por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 30 de abril de 2014

"É FOGO" - José Nilton Mariano Saraiva

Numa dessas nossas andanças pelo Brasil, certa vez desembarcamos em Curitiba, a belíssima e agradável capital do Paraná, já à noitinha e com o tempo bastante frio. Em chegando ao hotel, a surpresa: no hall, dentro dos elevadores, nos corredores, nas portas dos apartamentos e, enfim, por todo o prédio, cartazes em letras garrafais anunciavam: “A falta d’agua é fogo”.

De princípio, não demos maior importância, porquanto a prioridade era se acomodar o mais rápido possível e logo partir para conhecer a noite curitibana.
E aí a surpresa: ainda no elevador, o “office-boy” encarregado de transportar as malas, notando o sotaque diferente dos integrantes do grupo, indagou de onde éramos. Ao saber sermos cearenses, do Crato, Fortaleza e tal, identificou-se como também cearense, só que se São Benedito, na Serra da Ibiapaba. Não se conteve e, apontando para o cartaz afixado numa das laterais do elevador, disparou: “Tão vendo isso aí ? É que aqui tá faltando água há vários dias e “eles” tão passando por grande dificuldade” E emendou: ”Eu acho é pouco. Só assim “eles” vão ter consciência do sofrimento que nós, nordestinos, passamos com a seca”. Já instalados, telefonema da portaria reverberava o dito pelo office-boy: “Senhor, queríamos comunicar-lhe que toda a cidade está com problemas de falta d’agua e, assim,  pedimos sua compreensão a fim de consumir o menos possível, só o absolutamente necessário”.

A reflexão nos remete ao drama pelo qual passa o todo poderoso Estado de São Paulo, atualmente no enfrentamento de uma estiagem braba e demorada, com água faltando até para as necessidades básicas e com perspectiva de racionamento iminente. E como o tal São Pedro não tá nem aí para o drama dos paulistanos, a tendência é a coisa piorar.

Mas, como não há mal que dure para sempre, naturalmente a “coisa” passará algum dia; e aí, pode ser que eles deixem de “frescura” e não fiquem a reclamar da transposição das águas do Rio São Francisco, sob o argumento que a Região Nordeste não é prioritária e que se está jogando dinheiro fora com um projeto de tamanho alcance social.


Por enquanto, vão ter que reprisar o lengalenga que ouvimos dos  curitibanos, àquela época:  “A FALTA D’AGUA É FOGO”. 

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