por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A frase que Niemeyer não disse - José do Vale Pinheiro Feitosa

Os  blogs de vários lugares e inclusive do cariri, em larga escala, picaram uma suposta frase do Niemeyer que é uma farsa. De cara se deve suspeitar da mesma pois Niemeyer tinha lá suas ingenuidades, mas sabia perfeitamente qual a realidade em que projetou Brasília. A outra coisa mostra a ignorância dos farsantes (que fizeram a montagem) e que todos embarcaram pelo vício do cachimbo, pois acredito que todos os nossos coordenadores de blogs sabiam aprioristicamente que o Plano Piloto em formato de Asa de Avião é de Lúcio Costa. Aliás Brasília é rigorosamente o projeto de três gênios: Niemeyer, Lúcio Costa e Joaquim Cardoso no cálculo estrutural.

E tem mais: Brasília é o maior projeto de expansão para o Centro Oeste que já houve. Com ela o Brasil mudou a ponto de ser o que é hoje. Portanto tem Juscelino na Política, tem os engenheiros, tem os candangos e muita gente empreendedora, entre alguns malfeitores. Brasília custou caro não apenas pelo  roubo, mas pelo que é de fato construir uma cidade no meio do sertão em pouco mais de três anos. E tem mais: a marchar para o interior do Brasil já deu retorno de milhares de vezes o que se gastou em Brasília. 

A farsa já tem um viés ideológico de marca: os comunistas arrependidos. Niemeyer foi até o último suspiro sendo uma pessoa universalmente querida mantendo a sua coerência de comunista. Inclusive financiando atividades, ajudando à sobrevivência do PCB e de uma editora de livros. E tem mais o modo acrítico como se divulga é o resquício redivivo do velho udenismo golpista. 

O segundo erro: não basta assinar para se tornar o texto de alguém. Oscar Niemeyer é elegante, não usaria a palavra penico para descrever Brasília e jamais compararia Brasília com um Camburão. À direita brasileira não apenas por vezes falta senso de acerto, como exagera na ignorância. Um comunista o é essencialmente porque acredita na política e nela realiza o combate, jamais se insurge como nesta frase contra a política. E por último: basta ir agora mesmo ao Google e examinar outras frases do Niemeyer, além de não ser grosseiro, ele acreditava na sua obra realizada. 

Eu vi essa reprodução em vários blogs aí do Crato e seria bom uma nova avaliação dos seus responsáveis. Volto ao assunto por uma questão já apontada ontem na manipulação frequente da internet. Por isso roubam senhas de pessoas desavisadas e por vezes ingênuas. 

Discussão politica caracteriza o Festival Nacional de Teatro de Rua no Ceará

Teobaldo Silva - Coordenador do FESTMAR


A VIII edição do Festival Nacional de Teatro de Rua do Movimento de Agitação e Resistência da Cultura Popular  de Aracati no Ceará – Festmar que está sendo realizada no período de 05 a 08 de dezembro na cidade litorânea  Aracati tem como diferencial esse ano a defesa de 2% no orçamento do Município destinado para a cultura. Em diversas cidades do Ceará, os movimentos de culturas estão se articulando neste sentido, como é o caso da cidade do Crato. Outro ponto defendido no Festival é a criação de uma rede de grupos e coletivos de artistas da região nordeste com o caráter de contribuir no intercâmbio entre os artistas e o fortalecimento político e organizativo dos grupos.  

O Festmar vem se consolidando no Estado do Ceará. Esse ano reúne grupos de teatro dos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul.

O evento reúne 22 companhias e ocupam os espaços públicos da cidade como Praças e monumentos históricos do Patrimônio Artístico e Arquitetônico Nacional.

Para Teobaldo Silva, coordenador do Festmar, o evento surgiu em 1999, como um festival da cidade e posteriormente foi tendo uma abrangência nacional. Ele destaca que o evento ainda realizado com dificuldades financeiras. “Resistimos fazendo arte, pois acreditamos que ela é um instrumento político e desenvolvimentista importante para a população”, frisa Teobaldo.

Para Alexandre Lucas que integra o Programa Nacional de Cultura – PIA, uma rede de coletivos e artistas que trabalham com intervenções e performances,  é imprescindível a criação de canal de diálogo e mobilização política entre os artistas, como é a intenção do Festmar esse ano.     

