por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

De novo ??? Outra vez ??? Novamente ???

Fome é a maior arma de destruição em massa, diz Lula nos EUA
Lula recebe World Food Prize, em Des Moines (Iowa, EUA)
Após receber, na noite desta quinta-feira (13), o World Food Prize nos Estados Unidos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a fome é "a maior arma de destruição em massa que a humanidade já inventou" e que os governantes, em vez de guerras, devem "lutar pela vida, não pela morte".
"Ela [a fome] não mata inimigos, ela não mata terroristas. Ela mata crianças, e às vezes, no útero da própria mãe, que não teve direito de comer as calorias necessárias ao nascimento de uma criança".
O ex-presidente foi um dos agraciados neste ano pelo prêmio, criado em 1970 para prestigiar personalidades que contribuíram para a diminuição da fome no mundo.
Durante o discurso de agradecimento, que durou cerca de 12 minutos, Lula disse que democracia não é apenas poder "dizer que está com fome... é a gente poder comer, de manhã, de tarde e de noite". Ele mencionou o Bolsa Família e destacou a obrigação de o dinheiro ser entregue à mulher, "mais responsável por levar comida para dentro de casa".
Ele pregou que não basta aos governantes um diploma de universidade para conduzir um país. "É preciso que ele governe com sentimento, como uma mãe", disse. Depois arrancou risos e aplausos ao dizer que "os pobres gostam de comer bem. Pobre não gosta de miséria".
Em seu site, a organização do prêmio disse que Lula, antes mesmo de chegar à Presidência, deixou claro que o combate à fome e à pobreza seria a maior prioridade de seu governo. O texto lembra frase do ex-presidente de que trabalharia para possibilitar que todo brasileiro tivesse três refeições por dia.
Há elogios ao programa Fome Zero e seu desdobramento no Bolsa Família, no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que compra alimentos de pequenos produtores, e do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Na viagem a Des Moines, Lula foi acompanhado do ex-ministro José Graziano, que entre 2003 e 2004, coordenou o Fome Zero. Em junho deste ano, Graziano foi eleito diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Na fala, Lula disse que dividia o prêmio com o ex-ministro.
Prêmio
O World Food Prize foi criado pelo cientista e prêmio Nobel da Paz de 1970 Norman E. Borlaug, um dos principais responsáveis pela “revolução verde”, com tecnologias e técnicas agrícolas que aumentaram a produção de alimentos no mundo.
Neste ano, Lula dividiu o prêmio com o ex-presidente de Gana, John Agyekum Kufuor. Sob seu governo (2001-2009), a população pobre reduziu de 51,7% para 26,5% do total de habitantes. A fome caiu de 34% para 9%.
Antes de Lula, dois brasileiros já haviam recebido o prêmio. Em 2005, a entidade laureou o agrônomo Edson Lobato e o ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli, por pesquisas e políticas de desenvolvimento do cultivo no Cerrado.

Mestres - por Socorro Moreira



Eles se alternavam,

numa doce e sábia cumplicidade:

Portiguês, Matemática,

Civilidade ...

Víamos, escutávamos,

aprendíamos !



O tempo passou.

Tento resgatar os sinais ,

os seus avisos...

Abro a página do meu livro

Leitura silenciosa

Escuto a voz das entrelinhas

Suas vozes vão sumindo...

Agora sou eu,

e o livro !

Armando Marçal - por Norma Hauer




Foi a 14 de outubro de 1903 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o compositor ARMANDO MARÇAL.
Dentre tudo que Marçal compôs, um samba , lançado em 1933, é conhecido e executado ainda hoje:'AGORA É CINZA".

Marçal era de família pobre, teve pouco estudo e, ainda muito jovem, teve de trabalhar no ofício de lustrador de móveis, que continuou exercendo por muitos anos,mesmo após ficar conhecido como compositor.

Antes de gravar alguma música de sua autoria, participou do disco de "Na Pavuna", com Almirante , samba esse considerado o lançador dos instrumentos de percussão em gravações.

Interessante a história de "Agora é Cinza". O samba recebeu o nome de "Tu Partiste", sendo cantado em rodas de samba. Mas Alcebíades Barcelos, co-autor do samba, alterou o nome para "Agora é Cinza". Foi grande sucesso, na voz de Mário Reis.

Embora fossem dois sambistas, quem mais gravou composições da dupla foi Carlos Galhardo, conhecido como "Rei da Valsa". Dentre outros sambas, Galhardo gravou "Dou-te um Adeus";"Sorrir";"Ando na Orgia";"Deixaste Saudades";"Numa Noite Serena";"Você me Deixou", "Vem Mulata" e mais alguns. Vamos a uma parte da letra de

NOITE SERENA

Foi numa noite serena,
numa roda de samba,
quando uma linda jovem vim a conhecer
Ao acabar a festa, saímos juntinhos...
Pelo caminhos, a jurar ...
Felicidade, eternamente p'ro nosso amor.
Hoje estou pasmado por completo,
Só em saber que nosso amor já terminou"...

E duas valsas que eles compuseram foram gravadas por Gilberto Alves:"Silêncio" e "Prece à Lua".

Armando Marçal faleceu com apenas 44 anos, mas deixou "raizes": Seu filho Nilton,
que ficou conhecido como Mestre Marçal (já falecido) e seu neto Armando, que
continua a tradição da família.

Armando Marçal estava nos estúdios da gravadora Victor, quando teve um enfarte , sendo imediatamente atendido, mas já nada se podia fazer. Faleceu ali mesmo, no dia 20 de junho de 1947.


Norma Hauer
Bing Crosby

Bing Crosby (Tacoma, Washington, 3 de maio de 1903 — Madrid, Espanha, 14 de outubro de 1977) foi um cantor e ator norte-americano. Considerado um dos maiores cantores populares do século XX, morreu vítima de um ataque cardíaco enquanto jogava golfe.

