por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 8 de março de 2020

AINDA SOBRE "NO ARMÁRIO DO VATICANO"


O paradoxo do Vaticano: uma maioria homossexual e homofóbica
“Não é um lobby, e sim uma maioria silenciosa”, diz o sociólogo francês Frédéric Martel. Ele é autor de ‘No Armário do Vaticano’

MAIS INFORMAÇÕES

Dos seminários à cúpula do Vaticano, a homossexualidade é onipresente na Igreja Católica e ajuda a entender as crises que atingiram a instituição nas últimas décadas, da queda da vocação sacerdotal ao encobrimento do abuso de crianças, além de campanhas contra o papa Francisco.

Essa é a opinião do sociólogo e jornalista francês Frédéric Martel que em quatro anos entrevistou 41 cardeais, 52 bispos, núncios apostólicos, embaixadores estrangeiros e mais de 200 sacerdotes e seminaristas em busca do "segredo mais bem guardado" da Igreja. O resultado é No Armário do Vaticano – Poder, Hipocrisia e Homossexualidade, mais de 600 páginas nas quais Martel (Châteaurenard, França, 1967) expõe a vida dupla e moral do catolicismo romano. A obra "que fará o Vaticano tremer", como resume o jornal Le Monde, será publicada em oito idiomas e em 20 países, coincidindo com a cúpula sobre pedofilia convocada pelo Papa. O livro, com lançamento mundial na próxima quinta-feira, ainda não tem data para ser publicado no Brasil.

O autor entrevistou a 41 cardeais, 52 bispos, núncios apostólicos , embaixadores estrangeiros e mais 200 sacerdotes e seminaristas.

Os homossexuais, segundo Martel, “representam a grande maioria” no Vaticano. Não estima a quantidade, embora uma de suas fontes lhe garanta que seja “da ordem de 80%”. O autor acrescenta que, entre os 12 cardeais que cercavam João Paulo II na década de oitenta e noventa — em plena devastação pela AIDS e que definiram sua política contra os preservativos —, a maioria era de homossexuais. Para afirmar isso, se baseia nas entrevistas realizadas, algumas com os próprios cardeais.

“A vida privada dos indivíduos lhes diz respeito, e eu quase diria que não nos diz respeito”, diz numa entrevista ao EL PAÍS. “Mas os efeitos deste segredo e desta mentira na ideologia do Vaticano, e suas consequências no mundo, são consideráveis.”

O autor evita falar em “lobby gay”: “Não é um lobby, é uma comunidade. Não é uma minoria que atue, e sim uma maioria silenciosa. Um lobby seria gente unida por uma causa. Aqui cada bispo ou cardeal se esconde dos outros e ataca a homossexualidade dos outros para esconder seu segredo”.

As conclusões do livro e algumas cenas podem parecer ousadas e até mesmo devassas em alguns momentos. “Meu tema não são as festas chemsex”, esclarece Martel em alusão às orgias com drogas que apareceram meses atrás na imprensa italiana. “Meu tema não são os abusos. Meu tema é a vida banal e trágica dos sacerdotes condenados a uma castidade antinatural. E essa gente está presa na armadilha de um armário onde eles mesmos se fecharam, do qual não sabem sair, enquanto no lado de fora todo mundo se diverte.”

A originalidade de sua investigação é que estabelece a homossexualidade — uma homossexualidade calada e misturada a homofobia — como núcleo do sistema eclesiástico. “Quanto mais homofóbico for um bispo, mais possibilidades há de seja homossexual. É o código”, diz na entrevista.

É a chave que permite entender muitos de seus problemas. A reduzida capacidade de atrair a futuros sacerdotes, por exemplo. “Antes, quando você era um menino de 17 anos em um povoado italiano ou espanhol e descobria que não se sentia atraído pelas mulheres, a Igreja era um refúgio. Deixava de ser um pária do qual as pessoas zombavam no pátio da escola para ser considerado Deus”, argumenta. Mas os tempos mudaram. “Inclusive no vilarejo italiano há outras opções além de virar sacerdote.”

Martel insiste no aparente paradoxo de um discurso contra a homossexualidade num Vaticano majoritariamente homossexual. Aborda a trajetória de vários líderes da linha mais rigorosa, como o colombiano Alfonso López Trujillo, já falecido, com relação ao uso do preservativo, e do espanhol Antonio Rouco Varela contra o casamento gay.

O autor se desvincula das denúncias do arcebispo ultraconservador Carlo Maria Viganò, adversário do papa Francisco, e nega que haja um vínculo entre a homossexualidade e os abusos sexuais na Igreja. Mas acredita que a cultura do sigilo decorrente da necessidade de ocultar a homossexualidade protege os abusadores.

“Se você é um bispo e protege a um sacerdote, por que faz isso?”, pergunta-se. “Acho que, numa ampla maioria dos casos, os bispos que protegem os abusadores protegem a si mesmos. Têm medo. Acho que a grande maioria de bispos e cardeais que protegem a sacerdotes pedófilos é de homossexuais.”

Angelo Sodano, que foi núncio apostólico no Chile durante os anos de Pinochet e secretário de Estado no pontificado de João Paulo II, aparece como um dos vilões do livro — por causa de seus supostos arranjos com o regime pinochetista, e também pelo caso do sacerdote chileno Fernando Karadima, a quem Francisco expulsou do sacerdócio em setembro.

“Parece-me claro que Sodano, de acordo com todos os depoimentos, das vítimas e dos advogados das vítimas, não teria participado dos abusos sexuais de Karadima. Por outro lado, parece impossível que não estivesse a par dos abusos.”

E se Sodano é o vilão dessa Sodoma (o título original do livro), o herói é Francisco. “Por trás da rigidez, sempre há algo escondido; em numerosos casos, uma vida dupla”, disse o Papa em outubro de 2016. “O Papa”, argumenta o livro, “deixa acuados certos cardeais conservadores ou tradicionais que rejeitam suas reformas fazendo-lhes saber que conhece sua vida oculta”.