O evento é apoiado financeiramente pelo Fundo Estadual da Cultura – FEC e conta com algumas parcerias locais, como  Casa da Cultura e uma empresa de contabilidade.                 

MAIS UMA DA “ÓIA”



(Jornalista da Veja pede desculpas por ter publicado imagem falsa de Lula)

Depois de ficha falsa, dossiê falso, telefonemas falsos, ainda tinha uma foto... obviamente falsa. Essa é a nossa imprensa... falsa.
 Da Veja
Ricardo Setti
Amigas e amigos do blog, não tenho compromisso com o erro, e nem medo de pedir desculpas. Então, queria dizer que a suposta foto que até há alguns minutos ilustrava o post sobre o “Caso Rose” que publiquei hoje, mostrando Lula supostamente abraçado a Rosemary Noronha, de um lado, e a dona Marisa Letícia, de outro, é na verdade uma montagem. Foi feita a partir de foto do Carnaval de 2009, no Sambódromo. Na foto, realmente Lula abraça dona Marisa e outra mulher, na verdade a esposa do cantor Neguinho da Beija-Flor, Eliane Reis. Neguinho aparece na foto original, abraçado a Lula e a dona Marisa, mas foi eliminado na montagem.

(Em aditamento à postagem do Zé do Vale).

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

 

 

 

 

POEMA DE OSCAR NIEMEYER:

"Não é o ângulo reto que me atrai.
Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem.
O que me atrai é a linha curva livre e sensual.
A curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso de seus rios,
nas ondas das mornas nuvens do céu, na curva da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo.
O universo curvo de Einstein."

Sobre Raposas e Toupeiras - José do Vale Pinheiro Feitosa


Quando setores da esquerda fizeram uma campanha “Fora FHC” no segundo mandato dele, havia ali uma dose de oportunismo e uma bandeira antidemocrática a qual setores da direita usam com relação ao atual governo e a Lula. A diferença é que corporações que antes criticavam o equívoco daquela campanha contra FHC, hoje sustentam e dão vida à má fé do outro lado. Falo especialmente da Revista Veja e do Sistema Globo de Comunicação.

A internet é o universo da diversidade, do debate e, também, das grandes farsas e manipulações. Com a riqueza que tem é vasta indo desde o humorismo até textos filosóficos e de profundidade intelectual. Quando, por exemplo, o Blog Kibeloco fez brincadeiras usando montagens de fotos e contando piadas era evidente o uso da manipulação da imagem com a finalidade da ironia.

No entanto casos como aquele da Daniela que viu as fotos de família divulgadas por uma molecagem machista não tem nada de engraçado, mas muito de patologia, má fé e crime. A ponte do assunto é justamente com a má fé e a irresponsabilidade da Revista Veja em sua ânsia de atacar seus desafetos políticos.

Um parêntese: os governadores do PSDB não aceitaram os acordos das elétricas que baixaria a conta de luz em até 20%. Os percentuais mais baixos na queda da conta é consequência do ato deles, o que diz o Globo em sua manchete principal? “Conta de Luz Cairá menos do que Dilma Prometeu.” E a manchete se repetiu nos jornais televisivos. Se isso não é manipulação de má fé com um fato real a realidade se tornou um pântano só.

Durante mais de um mês circulou nas caixas postais e foi postado em blogs e certas mensagens nas redes sociais uma suposta capa da Revista Forbes com a foto do Lula sendo colocado entre os bilionários brasileiros. A manipulação de má fé conta com a burrice de certos setores, que só viu falar na lista da Forbes no Jornal Nacional, mas é incapaz de checar um absurdo desse na própria internet. Resultado, isso deve levar muita toupeira repetir a notícia como verdade e, no entanto, se trata de uma manipulação pura e simples de uma capa real da Forbes com os bilionários do mundo.   

O caso da Veja. O colunista Ricardo Setti teve que desmentir uma postagem dele com uma foto em que apareceria Dona Marisa, Lula e Rosemary Noronha abraçados. Acontece que era uma montagem de uma foto do Lula, Dona Marisa, Neguinho da Beija Flor e a esposa dele ao lado do Lula. Isso é o jornalismo que faz a cabeça de muita gente no Brasil. E gente a qual não podemos nem lhes dar o perdão da ignorância. Parecem que andam pelas ruas a cata de pedras para jogar no Lula e no PT.

