por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 26 de fevereiro de 2012

Final de semana na estrada com paradas providenciais!

Visita neste domingo ao casal Hugo Linard e Filomena- casa na serra
Pôr-do-sol em Mauriti

Foto de Nicodemos- Igreja de Missão-Velha
Agora é quase madrugada. Um início de semana  maravilhoso para todos!
Acho que sai da toca, e foi ótimo!

Abraços

RODA DE HISTÓRIAS COM BISAFLOR

Hoje eu estava mais uma vez relendo as histórias contadas por Eduardo Galeano em O LIVRO DOS ABRAÇOS. É um belo livro, com cada história melhor que a outra, contadas com leveza e poesia. Selecionei um “Causo”, de um velhinho que acreditava no amor, mesmo quando lhe chegava, já no final da vida, nas cartas roubadas do seu baú/tesouro. Eis o causo narrado por Galeano:

Nos antigamentes, dom Verídico semeou casas e gentes em volta do botequim El Resort, para que o botequim não se sentisse sozinho. Este causo aconteceu, dizem por aí, no povoado por ele nascido.
E dizem por aí que ali havia um tesouro escondido na casa de um velhinho todo mequetrefe.
Uma vez por mês, o velhinho que estava nas últimas, se levantava da cama e ia receber a pensão.
Aproveitando a ausência, alguns ladrões vindos de Montevidéu, invadiram a casa.
Os ladrões buscaram e buscaram o tesouro em cada canto. A única coisa que encontraram foi um baú de madeira, coberto de trapos, num canto do porão. O tremendo cadeado que o defendia resistiu, invicto, ao ataque das gazuas.
E assim, levaram o baú. Quando finalmente conseguiram abri-lo, já longe dali, descobriram que o baú estava cheio de cartas. Eram as cartas de amor que o velhinho tinha recebido ao longo da sua longa vida.
Os ladrões iam queimar as cartas. Discutiram. Finalmente, decidiram devolvê-las. Uma por uma. Uma por semana.
Desde então, ao meio-dia de cada segunda-feira, o velhinho se sentava no alto da colina. E lá esperava que aparecesse o carteiro no caminho. Mal via o cavalo, gordo de alforjes, entre as árvores, o velhinho desandava a correr. O carteiro, que já sabia, trazia sua carta nas mãos.
E até São Pedro escutava as batidas daquele coração enlouquecido de alegria por receber palavras de mulher.

Um dia de papo com Bruno Pedrosa - José do Vale Pinheiro Feitosa

Passamos o dia aqui no Rio em companhia do Bruno Pedrosa. Chegou antecipadamente ao Brasil em relação à abertura de uma grande exposição, chamada Presságios no Museu do Ingá em Niterói. Chegou antecipado, pois trabalha numa escultura para Universidade Federal Fluminense. A escultura feita em vergalhão de várias espessuras terá quatro metros de altura e é a expressão do que ele faz no desenho.

Esta é uma característica do Bruno Pedrosa, ele vai da escultura à pintura carregando a mesma temática, as mesmas soluções estéticas. Uma escultura é terceira dimensão de um desenho/pintura dele. Conviver com o Bruno é uma das coisas mais agradáveis de se fazer, especialmente ontem quando a noite me prometia o desfile da campeãs na Marquês de Sapucaí.

O Bruno Pedrosa é um ser cuja expressão ao vivo e a cores é a força telúrica dos sertões da pecuária nordestina. Quando ouço ou leio amigos torcendo o nariz para estética de Glauber Rocha, imagino que arte não seja apenas aquela estética de cortes ligeiros e efeitos especiais de Hollywood. A narrativa enxuta e a mensagem já resumida.

É a arte de longas narrativas, milenares (aliás muita gente confunde o milenarismo religioso com a milenar cultura nordestina) que vai das alturas do canto provençal às planícies ressequidas dos nossos sertões. E tem mais, não é o feudo medieval da agricultura, é um semi-feudo do vaqueiro e das distâncias descomunais para a venda da boiada.

Por isso ele diz que apenas embarcou nas artes plásticas quando compreendeu “concretamente e espiritualmente a carreira de artista”. Então eis o que se tem por dizer a respeito do artista: uma luta entre o concreto e o espiritual na calcinada vida da modernidade (pós-modernidade). A luta de Bruno Pedrosa não é diferente de outras lutas ontológica da vida nordestina: do Antonio Conselheiro, do Padre Cícero, do camponês tentando construir uma vereda entre o chão e o céu.

Bruno Pedrosa por isso mesmo faz arte como se fosse uma missão. Por sinal uma missão para libertar a carne dos impulsos milenares que ali vegetavam como parte inseparável do seu ser. Aí o artista faz o que deve ser feito: “uma necessidade irrenunciável de catarse, um modo de liberar completamente os meus impulsos interiores”.

Mas é preciso dizer que nesta frase não se tome da ligeireza de buscar cores narcísicas neste sertanejo. Ao contrário a trajetória artística (claro que pessoal) de Bruno é sua interioridade em confronto com o exterior e por isso mesmo, é a renúncia ao palco de si mesmo para, através do “conhecimento e auto-conhecimento”, realizar a “comparação contínua consigo próprio e com todas as coisas que capturarão a sua atenção”.

Ao encerrar este nota estou cada vez mais convencido que converso de vez em quando com um religioso da caatinga. Um ser entre a abundância de aconteceres e a escassez de continuidades hibernais. Por isso mesmo é que o Bruno, com seu corpo magro, alto e longas barbas transita na Europa como um cristão primitivo e asceta. Há em Bruno uma semelhança milenar com o judaísmo dos desertos da Galiléia, ou melhor dizendo, das cavernas das encostas do Mar Morto com a aridez e o batismo dos essênios.

Sobre a "EDUCAÇÃO" ( Darcy Ribeiro )

“Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado, pelas causas que comovem. Elas são muitas e entre elas a maior, a escolarização das crianças”.

“É sabido que a escola de turnos é uma perversão brasileira, que não existe no mundo civilizado. Por toda parte, considera-se que só uma “escola de tempo integral”, para alunos e professores, dá garantia de uma escolaridade proveitosa. O retrocesso às escolas de turno só é explicável por sectarismo e ignorância”.