O “quem sou eu para julgar?” que Francisco pronunciou em julho de 2013 ecoa por todo o livro. Martel lhe enviou um exemplar.

ESPECIALISTA NO MOVIMENTO HOMOSSEXUAL
Frédéric Martel (Châteaurenard, França, 1967) não é um vaticanista, e sim especialista no movimento homossexual e autor de dois livros de referência, Le Rose et Le Noir ("O rosa e o negro", um retrato dos homossexuais na França desde 1968), e Global Gay, sobre a globalização da questão homossexual. Seu novo livro, No Armário do Vaticano (Sodoma, no título original), uma mistura de reportagem jornalística e ensaio cultural, não se apresenta tanto como uma investigação sobre uma comunidade religiosa, e sim sobre uma comunidade gay, uma das "mais numerosas do mundo". E escreve: "Duvido de que haja tantos [homossexuais] mesmo em Castro, em San Francisco, esse bairro gay emblemático, hoje mais misto".


sábado, 7 de março de 2020


A “FACE OCULTA” DA IGREJA - José Nilton Mariano Saraiva

Best-seller do New York Times, “No Armário do Vaticano” (Editora Objetiva, 2019, 499 páginas) foi lançado simultaneamente em vinte países. Trata-se do relato sobre a corrupção e a hipocrisia no coração do Vaticano. “POR TRÁS DA RIGIDEZ HÁ SEMPRE QUALQUER COISA ESCONDIDA; EM NUMEROSOS CASOS, UMA VIDA DUPLA”. Ao pronunciar estas palavras, o papa Francisco tornou público um segredo que esta investigação vertiginosa explora, pela primeira vez, com grande profundidade. Com detalhes escabrosos, imorais e até então inimagináveis, “No Armário do Vaticano” expõe a decadência no coração do Vaticano e na Igreja Católica atual. Um trabalho brilhante baseado em quatro anos de pesquisas rigorosas, que inclui entrevistas com dezenas de cardeais e encontros com centenas de bispos e padres. O celibato dos padres, a condenação do uso de contraceptivos, os inúmeros casos de abuso sexual, a renúncia do papa Bento XVI, a misoginia entre os clérigos, a trama contra o papa Francisco — todos esses temas estão envoltos em mistério. Este livro revela a face oculta da Igreja, uma instituição fundada em uma cultura clerical de sigilo e baseada na vida dupla de padres e numa extrema homofobia. A esquizofrenia resultante na Igreja é difícil de entender: quanto mais um prelado é homofóbico, mais é provável que ele seja gay. É um livro revelador e inquietante” (sinopse).

***************************
Fato é que, “No Armário do Vaticano” é um relato impressionante sobre os abusos de toda ordem, a luxúria, a hipocrisia, a falsidade, o jogo sujo e a homossexualidade desbragada reinante entre os cardeais do Vaticano (inclusive “papas”). Por isso, imperdível.

No relato, apesar da corajosa declinação de nomes de dezenas e dezenas de padres, bispos, cardeais e até papas homossexuais, dois religiosos se sobressaem devido à agressividade e desassombro com que atuam no interior do próprio Vaticano: Alfonso López Trujillo (colombiano) e o mexicano Marcial Maciel (conservadores, racistas, integrantes da extrema direita, eram abertamente a favor do grande capital e da exploração dos pobres).

Íntimos e próximos dos papas Paulo VI, e João Paulo II, citados personagens, aparentemente homofóbicos, mas na realidade homossexuais atuantes e conhecidos na noite de Roma (ambos tinham amantes), ainda assim exerciam um certo poder ante os dois papas nominados, influindo em algumas das suas decisões.

Enfim, vale a pena (e muito) se debruçar sobre as 499 páginas do “No Armário do Vaticano”, até porque nos permitirá conjecturar sobre a vida pregressa de certos “candidatos a santo” do Nordeste do Brasil, cujos métodos de ficar rico sem ter fonte de renda em muito se assemelham aos métodos usados pela dupla citada (López Trujillo e Marcial Maciel, tidos como “demoníacos”).

E muito importante para tal mister seria que algum historiador com “H” maiúsculo se dispusesse a pesquisar, num primeiro momento, com seriedade e longe dos holofotes, uma figura que a própria Igreja Católica, num passado não tão distante, alcunhou como “charlatão”, face o cometimento da farsa grotesca que ficou conhecida como o “milagre da hóstia” (milagre esse que se repetiu 83 vezes ao longo de dois anos seguidos, com anunciação prévia do dia e hora).

Um raio pode cair duas vezes num mesmo lugar ???

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

UMA OBRA INSÓLITA - José Nilton Mariano Saraiva

Contundente. 

É o adjetivo preciso e definitivo para rotular e exprimir a obra de fôlego “No Armário do Vaticano” (de Frédéric Martel, 499 páginas) repleta de pormenores íntimos, assustadores e escabrosos, sobre o que se esconde por trás das até então indevassáveis muralhas do Vaticano.

Você sabe, por exemplo, por qual razão o austero alemão cardeal Joseph Aloisius Ratzinger, depois de muito lutar para ser ungido ao trono papal (então, por votação secreta passou a chamar-se Bento XVI), resolveu “se mandar”, sem mais nem menos, numa atitude insólita, até hoje questionada por gregos e troianos ??? 

Ou, por qual motivo o também cardeal, argentino Jorge Mário Bergoglio (que o sucedeu como Papa Francisco) tem literalmente comido “o pão que o diabo amassou” em razão de ter que enfrentar diuturnamente (dentro do Vaticano) um verdadeiro exército de gays e homofóbicos que não aceitam a “abertura” por ele defendida ??? 