Mas o dia teve outras tristezas. Morreu aos 91 anos de vida o grande pianista e compositor de jazz. Para lembra-lo segue abaixo uma música que é um ícone em sua carreira:  

Dave Brubeck - Take Five

“CASTELÃO”: Monumento à insensatez – José Nilton Mariano Saraiva

Por 90 dias, prorrogáveis por igual período, o Governador do Ceará houve por bem decretar “estado de emergência” em 174 dos 184 municípios constitutivos do Estado, e por uma razão de todos conhecida: a estiagem (longo período sem chuvas), com todos os seus maléficos desdobramentos. Segundo os especialistas, esta é a “seca” mais inclemente dos últimos 50 anos.
Onde quer que ocorra, a decretação do “estado de emergência”, tal a seriedade embutida em sua operacionalização, há que obedecer a uma série de procedimentos, contidos em leis e manuais específicos; portanto, independente do “estado de espírito” de quem o chancela.
Por aqui, a fuga a tais procedimentos nos remeteu à insensatez: é que, em detrimento do clamor dos milhares de conterrâneos que imploram por ajuda (só um pouco de comida e água pra beber), dia a dia os jornais da capital estampam os números imorais e superlativos da grana gasta pelo Governo do Estado na reforma da “arena Castelão” (obra faraônica e desnecessária).
E tudo isso para que ??? Para que o nosso falido Estado seja o primeiro a apresentar à FIFA a “arena Castelão”, reformulada e pronta para abrigar seis (06) partidas de futebol (durante as copas da Confederação e do Mundial), às quais, devido ao salgado preço dos ingressos, apenas alguns “iluminados” serão testemunhas oculares. Sim, porque querer fazer crer que aqui desembarcarão milhares e milhares de turistas, que gastarão dólares e mais dólares durante os dois eventos, é pura enganação.
Deveriam espelhar-se na miserável África do Sul, em 2010: enquanto foram erigidas “arenas” deslumbrantes e portentosas, perambulavam nas suas cercanias glebas de um povo faminto e desesperado, sequer convidado para a festa. E a África do Sul, depois daí, não recebeu a enxurrada de turistas prevista, nem apresentou nenhum crescimento, a não ser na sua dívida externa (hoje, a dificuldade é manter as tais “arenas”).
Para que servirá a “arena Castelão”, no pós-Copa ??? Para abrigar duas vezes ao ano o clássico Ceará X Fortaleza ??? Como justificar a montanha de dinheiro lá gasta, em detrimento do “amenizar a fome e a sede” de milhares de conterrâneos ??? Sem medo de errar: na posteridade, tende a “arena Castelão” ficar conhecida como um “monumento à insensatez”. 

O PADRE HENRIQUE E O DRAGÃO DA MALDADE - PATATIVA


Sou um poeta do Mato
Vivo afastado dos meios
Minha rude lira canta
Casos bonitos e feios
Eu canto meus sentimentos
e os sentimentos alheios.

Sou caboclo nordestino,
tenho mão calosa e grossa,
a minha vida tem sido
da choupana para a roça,
Sou amigo da família
da mais humilde palhoça.

Canto da mata frondosa
a sua imensa beleza,
onde vemos os sinais
do pincel da natureza,
e quando é preciso eu canto
a mágoa, a dor e a tristeza.

Canto a noite de São João
com toda sua alegria,
sua latada de folha
repleta de fantasia
e canto o pobre que chora
pelo pão de cada dia.

  Apenas a primeira página. O folheto tem mais 15 do mesmo nível.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A Santíssima Trindade - José do Vale Pinheiro Feitosa


- O homem porque o homem é muito feroz. O homem é feroz. O homem é mais feroz do que os outros animais. O homem é capaz de tudo. O homem destrói outro ser humano. O homem não tem medo de nada não. Só a Deus.

- Mas você acha que ele teme a Deus?

- Rapaz tem uns que temem. Pelo menos eu temo.

- Mas não tem uns cabras que fazem uns negócios tão errados que parecem que não temem nada?

