limpar as unhas
manchadas de riscar o tempo
onde todos os nomes escritos
aguardam, calmamente aguardam,
o sorriso de seus homens
e mulheres no entorno da casa
limpar as unhas
da ferrugem de ontem
roubada aos dentes
todos eles doentes
do velho e mesmo desejo
por coisas como frutas
que essa terra não dá
limpar
limpar calmamente as unhas
sem esmalte
sem o reflexo do pássaro
que passa sobre a cumeeira
e desdenha as cores das roupas
os nomes nos muros
todos os signos do nosso amor
pelo que se apaga
por ser de sua natureza
apagar-se sempre sempre
limpar as unhas do que foi
além da pele
da memória da luz tatuada no horizonte
marcada no gesto de adeus
queimando a ponta dos dedos
3 comentários:
Valeu, Socorro.
Um abração.
Quando amigos e conhecidos encontram Chagas devem reconhecer a sua integridade física e temporal. Por isso o quê vou dizer não quebra esta integridade: Chagas evolui na poesia, na temática, na estética, na manifestação. Se fizer poesia no encontro e lendo outras poesias (e poetas), apostaremos numa técnica madura.
Caro José do Vale,
é sempre uma satisfação saber que de alguma forma aquilo que se escreveu teve por menor que seja um momento de sentido para alguém.
É como acertar o alvo.
Você diz que há uma evolução na minha escrita de poesia de um modo geral.
No fundo, todo aquele que se mete por esse caminho espera não necessariamente chegar a um ponto culminante, mas amadurecer enquanto caminha, penso eu.
Amadurecer no caminhar, olhando os passos de outros poetas, os de verso e os de prosa, poetas da vida, poetas na vida.
É sempre bom o olhar atento daqueles que procuram ver por dentro -para mim, você entre eles- captando significado de significado.
Um abraço, viu.
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