Eduardo Gudin - Colaboração de Aloísio



O cantor e compositor Eduardo dos Santos Gudin nasceu em São Paulo SP em 14/10/1950. Eduardo iniciou a carreira como solista de violão, aos 16 anos, convidado por Elis Regina para participar do programa O Fino da Bossa na TV Record.

Em 1968, participou do Festival de Música Popular junto com os maiores nomes da época tais como Chico Buarque, Edu Lobo e Caetano Veloso.

Em 1970 gravou seu primeiro disco, iniciando sua parceria com Paulo César Pinheiro, com quem compôs aproximadamente 80 músicas. Tem cerca de 300 composições gravadas e editadas.

"Linhas tortas na palma da mão,
Dão trilha certa no fim,
Torto, o meu samba se escreve assim".

Estes três versos iniciam o álbum que comemora 40 anos de samba de Eduardo Gudin, uma das principais referências do samba paulista. O álbum foi intitulado “Um jeito de fazer samba”.

O violonista, cantor, compositor e arranjador já trabalhou com: Paulinho da Viola, Paulo Cesar Pinheiro, Márcia, Mônica Salmaso, Francis Hime, sua ex-esposa Vânia Bastos dentre outros.




Derradeiro Porto
(Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)

A, o passado valeu
Pelo que nos deixou entre os erros e acertos de Deus
As minhas fraquezas antigas você dominou
E as culpas maiores que eu tinha você perdoou
Por que?
Porque um precisou do outro
Entre nós todo o mal foi morto
E nós dois temos hoje um caminho sem fim
Bem melhor pra você e pra mim
E eu vou fazer teu corpo
De meu derradeiro porto
E ancorar o meu velho navio
Como quem dormiu

o sol no meu chinelão antigo

A minha poesia é uma prosa decaída
como eu sou - torto e trôpego.

Além de viver esbarrando em cadeiras
e tropeçando nas minhas botas

meu pescoço sempre pende
pro lado sujo da parede.

A minha poesia é uma formosa dama
convalescente de um longo sarampo.

Tento, por deus, tento mesmo
beijá-la na boca mas seu rosto
defeituoso de tanta febre
causa-me medo.

Pode ser que a minha língua caia.
Qual a utilidade de um poeta sem língua?

Não quero perder por paixão alguma
a minha língua com suas extremidades
azuis e flexíveis.

Nessas horas a formosa dama
supõe indiferença da minha parte.

Aventuro-me então a ser lúcido o possível
e explicar-lhe que ela na verdade
não é uma dama nem formosa
apenas um ato voluntário
sabe-se lá de quem.

Concluo [para sua surpresa]
que tanto eu quanto ela
não somos absolutamente
o que imaginamos.

A minha língua com suas extremidades azuis e flexíveis
talvez seja de fato o único elo perdido.

O no

Fora o turismo religioso, alguém vê, ouve ou sente algo diferente no Cariri do Ceará? Claro que sempre haverá alguém que sabe disso, é fonte para que escreva. Qual o fato?

A transformação econômica do nordeste brasileiro. Por isso o eixo Crato/Juazeiro/Barbalha aparecem na relevância do fato. Este eixo teve um aumento no PIB local de 28% entre 2003 e 2008. E vários pólos nordestinos cresceram acima da média nacional: Vitória da Conquista na Bahia, Picos, regiões metropolitanas, áreas especializadas em certos tipos de produção como o pólo de roupas em Santa Cruz do Capibaribe.

E qual o fato econômico? O mais óbvio do crescimento capitalista: as empresas crescem por que empregam e os empregados com renda consomem. E aí vem o que os liberais não suportam saber: os impostos arrecadados pelo poder público estão alavancando o capitalismo brasileiro.

Outro dia em viagem sentimental fui aos Inhamuns. Especificamente fiquei na Aiuaba que foi a terra que fez meu pai crescer. A última vez na região fora na primeira metade dos anos 80. Tudo mudou: não se vêm animais circulando pelas ruas, são motos circulando, automóveis, ônibus escolares, antenas, eletricidade e águas fartas. Médicos, dentistas, enfermeiros, engenheiros e inúmeros técnicos que não aconteciam na região. A cidade é outra da que conhecera.

Além do empreendedorismo local, como o exemplo de Santa Cruz e muitos mais em nossa região do Cariri, a região passou por mudanças agrícolas essenciais como plantio de frutas e outros produtos de alto valor agregado. As instituições se descentralizaram e se multiplicaram na região. Claro que certa industrialização fruto do esforço de instituições como governos, bancos estatais e a Sudene fez nascer na região um conjunto de parques produtivos.

Agora uma coisa que deixa atônito certo conservadorismo raivoso localizado na velha classe média da região. O que mais fez o nordeste crescer foi a geração de renda oriunda de aumento do salário mínimo em relação a patamares anteriores, a previdência social e os programas de transferência de renda como o bolsa família.

Aliás, o que os Afifs Domingues júniors da nossa região não gostarão é outro fato pior em interpretação. Os impostos são um saco sem fundo para os políticos corruptos roubarem. Eles deixam a sensação que nada fica tudo é apenas despesa para dar votos aos mesmos políticos corruptos.

De um bilhão em políticas sociais para o nordeste, 350 milhões (35%) vão para o sul e sudeste sobre a forma de impostos. Ou seja, o crescimento do nordeste é bom para todo mundo. E aí os ideólogos do nosso liberalismo seletivo, não vêm nisso uma virtude do capitalismo.

Baseando-me no que leio vindo de alguns nordestinos existem dois tipos novos de radicais surgindo: o coronelato liberal, que gosta do dinheiro só para seu bolso e o furibundo infanto-juvenil que embarca em qualquer canoa do vozeirão dos coronéis.