- A maioria não é Mudinho?

- A maioria é contra Deus, mas Deus não é assim não. Tem que temer a Deus.

- Mas me convença disso! Dê um argumento forte!

- É porque Deus tem poder e nós não temos poder. Deus é quem dá o poder a nós. Nós tem coragem. Nós somos corajosos. Mas não temos poder.

- E o que é o poder?

- O poder sabe o que é que é: a gente carrega dentro de si. Porque a gente tem aquele poder em Deus. Tem aquela certeza que Deus comanda nós.

- Então você quer dizer que o poder é a certeza?

- É a certeza.
(conversa com Raimundo Castro dos Santos – Mudinho – pescador de Paracuru)

Sobre a grande dificuldade de Agostinho decifrar o mistério da Santíssima Trindade. São três Deuses distintos e Um só verdadeiro. Mistério metafísico, da identificação da essência, ou seja, do indivisível ser. O limite do conceito de Pai, Filho e Espírito Santo. A essência de três seres numa impossível ponte com a unidade da substância divina.

Na verdade Tomás de Aquino havia posto a trindade numa relação: envolvendo numa única relação o amor (espírito santo), o filho e por necessidade o pai. Tomando a questão nesse ponto do tomismo, esquecendo o dogmatismo da igreja que pretende “roubar” o poder de Deus para exercê-lo em nome dele, vamos abandonar o mistério insolúvel (ou dogmatismo do mistério que alimenta os doutores bibliófilos da igreja).

Aí um pescador de Paracuru, leitor do livro das marés enchentes e vazantes, a despescar currais de peixe, plantar legumes nas vazantes, amar as mulheres e fazer filhos, devolve a Deus o poder que apenas a ele cabe. Perceberam a lógica simples? Se todos os homens são ferozes, destroem uns aos outros, é impossível entre eles uma solução de poder que faça a intermediação de todas as ferocidades destrutivas. A construção é impossível nesses termos. Nestes termos só resta a relação entre escravagistas e escravos, sem brechas na atenção, a qualquer momento o escravo apunhala o senhor.

E a solução de poder possível é aquela da igualdade, que também é irmandade e por isso mesmo de filhos semelhantes junto ao pai. A linha que revela a absoluta igualdade entre todos é o amor (espírito santo) que representa a terceira pessoa da solução de poder possível. É pelo espírito do amor que nenhum filho pode ter herança maior que os outros, a partilha do pai é a própria natureza da igualdade.

Por isso quando as igrejas são questionadas, não o espírito do amor e da igualdade, tome-se o pensamento milenar de Mudinho como igual a Tomás de Aquino ou à solução implícita do messias dos Judeus, sem que eles se dessem conta da contradição que a boa nova era a igualdade e não o povo escolhido. Do mesmo modo são questionadas todas as soluções de poder que não façam efetivamente a mediação da ferocidade humana.

Acumular riquezas, hierarquizar o poder, o individualismo predatório, em nome de si mesmo é a dinâmica da ferocidade e da destruição do ser humano pelo ser humano. Por isso mesmo desde Spartacus que as classes populares exploradas retornam com coragem que atesta óbitos.  

E para completar ouviremos na voz de Amelinha, Águas de Outro Mar com imagens da terra de Mundinho.



PATATIVA, D. HÉLDER E O CASO DO PADRE HENRIQUE – por Joaquim Pinheiro
Em 1969, O Pe. Henrique Pereira, 29 anos, foi sequestrado, depois de barbaramente torturado, amarrado em uma Rural Willis e arrastado pelo asfalto até a morte. Seu corpo, totalmente desfigurado, foi abandonado na cidade universitária da UFPE, no bairro da Várzea, em Recife. Os criminosos, ligados aos órgãos de segurança da ditadura, tinham dupla intenção: amedrontar D. Hélder Câmara, a quem o Padre era diretamente ligado, e inibir ação política dos Estudantes, uma vez que a vítima coordenava a pastoral da juventude.
D. Hélder Câmara denunciou o terrorismo nas Igrejas, deu entrevistas, mas a notícia não repercutiu como ele gostaria. A censura não permitia que os órgãos de imprensa divulgasse a monstruosidade.
O Arcebispo de Olinda e Recife percebendo que a literatura de cordel ainda não fora alvo dos censores, mandou contatar diversos repentistas para contar a terrível história em versos e dar conhecimento à população. Ocorre que poetas de Pernambuco, Paraíba e Alagoas consultados recusaram o desafio com medo da repreensão do governo. D. Hélder, então, pediu a duas freiras que se deslocassem até o Crato, procurassem Patativa do Assaré, contassem os fatos e encomendassem o cordel. O desfecho foi uma prova da genialidade e grandeza de Patativa:
 - Não aceitou pagamento;
- Não concordou com a sugestão de usar pseudônimo;
- produziu a poesia na hora, atendendo o desejo de urgência de D. Hélder, permitindo o retorno das freiras no mesmo dia.
 


