por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Coisas



                               
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PALAVRA COISA

A poesia da palavra coisa.
O seu silêncio de ovo, de relógio.
A coisa é uma pedra no poema,
pedra de toque, fora e dentro: essência.


HORIZONTE

Chove lá fora, além das montanhas
no horizonte em frente
e num outro horizonte com que sonho sem fim.


FLOR DE PEDRA

A flor nasce na pedra,
a flor medra na pedra.
Nasce, medra, como tudo
para morrer.


NOTA

No velho livro,
uma data e a nota:
“Trocaram o nosso gato.”


NO MEIO DO CAMINHO

Tinha uma pedra no meio do caminho.
Pus de lado e sentei em cima
para descansar.


COMPOSIÇÃO

Entre coisa e cousa
componho o poema
com giz e lousa.


O GUARDA-CHUVA

Abro o guarda-chuva
contra as águas do dilúvio
e morro afogado.


ELÉTRICO

Meu céu ficou elétrico
na objetiva da minha câmara
e nas minhas retinas.


 A COISA
 
A poesia é uma coisa
que ninguém sabe o que é
e se soubesse, o que adiantaria?

Um comentário:

socorro moreira disse...

Poesia tem cheiro de coisa
nem sempre rosa
nem sempre amor
sentir é tudo que podemos
Explicar ... São elas !

Não apague o teu céu...
Nem poderias

a impotência de um instrumento
A potência da natureza...
Reconhecemos !

Na lousa
o giz faz o poema
Pensa que é poeta
Pensa que é Brandão !

As pedras e as árvores
teem uma missão no caminho...

Nos livros antigos
Notas que já não assustam

Pra morrer
a gente nasce
A recíproca é verdadeira


a chuva fertiliza o sonho
até quando destrói...