por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 20 de abril de 2011

O Poema - por José Carlos Brandão


                          
O poema

     

O poeta levou a concha ao ouvido
e ouviu o mar, um mundo submarino
familiar e longínquo como o fim do mundo.

As gaivotas vieram das brumas do horizonte
e pousaram nos ombros do poeta.

Navios resfolegavam como cães cansados,
subiam e desciam entre os vagalhões.

O poeta está sentado à mesa da cozinha
ouvindo o apito do trem como se fosse um navio
se aproximando.

                               Olha pela janela as estrelas
caindo.
                        Aperta as estrelas no punho fechado.
O relógio está parado.
                                         O poema explode,
o poema mede o tempo com a sua bússola
de sal, um tempo diferente do tempo dos homens,
semelhante ao tempo de Deus.
                                                   Depois, o silêncio.

(O poema se alimenta de silêncio e solidão
como os homens.)


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