por socorro moreira



Nos sonhos
o relógio não marca
Esse lugar
Tem caminho ?
É no mesmo plano?
Jogo de sinuca?
Física quântica ?

O canto dele
não é musical
É geometria analítica
ou espacial?

Ah...
De repente ,
Se o lugar existe
muitos passarinhos
Já pousaram lá

Complexidade nas perguntas
Respostas evasivas...

E o coração faz a conta !
E a alma faz de conta
Que encontrou alguém por lá
"Nesse mesmo lugar."

por socorro moreira



Ele nunca esteve...
Mas a porta,
Na molhada espera,
Continua Beta.
.
Estio de esperanças
Chega novo Junho
E a fogueira cresce
.
Se nas entrelinhas
Descubro-me tanto
Fecho esse parêntese...
Abro meus colchetes
E me entrego em pontos.

SECULT não paga artistas no Ceará


PANCADARIA NO PT E NO LULA - José do Vale Pinheiro Feitosa


Não sei em que medida os leitores do Blog interessaram-se pelo caso do Wikileaks vis-à-vis o vazamento das informações dadas pelo recruta do exército Norte-Americano Bradley Manning. O coordenador Assange do Wikileaks encontra-se exilado na embaixada do Equador perseguido pela Justiça Inglesa (numa ligação com um mandato da Justiça Sueca a serviço dos EUA) e o recruta Manning sofre tortura numa prisão militar. Manning pode pegar prisão perpétua e existem promotores que querem a pena de morte.

Por que chamo a atenção dos leitores para o assunto? O assunto é o mais expresso manifesto da discussão sobre imprensa livre e liberdade de comunicação. Como é moda nos MBA da vida é um verdadeiro “case” sobre a célebre contradição no cerne do assunto de uma liberdade a serviço de grandes corporações de mercado, normalmente de tendência monopolista, que se move por interesses econômicos os mais variados e que faz um jogo simultâneo de vassalagem e acusação aos poderes públicos e aos mandos privados.

Quando, por exemplo, o ruge-ruge do filho de Fernando Henrique Cardoso com uma jornalista da Globo, por isso mesmo enviada para a Espanha, borbulhou no azedume moralista do país, o mal estar de um lado e o dedo acusatório do outro, não era a liberdade de imprensa que estava em questão apenas. Ali era a expressão da contradição das empresas de comunicação com a liberdade de informação: a mesma omissão da época é protagonismo de mídia na Rosemary do Lula por agora.

Essa questão se encontra no debate Inglês, em torno de um jornalismo “bandido” que invadiu a vida privada de pessoas para gerar sensacionalismo e forjar vendas comerciais. Isso resultou num relatório em que a questão da regulação (ou auto regulação) se mostra como necessária à defesa das pessoas e instituições ameaçadas por empresas a serviço de lucros. Mas é claro que a questão não é apenas essa: pois ainda assim persistiriam as declarações seletivas, as omissões propositais, as manipulações de partes da mensagem e assim por diante. Além de que a contradição entre empresas prisioneiras do lucro, do enriquecimento de sócios e donos, e a liberdade de informação sempre existirá. Sempre que os lucros forem ameaçados, a informação se torna uma ficção a favor de interesses privados e não mais públicos como é a natureza da informação nos termos em que tratamos aqui.

