por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 16 de abril de 2011

ANEDOTAS DE QUINTINO CUNHA


Quintino Cunha
Tido como rival, na verve e no anedotário, de Emílio de Menezes e Paula Ney, José Quintino da Cunha era orador fluente, ficcionista, poeta, ficando conhecido também pelas suas tiradas de bom humor, que o levaram a fazer parte de um anedotário brasileiro. Ele nasceu na atual cidade de Itapajé (Ceará), antiga vila de São Francisco de Uruburetama, no dia 24 de julho de 1875.

A educação básica de Quintino Cunha foi feita praticamente na Escola Militar do Ceará, pois tinha veleidades de dedicar-se à vida da caserna. Extinta tal entidade, o poeta, que já versejava desde os quinze anos de idade e já mostrava seus dons oratórias, embarca para a Amazônia. Ali, recebeu "provisão" para advogar, antes mesmo de se formar em Direito, o que fará de volta à terra natal, em 1909.

Torna-se, desde então, no Ceará, orador consagrado, repentista, poeta boêmio, "não dando maior valia aos próprios méritos". Casando-se várias vezes, viveu em constante penúria financeira. O livro de versos mais famoso de Quintino Cunha, Pelo Solimões, segundo Raimundo de Menezes, foi publicado em Paris (1907) quando de uma viagem do poeta à Europa, isso antes de se formar em Direito de volta ao Ceará.

Para não fugir à estética de sua época, imposição do meio literário e dos contemporâneos, a poesia de Quintino Cunha presta tributo ao Romantismo e ao soneto decassílabo de inspiração parnasiana, mas com um destaque especial: o poeta usa expressões e locuções populares, o coloquialismo, o que teria levado João Quintino, seu irmão, e Mamede Cirino, a musicarem alguns de seus poemas.

Quintino Cunha ainda passa pela Assembléia Legislativa do Estado, como deputado (1913/1914), tendo morrido em Fortaleza, o "poeta de lúcida inspiração", no dia 1 de junho de 1943.

Na história da teimosia
Entre a rudez e a arrogância
É tão forte a ignorância
Tão cruenta e mendaz
Que a própria sabedoria
De tudo sabendo tanto
Não sabe dizer do quanto
Que o ingorante é capaz
Quintino Cunha, O Sábio


              O advogado Quintino Cunha, personagem do folclore do Ceará do início do século passado, fazia uma viagem de trem para Cariús (CE), mas no caminho havia uma parada em Iguatu (CE).
Era o dia da inauguração do novo prédio do Fórum (ou Foro, como queiram). Alguns colegas, ao encontrarem Quintino na estação, convidaram-no para participar da solenidade.
Mal-humorado, Quintino perguntou:
– Quem é o juiz?
– É o Doutor Fulano.
– O promotor?
– Sicrano.
– E o advogado?
– Beltrano.
Desdenhoso, o matreiro advogado torceu o nariz e resmungou:
– Pois isso não é um Foro! É um desaforo!
(Adaptado do livro “Anedotas do Quintino”, de Plautus Cunha. Colaboração de José Rodrigues dos Santos, de Fortaleza/CE)

Conta-se que, numa audiência em Fortaleza (CE), um professor de hipnose era acusado de furto.
A certa altura, disse este, em sua defesa:
– Se eu quisesse fugir, poderia fazer todos aqui dormirem!
O advogado Quintino Cunha, figura folclórica do Ceará, que acompanhava a audiência, interveio:
– Não é preciso, deixe isso a cargo de seu advogado!

Noutra feita, corria uma audiência quando o causídico adversário disse: – Doutor Quintino, eu estou montado na lei!
– Pois saiba que é muito perigoso montar num animal que não conhece bem.
(Adaptado do livro “Anedotas do Quintino”, de Plautus Cunha. Colaboração de José Rodrigues dos Santos, de Fortaleza/CE)

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