Dia da Caça


Aí pelos anos 40-50, um dos principais lazeres da cidade era a caça. Época do boom do cinema hollywoodiano, nossos antepassados --- à moda James Dean --- montavam em suas selvagens motocicletas e subiam a Chapada, nos fins de semana. Eram grupos e mais grupos de amigos, acampados na serra, à procura de veados, jacus, tatus e cutias. Imaginavam todos os recursos da natureza como infinitos e, antes dos olhos atentos do IBAMA, o impacto biológico terminou por se fazer inevitável. Profundamente machista, o costume dava um salvo-conduto aos homens por todo o fim de semana, longe dos olhos fiscalizadores das patroas. O esporte praticava-se por mero hobby , muitas vezes matavam-se mais as garrafas de aguardente levadas a tiracolo do que os animais que pretensamente se pretendia caçar.Sem falar que muitas vezes perseguiam-se, às escondidas, outros animais muito mais jeitosos, que estranhamente vestiam saias e usavam perfumes franceses.

Entre tantos caçadores, tínhamos uma das figuras mais emblemáticas do Crato, hoje injustamente esquecido: o Padre Irineu Limaverde. Filho de uma das mais tradicionais famílias caririenses, nosso pároco era uma figura interessantíssima. Bondoso, educado, virtuoso,delicadíssimo com todo seu rebanho, era , por outro lado, uma figura excêntrica. Criava cobras das mais diferentes espécies, fornecendo inclusive muitas para o Instituto Butantã em São Paulo. Além de tudo, mostrava-se onívoro e gostava de provar da carne de muitos bichos , usualmente descartados nas cozinhas : serpentes, morcegos, raposas. Não muito diferente dos chineses. Criado no campo, ali no Sítio Fábrica, próximo à Santa Fé, desde menino aprendeu os mistérios da caça e este esporte o acompanhou até que a indesejada das gentes o tolheu, nonagenário, contemplando a mesma paisagem que viu ao nascer. Há duas histórias do nosso Padre Irineu que gostaria aqui de relembrar, até para trazer de volta à memória do Crato, uma pessoa tão especial.

Num fim de semana, saiu ele e um morador para uma caçada. Subiam da Santa Fé ao topo da serra a pé. Acompanhava-os um jegue levando os apetrechos necessários e os víveres para a jornada de três dias. O sacerdote levava na mão o inseparável Rádio Transglobe que usava para ter informações do mundo, no período em que ficava recluso. O Rádio ia sintonizado em uma estação e executava algumas músicas que ajudavam na estafante subida. Lá para as tantas, já cansados do alpinismo, o morador teve uma idéia que parecia genial. Por que não colocar o rádio no meio da carga do jumento ? Assim iam ouvindo a música e se viam livre do peso. O padre achou a proposta plausível: já ia de língua de fora. Pôs cuidadosamente o rádio na cangalha, entre uma e outra mala e continuaram a subir a ladeira. O problema é que o jumento estranhou aquele barulho, torceu uma orelha para um lado a outra para o lado da cangalha e, de repente, fez parafuso no rabo e saiu em desabalada carreira serra a dentro. O padre e seu acólito ainda tentaram acompanhá-lo, mas foi impossível. Nunca mais viram o jumento, as malas e o rádio. Este caso fez com que o Padre Vieira, no seu fabuloso livro : “O jumento , nosso irmão” , tenha concluído , definitivamente, que o jegue não possuí muitas aptidões musicais.

De outra feita, nosso querido pároco subiu a serra sozinho e escolheu ,cuidadosamente, a árvore para a espera. Colocou a seva abaixo e trepou-se com cuidado. Era tardizinha, próximo ao crepúsculo. Irineu gostava de usar uma capa grande e espessa para protegê-lo do frio e um chapéu xadrez tipo Sherlock Holmes. Ficou lá em cima, acomodado num galho, com o Rádio de um lado e a espingarda do outro. De repente ouviu algum barulho, mato abrindo e fechando. Observou bem e viu que , coincidentemente, se tratava de mais dois caçadores . Chegaram, observando o ambiente e as condições de espera. Um deles achou que ali parecia o lugar ideal, pois até seva já tinha. Combinou com o companheiro que resolveu subir na árvore vizinha. Quando o promotor da caçada fez finca-pé para subir , já anoitecendo, ao levantar a cabeça, observou aquela moqueca lá em cima. Tomou um susto e assoviou para o outro que já ascendia nos galhos de um pequizeiro vizinho. Assustado o promotor pedia uma ajudazinha de coragem ao camarada. Quando o de lá atendeu ao assovio, o de cá mostrou com o dedo a aparição no topo da árvore. Quando o cabra viu aquela arrumação, ao invés de ajudar ao amigo, saiu em desabalada carreira, mato a fora, sendo acompanhado, incontinenti, pelo pedidor de socorro. Ouviam-se apenas os gritos, a mata abrindo e fechando, e as quedas de um e de outro nas ribanceiras. Lá para tantas, Irineu entoou um grito longo e grave :

---- UUUUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!!!!!!!

Só ouviu quando um dos cabras gritou arfante, em plena carreira, para o colega :

---- Meu Deus ! E o bicho fala !!!