Na Argentina o caso do Grupo Clarin, virado potência durante a ditadura Militar, do mesmo modo que a Globo, é um exemplo claro da questão liberdade pública e interesse privado. A possibilidade é real, nos casos citados anteriormente, de governos ou grupos partidários, ou grupos lobistas ou que mais formas existam de organização, inclusive criminosas como Carlinhos Cachoeira, que venham usar a contradição entre liberdade de informação e grupo empresarial. Mas isso é parte da contradição entre lucro privado e liberdade pública e isso é uma das grandes questões das democracias burguesas.

Uma coisa é líquida e certa: o monopólio empresarial e a acumulação de renda é um grande problema para a democracia e para as liberdades sociais. É necessária uma luta política permanente para dissolver monopólios, oligopólios e acúmulos de riquezas até como forma de superarmos as contradições do momento histórico que inclui a grande e luminar crise atual do capitalismo.    

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


III ENCONTRO DOS FILHOS E AMIGOS DO CARIRI
O evento se realizará em Fortaleza (CE).
LOCAL: Náutico Atlético Cearense
DIA : 08 de dezembro de 2012
HORA: a partir das 21:0 hs
BANDA BRASA SEIS
INGRESSOS : R$ 20,00 (vinte reais)
(ingressos antecipados na Secretaria do Clube)

Dia de feira...


Marcelo Gleiser






O físico Marcelo Gleiser, autor de obras que aproximam conceitos da física do público leigo como "A Dança do Universo" e "O Fim da Terra e do Céu", subverte neste seu mais recente livro mais de 25 séculos de pensamento científico ao desmontar um dos maiores mitos da ciência e da filosofia ocidentais: o de que a Natureza é regida pela perfeição.
Gleiser discorre em "Criação Imperfeita" sobre a importância da imperfeição no universo no desenvolvimento da matéria e do próprio ser humano. Com isso, contesta também o discurso dos ateístas radicais, como Richard Dawkins, mostrando que a ciência não prova a inexistência de Deus. O livro tem lançamento simultâneo no Brasil e Estados Unidos, e seus direitos de publicação foram vendidos para oito países.
Por milênios, xamãs e filósofos, ateus e religiosos, artistas e cientistas tentam dar sentido à nossa existência sugerindo que tudo está conectado e que uma misteriosa Unidade nos liga ao resto do universo. As pessoas vão a templos, igrejas, mosteiros e sinagogas para rezar para as diversas encarnações divinas dessa Unidade.
De forma surpreendentemente similar, cientistas afirmam que por trás da aparente complexidade da natureza existe uma realidade subjacente mais simples. Gigantes da ciência, como Galileu, Kepler, Newton, Planck e Einstein, nos ensinaram a explicar o universo em termos de simetria, harmonia e ordem.
Em sua versão moderna, essa "Teoria de Tudo" uniria as leis físicas que regem corpos muito grandes (A Teoria da Relatividade de Einstein) àquelas que controlam os pequenos corpos (mecânica quântica) em apenas uma estrutura. Mas apesar dos corajosos esforços de muitas mentes poderosas, a Teoria de Tudo permanece evasiva. É um glorioso caos criativo.
Gleiser argumenta, no entanto, que a busca por uma teoria unificadora das forças da natureza -que obcecou grandes cientistas como Einstein-- está fundamentalmente desorientada. Todas as evidências apontam para um cenário no qual tudo emerge de imperfeições fundamentais, assimetrias primordiais na matéria e no tempo, acidentes cataclísmicos no início da vida na Terra e de erros na duplicação do código genético.
"Criação Imperfeita" propõe nada menos do que um novo "humanocentrismo", capaz de refletir nossa posição na ordem do universo. Um novo tipo de espiritualidade, que nada tem a ver com religião, centrada não no além, mas na vida. propõe nada menos do que um novo "humanocentrismo", capaz de refletir nossa posição na ordem do universo. Um novo tipo de espiritualidade, que nada tem a ver com religião, centrada não no além, mas na vida.
Para Roald Hoffman, ganhador do prêmio Nobel de química, "Marcelo Gleiser é nosso guia lúcido para onde a beleza é encontrada em um universo imperfeito, assimétrico e acidental." 
Colunista da Folha de S.Paulo, Gleiser também é autor de "A Dança do Universo" e "O Fim da Terra e do Céu", ambos vencedores do prêmio Jabuti.