por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 15 de dezembro de 2012

Troca de e-mails - José do Vale Pinheiro Feitosa


Primeiro envio:

Não tive como adiar o envio sobre o centenário de Seu Luiz. Afinal se trata de uma data.
Bom final de semana.

José do Vale.

Resposta:

A FESTANÇA  CONTINUA POR AQUI.
NÃO É MERA COINCIDÊNCIA SER UM ANO DE SECA “BRABA”. COM CARRO PIPA TRAZENDO ÁGUA POTÁVEL  DO PIAUI PARA  AIUABA E SEUS DISTRITOS. CADA LATA DE 20 LITROS CUSTA R$1,50. POR LÁ  AINDA HÁ UM POUCO DE  ÁGUA NOS AÇUDES, MAS  O GADO  EMAGRECENDO. QUEM PODE, COMPRA RESIDUO PARA AS VACAS, PRINCIPALMENTE PARA AQUELAS DE BEZERRO NOVO. E HAJA ESPERANÇA  EM SANTA LUZIA, NO DIA 13 DE DEZEMBRO, JUSTO NO ANIVERSÁRIO DO VELHO LUA.
QUANDO CHEGARÁS POR AQUI?

ABRAÇOS.

CARMINHA.

Segundo Envio:

Carminha,

A seca continua maior que nossas barragens. Que barram a solução dos nossos problemas históricos com a firmeza de barro frouxo. Agora fica claro que as águas que correm nos grandes rios do Brasil precisam irrigar o semiárido nordestino e os grandes trogloditas espumam apenas pela transposição do São Francisco que afinal parece que estacionou em alguma empreiteira. Mas é preciso trazer água dos grandes rios da Amazônia para que, na falta das nuvens, o sertanejo e suas cidades não se tornem o que é o solo dos rios secos: a rachadura da integridade do fundo do leito.

Prima é comum que alguém no clima de um bom ar condicionado olhe como uma obra de arte as fotos das carcaças do gado morte de fome e sede. Esse alguém que derrete nos trópicos sonhando com a fantasia friorenta dos natais do hemisfério norte, não sabe o que aquelas carcaças significam. Aquele couro furado pelo bico dos urubus, cada osso em processo de tornar-se despojo do solo arruinado do sertão, é a marca da magreza dos sertanejos. Cada osso do gado morto que surge ao sol das máquinas fotográfica dão mais um ponto nas costelas magras do nosso povo.

E tome atraso na escola dos filhos. Os prefeitos cuidam de se lamentarem e não cuidam de abastecer, basta perceber que dez latas de água já levam 2% do salário mínimo. E se a situação permanecer além do dia de Santa Luzia, e o dia de São José passar sem nuvens, a lei da oferta e da procura irá disparar o preço da lata de água. Disparar sobre as costelas magras dos nossos fazendeiros.

Por isso água permanente para os sertões é uma grande revolução no nordeste. E estamos vendo que as barragens não são seguras para o futuro. E precisamos ter consciência que o aquecimento global é uma realidade em curso e isso provocará modificação geral no clima do planeta. Quando seu Luiz cantou os versos de Zé Dantas com a volta da Asa Branca ainda sonhava com o relampejar do norte. Agora precisamos dos canais dos rios do norte e não apenas do São Francisco que vem do sudeste.

Beijos,

José do Vale.     



Um comentário:

socorro moreira disse...

Tocou na ferida...
Ainda hj comentamos por aqui: não haverá inverno.A roupa pode dormir no varal.Crato tem boa água, mesmo assim a terra fica com sede .Imagino a realidade do alto sertão. Tudo grafite!