Rotulado como... “uma investigação devastadora sobre a corrupção no clero” ou ainda como... “uma teoria chocante sobre o Vaticano, a maior comunidade gay do mundo”, fato é que “No Armário do Vaticano” é acima de tudo uma obra corajosa, já que o autor desassombradamente “dá nome aos bois” (monsignores, padres, cardeais e por aí vai). E  como há bois...

Alfim, e pra complementar, um breve resumo da própria editora.


  • No Armário do Vaticano - Poder, Hipocrisia e Homossexualidade

  • Best-seller do New York Times. Lançado simultaneamente em vinte países. Um relato sobre a corrupção e a hipocrisia no coração do Vaticano.

“POR TRÁS DA RIGIDEZ HÁ SEMPRE QUALQUER COISA ESCONDIDA: EM NUMEROSOS CASOS, UMA VIDA DUPLA.” Ao pronunciar estas palavras, o papa Francisco tornou público um segredo que esta investigação vertiginosa explora, pela primeira vez, com grande detalhe.

NO ARMÁRIO DO VATICANO EXPÕE A DECADÊNCIA NO CORAÇÃO DO VATICANO E NA IGREJA CATÓLICA ATUAL. Um trabalho brilhante baseado em quatro anos de pesquisas rigorosas, que inclui entrevistas com dezenas de cardeais e encontros com centenas de bispos e padres.

O celibato dos padres, a condenação do uso de contraceptivos, os inúmeros casos de abuso sexual, a renúncia do papa Bento XVI, a misoginia entre os clérigos, a trama contra o papa Francisco — todos esses temas estão envoltos em mistério.

Este livro revela a face escondida da Igreja, uma instituição fundada em uma cultura clerical de sigilo e baseada na vida dupla de padres e numa extrema homofobia. A esquizofrenia resultante na Igreja é difícil de entender: quanto mais um prelado é homofóbico, mais é provável que ele seja gay.

É um livro revelador e inquietante.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

PAULO GUEDES - O "TCHUTCHUCA" DOS BANQUEIROS - José Nilton Mariano Saraiva

Não é preciso se ser nenhum historiador (“peba” ou de “escol”) para reconhecer que a “diversão” predileta e preferencial do psicopata Adolf Hitler era a de eliminar, com requintes de sadismo e crueldade, todo e qualquer “judeu” habitante do planeta Terra, simplesmente porque os considerava o câncer da humanidade (aos menos avisados, o psicopata é aquele que “apresenta distúrbios mentais graves, onde prevalece comportamentos antissociais e amorais, sem demonstração de arrependimento ou remorso, bem como incapacidade para amar e se relacionar com outras pessoas, em razão do egocentrismo extremo e incapacidade de aprender com a experiência”).

Pois bem, Hitler, imbuído desse propósito macabro reuniu sob seu comando “bestas-feras” com a mesma patologia assassina, e patrocinou a maior carnificina que se tem notícia na história da humanidade. Tanto que, independentemente da idade, cor ou gênero, milhões e milhões de seres humanos foram eliminados por uma única e exclusiva razão: serem judeus.

 Eis que, 80 anos depois, surge no continente sul-americano, (ou mais especificamente, no Brasil), uma figura (Paulo Guedes) que se assemelha em tudo ao ditador nazista, com uma pequena mas preocupante diferença: ao invés dos judeus (existem poucos no Brasil), o alvo prioritário, agora, são os integrantes da categoria “03 pês” (pobres, pretos e putas) ou aqueles menos desvalidos (que acabam de ser “premiados” com uma reforma da previdência que os deixará a pão e água, daqui a pouco).

 Verdadeiro pária entre os colegas da Academia (já que adepto de conceitos anacrônicos de teoria econômica aos quais se aferrou e se manteve fiel sempre e sempre, nunca se reciclando), e que ficou conhecido pela alcunha de “tchutchaca” (gíria usada no Brasil para dizer que uma menina é bonita e atraente), em razão da sua predileção por banqueiros e financistas, Paulo Guedes sempre foi um ilustre desconhecido da população brasileira, já que atuava à sombra e desassombradamente no submundo do mercado financeiro, onde enriqueceu com extrema facilidade e em tempo recorde, certamente que usando métodos não republicanos.

Tanto é, que o Tribunal de Contas da União (TCU) está em seu encalço já há um certo tempo, em razão de fraudes cometidas em fundos de pensão das estatais, que lhe renderam milhões e milhões de reais, em desfavor dos cotistas (se o Brasil fosse um país sério já estaria atrás das grades).

 Com tal “histórico”, somente num governo de um despreparado, como o atual Presidente da República, uma figura medíocre dessa teria vez e voz para mandar e desmandar, fazer e acontecer, como acontece atualmente.

Pois bem, hoje, com a Economia brasileira “patinando na maionese” (o dólar tá em valores nunca dantes imaginado, as indústrias ociosas ou semi e as importações maiores que as exportações, resultando daí um déficit corrente significativo) desde que assumiu o todo poderoso cargo de superministro (e sem ter quem o conteste, já que a mídia corrupta nada divulga) Paulo Guedes resolveu agora, numa tentativa de esconder sua incapacidade como economista e gestor, focar seus ataques nos componentes do funcionalismo público, aos quais rotulou de “parasitas”, porquanto têm “estabilidade no emprego” e “aposentadoria generosa” (palavras suas).

Se fosse uma pessoa detentora de um átimo de honestidade e se se dispusesse a usar um mínimo de seriedade em suas análises, Paulo Guedes facilmente chegaria à óbvia e incontestável conclusão que a “estabilidade de emprego” do funcionário público é resultante da sua admissão via concursal (portanto, sem apadrinhamento) e que sua “aposentadoria generosa” se dá em razão de, quando na vida laboral, ter contribuído com um significativo percentual da remuneração recebida mensalmente para a formação de um “fundo” (caixa de previdência) que lhe complementa a aposentadoria à frente e, portanto, nenhum favor o Estado lhe presta.