“Esse modelo de escola (de “tempo integral”) atende aos três requisitos essenciais de uma escola popular eficaz. “Espaço” para a convivência e as múltiplas atividades sociais durante todo o largo período da escolaridade, tanto para as crianças como para os professores. O “Tempo Indispensável”, que é igual ao da jornada de trabalho dos pais, em que a criança está entregue à escola; larga disponibilidade de tempo possibilita a realização de múltiplas atividades educativas, de outro modo inalcançáveis, como as horas de “Estudo Dirigido”: freqüência à Biblioteca e à Videoteca, o trabalho nos laboratórios, a educação física e a recreação”.

“Hoje, nosso professorado é formado numa das disciplinas falsamente profissionalizantes ministradas no nível médio, quase sempre em cursos noturnos, de onde sai incapaz de ensinar”.

“O “Programa Especial de Educação” previa que todas as escolas deveriam funcionar ordenadas dentro de um projeto pedagógico unido e de uma organização escolar padronizada, do contrário teríamos a reprodução do que ocorre nas redes de ensino em geral, onde, por um equívoco do que significa “Democratização da Educação”, temos escolas totalmente entregues às suas Diretoras que, muitas vezes mal preparadas para suas tarefas, orientam suas unidades melhor ou pior, de acordo apenas com sua competência, mas sempre diferentes umas das outras, tanto pedagógica como administrativamente”.

Sobre Darcy Ribeiro:

"Seguramente, Darcy Ribeiro foi o homem que mais lutou pela educação no Brasil. Falar dele apenas como educador seria pouco. A proliferação de idéias e vontade de realizar projetos fizeram dele muito mais. Começou como antropólogo, elaborando trabalhos de impacto mundial. Mas tarde, ingressou na área educacional, criou a Universidade de Brasília, da qual foi o primeiro Reitor e, em seguida, Ministro da Educação com apenas 30 anos de idade. Sua produção no setor de ensino e cultural deixou marcas no país: criou universidades, centro culturais, uma nova proposta educativa com os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP’s), além de deixar inúmeras obras escritas em várias línguas. A propagação de suas idéias rompeu fronteiras. Viveu em vários países das América Latina, especialmente no Chile, aonde conduziu programas de reforma universitária. O extraordinário progresso do povo chileno nas áreas social, cultura e econômica nos últimos vinte anos, deve-se indubitavelmente aos programas de reforma da educação iniciados por Darcy Ribeiro naquele país e que, infelizmente, por forças e interesses cinzentos, não pôde implementar no Brasil".


Post Scriptum (em "aditamento"):

01) "A situação social do país é inviável e o Brasil tem uma gigantesca população com capacitação apenas para o trabalho manual, a qual vai se reduzindo frente ao progresso tecnológico. É preciso investir tudo o que for possível em educação. Se eu tivesse apenas 1 (um) real para gastar e devesse escolher onde destiná-lo, se à saúde ou à educação, investiria tudo na educação". (Hélio Jaguaribe).

02) Como você, aí do outro lado da telinha, pode observar (e pra evitar julgamentos precipitados), TODAS as citações acima (inclusive o "Sobre Darcy Ribeiro") estão "aspeadas" e, portanto, NADA é da nossa autoria (quem dera tivéssemos competência para tal); apenas transcrevemos e postamos.

Um tour pelo interior do Cariri

Descobrimos que uma das mais belas igrejas doCariri é a de Missão-Velha(Ce). Nicodemos  com seu olhar especial, usando a minha máquina ( de parcos recursos) fez  belas fotos.Vejam uma delas:


sábado, 25 de fevereiro de 2012


O Carnaval de Joaquim Pinheiro


Lula para o Banco Mundial – (Gregory Chin da York University, Canadá)

O anúncio da saída de Robert Zoellick como presidente do Banco Mundial provocou uma nova rodada de debate sobre a escolha do próximo chefe da importante instituição de Bretton Woods. Demandas estão crescendo para quebrar a tradição de 65 anos de selecionar automaticamente um americano como o próximo chefe do Banco Mundial. Existem outras alternativas claras. No momento em que as economias avançadas preferem falar sobre como corrigir desequilíbrios macroeconômicos globais de comércio e finanças, para o Sul, os desequilíbrios são mais básicos: incluindo o desequilíbrio Norte-Sul na representação nas instituições globais. Brasil está entre aqueles que pressionam para dar a devida consideração aos candidatos dos países desenvolvimento. Guido Mantega, ministro das finanças do Brasil, disse: “Não há nenhuma razão para que o presidente do Banco Mundial seja de uma nacionalidade específica. Deve ser apenas alguém competente e capaz. Nosso objetivo é que os países emergentes tenham a mesma chance de competir para conduzir estas organizações multilaterais”. Mantega não precisa ir muito longe.
Sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva [presidente de 2003-2010], o Brasil entrou na crise financeira global forte e bem governado e emergiu mais rapidamente do que as economias mais avançadas. Seus bancos e multinacionais continuaram a subir nos ranking globais. Lula tem sido um dos líderes mais carismáticos do Sul Global, na última década. Seu perfil foi enérgico nas reuniões do G20, chamando aqueles que mal administram a economia mundial, e exigindo reformas para corrigir arranjos desatualizados de representação no sistema econômico global. Suas credenciais como um campeão das economias em desenvolvimento são fortes. Ele tem viajado pelo mundo, defendendo fortes laços Sul-Sul, inclusive com a África, e dentro dos Brics, e jogou apoio a fóruns regionais para a América do Sul. Ele exigiu uma maior voz aos países em desenvolvimento na tomada de decisão global e definição de agendas. Lula é respeitado por formadores de opinião do Norte. O Brasil tem feito contribuições substanciais para as instituições multilaterais, a partir do sistema da ONU, para dar mais do que a China para a Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), fundo do Banco Mundial para os países mais pobres. No mundo da influência política, tanto em Chatham House, em Londres, como na Sciences Po em Paris, Lula foi premiado com honras do tipo “pessoa do ano”. A nomeação do ex-presidente brasileiro não serviria por si só para resolver os desafios que se colocam à legitimidade do Banco Mundial. Embora os problemas de credibilidade do Banco não sejam tão graves como do FMI, não deve ser esquecido que há apenas quatro anos o Banco nomeou seu primeiro economista-chefe do mundo em desenvolvimento – da China. O simbolismo da nomeação de Lula seria difícil de perder.
Para os EUA, iria quebrar a espera dos Estados Unidos sobre a presidência e poderia ser visto como risco numa altura em que muitos ao redor do mundo estão questionando o modelo de desenvolvimento que o Banco deve promover A crise financeira mundial abalou os pressupostos anteriores. Para os poderes tradicionais, e tem sido grande, a escolha de Lula não deve ser subestimada. Se, por razões de saúde, Lula preferir não assumir o cargo – uma resposta totalmente compreensível – a pesquisa deve então recorrer a alguém com características semelhantes, mesmo que de credenciais não iguais.

