por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 7 de agosto de 2011

Do baú de Stela- A ROÇA DE ALGODÃO DO MEU PAI


Quando éramos crianças meu pai reunia a meninada ao seu redor e, sob a luz de um candeeiro de querosene, costumava nos contar histórias de trancoso, cheias da riqueza, da magia e do encanto do imaginário proveniente da nossa herança indígena, africana e portuguesa.
Grande fascínio aquelas histórias exerciam sobre nós!
Depois, quando já éramos todos adultos, papai nos emocionou contando histórias reais: as da sua vida. Eram histórias simples do cotidiano de um sertanejo, histórias que retratavam a singeleza da vida daqueles que aguardam a chegada das chuvas para plantar e garantir a sobrevivência da família, histórias repletas de lições práticas de um homem que desde criança buscava alternativas criativas para vencer as adversidades da vida.

Das muitas histórias que Joaquim Valdevino de Brito contava, quero destacar especialmente uma que traduz bem seu espírito de luta, de fé e confiança no trabalho.

Era o final de um ano seco e não adiantava plantar nada, pois “só se ia perder semente...” Todos repetiam esse refrão.
Mas ele não se conformava com aquela pasmaceira de estiagem prolongada, não podia ficar sem fazer nada, só olhando para um céu sem nuvens e sem promessa de chuvas. Estava para chegar um novo ano... quem sabe não chovia em janeiro, fevereiro ou em março, com as bençãos de São José?
Vislumbrou em sua mente o branco de um algodoal. Seu coração acatou com confiança a idéia e sua vontade imperiosa entrou em ação: preparou a terra e plantou as sementes de algodão.
As pessoas não acreditavam naquela tentativa, mas Joaquim era um rapaz obstinado.
Entrou o novo ano e houve uma mudança no tempo. Soprou um vento que prometia chuva, e que caiu no chão como dádiva preciosa para aqueles que acreditaram e plantaram. A chuva não foi muita, porém foi suficiente para segurar o algodão.
O algodoal de Joaquim, naquele ano, não só enfeitou a sombria paisagem sertaneja, como garantiu comida na mesa e aquisição de sementes para o próximo inverno.

Obrigado Joaquim Valdevino por nos ter ensinado, com sua história de vida, que, frente às dificuldades, não devemos bloquear nossa fonte de idéias e cruzar os braços:
É PRECISO PLANTAR ALGODÃO!

UMA HOMENAGEM DE GRATIDÃO DOS SEUS FILHOS
Julho/2001

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