 Covarde e frouxo, por natureza, dada à repercussão negativa da sua fala nos mais diversos ambientes (inclusive no seio da classe política), Paulo Guedes tentou sair pela tangente ao alegar que suas palavras foram “retiradas do contexto”, porquanto “reconhece a qualidade do servidor público”.

Definitivamente, trata-se de um tchutchuca de quinta categoria, desonesto e incompetente.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020


O “CHICAGO BOY” PAULO GUEDES – José Nilton Mariano Saraiva
A trajetória do economista Paulo Guedes é tão inexpressiva e vazia que apenas dois fatos se destacam no decurso de toda a sua vida acadêmica: 

01) sua presença na equipe do governo do ditador chileno Augusto Pinochet (interstício 1973/1990), onde participou da implementação de um plano econômico que ainda hoje espalha seus efeitos deletérios e maléficos sobre a população andina, principalmente aos seus aposentados e pensionistas, hoje vivendo à míngua em razão de; e, 

02) sua posterior desastrada (para os outros) atuação no mercado financeiro brasileiro (claro que à falta de qualquer outra opção), onde atuou no manuseio de uma massa gigantesca de recursos dos fundos de pensão de estatais, de lá saindo (quando se descobriu a verdade) sob a acusação do cometimento de portentosas fraudes em benefício próprio (dizem que está “podre de rico”, em decorrência).

Fato é que, com um “passado que condena”, reflexo da sua formação superior em Chicago, considerada berço do ultra neoliberalismo, (já que essencialmente “mercadista-privatista” e, consequentemente sem nenhum apego à questão “socio-humanitária”, com todos os efeitos perniciosos daí decorrentes), o certo é que num país sério jamais uma figura como Paulo Guedes teria oportunidade de atuar desabridamente em favor de um minúsculo segmento específico (os abutres, formadores do tal “mercado”, como ele sempre foi), e em desfavor dos menos favorecidos: toda uma população.

Quis o destino, entretanto, que, tal qual uma alma penada, à sua frente aparecesse de repente a figura desprezível de Jair Bolsonaro, deputado integrante do baixo clero legislativo, sem noção de absolutamente nada, em qualquer campo, mas que, por um aborto do destino, foi surpreendentemente eleito Presidente da República, oferecendo-lhe a ímpar oportunidade de comandar (na teoria e prática) um país da imensidão do Brasil (tanto que o comparou a um tal “Posto Ipiranga”, teoricamente um local onde tudo é resolvido e todas as soluções são encontradas).

O resultado, catastrófico e aterrorizante, está aí no nosso dia-a-dia: uma nação de dimensões continentais, rica em recursos humanos e naturais, tida e havida com toda razão como uma futura potência mundial (principalmente depois da descoberta do portentoso pre-sal, no governo Lula da Silva), sendo literalmente entregue de mão beijada à “gringarada”, ávida por sugá-la até nada mais restar (não duvidem que se instalem aqui até militarmente após assumirem a base de Alcântara), enquanto a privatização incontida e desmesurada de empresas governamentais joga na rua e desemprega não só pais de família, mas os próprios jovens (e tudo sob o comando dele, Paulo Guedes).

Depois do serviço feito e entregue, aí, lépido e fagueiro, o “chicago boy” Paulo Guedes, como recompensa, assumirá alguma vaga vitalícia num desses organismos americanos responsáveis por desgraçar a vida de outros países, através de prepostos da sua estirpe (como o fez Pedro Malan, outro vendilhão da pátria, na época de FHC).

Quanto ao seu patrão (Jair Bolsonaro, aquele que não sabe nada de nada) voltará a comandar os “milicianos” do Rio de Janeiro, junto com os filhos e com a proteção dos irresponsáveis integrantes do Supremo Tribunal Federal (abonadores, desde sempre, de tudo isso que está aí).





sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

PUSILANIMIDADE DO STF - José Nilton Mariano Saraiva


Era previsível que, já há algum tempo deixando-se quedar e vergar-se passivamente ante um juizeco de primeira instância (Sérgio Moro, que usou e abusou de transgredir diuturnamente o enunciado em nossa Carta Maior), o Supremo Tribunal Federal teria dificuldades imensas de se afirmar a posteriori, assim como de impedir que outros “iluminados” do judiciário, escudados na leniência daquela Corte para com o dito-cujo, adotassem o mesmo modus operandi. Afinal, a porteira fora escancarada acintosamente e a vaca já fora pastar no reino da impunidade (o brejo). 

Pra comprovar, a confissão de uma Procuradora da República que atuara como auxiliar do próprio juiz e que desabridamente afirmou que o referido sempre foi um sequencial e costumaz transgressor do constitucionalmente estabelecido, porquanto o tal Supremo Tribunal Federal sempre fez vista grossa para as arbitrariedades e os abusos cometidos por ELE.
O resultado não poderia ser outro: com uma regularidade impressionante “pipocam”, aqui e ali, decisões esdruxulas até de magistrados de piso (iniciantes), afrontando literalmente o texto constitucional, como se o “livrinho” não tivesse mais nenhuma serventia e restasse inócuo

Agora mesmo, em Brasília, um desses “iluminados” (aqui um “graduado” Procurador da República) entendeu ser absolutamente desnecessário investigar ou indiciar preventivamente alguém, a fim de só então proferir a denúncia, conforme estabelecem os trâmites legais e, monocraticamente, decidiu formalizá-la contra o jornalista Glenn Greenwald, por suposta associação com hackers. 
Mesmo sem nenhuma prova material e apesar de um laudo da Polícia Federal tratando da mesma questão afirmar de forma contundente e peremptória que... “não é possível identificar a participação moral e material do jornalista Glenn Greenwald nos crimes investigados”. 
Como se vê, o caos e a esculhambação reinante na área judiciária tupiniquim tem como principal incentivador a pusilanimidade e frouxidão do tal Supremo Tribunal Federal, que omisso foi e omisso continua sendo, quando a questão envolve os mafiosos do executivo e legislativo (desagradá-los, nem pensar). 
E assim, o juizeco-transgressor, agora entronado como Ministro da Justiça e Segurança Pública, continua pouco ligando para as excelências togadas. E então, haja a aprovação de cabeludas “barbaridades” jurídicas, como indica o texto que Sérgio Moro está a empurrar goela abaixo no nosso ordenamento jurídico, com mudanças absurdas, especialmente no Código de Processo Penal. 
Ante tal quadro dantesco, se impõe indagar: por qual razão não extinguir, logo e de uma vez por todas, o tal Supremo Tribunal Federal, porquanto desnecessário, já que nem cheira nem fede (mas se omite, ao tratar de questões cruciais) ???