FIM DE TARDE - I Wanna Rock!

Depois de um longo período, estamos retomando o projeto "FIM DE TARDE", uma forma diferente e super bacana de curtir a balada mais cedo. Além de ser um diferencial pelo horário, esse projeto tem como maior bandeira o respeito às pessoas, aos vizinhos do TERRAÇUS e principalmente o cumprimento do que determina a lei. Queremos diversão e arte e com esse projeto achamos que dá para conciliar diversão, arte e respeito às pessoas. A SERTÃO POP tem essa preocupação e queremos mostrar que vale a pena.

O evento acontecerá no próximo sábado, dia 3, a partir das 18h, com as maravilhosas bandas REI BULLDOG - tocando BEATLES sem parar, e LOS THE OS, com seus rocks, blues e o carisma que lhe é peculiar.

Vamos nessa. Acabou o carnaval, agora "Eu quero Rock!"

Os ingressos antecipados custarão 10 reais e serão vendidos nos seguintes locais:

CRATO - LOJA LARAS (Praça da Sé - em frente ao Museu) - 3521.2820
JUAZEIRO - PORÃO ROCK (Rua Carlos Gomes, 441 - ao lado de Prefeitura) - 3511.7527

OS INGRESSOS NA PORTARIA SERÃO COBRADOS A 15 REAIS

https://www.facebook.com/events/242523919169430/?context=create#

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

It´s been a long, long time - José do Vale Pinheiro Feitosa




O mundo explodia em guerra, a política sofria terremotos, a economia afundava e os EUA eram a imagem escapista de Hollywood. A juventude americana vivia as benesses econômicas do keynesianismo de Roosevelt, com seu New Deal. Para quê lutar? E morrer se o mundo era tão doce e sonhador?

Mas não teve como aquele império emergente ficar fora. Onde a produção econômica era destruída pela guerra, havia necessidade de quem ousasse produzir em escala. E assim a juventude americana encantada e encantadora foi para as bases militares em outras terras. Levando seus ritmos e suas saudades.

As mulheres ficaram. Saíram do lar para as fábricas, dirigiam caminhões, manipulavam na esteira de produção. As mulheres que ficaram eram outras e os rapazes morriam e se mutilavam no corpo e na alma, numa saudade imensa daqueles ritmos, daquelas músicas, daquelas cenas de paraíso em vida diretamente das telas.

E aí a guerra acabou. Era dezembro de 1945 e os soldados tinham que abandonar os solos conquistados e retornarem para a América. As mulheres já não estavam mais nos lares e agora iriam sofrer a concorrência da mão de obra de retorno à esteira do machismo.

Afinal IT'S BEEN A LONG, LONG TIME, e alguém precisava erguer os espíritos femininos para receberem os rapazes de volta ao lar e este lar teria que ser refeito. Os laços se restabeleceriam e os abraços e “Kiss me once, then kiss me twice. Then kiss me once again. It's been a long, long time.”

Você nunca saberá quantos sonhos sonhei com você. Ou como simplesmente tudo era vazio sem você. Então me beije uma vez, então me beije duas vezes. Então me beije mais uma vez. Foi um longo, longo tempo. It´s been a longo, long time, foi a canção mais popular do fim da segunda guerra nos EUA.

Foi escrita na perspectiva de uma esposa ou amante acolhedora do seu homem de retorno da guerra. Composta por Jule Styne (compôs entre outras canções: It´s Magic, Just in Time, People, Saturday Nigth, Three coins in the fountain) e letra de Sammy Cahn a música alcançou a primeira posição nas paradas americanas com a orquestra de Harry James e vocal de Kitty Kallen já em 24 de novembro de 1945.

No mês seguinte surgiu uma nova e diferente versão com Bing Crosby acompanhado pelo trio Les Paul e logo atingiu o topo. Na segunda semana de dezembro outra canção assumiu o primeiro lugar, mas a segunda quinzena do último mês de 1945 foi de It´s been a long novamente com Harry James.

Dezenas de artísticas gravaram a canção, em vários continentes, mas a versão de Harry James acima, com a voz de Helen Forrest me parece a mais intensa e calorosa de todas as versões.

Uma vez que você nunca saberá quantos sonhos eu tive com você. Ou quantos pareciam vazios sem você. Então me beije uma vez, e me beije duas vezes e me beije mais uma vez. Foi um longo, um longo tempo. Foi um tempo extremamente longo.

Tomara...- socorro moreira



Abri meu baú de fotografias procurando fotos com Sérgio. Encontrei aquelas que registram nossa primeira despedida. Havia sido transferida para o Juazeiro do Norte e planejava encontros futuros. Havia tristeza no ar, mas era uma tristeza feliz. Tínhamos menos de 30 anos. A vida era feita de festa e apostas num futuro que se eternizaria.
O futuro chega todos os dias. A dica de Vinícius é mesmo um canto de sabedoria: ”... e a coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais.”
“Tomara” que a gente não esqueça o recado e apronte todos os encontros e reencontros possíveis.
A saudade preenche a solidão dos nossos dias, mas ela precisa dormir, ficar de bobeira por aí...


Hoje senti a importância da fotografia. Ela registra os rostos que deixarão de existir por morte ou por tempo de vida.
Viva o abraço, o olhar, o beijo, todas as falas verdadeiras dispersas no éter, festejando com a natureza sua infinitude.

Fotos de Maria de Jesus Andrade ( Há 31 anos atrás)

Diante da vida - Emerson Monteiro

Tamanho das dores varia ao sabor dos infinitos. No entanto há que se vencer indiscriminadamente o que vier e ganhar na alegria outras tantas vezes quantas despontamentos aflorarem e sumirem nos instantes da dor. Que fazer, contudo? As respostas, no seio do coração, existem intensas na profusão da fé ao sabor das maiores necessidades. Livres de perder a cor, tintar o horizonte das ações renovadoras das bênçãos.

