação corrigindo alguns dos erros.

Na gravação original um verso era assim:"desculpe a minha pergunta, mas QUEM tanta asneira junta ENSINARAM a falar...", que na nova foi corrigido para "desculpe a minha pergunta, mas QUEM tanta asneira junta ENSINOU-LHE a falar...".

Outro verso errado e corrigido: "se às vezes eu me demoro, é diminuindo a hora, para CONSIGO eu estar...substituído para "se às vezes eu me demoro, é diminuindo a hora, para COM VOCÊ estar"...

O último verso continuou errado:"se apagasse essa brasa, eu não sairia de casa, dia e noite a LHE ADORAR", quando o certo seria : a A ADORAR (não seria eufônico).

Outra composição de Lupicínio, com FELISBERTO MARTINS (e só o nome do 1º é citado) é o primeiro sucesso de Ciro Monteiro: "Se Acaso Você Chegasse", anos depois gravado por Elza Soares e alguns outros, como Roberto Silva ...

Sempre lembrando que a gravação original é de Ciro Monteiro

SE ACASO VOCÊ CHEGASSE

Felisberto Martins e Lupicínio Rodrigues

Se acaso você chegasse
No meu chateau e encontrasse
Aquela mulher que você gostou
Será que tinha coragem
De trocar nossa amizade
Por ela que já lhe abandonou?

Eu falo porque essa dona
Já mora no meu barraco
À beira de um regato
E de um bosque em flor
De dia me lava a roupa
De noite me beija a boca
E assim nós vamos vivendo de amor

Quando ainda não se gravavam sambas das Escolas, FELISBERTO MARTINS teve o 1° gravado: "Natureza Bela", na voz de Gilberto Alves. Este gravou, ainda de Felisberto Martins :”Algum Dia te Direi”.

Para terminar deixo aqui o final de uma das mais belas canções feitas para o Dia das Mães, gravada por Carlos Galhardo e da autoria de Felisberto Martins e Mário Rossi

"SUBLIME HERANÇA
"Tu guardas em teus olhos a criança,
Que ainda continuas vendo em mim.
E eu vejo em ti a mais sublime herança,
A jóia que amarei até o fim".

Felisberto Martins faleceu em 26 de outubro de 1980.

Norma Hauer

Oficina de Fotografia com Nívia Uchôa



"I'm in the Mood for Love "- socorro moreira


Como se possível fosse
Ocupar um quarto  do passado.

Gosto de licor na boca
Sono e sonhos em atraso
Vidas futuras, quase loucas
Exaustão no amor descompassado.

Bloqueio no coração amargurado
Coração confuso sente cansaço
Adormece lembranças, quebra laços
Estio de ilusões, chuva de fracassos.

Discreto discurso amoroso
Toca na ferida já lambida
Cutuca a emoção, no faz-de-conta
Costura a solidão da sua vida.

Fecha os olhos da esperança
Abre a janela do céu, recebe encantos
Lua minguante expira, inspira...
Luar de maio que queria tanto!



Na Rádio Azul


domingo, 13 de maio de 2012

Vital Farias - José do Vale Pinheiro Feitosa

A instituição do casamento antes como agora é bastante sofrível. Não as mulheres e os homens, mas este arranjo social e econômico. Este Caso Você Case do Vital Farias é o centro desta fraqueza. Existe uma versão da música com a Marília Barbosa. Lembram da Marília que sumiu, ninguém sabe ninguém viu? 


Vital Farias

Sem querer me repetir, mas não fazendo uma batalha contra: tem dias que a gente tem saudade da gente mesmo. De como era, como sentia, como dizia, como queria o futuro. Quando ouvia Vital Farias. Este Paraibano de uma geração que era como eu queria o futuro. Sem as malas da velha viagem, sem as estradas do mesmo destino. Vital Farias: seus sons, as sílabas debulhando a velha e repetitiva espiga do pensamento conservador da elite nordestina.

Aqueles sons que não se repetirão jamais. Não espere mais filmes de cowboys como aqueles feitos até o final dos anos 50. Depois daí a memória dos roteiristas, diretores e editores já estavam muito distantes da vida rural para poder traduzir algo que lembrasse o que era esta vida. Os dramas são ambientados no mudo do pistoleiro, mas a narrativa e os personagens são falsos, assim como este forró eletrônico tão longe da força de Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Humberto Teixeira.