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

CERVEJA, PANELADA, SARAPATEL E BUCHADA - José Nilton Mariano Saraivaj


Independentemente da raça, cor, sexo, religião, ideologia, credo, preferência clubística ou política, os milhões de adeptos de uma “geladinha” (cerveja) ou da “marvada” (cachaça), professam uma certeza absoluta: dia seguinte à homérica farra, quando se excedem no consumo e acordam com aquele terrível “gosto de cabo de guarda-chuva na boca”, nada mais apropriado pra curar a “ressaca braba” (que às vezes dá vontade até de morrer), do que “forrar o estômago” com um revigorante e bendito caldo (de mocotó, carne moída ou costela de boi), no capricho e tinindo de quente, capaz não só de matar todos os vermes que “encontrar na descida”, como também “levantar ou por de pé até defunto”.

No entanto, há que se ter cuidado com os “caldos da vida”. Sim, porque existem duas espécies de caldo: 01) o “caldo verdadeiro”, original, genuíno, que é aquele bem preparado, repleto de temperos e condimentos, capazes de lhe dar cheiro, sabor e “sustância”, e ainda operar o milagre de fazer seu usuário “renascer” das cinzas, a ponto de, sob o pretexto de “lavar o peritônio”, tirar o gosto ali mesmo com uma outra geladérrima, recomeçando a farra; e, 02) o “outro caldo”, o caldo falso, o caldo de segunda, o caldo de araque, que é aquele que é só uma espécie de água morna, desprovido de temperos e condimentos, sem gosto, sem cheiro, sem poder revigorante e, enfim, sem nenhuma serventia, capaz até de “bater e voltar”, ou seja, de fazer com que o seu usuário “bote até os bofes pra fora”, na hora. Esse, por suas características peculiares, findou sendo designado pelos biriteiros da vida com a alcunha de “caldo de bila” (portanto, quando você ouvir a expressão “caldo de bila”, lembre-se de que é algo fraco, inútil, sem serventia).

E a “expressão” pegou de uma maneira tal, foi tão bem assimilada por gregos e troianos, que quando queremos manifestar nosso descontentamento com algo ou alguém que não corresponde às nossas expectativas, em qualquer competição ou atividade, imediatamente professamos: é “mais fraco que caldo de bila”.

Tomemos como exemplo a Fórmula 1, um esporte por demais admirado no mundo todo e que, para nós brasileiros, num determinado momento da história, foi motivo de orgulho e respeito, quando tínhamos a nos representar nos mais diferentes autódromos dos quatro cantos do planeta os Emerson Fittipaldi, Nélson Piquet e Ayrton Senna da vida.

Quem não lembra das manhãs de domingo em que renunciávamos à praia, clubes, balneários, açudes, cinemas ou um outro divertimento qualquer, só pra ficar por duas horas frente à telinha, beliscando uma cervejota com tira-gosto de PANELADA, SARAPATEL e BUCHADA, vibrando com o “pé-pesado” ou as ultrapassagens sensacionais dos nossos “homens voadores”, campeões mundiais em seguidas temporadas ??? Quem não lembra dos pegas fantásticos e espetaculares entre Fittapaldi X Jack Stuart, Piquet X Mansel, Senna X Prost, Senna X Piquet, dentre outros ???

Foi então que o destino nos pregou aquela peça terrível, aquele momento dantesco, nos levando prematuramente o Ayrton Senna, numa calma manhã de domingo, durante uma corrida aparentemente tranquila, na Itália, após a quebra da barra de direção de seu carro, a mais de 200 quilômetros por hora.

Imediatamente a TV Globo, em razão principalmente dos milhões de dólares despendidos na transmissão de cada corrida, e temendo a perda dos exuberantes patrocínios, tratou de “fabricar” da noite pro dia um substituto para o Senna; e como não havia muitas opções naquele momento, literalmente foi “decretado” pela cúpula da Globo e nos imposto goela abaixo, que um jovem piloto paulista, novato na Fórmula 1, seria o novo “ídolo” da torcida brasileira; e foi assim que tomamos conhecimento da existência de Rubens Barrichello, logo batizado pelo chefão de esportes da emissora (Galvão Bueno) de “Rubinho” (certamente que numa tentativa de torná-lo mais “palatável” ante os aficionados da categoria).

Daí pra frente todos nós sabemos a história de cor e salteado: apesar do hercúleo esforço da Globo em alavancá-lo, do generoso espaço lhe disponibilizado, de lhe arranjarem inclusive um lugar na disputadíssima e então imbatível Ferrari (à época detentora dos mais possantes e velozes carros da categoria), o que se via nas pistas era um piloto atabalhoado, lento, medroso, excessivamente burocrático, sem qualquer pegada, além de potencial e exímio “quebrador” de carros, os quais não conseguia “ajustar” nunca (quantas vezes vimos o tal “Rubinho” em desabalada carreira durante as corridas - SÓ QUE A PÉ E NA CONTRAMÃO - em busca do carro reserva ???).