À hora do desânimo perante o caldo grosso das adversidades revelaria o Amor em seu potencial imenso guardado a sete chaves durante os longos anos da religiosidade pura. Naquelas horas tortas dos tonéis da mágoa, despontaria o valor dos créditos adquiridos na potente oração cotidiana, e confiar acima de quaisquer obstáculos. O segredo de Deus assim transcrito no coração, que distingue sua cor poderosa das outras mais, rompe barreiras das tristezas no mapa da alegria. Portas e janelas abertas aos quatro ventos.

Quantas e tantas situações transpostas sumiram nas noites tempestuosas... Desistir nunca, jamais. Segurar com fervor os cimos da Glória inominável, o transporte do valor a trazer os dias das certezas da coragem por demais vitoriosa, sabor inesquecível das verdades eternas, o prazer da felicidade transposto dos trilhos nos caminhos e tocar em frente.

Força de convicção reclama, portanto, atitudes positivas, apego aos valores inabaláveis do sentimento verdadeiro desse gosto a Quem pode, no íntimo de milhões de expectativas, conceder propósitos definitivos de sonhos bons. A potencialidade, pois, do Deus herói supremo das aventuras inúmeras, o caudal da Paz nos lares harmoniosos da alma de coisas e seres, de nós seus filhos em crescimento.

Na sequência de acontecimentos do painel das gerações desfilamos nossa construção do território coletivo e palco dos dramas e sucessos. Receber os enigmas e revelá-los em nossas faces, demonstrar firmeza e trazer definições.

Quantas vidas, quantos desejos de acertar o passo no ritmo organizado das leis superiores, alento de animais e lugares. Andar ao som da tranquilidade, senhores de si e dos céus. Sustentar a luz dos amigos a oferecer lições inesperadas, aulas e palavras só nas mãos do Eterno Pai.



Peri Ribeiro !


Amigos Novos e Antigos

João Bosco e Aldir Blanc

As frases e as manhãs
são espontâneas
Levantam do escuro
e ninguém pode evitar
Eu tento apenas
mostrar cantando
O lado oculto do meu coração
Eu tenho às vezes
no olhar tardes de chuva
E sons percorrendo
alamedas na memória
Eu tento apenas
mostrar cantando
O que há nos lagos
do meu coração

"Quando para mucho
me amore de felice corazon
Mundo paparazzi me amore
chika ferdy para sol
Questo obrigado tanta mucho
que can eat it carrosel"

Alguém entrou no
meu peito agora
Mas só depois
vou saber quem é.

A primeira vez que escutei esta canção foi na voz de Peri Ribeiro. 
A frase que condensa este primor  da MPB permanece em mim!
Peri é inesquecível!

Outro torturador entrevistado - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ainda sobre o tema do torturador entrevistado em revista brasileira: acabei de ler esta entrevista no site Outras Palavras: http://www.outraspalavras.net/2012/02/09/as-bombasticas-revelacoes-de-mister-dops/ Faço a referência apenas para quem interessar possa comparar com a entrevista da Veja. A entrevista tem o título de As bombásticas revelações de Míster DOPS.

O final da entrevista é bem uma representação da natureza do aparelho de repressão da ditadura militar brasileira. Vale salientar que a repórter desejava identificar os locais onde corpos de militantes de esquerda assassinados sob tortura foram enterrados clandestinamente. Olhem o primor de conclusão:

“Quando entrei no taxi para ir embora, refletindo sobre quem afinal estaria ameaçando quem, lembrei de uma ocasião em que nossas relações eram mais amistosas e pude lhe perguntar por que “eles” tinham enterrado os corpos, em vez de atirá-los ao mar ou incendiá-los para apagar definitivamente as provas.

De pé, na sala decorada com os estofados confortáveis, rodeados por mesinhas enfeitadas com fotos de família e bibelôs de inspiração religiosa, Bonchristiano reagiu: “Nós somos católicos, pô!”.”



