por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 11 de outubro de 2014

No "limite da irresponsabilidade" - José Nilton Mariano Saraiva

O termo “mensalão” não consta de qualquer dicionário e foi introduzido na arena política brasileira pelo deputado Roberto Jefferson (posteriormente condenado), a fim de designar um pretenso pagamento mensal a deputados corruptos, em troca de votos para aprovação de matérias de interesse de governos, estadual e federal.

Conhecidos, dois foram os “mensalões” da vida: o “mensalão-original”, o de Minas Gerais, cuja principal beneficiário foi o então governador do PSDB, Azeredo da Silveira e que até hoje não foi julgado; e, o “mensalão-genérico”, o de Brasília, que envolveu uma série de parlamentares da base aliada do governo, e que teve julgamento “vapt-vupt”, com os seus integrantes condenados e presos. Em ambos, uma similitude: o mesmo operador, o mineiro Marcos Valério.

O “porquê” do mensalão ocorrido posteriormente (o de Brasília) já ter sido julgado, em detrimento do que lhe precedeu (o de Minas) - que permanece perambulando de gaveta em gaveta no judiciário mineiro, é algo que causa curiosidade. Pois é exatamente aí que o senhor Aécio Neves, quando questionado sobre corrupção, se escora para escamotear a verdade: no seu “juízo de valor”, como o senhor Azeredo da Silveira ainda não foi julgado (embora todos saibam da “desenvoltura” com que agia na obtenção dos votos) , não se pode considerá-lo culpado. E PT saudações.

A reflexão é só pra lembrar que agora, quando um estranho “vazamento seletivo” da Justiça Federal do Paraná é divulgado, trazendo declarações de dois mafiosos que operavam junto a inúmeros políticos que se beneficiaram de polpudas “propinas” na Petrobrás, a mídia nacional, sem que sequer as investigações tenham começado, de pronto trata de condenar o governo federal.

Como estamos às vésperas de um segundo turno de uma eleição presidencial e o senhor Aécio Neves concorre diretamente com a atual Presidenta da República, Dilma Rousseff, eis que o seu “juízo de valor” a respeito da necessidade de julgamento para que haja uma condenação, metamorfoseia-se: assim, conforme deixou claro, também aqui (tal qual no julgamento do mensalão brasiliense), não há necessidade nenhuma prova comprobatória do possível crime. Basta a denúncia de dois reconhecidos bandidos para que se chegue à conclusão que o governo é corrupto, que o ocorrido na Petrobrás teve orientação do governo, que o governo comandava tudo. Só que qualquer brasileiro com um mínimo de discernimento e bom senso sabe que o presidente Lula da Silva e a Presidenta Dilma Rousseff nunca compactuaram e não compactuam com a corrupção.

No mais, é estranho que o senhor Aécio Neves, visando benefícios pessoais, oblitere propositadamente o ocorrido no governo do PSDB, comandado por FHC, quando: a) dezenas de parlamentares foram agraciados com R$ 200 mil (cada), a fim de aprovar a emenda da reeleição (aí, sim, a corrupção foi generosa); b) que, naqueles dias, a sala da presidência do BNDES serviu de “esconderijo” à quadrilha comandada por Mendonça Barros, que orientado por FHC (existe um até áudio, a respeito) entregou as principais empresas brasileiras a preço de banana em fim de feira, aos espertalhões da vida; c) que moedas podres e até empréstimos subsidiados pelo governo (pelo mesmo BNDES que hoje criticam) foram disponibilizados a quem quisesse se habilitar em tais leilões; d) que o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil  (a Previ), foi saqueado até o “limite da irresponsabilidade”, conforme declarou Roberto Sérgio, seu presidente, visando beneficiar o bandido Daniel Dantas, na compra do setor de telecomunicações.

Alfim, resta lembrar que a atuação desses aloprados dentro da Petrobrás foi descoberta pela Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça, que por sua vez deve obediência a Presidência da República. E que o funcionário envolvido foi sumariamente demitido pela presidenta Dilma Rousseff, quando esta tomou conhecimento da maracutaia.

Cabe agora ao Judiciário julgar e condenar os parlamentares e empresas que participaram desse assalto aos cofres públicos.

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