Sem carisma, desprovido de empatia e simpatia, sempre com uma desculpa pronta para os recorrentes fracassos nas pistas, inventor de uma comemoração pra lá de ridícula (uma tal de “sambadinha”) quando ocasionalmente ganhava alguma corrida, Barrichello aos poucos foi se eclipsando, sumindo, escafedendo-se.

Assim, a Globo optou por uma descarada inversão de valores: à falta de resultados, o locutor global tratava de potencializar o fato de “Rubinho” às vezes ficar entre os 10 que obtiveram melhor classificação nos treinos, além de insistir e persistir em nos informar ser ele o piloto que disputou mais de trezentas (300) corridas de Fórmula 1 (olvidando, no entanto e propositadamente, de nos cientificar dos resultados ou da relação entre o número de vitórias obtidas e os grandes prêmios disputados).

Por essa e outras é que poderíamos associar Rubens Barrichello ao nosso famoso “caldo de bila”: não fede, não cheira, não tem gosto, não propicia qualquer serventia ou bem-estar, enfim, um blefe portentoso.



domingo, 12 de janeiro de 2020

GILMAR MENDES E A "REPÚBLICA DE CURITIBA"


A República de Curitiba nada tem de republicana, era uma
ditadura completa. Assumiram papel de imperadores
absolutos. Gente com uma mente muito obscura, gente
ordinária. Se achavam soberanos. Gente sem nenhuma
maturidade, Corrupta na expressão do termo. Violaram o
Código de Processo Penal”.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

AS "MENINAS DO PIMENTA " - José Nilton Mariano Saraiva


Desde tempos outros, o Bairro Pimenta, no Crato, ostentava com orgulho o título de “bairro nobre”, bairro dos poderosos, bairro da elite municipal.


Lá, residiam os “doutores” em geral (médicos, dentistas, engenheiros e demais graduados da terra), bem como os de bem com a vida (comerciantes, industriais, fazendeiros, profissionais liberais e por aí vai).


E também lá se localizavam os imóveis mais valorizados da urbi (residenciais e comerciais), assim como o ambiente mais seleto e charmoso não só do Crato, mas de toda a Região Cariri: o então revolucionário Crato Tênis Clube, com suas concorridas “tertúlias” ou “vesperais” às manhãs ou tardes de domingos, seus fulgurantes e concorridos carnavais, mas de frequência absolutamente restrita (adentrar o Tênis Clube, naquela época, só pra poucos, já que verdadeira epopeia para “estranhos”).

No entanto, apesar de toda essa “seletividade” latente, a joia do Pimenta eram as suas “meninas”: belas, educadas, charmosas, elegantes no vestir e no se portar (mas miseravelmente sumidas durante toda a semana), aos domingos, em algazarra esfuziante, desciam em “bandos” para a Siqueira Campos, onde (sabiam, sim), detinham o poder de dilacerar, atormentar e arrebentar os corações daqueles pre-homens/adolescentes carentes, ávidos e com o coração a mil (dentre os quais também os residentes na “periferia”, porquanto já então a praça era um espaço democrático) à espera de, pelo menos, um piedoso olhar, mesmo que de compaixão (o signatário, residente no Bairro Pinto Madeira, do outro lado da cidade, era um deles).


Particularmente (e numa outra perspectiva), devemos às “meninas do Pimenta” o despertar prematuro para uma questão essencial: a necessidade premente de tentar ser alguém na vida, a fim de, pelo menos, sonhar com a possibilidade de transformar aquele “amor platônico” domingueiro em realidade, via ascensão social (um bom emprego, um título de doutor, e por aí vai).


Fato é que o “statu quo” já se fazia, sim, presente àquela época, de sorte que a blindagem, o hermetismo e a absoluta inacessibilidade dos “periféricos” às “meninas do Pimenta”, já então era uma realidade triste e palpável (quantas noites indormidas, quantos belos sonhos alimentamos tendo por protagonistas algumas das beldades da Siqueira Campos).

Alias, sobre elas reportamo-nos anos atrás em uma das nossas postagens nos blogs da vida, a saber: “enquanto as moçoilas em flor, devidamente produzidas giravam, giravam e giravam em seu calçadão, momentaneamente transfigurado em uma ativa, grande e concorrida passarela, exalando beleza e frescor, nós, os marmanjos, de pé, braços cruzados, às bordas do quadrilátero, atuávamos como expectadores privilegiados de um seleto concurso de beleza, na expectativa de um olhar receptivo”.

Doces lembranças que, mais tarde (já na fase adulta), fizemos questão de lembrar e reviver com inusitado e compreensível carinho, conforme afirmamos em uma outra postagem: “e no entanto, aqui estamos nós, desconhecidos, que nunca se encontraram, nunca se falaram, não têm a menor ideia de como é o outro fisicamente, mas que, certamente, em algum domingo da vida se cruzaram na praça Siqueira Campos, vivenciando uma época fabulosa; e agora, através de reminiscências comuns, constroem uma perspectiva real de amizade fraterna”.

MENINAS DO PIMENTA’… quantas saudades.




quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

"REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI", PROCURA-SE - José Nilton Mariano Saraiva


