por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

"PASSAPORTE PARA ROUBAR" - José Nilton Mariano Saraiva

 “PASSAPORTE PARA ROUBAR” – José Nilton Mariano Saraiva

Circunscrita, de princípio, às nossas fronteiras (e à covarde e bovina passividade do nosso povo), de repente a “coisa” assumiu ares cosmopolitas, porquanto destaque em horário nobre nos principais jornais televisivos mundo afora, em razão, principalmente, de ter como principal protagonista um dos “filhos-numerais” (Flávio Bolsonaro, o primogênito) do atual Presidente da República, (Jair Bolsonaro) contando com a inestimável e inescrupulosa ajuda de um miliciano de alta periculosidade (Fabrício Queiroz) que, de simples motorista do dito-cujo (como ficou conhecido no começo), passou a ser decantado como um “expert”, verdadeiro “mago” em termos de finanças.

Aos fatos.

À época, eleito Deputado Estadual (pelo Rio de Janeiro) e já tendo absorvido in totum todos os “nobres ensinamentos” professados pelo pai (então Deputado Federal e integrante do baixo clero da Câmara), o filhão querido montou, dentro do seu gabinete parlamentar (com a inestimável ajuda do “motorista” Fabrício Queiroz, recomendado pelo pai), o esquema conhecido por “rachadinha”.

Aos leigos, a tal “rachadinha” nada mais é que o “recolhimento compulsório” ao final de cada mês (e quem não topar que peça pra sair), de um avantajado percentual do salário de cada um dos funcionários do gabinete, em favor do “chefe” (aquele lance de “dá com uma mão e tomar com a outra” ou mesmo uma espécie de “dízimo”, tão comum entre os evangélicos, tal qual o patrão o é).

Fato é que tal “fábrica” de gerar dinheiro (sem fazer força) permitiu que o filho-numeral seja hoje detentor de um patrimônio absolutamente incompatível com a sua remuneração (são lojas em shopping, apartamentos, uma montanha de dinheiro vivo, imóveis e por aí vai).Lavagem de dinheiro, na mais completa acepção do termo.

O resto da história todo mundo sabe: denunciaram, primeiro, o motorista Fabrício Queiroz, que passou meses escondido na casa do próprio advogado (Wassef) do pai-Presidente e, quando encontrado (por mero descuido), deram um jeito e fazê-lo curtir uma prisão-domiciliar tranquila, de onde continua dando ordens.

Já o “filhão-numeral” (hoje Senador da República), denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pelos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, contratou uma banca advocatícia de peso (tá gastando parte do que roubou) de sorte que, através de recursos e mais recursos, a “coisa” foi indo, foi indo, até chegar à Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.

Que achou por bem “anular a quebra do sigilo bancário e fiscal” do dito-cujo, sob a pífia argumentação da existência de “problemas de  fundamentação na decisão judicial anterior” e de que ”não há indícios de que o parlamentar tenha cometido os crimes de lavagem de dinheiro e de falsidade ideológica” (eles sempre arranjam um “brecha” quando se trata de “cliente” com bala na agulha).

Os votos favoráveis a Flávio Bolsonaro partiram dos ministros João Otávio Noronha, Reinaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas e Joel Ilan Parcionik, que divergiram do relator, ministro Félix Fischer.

Alfim, se vigorar e prevalecer tal decisão, os marginais detentores do vil metal (e são muitos) já sabem como obter o seu “passaporte para roubar” e, mais que isso, chancelado pelas excelências togadas dos nossos tribunais superiores.

É só seguir, pari passu, o itinerário feito pelo filhão-numeral-bandido.

 

 

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