J. Flávio Vieira

"Cosa nostra" - José Nilton Mariano Saraiva

Em 29 de agosto de 2008 foi publicada a súmula vinculante nº 13, tratando do nepotismo, com o seguinte teor: “A nomeação de cônjuge, companheiro OU PARENTE EM LINHA RETA, colateral ou por afinidade (grifo nosso), até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou ASSESSORAMENTO (grifo nosso) para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública DIRETA E INDIRETA (grifo nosso) em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
Portanto, didaticamente e para que não pairem dúvidas: nepotismo é o favorecimento para com parentes ou amigos próximos, especialmente na seara do poder público (até e mesmo que indiretamente).
O que não é divulgado é que, originalmente, o nepotismo tem tudo a ver com a secular Igreja Católica (olha ela aí de novo). Nepos, em latim, significa neto ou descendente. Chamava-se “nepote” o sobrinho do papa. Como os papas não tinham filhos (é bem verdade que alguns tiveram, mas aí é outra história), mas tinham sobrinhos, nomeavam a “sobrinhada” toda para cargos na burocracia da Igreja Católica. Eram bispos, cardeais, membros da Cúria Romana, o escambau. As monarquias católicas praticavam o nepotismo deslavado, porque não havia uma separação nítida entre o público e o privado. O reino pertencia ao rei. E ponto final. Se-fi-ni.
Assim, uma das críticas dos líderes protestantes à Igreja Católica era justamente a prática de os papas considerarem a Igreja “cosa nostra”. Por isso, os países protestantes passaram a combater o nepotismo e a adotar regras de impessoalidade e meritocracia na administração pública.
Na política, o exemplo maior de tão nefasta praga nos foi dado por Napoleão Bonaparte, que se tornou imperador conquistando a coroa na ponta da espada e, em seguida, levou o nepotismo ao paroxismo. Entregou reinos inteiros para os irmãos e generais amigos: José foi coroado rei da Espanha; Luís, rei de Nápoles; o general Bernadotte virou rei da Suécia.
A reflexão acima tem a ver com o ocorrido recentemente aqui na terrinha, quando o Governador Cid Gomes (e a cúpula do PSB), nomeou o irmão (desempregado), Ciro Gomes, assessor da agremiação, percebendo um suculento salário de cerca de R$ 22.000,00. Nepotismo ??? Ética ??? Que vão pro beleléu...
Aliás, não custa lembrar que da outra vez em que esteve desempregado o senhor Ciro Gomes foi convidado pelo senhor Arialdo Pinho, à época um dos donos do Beach Park, para “vender beleza” nos finais de semana, naquele aprazível recanto, em troca de uma mesada mensal. Não se fez de rogado...
Coincidentemente, quando eleito Governador do Estado o primeiro ato do senhor Cid Gomes foi nomear o senhor Arialdo Pinho (indicado pelo irmão ???) para a principal e poderosa Secretaria de Governo (espécie de Casa Civil) do Estado, onde tem se destacado por desacatar a prefeita de Fortaleza (da qual Ciro Gomes é um costumaz crítico).
Temos, aqui, uma mão lavando a outra ???

Jornal de Recife repercute matéria da "Provincia", edição de julho – por Joaquim Pinheiro

O colunista político Inaldo Sampaio, da Folha de Pernambuco, de 12.10.2011, publicou duas notas com base em informações da Revista de Jurandir Timóteo:

Crato 1 - A passagem de Eduardo Campos pelo Crato (CE), para receber o título de cidadão, atiçou o debate entre os intelectuais pela anexação daquela cidade a Pernambuco. O Jornal “A Província” defende abertamente a tese dizendo que “já não se pode mais fazer de conta que este movimento não existe”.

Crato 2 - A tese de “A Província” é que o Crato se comunica mais com o Recife do que com Fortaleza e que os últimos governos do CE abandonaram a região (Cariri). A chance de a tese prosperar é zero. Mas pelo menos anima o debate na Academia de Letras da terra natal de Tadeu Alencar (Casa Civil).

Quem quiser ler a coluna pode acessar o site
http://www.folhape.com.br/index.php/fogo-cruzado/670825-fogo-cruzado-12102011

Manuel Bandeira



Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.

Manuel Bandeira

Teresa


A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
 
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
 
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
 

Paisagem Noturna - Manuel Bandeira


A sombra imensa, a noite infinita enche o vale . . .
E lá do fundo vem a voz
Humilde e lamentosa
Dos pássaros da treva. Em nós,
— Em noss'alma criminosa,
O pavor se insinua . . .
Um carneiro bale.
Ouvem-se pios funerais.
Um como grande e doloroso arquejo
Corta a amplidão que a amplidão continua . . .
E cadentes, metálicos, pontuais,
Os tanoeiros do brejo,
— Os vigias da noite silenciosa,
Malham nos aguaçais.


Pouco a pouco, porém, a muralha de treva
Vai perdendo a espessura, e em breve se adelgaça
Como um diáfano crepe, atrás do qual se eleva
A sombria massa
Das serranias.


O plenilúnio via romper . . . Já da penumbra
Lentamente reslumbra
A paisagem de grandes árvores dormentes.
E cambiantes sutis, tonalidades fugidias,
Tintas deliqüescentes
Mancham para o levante as nuvens langorosas.


Enfim, cheia, serena, pura,
Como uma hóstia de luz erguida no horizonte,
Fazendo levantar a fronte
Dos poetas e das almas amorosas,
Dissipando o temor nas consciências medrosas
E frustrando a emboscada a espiar na noite escura,
— A Lua
Assoma à crista da montanha.
Em sua luz se banha
A solidão cheia de vozes que segredam . . .


Em voluptuoso espreguiçar de forma nua
As névoas enveredam
No vale. São como alvas, longas charpas
Suspensas no ar ao longe das escarpas.
Lembram os rebanhos de carneiros
Quando,
Fugindo ao sol a pino,
Buscam oitões, adros hospitaleiros
E lá quedam tranqüilos ruminando . . .
Assim a névoa azul paira sonhando . . .
As estrelas sorriem de escutar
As baladas atrozes
Dos sapos.


E o luar úmido . . . fino . . .
Amávico . . . tutelar . . .
Anima e transfigura a solidão cheia de vozes . . .

Os mineiros do Chile - José do Vale Pinheiro Feitosa


A semântica da distração planta sono nas nossas mentes,
Deturpa os fatos, engana, fantasia, desvia.
Os hipnotizadores da televisão chamam os mineiros de heróis.
Aqueles mesmo de pele acobreada, da cara de Índio.

A mídia que empulha, que tergiversa, que serpenteia,
Nas circunvoluções dos nossos cérebros,
Não ouve a canção de Victor Jara:

“Con él, con él, con él, con él.
Son cinco minutos.
La vida es eterna en cinco minutos.
Suena la sirena. De vuelta al trabajo
y tœ caminando lo iluminas todo,
los cinco minutos te hacen florecer.”


Os mineiros do Chile não são heróis,
São mártires da ganância das mineradoras.
São vítimas da exploração que destrói gente,
Torna o deserto de Atacama num solo lunar.