O som de Vital Farias, assim como Zé Ramalho, Belchior, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, entre tantos da safra nordestina dos anos 70 não se repetirão mais. As novas gerações estão muito depois do que estes compositores viveram na sua infância. Como Vital Farias, filho de uma família de 14 irmãos, nascido numa fazenda em Taperoá, a mesma do grande Ariano Suassuna.

E Vital Farias com seus experimentos de sonoridade na poesia, não se deitou em leito meramente poético. A vida era tudo. A vida nordestina, infame, infante, insana. A vida de morte e pobreza. A pobreza da terra, da era, da mera clara em neve da cozinha patriarcal. Onde a voz tonitruante ecoava até o cascão da cabeça descabelada de tanta fome. Sem vitamina, proteína e uma mina onde pudesse matar a sede. A sede da miséria parecia ser ali, mas ficava acolá. Saía pelos portos e não retornava mais.

Vital Farias não gravou mais. Adiantava? Nada adiantava apenas as cifras da gravadora a inventar o momento. Afinal o momento não era o dele. Até que um dia ele disputou, por um pequeno partido de esquerda, as eleições para senador na sua Paraíba: contra Ney Suassuna e Cícero Lucena. Ney, casado com uma herdeira de uma cadeia de colégios de ricos aqui no Rio de Janeiro foi eleito. Vital surpreendeu em votação, mas o esgoto carreou um mandato despejando vontades privadas. O mandato era da Paraíba, mas o personagem morava no Rio de Janeiro e vivia em Brasília de trocas de favores, um emprego aqui, outro ali, uma cota para cá, outra nota para lá, sem fá, sem sol, apenas dó.

Esta canção é belíssima. Um som que não se compõe mais. Esta Veja (Margarida) tem excelente versões.  Vital Farias fez coisas magistrais entre as quais aconselho ouvir Saga da Amazônia. 






O Prefeito do Crato faz toda a Diferença para a Região - José do Vale Pinheiro Feitosa


Qual a importância do Prefeito do Crato? Ser maior do que o passado e igual ao presente para afrontar o futuro que os povos do litoral impuseram à região. Quando falo em maior do que o passado não é bem o que logo nos vem à mente: não falo em abandonar o passado, é justamente o contrário, é não desistir do núcleo político, cultural e social que formou a região e entender que as famílias tradicionais que estiveram na origem do desenvolvimento territorial,  hoje perderam a identidade para ser isso.

Quando falo em ser igual ao presente é para dizer que esse núcleo precisa retomar sua jornada e sua liderança, construindo o desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental e social e dando vigor à região. Afrontar o futuro é ter o próprio eixo de desenvolvimento independente da burocracia do Estado que só pensa em atrair turismo e galpões industriais para montar produtos que tanto poderiam ser produzidos aqui como em qualquer parte do mundo.

Fora o mito político em que se transformou, poucos se dão conta do que foi Miguel Arraes para Pernambuco. Ele simplesmente recolocou Pernambuco na referência nacional e ao criar um caráter de resistência ao velho modelo de desenvolvimento para meia dúzia, se tornou o principal líder nordestino a apontar a sociedade de massa em que o Brasil se transformaria.

Por isso o prefeito do Crato tem tanta importância para o Cariri e toda a bacia sedimentar do Araripe, incluindo parte importante de Pernambuco, Piauí e do Ceará, como os Inhamuns. E qual a importância deste prefeito e não de qualquer outra cidade?

Em primeiro lugar por derrotar a própria resistência do Crato ao viver uma eterna política oligárquica. Núcleos familiares que apenas se renovam para se aproveitarem da evolução malsã da política nacional: o compadrio, o fisiologismo, a compra do voto, lideranças forjadas para serem bajuladores da oligarquia e servir a ela ao invés do grande conjunto da sociedade sem representação real nos poderes políticos da cidade.

Em segundo lugar olhar além dos arranjos administrativos e dos “por-baixo-do-pano” da maioria na câmara e o empreguismo sem norte. Olhar além significa ser parte da política ambiental e se meter nos órgãos federais e estaduais até para lhes dar força. Se tornar irmão siamês das Universidades e Escolas Isoladas para juntos pensarem a região e seus problemas.

Ser o verdadeiro porta voz das massas dos bairros populares para lhes dar um padrão de qualidade negociado em políticas de educação, saúde, segurança, saneamento ambiental, vias públicas e áreas de lazer e cultura. Criar políticas que sejam verdadeiras revoluções no mundo moderno: universalização digital, centros de conteúdo para reflexão pública, observatórios para acompanhar as modificações no comportamento democrático, nas transformações ambientais, em fatores de risco para as políticas públicas, detectar populações em situação de risco.