"Herança indesejável" - José Nilton Mariano Saraiva

Se houvesse necessidade de abrigar em um mesmo espaço todas as pessoas que por ela são regularmente remuneradas mensalmente, a Prefeitura do Crato certamente enfrentaria oceânicas dificuldades, porquanto teria de dispor de uma generosa área para reuni-las, tal o número de habilitados (seriam milhares, conforme se comenta na cidade, dentre os quais uma legião de apadrinhados políticos, que só lá aparecem em final de mês pra receber a grana).
Tanto é que, cerca de dois anos atrás, na fase crepuscular do ano civil (aí pelas vésperas de Natal e Ano Novo), sem que se saibam quais os critérios utilizados, trezentos (300) “infelizes” foram escolhidos e “premiados” com o amargo e indefectível “bilhete azul”, sob a justificativa da necessidade de “enxugar a folha de pagamento”, amoldando-á à Lei de Responsabilidade Fiscal (e isso - realçou-se à época - sem que houvesse solução de continuidade no que concerne à execução dos serviços ofertados à população). Ou, didaticamente: estavam “sobrando”, não fariam falta nenhuma e que se virassem... petê saudações.
Mas, como estamos em 2012 (um ano eleitoral), e mesmo sem que novas demandas tenham surgido em termos de atividades essenciais ao bom funcionamento da máquina, repentinamente o poder municipal cratense se deu conta de que havia um “déficit” funcional de 360 postos, que precisariam ser preenchidos, daí a urgente necessidade de um concurso público a fim de ocupá-los (distribuídos por 46 cargos, que vão de “cuidador social”, “músico”, “auxiliar de cuidador social”, “turismólogo”, “topógrafo” e pro aí vai, as remunerações oscilam entre R$ 545,00 a R$ 1.445,77).
Para tanto, através da Licitação nº. 2308.01/2011-03, de 23.08.11, e ao exorbitante preço de R$ 560.000,00 (quinhentos e sessenta mil reais) divididos em 04 (quatro) parcelas de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil reais), quitadas a partir de 03/10/11, a desconhecida empresa Serctam-Serviços de Consultoria Técnica aos Municípios (CNPJ 73323008000162), estabelecida à Av. Rui Barbosa, 3389, Joaquim Távora, Fortaleza-CE, foi a escolhida para elaborar o tal concurso (desconhece-se quantas empresas participaram da atrativa licitação ou, até, se a referida se restringiria ao “bloco do eu sozinho”).
O certo é que, para concorrer, os 10.750 candidatos pagaram taxas de inscrição que variaram de R$ 40,00 a R$ 100,00, resultando numa arrecadação bruta de R$ 600.940,00 (se não houve nenhuma dispensa de taxa); de um nível baixíssimo (nota mínima 05 pra aprovação), as provas se realizaram nos dias 08.01.12 e 15.01.12 e já em 06.02.12, o resultado final foi divulgado; nada menos que 6.804 candidatos (63,30% dos inscritos) foram aprovados e a convocação dos “felizardos” já foi antecipadamente anunciada para o mês de março/12.
O “porquê” do vapt-vupt (ou extramada “agilidade”) por parte da Prefeitura do Crato ???
Presumivelmente, em razão do Artigo 73, inciso V, da Constituição Federal, rezar que nos três meses que antecedem o pleito eleitoral e até a posse dos eleitos, é “...proibido nomear, contratar, ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex-officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito” (além do que, em complementaridade, a Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu art. 21, parágrafo único, determina que qualquer ato expedido por Poder ou Órgão da administração pública, que resulte em aumento da despesa com pessoal, nos últimos 180 dias anteriores ao final do mandato, é nulo).
Você, aí do outro lado da telinha, sacou ??? Não ??? Tá com bloqueio mental, ó cara ???
Conjeturemos, então (ou sejamos essencialmente pragmáticos): empregando 360 pessoas (evidentemente que maiores de idade e, portanto, potenciais eleitores) às vésperas de uma eleição onde um dos concorrentes naturalmente é indicado pelo atual “detentor do trono”, a audaciosa “presunção-objetivo” é que não só eles, mas também alguns dos familiares tendam a sufragar o próprio (sem levar em conta o caos em que se encontra a cidade). Assim, pressupondo-se que cada um deles (ou parte) consiga convencer pelo menos um ou dois parentes para o “voto de agradecimento”, teríamos aí algo em torno de 600/1.000 votos, que certamente influenciariam no resultado final. Clareou ???
Agora, se na prática tal teoria será recepcionada, não se sabe. O que se sabe, com base estritamente nos números divulgados, é que a admissão de 360 novos funcionários representará um acréscimo extra (mensal), de exatos R$ 321.421,72 na “Folha de Pagamento” da prefeitura do Crato (e aí, se computarmos os custos com previdência social e outras obrigações legais, certamente tal valor será alçado a pelo menos o dobro).
Como não se tem notícia de qualquer acréscimo nas dotações orçamentárias das combalidas Receitas das prefeituras por esse Brasil afora, não há como deixar de se inquirir: a) a austera Lei de Responsabilidade Fiscal será ignorada, dançará solenemente ???; b) a Prefeitura do Crato agüentará tal “tranco” por quanto tempo ???; c) ou, definitivamente, marchará para o colapsar ???; d) se tal acontecer, a responsabilidade deverá ser atribuída a quem “apagou a luz” (saiu por último), deixando pra trás um enorme abacaxi (rombo) pra ser resolvido ???; e) e se o vencedor do pleito for o candidato da situação (do prefeito), pressupondo-se que obrigatoriamente teria conhecimento da “armação”, também poderia ser responsabilizado ???; f) na hipótese de “vingar” o candidato da oposição (que irá pegar o barco singrando em águas turvas), recorrerá a quem, já que sem nenhuma culpa no cartório ???; e (alfim, principalmente); g) como e com quais recursos o novo gestor pagará a salgada fatura, oriunda de uma "herança indesejável"???
Alô, MPF, TCM, OAB, CGU... help !!!

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Pablo Milanés


Pablo Milanés (Bayamo, 24 de fevereiro de 1943) é um cantor e guitarrista cubano.



Chuva
Luto musical
Arquivo morto
Muitos se foram
Vida é carnaval
Alegria, euforia
Cinzas
Ponto final.

(socorro moreira)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A gargalhada do torturador na Revista Veja - José do Vale Pinheiro Feitosa

Se Madre Teresa de Calcutá usasse sua missão junto aos pobres da Guerra de Bangladesh para justificar atrocidades em nome do cristianismo ou para preservar o seu próprio poder, estaria derrubada a sua missão. Pois foi isso que uma recente entrevista da Revista Veja fez.

Trouxe à tona um torturador que se justifica e dar gargalhadas com as ameaças que fazia e a conseqüente confissão do torturado. O nome da “fera” Marcelo Paixão de Araujo e se sente, assim como por tabela a revista, plenamente justificado pela luta contra o comunismo. Finalmente a revista achou um torturador ideológico que acredita na tortura com instrumento eficaz.

O torturador, e a revista em seu papel de pregar uma “nova guerra fria”, até culpa a tibieza do general Geisel ao dizer que desconhecia a tortura ou que estivesse por trás de suas ordens. A tortura é matéria de ação, de estratégia de vitória e, portanto, estaria justificada.
Se no Brasil de fato tivesse havido um tribunal contra estes crimes, a justificativa não existiria. Até pode existir quem goste dos crimes nazistas, dos crimes de Stalin, de Mussolini, de Kadafi ou do seu bárbaro assassinato, mas não tem como não qualificar tais atos como crimes contra a humanidade.

É neste aspecto que se enreda a revista Veja ao imprimir em letras as gargalhadas do torturador. Se os EUA tivessem tido uma enorme crise social e política, todos os seus governos a partir dos anos 50 estariam sujeitos às mesmas condenações do Julgamento de Nuremberg, ou do julgamento de Adolf Eichmann em Israel ou do Tribunal Internacional agora com os genocidas da ex-iugoslávia.

A entrevista da Veja vem a comprovar o quanto a lei da Anistia prejudicou a recuperação democrática brasileira. Acontece que o Golpe Militar foi ilegítimo do ponto de vista político, uma ferida moral na sociedade brasileira e um assalto aos bens culturais do povo brasileiro.

Pessoas sem legitimidade alguma tomaram o poder, vilipendiaram a memória dos que prenderam, torturaram e exilaram. Usaram as mídias para destruir o patrimônio moral de inúmeros brasileiros, inclusive de líderes que apoiaram o golpe militar como Carlos Lacerda e Juscelino.