De outra forma como um “herói” de 63 anos,
Desempregado, que necessita renda para sobreviver,
Permaneceu um buraco insalubre mesmo dizendo:
Aquela mina não é segura vou procurar outro emprego.

E quase vai! para o desespero de nossas indignações,
Buscar junto às asas do condor, como um Aimara nos Andes,
Sobre o torpor das consciências bêbadas de tanta mídia,
Que mija e caga na alma e muitos se acalmam como manjar.

É preciso que rebeldes construam uma “fênix” da liberdade,
Que se erga desta poeira ideológica que no pisam os comunicadores,
E da altura em que consiga voar,
Sopre para bem longe a névoa que turva a alma de todos.

DIA DA CRIANÇA- por Norma Hauer


Hoje são três aniversariantes.
Um está vivo e em plena atividade, completando 81 anos. Trata-se de Luiz Vieira, o eterno menino-passarinho, nascido num dia da criança.
Recebeu várias homenagens e mensagens de muitos amigos hoje, em seu programa na Rádio Carioca.

Outro que faria aniversário hoje, faleceu no dia 28 de agosto deste ano, aos 90 anos. Trata-se de BOB NELSON, sobre quem falei quando de seu falecimento.

Também Ivon Curi faria aniversário hoje.
De uma família de artistas, nascidos em Caxambu, Ivon era irmão de Jorge Curi (locutor esportivo) e Alberto Curi, locutor de notícias.´
Não entro em, maiores detalhes porque só agora tive acesso à Internet. Saí o dia inteiro e estou cansada.
Fica para outra ocasião.
De qualquer forma, fica a homenagem aos dois que já partiram.

Luiz Vieira, tive ocasião de cumprimentar pessoalmente.
Norma

Mário Rossi - Por : Norma Hauer



Foi a 12 de outubro de 1981 que MÁRIO ROSSI faleceu. E quem foi Mário Rossi ? Foi um jornalista e compositor, autor de mais de uma centena de composições, tendo como parceiros os grandes nomes de nossa música popular.

Com Roberto Martins, MÁRIO ROSSI compôs um samba atualmente bastante badalado, mas gravado originalmente por Ciro Monteiro, em 1943. O próprio Ciro o regravou em 1956 com Elizeth Cardoso.

Trata-se de "Beija-me", recentemente relançado por Zeca Pagodinho.

Mário Rossi, ainda com Roberto Martins compôs "Renúncia", "Bodas de Prata", "Perfil","Dorme, que eu velo por ti", "Volta Para Mim", "Brinquei de Amor"... e inúmeras outras .

Mário Rossi nasceu em Petrópolis, onde, como jornalista, trabalhou no "Jornal de Petrópolis". Também fez parte da revista "O Malho", de grande repercussão nos anos 20 a 50.
Foi seu conhecimento com Gastão Lamounier que o lançou no mundo das gravações,
quando lançou duas valsas gravadas por Carlos Galhardo, em 1937:"...E O Destino
Desfolhou" e "Assim Acaba um Grande Amor"

Mário Rossi fez parceria com Gastão Viana("O Sorriso do Paulinho"- um dos grandes sucessos de Isaurinha Garcia);com Fon´Fon ("Murmurando", gravação original de
Odete Amaral); com Vicente Celestino ("Terra Virgem","Sangue e Areia") Com Felisberto Martins ("Sublime Herança"; com Joubert de Carvalho("Desde Sempre") e com inúmeros outros. Sua discografia é muitro grande. Nem tudo foi sucesso, mas
tudo demonstra o talento e a poesia de Mário Rossi.
Norma Hauer

A oposição de má fé - José do Vale Pinheiro Feitosa

A má fé campeia na internet. Hoje a mídia deu destaque para manifestações contra a corrupção no Brasil. Ainda se entenda: uma manifestação seletiva contra os políticos, mas não contra os corruptores inclusive da mídia. Este clima na mídia que passa pela internet tem alguns motes: a impunidade, o corrupto é sempre o adversário e a corrupção é com o dinheiro dos impostos, portanto não pague impostos.

Não estou aqui contra quem denuncia e tem a coragem moral e verdadeira de brigar contra os corruptos seja onde estejam. Especialmente no seu condomínio, no seu bairro e no seu município. Estou falando deste jogo safado de quem perdeu a vez de apresentar politicamente algo melhor e fica com o olho para o outro lado da cerca, enquanto a safadeza corre solta em sua volta.

Então vou apresentar um emblema deste jogo sujo e com o maior empenho de fazer os outros de otário. Isso ninguém gosta. Quando descobre passa a desconfiar até dos amigos. Mas vindo de amigos, que serve de repassador para que a safadeza funcione neste jogo.

Normalmente o e-mail vem de alguém conhecido, amigo nosso, que está pê da vida com alguma sacanagem feita por um político. Pois foi de um amigo, rapaz sério e cuidadoso que recebi o seguinte e-mail: CENA COVARDE... Isto faz pensar sobre a verdadeira intenção do propalado "controle social da mídia"... Vereador Jose Rainha do PT. Bateu na repórter e a cena não saiu em nenhum jornal, rádio ou canal de TV. Divulguem, por um Brasil melhor. Observem, esta é a democracia e a liberdade de Imprensa que o PT conhece e defende. Vamos divulgar pelo Brasil esta cena COVARDE Veja o vídeo. Anexo.

Todo mundo foi feito de otário por este FPD que construiu uma mentira com um vídeo verdadeiro. O vídeo mostra uma repórter noticiando que o vereador fulano de tal, conhecido como (um nome estranho, mas que pode, uma vez sendo induzido, a se confundir com Zé Rainha) está sendo ouvido pela justiça. Quando o vereador sai e a repórter se dirige a ele, recebe uma bofetada do covarde. Ela protesta e o vídeo vai para o Youtube.

Um FDP botou o vídeo como sendo do Zé Rainha (militante petista que atua em São Paulo) e depois passou o e-mail para confundir as pessoas. Aliás, fica clara a posição ideológica do camarada e que ele tem interesses contrariados com o chamado controle social da mídia. Então é a mesma campanha.