Ter o ser humano como o centro e o palco da construção das políticas públicas, significando o reforço da manifestação pública e dos agentes sociais e subordinando a tecnocracia e a burocracia a ser um meio sem qualquer poder a não ser servir ao povo. As grandes questões econômicas, como a atração de empresas com seus capitais, o exercício de como hoje estas empresas operam na região, devem se subordinar ao bem comum e a um modelo de ser próprio da região mediante suas vulnerabilidades e potencialidades. A questão do pequeno produtor, da pequena e média empresa deve se colocar no centro do desenvolvimento da renda regional e da geração de emprego.  

O prefeito do Crato tem um papel central, só os eleitores da cidade é que não conseguiram se libertar, até agora, do padrão secular de uma política doméstica que não avança além do terreiro enquanto suspira no fundo do quintal. Volto à referência de liderança: Miguel Arraes soube entender Pernambuco porque foi além da inerte e decadente oligarquia da zona canavieira.

E por falar nisso quem são os candidatos a prefeito da cidade? Alguém tem porte para revolucionar a cidade e se tornar um líder regional?    
     

Cantar
Beto Guedes

Se numa noite eu viesse ao clarão do luar
Cantando e aos compassos de uma canção
Te acordar
Talvez com saudade cantasses também
Relembrando aventuras passadas
Ou um passado feliz com alguém

Cantar quase sempre nos faz recordar
Sem querer
Um beijo, um sorriso, ou uma outra ventura qualquer
Cantando aos acordes do meu violão
É que mando depressa ir-se embora saudade que mora no meu coração

Aparecida Silvino


Intérprete, compositora e regente, Aparecida Silvino tem sido presença constante no cenário musical de Fortaleza há vários anos. Ela começou sua carreira artística até mesmo antes de saber ler, quando aos 5 anos de idade tomou aulas de canto. Depois de receber aulas de Hans Joachin Koellreutter, ela foi aos Estados Unidos, onde aperfeiçoou mais ainda sua voz. Ao retornar a Fortaleza, ela decidiu seguir a carreira musical. Lá ela se envolveu com diversos grupos musicais e corais locais ao mesmo tempo em que fazia a carreira solo. Seu primeiro álbum saiu em 1992, mas foi apenas em 2001 que ela lançou seu primeiro CD, Presente. Trata-se de um trabalho com carinho desde o cuidadoso repertório e arranjos e ainda incluindo diversos membros de sua família em participações especiais neste bom lançamento.

Presente traz músicas de Chico Buarque, Ronaldo Bastos, Lô Borges, Fagner, Dominguinhos, Milton Nascimento, Fausto Nilo, Davi Duarte e outros talentos. Aparecida foi a responsável pelo conceito geral deste trabalho e deu a direção musical ao arranjador e guitarrista Mimi Rocha. Além dele, o resto do grupo que apóia os requintados vocais de Aparecida incluem membros da Marimbanda (Luizinho Duarte e Heriberto Porto) e ainda o extraordinário violão de Manassés e a mágica do acordeon de Valdonis. Como esperado, com este time de craques e o meticuloso talento de Aparecida, o trabalho só poderia ser de grande qualidade. A oportunidade que tive de vê-la em show ao vivo quando do lançamento deste disco foi uma experiência maravilhosa. A presença dela no palco é encantadora.

A faixa que abre o disco, "Papo Novo", foi escrita por Aparecida e seu irmão. Trata-se de um blues onde a guitarra do arranjador Mimi Rocha se destaca. A canção sutilmente fala da busca de coisas novas, de novos valores e novas criações. Com base nisso, Aparecida canta o que quer e se mostra competente em qualquer estilo. Sua voz cristalina e afinadíssima é sempre precisa. A faixa que dá nome ao CD foi escrita por Davi Duarte. Trata-se de um reggae onde o amor e a sensualidade estão presentes em grande força. A canção é contagiante. Outras interpretações marcantes aparecem com "Desenlace", "Modinha" e "Contrato de Separação". Estas três baladas dão a Aparecida a oportunidade de ir bem ao fundo da sua alma e apresentar os melhores momentos deste trabalho. Especialmente em "Contrato de Separação", onde Aparecida tem simplesmente o acordeon melancólico de Valdonis ao fundo, a combinação da voz e instrumento é celestial. Esta interpretação é comovente e fará qualquer ouvinte sentir emoções vibrantes. A letra fala da saudade e dor que um coração sente ao fim de um relacionamento, onde a separação é a única saída.