Fora alguns exemplos de jovens que pegaram em armas ou de alguns líderes desesperados da esquerda, o maior volume de torturas, de perseguições e desaparecimentos ocorreu sobre pessoas que eram oposicionistas ao regime, mas que jamais fizeram guerra armada contra as instituições armadas. Para esta grande maioria a saída do golpe era pela via política e não pela via armada.

Mas foram os políticos como Rubem Paiva que era um liberal ligado ao antigo partido socialista, nada tinha por ligação com qualquer articulação da guerra fria e que foi preso, torturado e morto por uma típica façanha de loucos em tática para sustentar suas ilegitimidades junto ao povo brasileiro.

As gargalhadas do torturador nos microfones da revista Veja nos deixa a certeza de que tem muita gente boa sendo envenenada por pequenas doses de um metal pesado que só mais tarde surgirá nas entranhas de suas almas como pesadelos terríveis sobre o futuro e sobre os outros brasileiros. Quem justificar seu ódio à esquerda por esta via há muito fugiu da via democrática. Assim como Madre Teresa fugiria se não fosse quem fosse.

Cicatriz - por Everardo Norões




Nenhuma água
apaga a chaga
se na pele
se acende a cicatriz
Feliz que, como Ulisses
teve quem a visse
e a lavasse
e nos seus traços
percebesse
toda viagem vertigem.

Geraldo Gonçalves de Alencar – O poeta de todo dia


Se todo dia é dia de poesia, Geraldo Gonçalves de Alencar é um dos poetas de todo o dia. Desde a infância se impregna palavras poéticas. Com uma poesia que versa sobre vários temas, seu Geraldo mergulha do religioso ao erotismo. Rejeitado por Partativa do Assaré torna-se depois seu parceiro. Co-auto do do Livro Ao Pé da Mesa com o seu tio Patativa do Assaré.


Alexandre Lucas – Quem é Geraldo Gonçalves de Alencar?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Sou Geraldo Gonçalves de Alencar, nasci no Sítio Serra de Santana município de Assaré – CE, segundo filho de José Gonçalves de Alencar e Maria Risalva e Silva. Poeta.

Alexandre Lucas - Quando ocorreram os seus primeiros contatos com a poesia?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Quando criança lia apaixonadamente tudo quanto era cordel,a minha infância foi toda voltada para os folhetos, em 1956 Patativa publicou o seu primeiro livro ( Inspiração Nordestina ).
Passei a ler avidamente os poetas da Poesia Matuta: Patativa,Catulo, Zé da luz e os românticos brasileiros.

Alexandre Lucas – Quais suas influências na Poesia?

Geraldo Gonçalves de Alencar - Os grandes sonetistas me influenciaram bastante, é uma das poesias que mais cultivo, os poetas matutos e os líricos também.

Alexandre Lucas – Geraldo você tem algum tema mais recorrente nas suas poesias?

Geraldo Gonçalves de Alencar – O tema que mais abordo tanto nas poesias sertanejas como no sonetos é o amor, embora me estenda ao religioso, o social, o erótico e outros.

Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória:

Geraldo Gonçalves de Alencar – Fui uma criança estudiosa mas como até hoje já adulto, escravo do pânico, um adolescente boêmio talvez até por conta da minha fobia social. Na minha infância e adolescência Patativa sempre me repudiou como poeta, até que com minha poesia (Pergunta de Moradô), pediu-me a permissão para dar a resposta, consenti tranquilamente só que houve a tréplica, Patativa não gostou. Deixei a bebida depois de 30 anos, 4 anos depois passei a ser escravo da máquina de hemodiálise, fiz o transplante renal, houve a rejeição, continuo no tratamento. Mas nunca deixei de cultivar a minha grande paixão, a poesia.

Alexandre Lucas - Como foi o seu contato com Patativa do Assaré?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Depois de muitas recusas Patativa me aceitou como poeta e até o fim de sua vida passei a ser seu parceiro constante.

Alexandre Lucas – Como você enxerga a poesia de Patativa?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Considero Patativa como um dos maiores poetas brasileiros. Os outros sim, têm mais cultura e conhecimento, entretanto Patativa com seu linguajar rústico, dispõe de mais inspiração e mais sabedoria, sua espontaneidade, sua métrica perfeita, a riqueza de imagens, o gracejo, o trocadilho, a filosofia, a criatividade, fazem de Patativa um gênio do gênero. Um autodidata. Sabia o que estava fazendo.

Alexandre Lucas – Todo dia é dia de poesia para você?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Com certeza, quando não é organizando é escrevendo.

Alexandre Lucas – Você acha que a poesia é instrumento político?

Geraldo Gonçalves de Alencar –A poesia é abrangente, penetra fundo em tudo quanto nossa inspiração permite, principalmente na Política, tema do interesse de todos.

Alexandre Lucas – Quais seus próximos trabalhos?

Geraldo Gonçalves de Alencar - Sou admirador dos sonetos e da trova tenho dois livros desta poesia inéditos e também outro de poesia campestre ( Na Terra dos Passarinhos )Vários cordéis e algumas composições musicais.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pérola da MPB





Sublime Tortura
Bororó



Descobri em você
Um jeitinho maldoso
Que eu nem sei dizer
Com esses olhos que falam
Nas coisas que a gente não pode
Nem deve esquecer
Não falando da boca
Nervosa e aflita
Que nela deseja
Você é toda malícia
É toda carícia que afaga, que xinga, que beija
Eu sé sei que se vê a sublime tortura do amor em você
Eu bem sei que você é bonita e me faz delirar
Pois acende a fogueira
Eu queira ou não queira me deixo queimar
Trago em meu coração
A mágoa e a desilusão
O destino é quem sabe ou não
Vivo pensando no mal
No que pode acontecer
Sei que você me despreza
E eu não posso mais sofrer
Ai, não, eu fiz tudo
Não posso esquecer
Você
Você
Você
Você
Você
Você...

Perfil




Foto de Gilton Della Cella e Horácio Barros Reis, na noite de lançamento do cd PERFIL de Giton Della Cella. Aproveitando a oportunidade, gostaria de parabenizar Horácio, por ter vencido o festival de música da ARPUB (Associação das rádio públicas do Brasil), cujo resultado recebemos após essa apresentação. Horácio, participou do festival da ARPUB por ter vencido o festival da rádio Educadora da Bahia em 2011. Horácio é meu parceiro musical há mais de 20 anos. No cd PERFIL dividimos a parceria em 08 composições.