Agora a verdade sobre o vídeo. Como bem disse a repórter o nome do vereador é Lourivaldo Rodrigues de Moraes. Não é o nome José Rainha Jr, o apelido do covardão é Kirrarinha e foi esta palavra que o dono do e-mail usou para confundir as pessoas. O pior de tudo, o vereador é do partido com o qual o dono do e-mail parece ter afinidade: é do DEM.

E tem outra pesada: ele quis deixar subentendido a impunidade. Pois o vereador foi cassado exatamente por esta agressão pela câmara de vereadores de Ponte Lacerda em Mato Grosso. É a mesma manipulação daquelas notícias lá de cima, não nos enganemos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dom Quixote

Padre, perdoa-me
pois pequei.

Ultimamente venho seduzindo e molestando
todas as formiguinhas do quarto
todas as borboletas da pracinha
e até as ingênuas andorinhas
que chegam à varanda
eu as papo.

Padre, embora essa vida de desfrutes
idílios e sarros pareça um paraíso,
tu te enganas

pois ando melancólico,
dormindo tarde

mais solitário que um pé de meia
perdido debaixo da cama.

Padre, talvez seja minha sina
minha fortuna e meu carma
essa onda de penúria

mesmo tendo ao lado
as mais tesudinhas formigas
as mais sensuais borboletas
as mais gatas andorinhas

e não há um dia
em que eu não acorde
com uma formiguinha
mordendo meus lábios

e logo que desço à calçada
surgem como por enquanto
mil safadinhas borboletas.

Padre, nem com a lua alta
vivo em paz com minha insônia -

penso em ler um livro
ou simplesmente
olhar os furos
do teto

mas eis que entram pela janela do banheiro
duas irmãs gêmeas duas sapecas andorinhas.

Não é loucura, padre
já tardão da noite
fria madrugada

duas irmãs gêmeas
duas sapecas andorinhas.

Padre, aconselha-me
dá-me um rumo
purifica-me.

Não é mais do desejo da minha alma
seduzir e molestar formiguinhas,
borboletas e andorinhas.

Juro, padre,
quero morrer seco sem escrever um verso
se eu voltar a flertar e bolinar minhas meninas.

Julio Iglesias

História do eterno insatisfeito - Emerson Monteiro


Deus do antigo santuário grego, conhecido por Tântalo, lá um dia quis agradar os outros deuses, recebidos em festivo banquete, servindo-lhes carne do próprio filho, isso para testar a ciência deles tudo saber. Tal qual acontece a três por quatro entre seres humanos a fim de obter os favores escorregadios deste chão, vendeu a quem mais gostava numa atitude interesseira... Dominar o mundo e subir nas condições sociais. Matam e arrebentam, pisam a cabeça dos outros e invadem o camarim das vaidades querendo aparecer nas colunas dos jornais.

Pois esse personagem existiu, sim, na cultura grega, passando depois de geração a geração. O deus de nome Tântalo, casado com Dione, possuía três filhos, Níobe, Dascilo e Pélops. Naquele dia do banquete, ofereceu Pélops, aos demais deuses do Olimpo que o visitavam. Na ânsia de obter os favores dos céus, Tântalo antes havia abusado da confiança dos poderosos ao roubar-lhes néctar e ambrosia, substâncias de que necessitava para ser um imortal semelhante a eles.

Nesse caminho de tanta contradição, receberia de troco a punição de jamais poder experimentar o gosto da satisfação dos seus desejos. Após descoberto o delito de Tântalo, Zeus, o principal no comando das hostes superiores, ordenou que o filho oferecido no trágico banquete retornasse a viver, porém que o pai cumpriria, em condenação pelo gesto condenável, a pena de nunca chegar à realização de qualquer sonho que sonhasse. Tão próximo dos objetos do desejo e tão longe do prazer, eis o resumo do que o aguardavam na sequência dos acontecimentos.

Com água no pescoço, não poderia saciar a sede... Olharia frutos deliciosos das árvores da natureza sem, no entanto, desfrutar do direito de saborear-los, forma inominável de suplício, símbolo da insatisfação dos instintos que chamam de a medida do ter que nunca enche. Tântalo e seus descendentes sempre iriam carregar a prova de imaginar ambições, e não vencer o limite que delas o separa, nesta vida material que se desmancha no mar da insatisfação, segundo os gregos de antigamente.

E quantos nadam, nadam, avistando as praias douradas da ilusão, em quimeras fantasiosas, esquecidos que transportam consigo, no íntimo coração, o motivo da felicidade, o Amor, que tudo pode e realiza.

O CONSTRUTOR E A MORTE

Add caption




 
A morte não é nada para as coisas, mas caminha
dentro delas
como numa carruagem. É uma fatalidade que o espelho
conjuga

com as goiabas da infãncia e todas as lagartas. Não fechem
as pálpebras do morto. Não fechem os ouvidos
do morto. Ele
traz nos olhos as ondas do mar primevo. Ele

traz nos ouvidos o rugido de tigre do oceano
como a pérola
na sua concha. As coisas
são pesadas, fechadas em seu ser de concha,

de pedra. É preciso considerar a pedra
do abismo. Carrego a morte no pescoço como uma
canga. Nasci com a morte na língua. O homem nasce
e morre de uma vez

só. É a questão da palavra
exata. As coisas que o fogo não consome, que se agitam na 
sua língua,
nas labaredas do eterno.
Que teatro para o meu anjo? Que palco? Que bastidores e que

plateia? As coisas, desprovidas de ênfase,
não são apenas coisas. As coisas, em sua nudez,
estão vestidas para o êxtase.

                                                J. C. Brandão


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Poema a Moça da Janela


Poema a Moça da Janela
César Oliveira

Morena quando te vejo
Palanqueda na janela
Fico floreando a barbela
Mordendo a perna do freio
E desinquieto pateio
Enredado nesse olhar
Sou pingo do teu andar
A carregar teus anseios.

