por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 1 de outubro de 2011

Brincando no passado- por socorro moreira




Parece que foi ontem... Eu tinha seis anos e fazia o primeiro ano do curso primário. Estudar poesia pra vencer a timidez empolgou toda uma geração. Lá estávamos nós, no auditório da Rádio Educadora para estudar  poesia com a professora Sarita Felício. Lembro de meninas como Magali, Regina, Miriam Calou, Socorrinha Calou...

Incrível é que, pela primeira vez não encontrei no Google o procurado: as poesias!
Conto com a ajuda de Magali, para lembrar algumas delas, como:
As ruguinhas do papai (J.de Diê Filho?); A Boneca (Madalena Correia ?) e Enfermeira de Jesus (Vicente Guimarães?), e outras...!
Como se pode confiar numa memória de textos perdidos há 54 anos?

“Papai tem duas ruguinhas
Lá no alto do nariz
Pequeninas franzidinhas
Que se cortam como um x
Quando apronto uma das minhas
Travessura de petiz
E vejo aquelas ruguinhas
Desisto de fazer bis
Desisto de puro medo
Porque elas em segredo-
As ruguinhas sabem tudo
E vem aí pelo espaço
Um formidável cascudo! “


Outra que nem sei se recordo por inteiro é “A BONECA

“Eu conheço uma boneca
Bem levadinha da breca
Que comigo se parece
O pai vive para agradá-la
A mãe então nem se fala
Só em vê-la se enternece
E com um semblante tristonho
Vive como num sonho
A tal boneca faceira
(...)
Fez-se amiguinha das fadas e da gata borralheira
(...)
Nem sabe ler
Pois é cedo pra aprender
Estas coisas do primário
Ainda está no jardim
Onde o proveito é sem fim
Para chegar ao abecedário
(...)
E agora ouça-me bem
Este segredo é só meu
Não diga pra mais ninguém
Que a bonequinha
Sou eu!”

Enfermeira de Jesus

Encontrando a porta aberta
Ligeirinha e muito esperta
Sem ninguém para atender
Entrou a linda Rutinha
No quarto da mamãezinha
“Para em tudo remexer...”

Justo nesta época ganhei uma boneca grande , que andava, fechava e abria os olhos, chorava. Veio numa caixa enorme. Estava vestida de enfermeira e acompanhava-lhe uma malotinha branca com o instrumental para curativos. Perfeita! Com certeza já não existem bonecas como aquelas de antigamente.
Minha mãe juntou por um ano, réis, numa lata de querosene.
Foi comprada no armarinho do Sr.José Vilar, e custou um conto de réis.
Que sacrifício os nossos pais não fizeram para nos proporcionar um sorriso de alegria? Brinquei com a boneca até que ela deixou de existir: Perdi suas meias de nylon, a touca do cabelo, os sapatinhos, perdeu o choro, quebrou um braço, a perna... Mas, na minha memória, ela permanece enrolada em papel de presente e laço de fita... É inteira e linda!

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