Violão vadio- por Socorro Moreira

Velho, sozinho e doente é assim o fim de muita gente.
Dá pra evitar alguns contratempos... A solidão, por exemplo. Aprender a viver não se aprende vivendo. A natureza do homem morre ingenuamente.
Hoje foi um dia fatídico. Meu coração amanheceu planejando uma pequena viagem e, por intuição eu desejava mais um e último encontro. Convidei até Nicodemos pra me acompanhar,
levar o sax pra conversar com um violão, numa cidade do interior do Ceará. Vinha sonhando com certo amigo que me encantou por muitos anos com a sua voz e o seu violão. Muitas músicas me faziam lembrá-lo, como as de Nelson Cavaquinho, Cartola, Paulinho da Viola, Chico e Francis Hime.
Conhecemos-nos em 1980, numa manhã de domingo. Quando ele tocou a primeira canção, de Luiz Melodia, dei um salto, cruzamos o olhar, e nos apaixonamos.
Deu trabalho me desapegar. Trocou-me pela cerveja gelada, pela noite, outras estrelas... Até que deixei que voasse.
Ano passado, telefonou de surpresa, declarou sentimentos, e atendeu meu pedido musical: “Violão Vadio”. Prometeu que ainda me visitaria no Crato, e eu imaginei uma serenata de amigos.
Hoje contatei seu tio para anotar o endereço. Queria visitá-lo, levar de presente um CD do Guinga. A resposta foi abrasiva: “Ele não vai receber seu presente. Sérgio faleceu, mês passado.
Silêncio.
Era mais jovem do que eu dois anos... Ele quis morrer, antes do tempo!
Obrigada Sérgio pela voz e dedilhado que tanto me encantavam...A mim, e a quem te escutava.


Encontros com os amigos de Salvador- acervo de Aloísio




Divani Cabral homenageando o músico Gilton Della Cella



A nossa escritora Tetê Barreto


Entre o casal Aloísio Paulo: amei-os!
Eles fizeram o meu Carnaval!
Gracias, Marcos Barreto!

A cultura nordestina foi bastante prestigiada pelo Carnaval Carioca/2012.

Salgueiro, Vice-Campeã!
Cordel  Branco e Encarnado 
Unidos da Tijuca: a Campeã!  
A Escola  vencedora , coroou o Rei do Baião, na Avenida!

Sarau no Carnaval

Dona Almina, presença ilustre, simplicidade em pessoa!

Nicodemos, prata da casa!

Posted by Picasa

Gilton Della Cella deixará saudades...Aguardamos breve retorno!

Conversa musical entre os músicos:Gilton, Nicodemos e Abidoral Jamacaru.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


Solidão
Luz
Vida...
Tudo isso nos remete
a necessidade de estar
em bando, como as aves
do céu.

Meu abraço bem apertado de final de carnaval.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Se Eu Morrer Amanhã


Se eu morrer amanhã
Não levo saudade
Eu fiz o que quis
Na minha mocidade
Amei e fui amado
Beijei e fui beijado
Se eu morrer amanhã
Seu doutor
Morrerei feliz

Se eu morrer amanhã
Não levo saudade
Eu fiz o que quis
Na minha mocidade
Amei e fui amado
Beijei e fui beijado
Se eu morrer amanhã
Seu doutor
Morrerei feliz.


Gilton X Aloísio: Foi bonito de se ouvir a conversa musical entre os dois.Haja inspiração!

Aloísio, o poeta baiano, deixou de ser apenas um amigo virtual...Gente fina!


Aloísio, Gilton e Abidoral Jamacaru- noite de encontro!


Recentemente resolvi cortar o cabelo e assumir meus grisalhos.Não adianta ficar lembrando como éramos no passado...É preciso encarar o espelho.



De perdas as figuras se fizeram. Envelhecer é uma merda. A idade do “com dor”. As rugas, carnes flácidas, pele sem brilho, cabelos de fubá. Cabelos brancos e pinturas por obrigação. Esta é a figura.

Mas por isso mesmo é que envelhecer é um barato. Uma luta contra a figura e a imagem. O enquadramento no consumo e a covardia por aceitar o beicinho da juventude. Ora que venha a juventude, a criancice e os muito mais velhos. Não existe velhice, nem adolescência, nem juventude e menos ainda a infância: existe a possibilidade do acontecer após respirar, beber água e comer.

Aí é que está a luta, o trabalho e a exploração do trabalho. E por isso mesmo é o carnaval, a folia por sobre a ordem que classifica. Quando estamos fora da ordem, temos a liberdade de entender melhor o tempo já inventado e aquele que ainda precisa ser respirado.

Uma das coisas a considerar: a saudade e o conservadorismo do “meu tempo foi melhor”. As marchinhas de carnaval, os samba enredos, o Brasil foi melhor. Pois não foi de modo geral e no restrito até que foi. Afinal não podemos desconsiderar que a cultura tem seus ciclos de acontecer. Depois muda para outra que pode ser mais humana ou não, mais popular ou não, mais democrática ou não.

Como esta música aí em cima da Escola de Samba Caprichosos de Pilares de 1985. Tem o olhar pelo retrovisor, mas tem a crítica daquele momento. O samba foi composto ainda em 1984 o ano do grande comício das Diretas Já na Candelária. O Brasil se libertava de uma ditadura política e se abria para um novo tempo.

Estávamos na Marquês de Sapucaí. Era a noite do desfile da Caprichosos e seu samba “E por Falar em Saudade” já estava nos nossos corações. Naquele ano de 85 as escolas ainda não perdiam pontos se atrasassem o desfile e aconteceu. A Caprichosos entrou no dia seguinte já por volta de 9 para 10 horas. Uma noite toda acordados no assento de cimento da avenida. E quando a escola entrou o mundo ficou igual ao povo pernambucano ouvindo o frevo Vassourinha.

Eu queria outra palavra mas a preguiça me remete mesmo para o mundo explodiu não só de alegria, nem de emoção, o mundo da rotina, das escalas de poderes, dos cansaços do corpo e das angústias existencialistas era outro. Foi aí que uma moça com quem não paquerei pois tinha a minha querida Tereza ao lado, deu seu grito de mulher parindo a humanidade num só ato: se eu morresse agora não faria qualquer diferença. Já tenho tudo neste momento.