E quando um sorriso esboças
Carregado de promessas
É o próprio céu das avessas
Com tormentas e lampejos
E um temporal de desejos
Vem respingar no meu toso
Levando um rosto mimoso
Junto aos meus sonhos andejos.


Noite alta, quando cruzo
Nesse rancho onde te abrigas
Da alma vertem cantigas
Rastreando rimas de prata
O coração bate patas
Corretiando o Deus dará
E a janela ali está
Como a pedir serenata.

Guitarreia o meu silêncio
Em muda e louca seresta
Na janela, em cada fresta
Mil ouvidos a me escutar
Por certo estás a sonhar
Alma leve, solta ao vento
Eu queria estar ai dentro
Para te ouvir ressonar.

Amanhã- um outro dia
Andarei longe da querência
Reculutando uma ausência
Que ficou de sentinela
Quero ver os olhos dela
Quando retornar do povo e lá estará de novo
Na moldura da janela.

Por Cecília Meireles




A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela
se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre
com um balde e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre
as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas
de água que caíam de seus dedos
magros e meu coração ficava
completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto
crinças que vão para a escola. Pardais
que pulam pelo muro. Gatos que abrem
e fecham os olhos, sonhando com
pardais. Borboletas brancas, duas a
duas, como refelectidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem
personagens de Lope de Vega. Às
vezes um galo canta. Às vezes um
avião passa. Tudo está certo, no seu
lugar, cumprindo o seu destino. E eu me
sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.



Dia das Crianças - 12 de outubro



O dia das crianças é comemorado no dia 12 de outubro.

Ele foi criado na década de 20 pelo deputado federal Galdino do Valle Filho, pois ele dizia que neste dia as crianças teriam que ser homenageadas.

No ano de 1960, uma fábrica de brinquedos se uniu com uma empresa de cosméticos para bebê para fazer uma promoção conjunta para as crianças, para aumentar as vendas, e foi a partir daí que começou a se comemorar o dia das crianças no dia 12 de outubro.

Colaboração de Rosa Guerrera



Deixe a Raiva Secar...

Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas.

No dia seguinte, Júlia sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar.
Mariana não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã.
Júlia então, pediu a coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.
Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial.
Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão.
Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada.
Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:
"Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo?
Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.
Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia pedir explicações.
Mas a mãe, com muito carinho ponderou:
"Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa?
Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.
Você lembra o que a vovó falou?
Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar.
Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa.
Deixa a raiva secar primeiro..
Depois fica bem mais fácil resolver tudo.
Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão.
Logo depois alguém tocou a campainha..
Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão.
Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
"Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente?
Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei.
Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado.
Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você.
Espero que você não fique com raiva de mim.
Não foi minha culpa."
"Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou."
E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.


Nunca tome qualquer atitude com raiva.

A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são.

Assim você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais pela sua posição ponderada e correta.

Diante de uma situação difícil. Lembre-se sempre:

Deixe a raiva secar.

Vale a pena conferir !



O novo livro "Nos Ombros do Destino", do escritor Geraldo Ananias, já está no prelo. É um romance de 320 páginas, que será lançado pela Editora Thesaurus, Brasília (DF).Aguardem lançamento, na nossa terrinha, previsto para o início do ano.





Pensamento para o Dia 11/10/2011


“Muitas pessoas realizam Sadhana (exercícios espirituais) a fim de perceber a Divindade. Mas, se eles não entendem as qualidades humanas, todos os esforços tornam-se exercícios de futilidade. Sem aprender o alfabeto, como se pode adquirir o significado e o uso de palavras, frases e sentenças? Valores humanos são os alfabetos básicos da espiritualidade. Desenvolva valores humanos e fé inabalável no Divino. Domine isso e seu Sadhana será eficaz. Você também deve compreender que não existe prazer sem dor e que a dor é apenas um intervalo entre dois prazeres. Sempre que tiver uma experiência desagradável, você deveria ter a fé inabalável de que isso é para algo bom que você estará desfrutando em um futuro próximo e, portanto, pare de se preocupar.”
Sathya Sai Baba

"Tem, sim" - José Nilton Mariano Saraiva

Contando com o beneplácito da imprensa cearense – que é pródiga em propagar seus arroubos e pavonadas, mas incapaz de aprofundar e cobrar de forma mais incisiva certos questionamentos - o senhor Ciro Gomes (atualmente desempregado) saiu pela tangente quando questionado “en passant” a respeito da denúncia de um colega de partido (Sérgio Novais) de que teria sido designado pelo irmão-governador Cid Gomes para a função de assessor político do PSB, percebendo remuneração mensal de R$ 22.000,00 (o correspondente aos salários de 41 trabalhadores/mês) ou R$ 264.000,00 anualmente.
Pois bem, mesmo sem desmentir a denúncia (sinal de que tem fundamento ???), segundo o jornal O POVO, de 11.10.11 - “...O ex-deputado federal Ciro Gomes reagiu irritado ao ser questionado pelo O POVO sobre recursos de R$ 22 mil que receberia para dar consultoria política ao PSB cearense – cuja executiva estadual é presidida por seu irmão, o governador Cid Gomes” (ipsis litteris).
Para justificar tamanho descalabro, Ciro Gomes teria declarado simplesmente que “...nunca recebi nenhum centavo ilegal na minha vida...” enquanto um dos áulicos integrantes da executiva estadual (Zezinho Albuquerque) teria confirmado que “...Ciro vem sendo pago pela legenda há cerca de quatro meses, com o consentimento do grupo”.
Segundo ainda o jornal, Ciro Gomes, com cara de poucos amigos, teria afirmado arrogantemente que “...não tenho de dar satisfação a ninguém”, esquecendo que o dinheiro é do contribuinte e este TEM, SIM, interesse em saber como, quando, onde e porque é empregado (e se a imprensa cearense fosse honesta e imparcial, mergulharia fundo na questão).

Tom Zé






Antônio José Santana Martins (Irará, 11 de outubro de 1936), mais conhecido como Tom Zé, é um compositor, cantor, arranjador e jardineiro brasileiro.