Aparecida mostra competência na escolha do repertório e domínio absoluta nas suas interpretações. Ela é uma artista para ser descoberta por todos. Para ler mais sobre ela, visite seu blog. Também se quiser, pode baixar todo o CD pela internet, incluindo capa e letras. Basta visitar este site. Você merece este Presente que Aparecida criou.
MB
Egídio Leitão
Agosto 2004

Ontem, no Teatro Municipal do Crato, aconteceu Aparecida Silvino.
Bela voz!
Canções autorais, incluindo outras de grandes compositores, como "cantar" de Godofredo Guedes.
Aplaudimos!  





Dia das mães sem Mãe...
Ano passado eu comprei seu presente com esperanças de que não fosse pela última vez.
Hoje ela é lembrança e saudade.
13 de maio de 2012... Dia de todas as mulheres, em todos os planos!



sábado, 12 de maio de 2012


Na Rádio Azul


Lançamento do Livro - Água pra que te quero! Caderno de Viagem






Aconteceu noShopping Cariri,dia 10, quinta-feira passada.Entre livros e pessoas queridas, Nívia  apresentou seu trabalho de tantos meses, projeto/ideia de alguns  anos!
O livro apresenta cds, encarte com fotos, e o registro de um belo e pedagógico trabalho.
Caderno de Viagem é uma excursão pelo interior do Ceará, ilustrado pelo olhar poético de Nívia Uchôa.
-"Água pra que te quero"! 
- Vale a pena conferir!

Mais um abraço para esta incrível profissional das artes!

Sobre pedras e flores - José do Vale Pinheiro Feitosa


Desde a marreta estalando na pedra,
A onda de choque o mesmo nos músculos,
As juntas esmagadas de tantas repetições,
O suor queimando a face como um ácido,
Restava-lhe um sonho de paraíso inalcançável.

Uma floraria sob a frondosa copa de uma árvore,
Compondo as cores de um buquê primaveril,
Aparando os excessos para o alinhamento de ramos,
A divina função de separar os odores das múltiplas fontes,
Com os dedos se educando na maciez de camadas de pétalas.

Olha para os dedos pinicados de tantos espinhos de rosa,
Os calos crônicos das tesouradas aparando ramos,
Este odor envelhecido e disperso como cravos nas bordas de túmulos,
As águas podres e turvas dos jarros que retardam a degeneração floral,
Entre a pedra e a flor a paga do salário traz semelhanças.    

Sorvete de "chuchu" - José Nilton Mariano Saraiva

Sujeito de sorte esse tal Ciro Ferreira Gomes. Quando foi contundentemente rejeitado pelo povo, que lhe impingiu uma humilhante, vexatória e acachapante derrota numa dessas eleições da qual participou como candidato, de pronto em seu socorro veio o amigão do peito, Arialdo Pinho, então um dos donos do Beach Park, que o distinguiu com uma função remunerada, espécie de “relações públicas” do empreendimento, onde não tinha hora de chegada ou saída (e como aquela velha história do “nada melhor que um dia atrás do outro com uma noite no meio” sempre teima em se fazer presente, eis que agora a “gentileza” do senhor Arialdo Pinho foi devidamente retribuída, através da sua indicação para a principal pasta do Governo do Estado, capitaneado pelo irmão Cid Gomes, onde, atualmente, se acha sob suspeita de “tráfico de influência”, na questão dos empréstimos consignados; que, aliás, parece que não vai dá mesmo em nada, embora as evidencias sejam cristalinas, já  que a  “blindagem” parece ser feita de material muito resistente ).
Na quadra atual, novamente desempregado após uma passagem prá lá de melancólica e improdutiva de quatro (04) anos na Câmara Federal, onde faltou muito e teve uma produtividade zero elevada ao cubo, não é que em seu socorro vem o irmão Governador do Estado e Presidente do PSB e lhe oferece a função muito bem remunerada de “consultor” do partido, onde, também, não é obrigado a cumprir horário ou bater ponto ou poderá divertir-se “trocando figurinhas” com o ex-patrão.
Um sorvete de chuchu, com cobertura de vaselina, para quem adivinhar quando recebe o senhor Ciro Gomes no novo emprego.
Ô sujeito de sorte.