por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Por Everardo Norões

Tenho observado fotos de pichações e declarações a dizer que Marília Arraes é traidora. Desconheço as razões de quem a acusa. Não me sinto motivado a me envolver nessa querela. Talvez existam interesses não explícitos movendo essa campanha. Pergunto-me apenas se ter opinião é trair. Lembro que num certo passado Miguel Arraes rompeu com Cid Sampaio, seu concunhado, por motivos políticos, o que provocou uma ruptura familiar que nunca foi sanada. Naquele momento estava em jogo o destino da nação e candidatos contrários às reformas sociais eram apoiados pelo IBAD, organismo financiado pelos Estados Unidos. Miguel Arraes denunciou essa interferência norte-americana no Congresso Nacional, o que lhe custou caro. Cid Sampaio estava do outro lado. Na ótica da História teria sido Arraes o traidor? Por mais restrições que se possa fazer à sua atuação política, ele sempre colocou os interesses maiores da povo acima de querelas subalternas. Também é bom lembrar que não foi por acaso o boicote sistemático feito por conhecidos ‘democratas’ do PMDB quando da sua volta do exílio. É que percebiam na sua chegada uma ameaça ao futuro político dos que haviam negociado a anistia “ampla e irrestrita”, contemplando esbirros e torturadores. Quem traiu quem? Que fantasma shakespeareano vem agora no meio da noite dizer a áulicos e oportunistas em quem devemos votar ou quando devemos lançar às feras quem tem a coragem de opinar ou de divergir? Trair é mesmo ter opinião própria, independentemente de laços familiares ou opções de outra espécie? Se for assim, que péssimo sinal para a nossa pobre democracia. E se os que pensam assim se dizem socialistas, que mau augúrio para a nosso país, que corre o risco de ver Marx dando nome a shopping centers.
 
 
 

Um comentário:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Para orientação dos leitores. Marília Arraes é neta de Miguel Arraes, filha de Marcos Arraes, tio de Eduardo Campos. Marília tem obtido destaque nacional, além do círculo nordestino, por se posicionar à esquerda das propostas de Eduardo e, essencialmente, da atual direção nacional do PSB. O cenário do PSB, que é um partido socialista, cujos fundamentos se baseia no chamado socialismo democrático, pós-fabiano, mas que recebeu forte influência das consequências da revolução de 30 e da implantação da industrialização no país, criando uma burguesia industrial e ampliando a classe operária. Depois desse passo o país jamais foi o mesmo. Marília a se tomar como referência o aprendizado familiar vindo da liderança do seu avô é quem melhor tem espelhado as posições políticas dele. Inclusive demonstrando uma grande coragem de incomodar o bloco do contentes.