Num país onde as leis são solenemente ignoradas, sem que haja maiores cobranças e consequentes penalidades, não é de espantar que a estadual Lei Complementar nº 76, de 26.06.2009, subscrita pelo Governador do Estado do Ceará, reste totalmente desmoralizada.
Para quem não sabe, referida Lei dispõe sobre a criação da Região Metropolitana do Cariri e já em seu artigo 1º reza: “Fica criada a Região Metropolitana do Cariri - RMC, face ao que dispõe o art. 43 da Constituição Estadual, constituída pelo agrupamento dos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (ipsis litteris).
Ora, já aí, no corpo da própria lei, pela ordem como foram relacionadas as cidades, se observava uma tendência a se priorizar e privilegiar uma delas, Juazeiro do Norte, colocada como “cabeça de chapa”, sem maiores justificativas. Afinal, por que não dispô-las na ordem alfabética tradicional (Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Juazeiro do Norte, Nova Olinda e Santana do Cariri) como é praxe.
Na oportunidade (antes mesmo da promulgação da tal lei em 26.06.2009), antevendo o blefe que viria no futuro, que a criação da tal Região Metropolitana não passava de uma fraude grotesca PARA BENEFICIAR UMA ÚNICA CIDADE, afirmamos de forma peremptória e incisiva, nos blogs da vida (em 03.06.2009): “Desde que haja honestidade de propósitos e compromisso com a seriedade, Região Metropolitana implica a distribuição equitativa e equilibrada, entre os diversos conglomerados urbanos que a compõem, dos benefícios (principalmente econômicos) a serem recomendados ou gerados por iniciativa governamental".
E prosseguimos:
Não parece ser o caso da que será criada aí no Cariri (a tônica é, sim, o ‘esvaziamento do Crato’ tanto que antecipadamente já nos tomaram a UFC e agora atentam contra a Exposição) já que a tendência explícita é a manutenção e solidificação de beneficiamento de um só pólo, uma só cidade, um só aglomerado, conforme ficou evidente na simples denominação da mesma, com a turma do Governo já anunciando a plenos pulmões que chamar-se-á por cima de pau e pedra, quer chova ou faça sol, Região Metropolitana de Juazeiro (ou seja, as demais cidades serão meros e insignificantes satélites a ‘orbitarem’ em torno de um pólo centralizador – independente, autônomo e que ditará as regras do jogo, para o bem ou para o mal)".
Como até a “velhinha de Taubaté” tem consciência que no mundo atual quem manda e desmanda, casa e batiza, faz e desfaz é o “vil metal”; que potenciais investidores de empreendimentos de porte só se dispõem a se instalar onde facilidades lhes sejam disponibilizados pelo governante de plantão; e, principalmente, que quem movimenta e faz a roda do progresso girar em determinada direção é o “componente político”, o que afirmamos naquela data se concretizou.
E dessa vez não vamos aqui falar em “premonição”.
Na verdade, a razão de acertarmos mais uma (sob o fogo cerrado de alguns “gênios”, aí do Crato), foi que, da forma como foi concebida e estruturada a tal Região Metropolitana do Cariri, a perspectiva era mesmo de deixar órfãos ao longo do caminho, porquanto desde o princípio flagrantemente direcionada a uma única cidade-pólo, na órbita da qual girariam os satélites errantes e desprezíveis (cidades outras).
Perdemos o bonde da história.



segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

A GARGALHADA FINAL - Demóstenes Ribeiro (*)


Embora a sua família fosse considerada inteligente e um dos seus irmãos, importante advogado, ele, sequer sem o ensino médio, era frequentemente desprezado. No entanto, todos reconheciam a sua facilidade de expressão e intuição oratória, notadamente quando tomava umas cachaças.
Por isso, adorava ser o locutor da amplificadora local, onde a sua voz agradável consagrara o bordão “... senhoras e senhores ouvintes, pontualmente, seis horas. É a hora do Ângelus, e com esse prefixo musical, a difusora a Voz do Cariri – a sua D.V.C. -, acionando modernos equipamentos e potentes alto-falantes, transmite para toda a cidade e interior dos lares, as mais belas canções e os acontecimentos palpitantes da nossa comunidade. Na locução, Erivan e no controle de som, Francisco Pena!”
E ele tocava a vida, noticiando pelo microfone, aniversários, falecimentos, comerciais e propaganda política. Às vezes, surpreendiam as edições extras da D.V.C., prenunciadas pela “marcha fúnebre”, de Chopin, se alguém importante falecia, ou por uma melodia alegre em datas festivas familiares.
No entanto, ao se exceder na bebida, às vezes se atrapalhava. Entrou para o folclore local, a vez em que, bastante embriagado, ao anunciar o aniversário de uma criança, sobre o fundo musical “hoje é dia do seu aniversário, parabéns, parabéns. Fazem votos que vás ao centenário, os amigos sinceros que tens...” trocou o pai pela mãe, e disse solenemente “hoje, belíssimo dia, é o aniversário natalício do interessante garotinho Fernando Carlos. Nessa efeméride, seu pai, Cecília da Silva e a sua mãe, Chico da Silva, lhe oferecem esta linda melodia como prova de carinho e amizade.”
Porém, o que o fazia ainda mais feliz era discursar presencialmente e de improviso em comemorações ou fazer uma família inteira chorar, falando à beira do túmulo quando do sepultamento de alguém muito estimado.
Enquanto isso, a cidade seguia sua rotina monótona, mas violência e vingança sempre estiveram no ar e vez por outra sacudiam o lugarejo. Crimes de pistolagem, feminicídio, enforcamento, traição política, infidelidades conjugais e a expectativa por um ajuste de contas que viria cedo ou tarde, preenchiam o imaginário popular.
Para sempre lembrada, foi a briga entre três rapazes acontecida há mais de vinte anos. Antes, amigos e companheiros, uma discussão banal culminou com a morte estúpida de um e feroz inimizade entre as famílias. Depois, morreram os outros dois, e nos filhos de um deles, desde a tenra infância, plantou-se a maldição de que alguém mais deveria morrer, pelo simples parentesco com um dos mortos.
Assim, muitos anos depois, um senhor idoso – Emérson Menezes de Lucena - foi surpreendido por um jovem que, a sangue frio, lhe disparou vários tiros, numa morte que consternou a cidade.
No cemitério lotado, à beira do túmulo, Erivan, muito comovido, exaltava as qualidades do falecido, porém completamente embriagado, trocou o seu nome falando “que nessa tarde sombria, triste e pesarosa, quando a Porta do Cariri se despede do querido Emérson Fernandes de Oliveira, vítima de uma violência tão covarde...”
Ao ouvir essas palavras, outro Emérson, temido e odiado, o interrompeu bruscamente: “o que é isso, Vanzim, eu tou vivo aqui, bem atrás de você, não me mate não!” Por alguns segundos, tristeza e choro deram lugar a uma risada discreta e abafada, mas refeito o silêncio, veio do caixão uma sonora gargalhada macabra.
A multidão debandou em disparada e deixou sozinho, “Seu” Corrumbeque. O velho coveiro, benzeu-se três vezes, depressa sepultou o cadáver e por muito tempo não quis enterrar mais ninguém.