Renato Russo


Renato Manfredini Júnior, nome artístico: Renato Russo (Rio de Janeiro, 27 de março de 1960 – Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1996) foi um cantor e compositor brasileiro.

Feliz Aniversário, Márcia !

Um abraço carinhoso de todos os seus amigos , "No Azul Sonhado"!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cartola (compositor)


Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, (Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1908 — Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1980) foi um cantor, compositor e violonista brasileiro.

A Insusentável Leveza do Ser - Por Zélia Moreira


Tempos atrás saindo de uma sessão de cinema em Curitiba, paramos numa livraria cujo dono, um senhor idoso, elegante e simpático, é amigo de Marlúcia, minha amiga .
Num frio de quase zero grau, fomos convidadas pra tomar um chocolate quente. Conversa vai , conversa vem falamos um pouco de tudo, gastrônomia, cinema, política, livros...
Na despedida fomos presenteadas pelo Sr. Ghnhone com dois livros. O meu, para minha alegria foi: A insustentável leveza do ser , de Milan Kundera.
Embora já conhecesse o filme, li esse livro com igual prazer, afinal ele, o filme, faz parte da lista dos meus favoritos.
Poderia falar tantas coisas, mas encontrei no livro de Rubem Alves : Canto do Pássaro Encantado, uma crônica que descreve tão bem o sentimento expresso no livro, no filme, que preferi transcrevê-la aqui pra vocês.
Saboreem a prosa de Rubem Alves, vejam o filme "A insustentável Leveza do Ser". Vale a pena!


A Bela Cena.

Tomas , personagem de A insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, não conhecia a experiência da paixão. O que ele conhecia era os prazeres do sexo. esgotada a orgia, o seu desejo era se livrar da mulher. A ideia d acordar com uma mulher ao lado horrorizava. O seu horror ao amor era tal que nunca permitia que uma mulher dormissse na sua cama. Encontrava sempre uma desculpa para se livrar da companheira, levando-a de volta à casa dela. Ele se parecia com o sultão de Mil e Uma Noites, que depois de uma noite de prazeres carnais, quando o sol iluminava o horizonte, fazia com que a amnante fosse decapitada...Era assim que Tomas agia, como um animal caçador que abondona a caça tão logo sua fome é satisfeita.
Mas com Tereza foi diferente. Não que ela tivesse algum traço especial, que a distinguisse das outras. Não era mais bonita que as outras. Por que Tomas a amou e deixou que ela passasse a noite na cama dele? Por mais que a examinasse, nada encontrava nela que pudesse ser apontado como a razão do seu amor. Eles se conheciam por um tempo tão curto! Mas, sem razões e contra a sua vontade , o fato era que ele estava apaixonado por ela.
Sua aventura com Tereza havia começado exatamente onde terminava suas aventuras com as outras mulheres. Ela acontecera do outro lado do impulso que a levava as conquistas. Conhecera Tereza acidentalmente, num bar de uma cidadizinha do interior. Dissera-lhe, quase como brincadeira, que o procurasse quando fosse à capital. E lhe dera o seu endereço. Tereza chegou à capital doente ,sentindo-se perdida. Foi isso que a levou a procurar Tomas. E foi ai que a história de amor começou.
Ela ardia em febre. Ele não podia fazer com ela aquilo que fazia com as outras. Não podia levá-la para casa, porque ela não tinha casa. Ajoelhado à sua cabeceira, "ocorrera-lhe a ideia de que ela viera para le numa cesta sobre as águas".
Agora, a distância, pensava sobre as razões do seu amor e fazia, sem que disso se desse conta, a insólida pergunta de santo Agostinho: "O que é que eu amo quando amo tereza?" Tudo se tornou claro de repente. Ele ficou comovido pela fragilidade de tereza- criança amedontrada, chegando aos seus braços com um pedido de socorro.

"A mulher não resiste a voz do que chama sua alma amedontrada; o homem não resiste à mulher cuja sua alma se torna atenta à sua voz"....

Agora, na memória poética de Tomas, aquela cena permanecia imóvel, impertubável, fora do tempo. Era uma parte da sua alma. Não morreria jamais.
"O que eu amo quando te amo?" Tomas amava Tereza porque amava nela uma outra coisa: aquela cena que repentinamente brilhava em sua imaginação. Na cena, Tereza não era Tereza; era uma criança abondonada, levada pelas águas de um rio. E de repente ele deixou de ser Tomas caçador- tornou-se um homem forte, que tomava aquela criança nos braços. Tereza poderia deteriorar-se ou morrer. Mas a cena permaneceria inalterada, suspensa na memória poética, como objeto de amor.
Amamos a bela cena antes de amar a pessoa. Amamos a pessoa porque ela completa a bela cena. Por isso Santo Agostinho, antecedendo os versos de Fernando Pessoa, escreveu em suas Confissões:" Antes que te conhecesse eu já te amava." Somos amantes antes de nos encontrar com a mulher ou com o homem que será objeto do nosso amor. A alma é uma coleção de belos quadros adormecidos, seus rostos envoltos em sombras. sua beleza é triste e nostalgica porque sendo moradores da alma ao lado dos sonhos, eles não existem do lado de fora. Ves por outra, entretanto, defrontamos com um rosto- ou apenas uma voz, um olhar, um gesto com a mão...- que sem razões, ilumina um dos quadros que estava no escuro. Somos então possuidos pela certeza de que ese rosto que os olhos veem é o mesmo que está no quadro que mora nas sombras da lama. O corpo estremece. A paixão está nascendo.


Ficha técnica do filme:


ficha técnica:
título : A insustentável leveza do ser
gênero:Drama
duração:02 hs 40 min
ano de lançamento:1988


direção: Philip Kaufman

roteiro:Jean-Claude Carrière e Philip Kaufman, baseado em livro de Milan Kundera
produção:Saul Zaentz
música:Mark Adler e B.J. Sears
fotografia:
direção de arte:
figurino:Ann Roth
edição:Walter Murch e B.J. Sears