Ia me esquecendo de uma parada mais antiga do que fui. A famosa disputa entre os fãs da Marlene e os da Emilinha Borba. A Marlene tinha sensibilidade política e Emilinha cantava a música açucarada. Duas marchinhas de carnaval em Marlene são emblemáticas: Lata D´água de Luiz Antonio e Jota Júnior e o Zé Marmita do mesmo Luiz Antonio e Brazinha. Aliás, quem já viu Marlene cantando Meu Guri do Chico Buarque entenderá o que digo.

“Idiotas da objetividade” – José Nilton Mariano Saraiva

Competente, personalista, criativo, extremamente polêmico, “biriteiro” e fumante (de marca maior, tanto que vitimado pela tuberculose) e sem papas na língua (ou ao teclado da sua velha “Remington”), Nelson Rodrigues (natural de Pernambuco, mas desde a mais tenra idade radicado no Rio de Janeiro) foi um grande romancista, contista, cronista e dramaturgo (além de torcedor apaixonado pelo seu “Fluminense Futebol Clube”, tricolor das Laranjeiras).

No teatro, peças como “Vestido de noiva”, “Perdoa-me por me traíres”, “O beijo no asfalto”, “Bonitinha, mas ordinária” e “Toda nudez será castigada” (dentre outras) marcaram pela ousadia (para a época), daí ter sido alcunhado (de certa forma com propriedade), de “anjo pornográfico”.

Em termos de romances, contos e crônicas (também pra lá de avançadas) o repertório era versátil e amplo, valendo lembrar "Asfalto selvagem", "A vida como ela é...", "A dama do lotação" e "O óbvio ululante: primeiras confissões" e por ai vai (foram centenas e centenas).

Deixou também frases antológicas, que ainda hoje repercutem aqui e alhures, algumas pra lá de polêmicas e outras tantas pra lá de atuais (vide abaixo):

1) "O Brasil é muito impopular no Brasil." 2) “Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar com batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um São Francisco de Assis, com luva de borracha e um passarinho em cada ombro”. 3) "Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam." 4) "Toda unanimidade é burra." 5) "Só os profetas enxergam o óbvio." 6) "Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico." 7) "Até 1919, a mulher que ia ao ginecologista sentia-se, ela própria, uma adúltera." 8) "A cama é um móvel metafísico." 9) "Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais." 10) "Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo." 11) "Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia." 12) "Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." 13) "Deus me livre de ser inteligente". 14) "Não há nada mais relapso do que a memória. Atrevo-me mesmo a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora de fatos e de figuras." 15) "O 'homem de bem' é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu." 16) "Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém." 17) "Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas. 18) “O boteco é ressoante como uma concha marinha; todas as vozes brasileiras passam por ele". 19) "Acho a velocidade um prazer de cretinos; ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca." 20) "Amar é ser fiel a quem nos trai" 21) "O brasileiro é um feriado." 22) "As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado". 23) "O homem começou a própria desumanização quando separou o sexo do amor." 24) “Deus está nas coincidências”. 25) “Invejo a burrice, porque é eterna”. 26) “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida; não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”. 27) “Não existe família sem adúltera”. 28) “Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe”. 29) “O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É abjeto que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos”. 30) “O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte”. 31) “O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes”. 32) “Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea”. 33) “A platéia só é respeitosa quando não está a entender nada”. 34) “A liberdade é mais importante do que o pão”. 35) “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém”. 36) “Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu”. 37) “A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira”. 38) “As grandes convivências estão a um milímetro do tédio”. 39) “O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência”. 40) “O sábado é uma ilusão”. 41) “Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro”. 42) “Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las”.

Uma das passagens que mais o marcaram, no entanto, foi quando resolveu deitar falação sobre os “idiotas da objetividade”. Na verdade, a transmutação, o processo de metamorfose ou gradual “americanização” da imprensa brasileira, que obrigava o jornalista a deixar de lado o floreio verbal, o detalhamento do fato, as minúcias da ocorrência e até o uso de um pouco de exagero, privando o leitor da expectativa sobre o desenlace da matéria; a partir de então, o objetivo era entregar-lhe um texto já mastigado, enxuto, insosso, sem nenhuma emoção ou capaz de provocar-lhe qualquer comoção. Para Nelson, os profissionais que se prestavam a essa nova realidade não eram jornalistas na essência, mas, sim, meros “idiotas da objetividade” (porquanto apenas transcreviam e assinavam os textos recebidos das agências de notícias).
A reflexão tem muito a ver como determinadas figuras jurássicas, que não tiveram o cuidado de se reciclar (e que pululam aqui e acolá), adeptas da tese estapafúrdia de que, por não viverem num determinado ambiente ou cidade, as pessoas estariam incapacitadas ou inabilitadas para opinar ou redigir sobre o que lá acontece, porquanto teoricamente desinformadas ou desprovidas daquela massa cinzenta que os faz pensar, agir, ter opinião própria a respeito das coisas e do mundo e sobre tal manifestar-se (a Internet, o telefone, o jornal, os correios e a comunicação familiar nada valeriam, mas, tão somente, a presença, a “matéria bruta” in loco, preferencialmente ao vivo e a cores).
E aí, será que Nelson Rodrigues os rotularia de “idiotas da objetividade” ???

Além de Linda
Gilton Della Cella

O meu dia só começa
Quando olho pra você
Mesmo que desalinhada
Mais e mais vou te querer

Seja para dizer bom dia
Enquanto faz um café
Ou então pra te chamar de amor
Quando quiser

É você na minha vida
O meu vício, meu prazer
Encanto de fantasia
Que me faz enlouquecer

O pensamento vai longe
Quando você não está
Vai girando pelo mundo
Pra te encontrar

Além de linda, você me faz
Menino que navega num barco de papel
E ao te beijar nós somos iguais
Dois anjos que flutuam no céu.



Feliz Aniversário, Verônica Moreira!

Amor de verdade ! - por Socorro Moreira


O amor é de verdade na mentira
O amor é de mentira
Quando não pode ser de verdade.

Amor de verdade é feliz
Não conta com o desencanto
Não tem começo, nem fim
Ultrapassa o  umbral da eternidade...

Quando o teu olhar se afasta
Eu fico com o amor que espia...