por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ROBERTO CAMPOS: PEDESTAL DE BARRO

Alguém disse que a história é a versão dos vencedores. Claro que a afirmativa não é verdade absoluta, pois, se fosse, teríamos que admitir que, às vezes, a mentira prevalece. Em um primeiro momento, quem está por cima tem maior controle da situação e domina os meios de comunicação. Nesta posição, propaga os pontos de vista que lhe são favoráveis e obviamente esconde as ações negativas. Nesta perspectiva, o regime militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1984 enalteceu seus “milagres”, mas usou a mão pesada da censura para esconder os pecados. Tentou transformar vilões em heróis porque tinha que salvar as aparências e mostrar imagem de eficiência para dar a entender que os rumos adotados estavam corretos e comandados por brasileiros inteligentes, dignos e patriotas. O objetivo era camuflar o modelo como benéfico para a nação quando na verdade servia a uma minoria. Um dos comandantes da política econômica do regime e responsável pelo modelo implantado, Roberto Campos, era vendido como gênio, cristão, caráter ímpar, honesto e tudo quanto é louvação. No entanto, com a recente revelação de documentos (antes considerados secretos), pesquisadores descobrem fatos que mostram outra faceta da personalidade do ministro do primeiro governo pós 64. Os secretos revelam que Roberto Campos, juntamente com outros diplomatas brasileiros, se envolveu diretamente na famosa Operação Condor, convênio firmado pelas ditaduras da América do Sul para perseguir (em muitos casos dar fim) a seus inimigos políticos. No caso específico de Roberto Campos, na função de embaixador brasileiro em Londres, deu proteção ao Capitão Alfredo Astiz, torturador e assassino do regime militar argentino. O militar, comprovadamente, assassinou fundadoras do movimento Mães da Praça de Maio, duas freiras francesas e uma turista sueca, confundida com uma militante política. Sem contar as inúmeras outras acusações que a justiça argentina não conseguiu comprovar. Nos anos oitenta, o argentino foi detido na Inglaterra. A Suécia e a França pediram sua extradição para julgá-lo pelos crimes contra as citadas francesas e a sueca. O Reino Unido e a Argentina estavam com relações diplomáticas rompidas, e o embaixador brasileiro atuou nos bastidores para que o criminoso fosse devolvido ao seu país. Anos depois, com a revogação da lei da anistia promulgada pelos militares de Buenos Aires, o Capitão foi preso, julgado e hoje cumpre pena de prisão perpétua, tal a gravidade dos crimes por ele cometidos. Mais detalhes: Revista Istoé, nº 2.194, 30.11,2011

Um comentário:

socorro moreira disse...

Li com a razão e o coração!

Abraços, querido!