ALFABETO
José Paulo Paes
O A é uma escada
bem aberta, pela qual
se sobe ou se desce.
As duas barrigas
do B nos ajudam
a escrever “Balofo”.
O C é uma foice
sem cabo, mas corta. Aliás
não “corte” sem c.
Embora princípio
da palavra “Dedo”, o D
parece uma unha.
Tem jeito de garfo
a letra E, assim no fim
da palavra “Fome”.
O F deve ir
a um dentista, corrigir
os dentes de cima.
O G engoliu
a própria língua. Por isso,
é a letra de “Gago”.
O H, uma cama
de lado, mas sem nenhum
dorminHoco em cima.
Na orquestra das letras,
o I de tão fino, é flauta
ou então flautim.
Nessa mesma orquestra,
o J, um trombone, jorra
música também.
O L é a única
perna do saci peraLta:
eLe puLa que puLa.
No M, o caMelo
tem suas duas corcovas
já no próprio nome.
N, uma porteira
de fazeNda, separando
a casa do pasto.
O O, uma bOca
que, num espanto redondo,
diz apenas: Ó!
O P é a perna
de pau que o pirata tira
na hora de dormir.
O Q era um O
que virou gato: aí está,
de costas, com rabo.
O R: um peru,
Peito estufado, a passear
Pelo galinheiro.
O S, a serpente
Sinuosa, ou a minhoca
no chão, eStorcendo-Se.
No alto do Telhado,
o T é uma antena de
TV que se vê.
O U, um buraco
na calçada, que atravesso
num único puLo.
Asa de gaivota,
o V. Lá estão elas, vejam
VVVVV.
X, duas espadas
que se cruzam, na semi-
final do alfabeto.
O Z, um relâmpago
corta, zás! O céu aZul
antes do trovão.
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