por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 18 de junho de 2011

DANTE SANTORO - por Norma Hauer


VIDAS MAL TRAÇADAS

A dele foi até bem traçada, desde que nasceu em Porto Alegre-RS no dia 18 de junho de 1904.
Com apenas 15 anos veio para o Rio, com sua família, onde viveu toda sua vida artística.
Seu nome DANTE SANTORO, compositor, maestro, formou o Regional Dante Santoro, composto de flauta, cavaquinho, pandeiro e dois violões. Os componentes, com o tempo,iam sendo substituídos, mas a regência era sempre sua.
Assim, em 1934 estreou em discos, gravando , com Luperce Miranda, as valsas “Beatriz” e “Saudades de Jango” (Seria o mesmo, aquele que conhecemos anos depois, já saudoso ?).
Nesse mesmo ano, mais duas valsas, estas de sua autoria:”Hilda” e “Gilka”, que, 4 anos depois, recebeu letra de Milton Amaral e foi gravada por Vicente Celestino.

Em 1937, uma linda valsa, em parceria com Kid Pepe, foi gravada por Orlando Silva: “Lágrimas de Rosa”. O mesmo Orlando, em 1943 , gravou “”Olhos Magos”.

LÁGRIMAS DE ROSA

Sim eu sofro e ninguém sabe
Esta dor que já não cabe
Dentro em meu coração
Na sua inquietação
Por saber que alguém
Já sofreu também
Com resignação.

E as lágrimas que eu choro
Na dor em que me deploro
São lágrimas sem fim
Que brotaram dentro de mim
Ao ver despetalar-se num lacrimário divino
Aquela flor que era o meu destino.

Não... Jamais a minha vida
Se sentirá florida
Sob o perfume de outras falsas flores
Que possam vir
Pois a ilusão das flores
Jamais me fará sorrir
Cada pétala caída
É um pedaço de vida
Que sinto me fugir do coração
E assim
Verei meu triste fim
Sob o perfume da recordação
Daquela flor
Que foi meu grande amor

VIDAS MAL TRAÇADAS

Sim, eu sei porque fugi dos braços teus
E não pude escravizar a minha sorte
Ninguém sabe além de Deus
Que meu destino ingrato
Me negou o direito de te adorar
Tens tudo que eu não pude te ofertar

Tens riqueza e mocidade eu bem sei
Mas não tens no coração
Qualquer recordação,
Dos beijos que te dei
Odeias sem saber
Que por te querer
Os sonhos meus crucifiquei
E nunca te direi
Se o arrependimento, feriu meu coração

Dois anos se passaram
De tristeza e dor
E sem queixumes eu sofri
Sinto saudades de um amor,
Que tive em minhas mãos e perdi.

Tens tudo que eu não pude te ofertar,
Tens riqueza e mocidade eu bem sei,
Mas não tens no coração,
Qualquer recordação,
Dos beijos que te dei....



Em rádio, DANTE SANTORO, estreou na Educadora, depois passou para a Vera-Cruz e em seguida para a Nacional, onde se manteve por 33 anos, sendo o responsável pelas trilhas de várias novelas, principalmente com Ghiaroni, em “Lamento Árabe”, gravada por Albertinho Fortuna . Este emprestou sua bonita voz para muitas novelas daquela rádio, mas não foi um cantor que se destacou muito, apesar de gravar, em versões, inúmeros tangos de sucesso.
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Em 1953 , para o carnaval, em co-autoria com Lupicínio Rodrigues gravou talvez seu único sucesso carnavalesco:”Quando eu For Bem Velhinho”.

Quando eu for bem velhinho,
Bem velhinho que usar um bastão.
Eu hei de ter um netinho, ah !
P’ra me levar pela mão.

Que ilusão!!! Os netinhos hoje levam seus vovozinhos para o asilo mais perto. Isso se seus “vovozinhos” não estiverem “sassaricando” aproveitando a chance de viajar de ônibus, barca ou metrô, sem pagar. Eu sou uma “vovózinha” assim.

1954 Dante Santoro mudou de gravadora, passando para a Sinter, onde gravou seu último disco, em 1956, ainda em 78 rotações, com “Mate Amargo” e “Posso Sofrer”.

Daí afastou-se, gradativamente, do meio musical vindo a falecer, aqui no Rio, em 12 de agosto de 1969, aos 65 anos.

Norma

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