************************************
(*) Dr Demóstenes Ribeiro, médico-cardiologista, natural de Missão Velha, com atuação profissional e residência em Fortaleza-CE.





sábado, 4 de janeiro de 2020

A INDESEJÁVEL VOLTA DOS "XERIFES" DO MUNDO - José Nilton Mariano Saraiva


Não se constitui nenhum segredo que os Estados Unidos da América já há um certo tempo passam por sérias dificuldades no tocante a fontes energéticas, principalmente à utilização do petróleo.

Mas que, mesmo e apesar de enfrentar um corrosivo, desgastante e avassalador processo de decadência econômico-produtiva, se nos apresenta (ainda) como a maior potência do mundo em termos técnico-científico e bélico, embora a China e Rússia já “funguem” em seu cangote de forma ostensiva e ameaçadora.

Mas, como a “fonte” que sustenta tudo isso - suas reservas petrolíferas - rapidamente se exaurem em função da “farra” e mau uso durante décadas (seu consumo interno sempre se manteve nas alturas), sem que se lhes apresentem condições de diminuí-lo ou haja qualquer outra fonte alternativa no médio prazo, há, sim, a possibilidade iminente de um “stop” da atividade produtiva do próprio país, dentro de certa brevidade.

Portanto, pra que se mantenha a máquina em funcionamento há uma imperiosa necessidade e um premente desafio de buscar, encontrar, extrair e até “roubar” petróleo, onde houver petróleo abundante e em excesso (leia-se Oriente Médio, preferencialmente, e Brasil, Venezuela dentre outros), senão o país mais poderoso do mundo inexoravelmente irá à lona, restará nocauteado.

Para consecução de tal mister, uma das mais eficientes armas utilizadas até aqui tem sido a distorção de informações (tal qual a utilizada pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial), propagadas por uma mídia corrupta, amestrada e dócil, que tem papel preponderante na fixação do uso de certos métodos heterodoxos de “convencimento”, objetivando sejam atropelados ou aniquilados aqueles que se lhes postarem à frente, ou, até, os que ousem contestá-los ou confrontá-los (desde quando, por exemplo, os americanos respeitam fóruns coletivos internacionais tipo a OTAN, ONU, G-8, G-20 e tal, quando resolvem que têm de intervir mundo afora ???).

Assim, nada mais conveniente e apropriado (pra eles, americanos) que se autoproclamarem e tentarem difundir e manter o galhardão de “XERIFES” do mundo, defensores da raça humana e dos bons costumes, protetores dos desvalidos, última reserva moral do planeta, solução para todos os males dos terráqueos, e por aí vai, mesmo que a sua belicista prática diária se contraponha à teoria.

Necessário, para tanto, a provocação e manutenção infindável de um “conflitozinho” básico com um país periférico qualquer (contanto que abarrotado de petróleo) a fim de que, quando a coisa apertar e se tornar necessário, possam descredenciá-lo, jogá-lo às feras, pô-lo contra o resto do mundo, invadi-lo e, assim, tomar de conta das suas portentosas reservas minerais.

Afinal, quem não lembra do recentemente ocorrido no Iraque, quando os "gringos", sob o fajuto e inconsistente argumento da existência de letais armas químicas com potencial de destruir a própria humanidade, acionaram sua mortífera e poderosa força bélica com o objetivo único e exclusivo de apoderar-se do petróleo iraquiano, como realmente aconteceu (desde o começo desconfiava-se, e posteriormente se comprovou tratar-se de uma deslavada mentira o argumento das armas químicas).

Para tanto e sem nenhum escrúpulo, anunciaram e difundiram além mares a intenção de “caçar”, “julgar” e “assassinar” em tempo recorde o ditador-presidente Saddam Hussein. O que foi feito de pronto e sem maiores tergiversações (na forca e com transmissão ao vivo e a cores para todo o planeta). .

Agora, aqui pra nós, alguém tem dúvida que aquilo ali foi um verdadeiro assassinato, mesmo se sabendo tratar-se de um ditadorzinho de quinta categoria ??? Que aquilo foi uma descarada “interferência indevida” em assuntos internos de uma nação independente ???

Fato é que, como não houve maiores protestos ou reações (à época), hoje os “xerifes” do mundo se preparam para tomar de conta das infindáveis jazidas petrolíferas do vizinho Irã, mesmo que para tanto tenham que provocar mais uma carnificina num país distante; para tanto, e provocativamente, nada como assassinar covardemente (via aérea) uma das figuras mais queridas dos iranianos, o general Qasem Soleimani, segundo nome na hierarquia daquele país, sob o argumento de que ele estaria a se preparar para assassinar americanos por todo o mundo (embora nenhuma evidência haja, sobre).

Resta-nos a pergunta que não quer calar: se são tão valentes e protetores da humanidade, por qual razão não se metem com a Rússia, que se acha assentada e também “lambuzada” num mar de petróleo ??? Será que o arsenal nuclear russo os assusta tanto ???

Teremos um outro 11 de setembro ???

*********************************

Post Scrioptum:

Quanto ao Brasil, especificamente, não foi preciso qualquer conflito, nenhuma arenga, sequer um buchicho, já que o tosco e desequilibrado que está presidente da república (aquele que bate continência para a bandeira americana e é capaz de declarar publicamente, num inglês macarrônico “I love you, Trump”) entregou o nosso pre-sal, de mão beijada, aos gringos.