por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


 RODA DE HISTÓRIAS COM BISAFLOR
 

O SILENCIO NO LUGAR EM QUE A MÚSICA NASCE

Conta-se que existe uma tribo de artesãos, que vive na costa leste da África, e é conhecida em todo o continente por suas belas esculturas, bem como pelo modo incomum que as cria.

Quando o sol nasce sobre o Oceano Índico, as pessoas se juntam em pequenos grupos numa praia dourada que tem a forma de uma lua crescente. Cada pessoa pega um grande pedaço de madeira escura nativa. Enquanto as ondas deslizam sobre a areia brilhante, que reflete o céu em chamas, as pessoas ficam muito quietas e colocam suas mãos sobre a madeira. Elas balançam suas cabeças de um lado para o outro. Diz-se que estão ouvindo a canção que está presa na madeira.

Uma pessoa pega uma ferramenta de entalhe; depois uma outra pessoa faz o mesmo. Uma terceira senta-se de cócoras e começa a se balançar lentamente para frente e para trás. Diz-se que, nesse ponto, o murmúrio da canção foi ouvido. As pessoas, então, começam a esculpir, retirando tudo o que interfere na liberação da canção. Algumas pessoas se sentam e ouvem, apoiando o trabalho do todo. Alguns cinzelam, outros organizam e eliminam tudo o que parece causar estática. As lascas voam à medida que todos são guiados pela clareza cada vez maior da canção.

Conta-se também que essas pessoas não pensam em si mesmas como escultores, mas como libertadores da canção que espera na madeira.

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