por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 25 de junho de 2011

UM TRATO COM O CRATO I - por Ulisses Germano

O Crato tinha índios
Rios limpos, muitas fontes
Mas veja o que a especulação fez!
Anda triste pelos cantos
Com as fachadas rachadas
Nas tradições rechaçadas
Da parede quebrada
Do Café Cinelândia

Embora tudo isso acontecendo
Por obra e graça de uma estética alienada
De um provincianismo tacanho e rústico
O Crato não perdeu o encanto
Que o desencanto de muitos
Ainda consegue enxergar
Pífanos de uma aldeia extinta
Reisados de águas passadas...

Não quero me aprofundar:
A história oficial quase sempre
Não corresponde ao Fato Histórico!
Quando cheguei o estrago estava feito:
Cariris na praça enterrados
Ligua de Tamanduá se extinguindo
A sociedade privada das águas
Azulejos portugueses no monturo
Rosários, sinos e postes roubados
Ruas de nomes adulterados
Professores infartados
Um vigia prefeito por um dia
Rio transformado em canal
Sinha D’Amora passado mal
A morte do Sapoti do Pe. Lauro

As risíveis placas de término do silêncio

O Crato em que não nasci
Tem os amigos que construí:
Mas são as pessoas que fazem a cidade!
Faço agora um trato contigo:
Não tenho saudade do antigo
(Saudosismo é relógio parado)
Mas serei eternamente grato
Por ter comido no mesmo prato
De tua cultura insubmissa

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