por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 16 de fevereiro de 2014

Marcelino Pão e Vinho - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Necessitando preparar uma documentação, procurei a um  cartório para os necessários registros. Fui atendido com muita distinção por um funcionário bastante eficiente e eficaz, que trazia no crachá o nome Marcelino. Lembrei-me do filme e perguntei a ele se o nome era uma homenagem ao filme "Marcelino pão e vinho". Ele apenas sorriu e disse ser o nome do seu avô. Senti-me bastante envelhecido ao pensar que o avô daquele jovem poderia ter a minha idade...
   
Aqueles que foram crianças nos anos de 1955 a 1956 devem lembrar do filme "Marcelino Pão e Vinho" com um pequeno ator chamado Pablito Calvo. Foi um sucesso tão grande, que a história do pequeno órfão abandonado na portaria de um convento de 12 frades  virou até álbum de figurinha. Foi o meu primeiro e único álbum de figurinhas, pois depois dele não tive mais paciência de continuar com  outros. Comprava os envelopes com as figurinhas e depois de certo tempo, as figurinhas contidas nos novos envelopes eram em sua maioria repetidas. A muito custo e com ajuda de colegas que me orientaram a permutar tais figuras repetidas, consegui  preencher o meu álbum com a história do filme completa. Não deixava de ler as noticias nos jornais e na revista "O Cruzeiro" sobre o filme.

O ator principal que representava o menino Marcelino veio ao Brasil, mais precisamente ao Rio de Janeiro, para o lançamento do filme. Fiquei admirado quando soube pela revista "O Cruzeiro" que o lançamento do filme teve de ser adiado por um dia, pois o pequeno astro Pablito Calvo, "o Marcelino", havia se "empanzinado" por haver comido uma grande quantidade de bananas. Lembro-me que fiquei admirado por ele ter gostado tanto assim de bananas e alguém me explicou que na Espanha, o país do "Marcelino", não havia bananas. Lá, naquela época, banana era como se fosse maçã aqui para nós.

Quase um ano depois, o filme passou aqui no Crato no Cine Moderno. Alguém lembra que o Crato possuía quatro salas de cinemas? Pois é pura verdade, acreditem! Que pena!

Assistindo ao filme, fiquei com muito medo quando o pequeno Marcelino entrou numa sala escura, cujo acesso lhe era proibido pelos frades. Ao vê-lo conversar com Jesus pregado numa cruz, fiquei com muito medo, pois naquela época era moda nos fazerem medo de almas.

Como o tempo passou tão rapidamente... Todos nós crescemos, construímos nossas vidas, assim também como Pablito Calvo, o pequeno Marcelino, do qual a grande imprensa brasileira  se esqueceu, assim como esqueceram de Joselito e Marisol, outros atores mirim que a Espanha nos brindou nos idos tempos da nossa infância. Pablito Calvo se formou em engenharia e conforme a imprensa brasileira noticiou, faleceu em 011 de fevereiro de 200 aos 54 anos de idade de um derrame cerebral.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

3 comentários:

Stela disse...

Pois eu também gostei muito desse filme, Carlos.
Até o revi em VHS... só pra matar a saudade de um tempo, de uma cidade, de um encanto.. mas do que do filme propriamente, apesar de que acho uma história bonita, ainda hoje.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Carlos, a história é somatório de pessoas sobre a regência dos mesmos fatos ou momentos. Igualmente o Marcelino calou fundo na minha infância especialmente no meio de uma família muito católica. Igualmente a você tive o album completo e também após mais um ou dois desiste daquela enrolação. Aliás, nunca tive mesmo muito espírito comerciante. Fazer a procura e a troca não era muito aprazível na minha meninice. Sim uma coisa se você viveu: colecionar carteiras de cigarros, abri-las e dispô-las como notas de dinheiro. Essa era demais, especialmente numa época que o Camel era dificílimo. Marlboro nem se fala.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caríssimos Stela e Zé do Vale

Obrigado pelas observações de vocês. Soube pelo Armando Rafael que essa história foi refilmada recentemente em duas versões: uma espanhola e outra italiana. Mas creio que sem a magia daquela primeira versão.
Na época comecei um coleção de notas falsas de carteiras de cigarros vazias. Certa vez, eu e o Zé Esmeraldo Gonçalves (a propósitom, você o tem encontrado aí no Rio? Lembro que há uns cinco anos vocês marcaram um encontro pelo Blog do Crato) compramos uma "Camel" Caí na besteir de experimentar um cigarro em plena Rua Dr. Miguel Lima Verde. Aí aquele pessoal da UDN no dia seguinte avisou ao papai. Ele me disse se me pegasse fumando iria fazer que eu engolisse o cigarro aceso. Felizmente eu acreditei... e nunca mais coloquei um cigarro entre os dedos e principalmente na boca! Um grande abraço!