por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Signo de Caranguejo



J. FLÁVIO VIEIRA


"Não há nenhum pensamento importante que a
burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados
 e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém,
tem apenas um vestido de cada vez e só um
caminho, e está sempre em desvantagem." (Robert Musil)


                                               O Crato, amigos, é mesmo uma cidade sui generis. Esta semana conseguimos por abaixo  dois paradigmas históricos. O primeiro profundamente cratense, do nosso Quixadá Felício : “Nesta terra há lugar para todos os homens de boa vontade” e um outro nacional , ditado por Pero Vaz de Caminha, na sua carta: “Nesta terra em se plantando tudo dá! Acabamos de provar  que não há boa vontade neste mundo que suporte a burrice de alguns nossos conterrâneos e que, ao contrário do que pensava nosso escrivão, nesta terra em se plantando, tudo fenece.  A pretensa cidade da Cultura  já não tem um Cinema, não possui um Teatro sequer, não tem mais nenhum Jornal, o Instituto Cultural deixou de publicar há mais de 20 anos sua Revista Itaytera,  o Museu do Crato está com instalações deterioradas e parte do acervo desapareceu. Neste exato momento em que a Mostra Cariri das Artes foi cancelada na nossa cidade, a Câmara Municipal foi invadida , a Reitoria da URCA sofreu outra invasão e a centenária Diocese do Crato está envolvida em processos judiciais de estelionato e formação de quadrilha.  Tínhamos, por outro lado, este ano, um interessante alinhamento de planetas.  Foi coisa botada ? Costuraram a boca de um sapo e botaram ali no Muriti ? A melhor explicação deste azar reiterado vem do nosso compositor Abidoral Jamacaru. Segundo ele, o Crato faz aniversário em 21 de Junho , deve ser  pois do signo de Caranguejo, assim,  astrologicamente se justificaria esse nosso destino de dar um passo para frente e dois para trás.
                                   O certo é que complexados como todos os cratenses já vivem, pulularam inúmeras versões e teorias conspiratórias nas Redes Sociais e rodinhas de praça,  tentando culpar vários atores políticos e sociais nesta derrocada derradeira. Afinal as Mostras SESC  , nos seus quinze anos, se tornaram o mais importante evento de todo o Sul do Ceará, formando platéias e imantando de diversidade cultural o Cariri, promovendo encontro de artistas e estimulando um interessante intercâmbio.  O holocausto da Mostra SESC por aqui envolve, na polêmica, basicamente três principais atores : A Prefeitura do Crato, a FECOMÉRCIO e a Guerrilha do Ato Dramático. Pretendo, aqui, refletir sobre cada uma das partes para tentar entender, depois do dilúvio, o motivo do afogamento generalizado. Quase impossível se entender a tragédia quando, este ano, tínhamos um interessante alinhamento de planetas : Dane de Jade, nossa fabulosa Secretária de Cultura, veio de dentro do SESC e foi uma das mentoras da Mostra, por outro lado, nosso Vice-Prefeito, Raimundo Filho, sempre teve uma ligação fraterna e umbilical com a FECOMÈRCIO, a grande patrocinadora da Mostra. Só nosso caié eterno mesmo para explicar a tragédia acontecida !  
                                   O SESC/Crato,nos últimos quinze anos, é bom que se entenda, funcionou como a Secretaria de Cultura da Cidade. A ele devemos não só as Mostras, mas espetáculos freqüentes do Palco Giratório e do Sonora Brasil, lançamentos de livros, shows musicais principalmente através do Armazém do Som , leituras de Cordéis na Feira e um interessante calendário de exposições de Artes Plásticas. As Mostras sempre aqui se instalaram  com praticamente nenhuma ajuda dos Governos Municipais, além da cessão de alguns espaços públicos para que acontecessem. E chegaram a trazer mais de 700 artistas, englobando, só em Crato, mais de dez salas de espetáculos funcionando ininterruptamente. Aqui chegaram espetáculos fabulosos como “Cassandra”, “Gota D´água” , “O Círculo de Giz Caucasiano”, para citar apenas alguns.  Vários dos mais importantes grupos teatrais do país  e do exterior como Argentina, Portugal, Uruguai, França aqui estiveram, sem falar em shows musicais  de importantíssimos artistas brasileiros : Nação Zumbi, Chico César, Jorge Mautner- Nélson Jacobina, Naná Vasconcelos e muitíssimos outros. Os artistas da região, nas suas mais multifacetadas formas,  participaram intensamente dos eventos. As Mostras sempre trouxeram uma imersão cultural importantíssima para o Crato, sem se falar sequer na injeção de economia, na nossa  cidade, aluguéis de espaços,  com restaurantes , lanchonetes, hotéis abarrotados. Isso sempre sem nenhum ônus, praticamente, para o município. O SESC, pois, tem amplas razões quando reclama do boicote por parte da gestão municipal à XV mostra. Vá lá que não se apóie, mas criar empecilhos, construir barreiras, não é demais ?
                                   Quanto à Guerrilha do Ato Dramático, ela surgiu há mais ou menos cinco anos por grupos de teatro do Cariri insatisfeitos com a seleção de espetáculos e, também, com a política de cachês. Estes grupos, é bom que se frise, fazem um trabalho incrível de resistência. Imaginem vocês, fazer Teatro Amador ou semi-profissional, no interior do Nordeste !  Batalham dia a dia contra todas as adversidades, órfãos quase sempre de apoio governamental. É preciso tirar o chapéu para eles. É claro que podem ter surgido radicalizações de parte a parte. Sempre entendi que a Guerrilha fazia-se sempre contra todas muitas  adversidades e não contra a Mostra SESC em si. Faltaram, possivelmente, negociadores para dirimir as arestas. Podia-se, por exemplo, negociar para os dois eventos não acontecerem simultaneamente. Já temos tão poucos no calendário !  Corre-se sempre o risco de uma cobra engolir a outra e a outra engolir a uma e as duas desaparecerem, como na historinha de Trancoso, risco que se corre agora. A questão dos cachês, claro, podiam ser revista, sempre lembrando , no entanto, que não é a qualidade do artista mas o próprio mercado que a determina. Luan Santana, por exemplo, tem um cachê infinitamente maior que o de Ednardo ou Gilberto Gil. Não acredito, de sã consciência, que os guerrilheiros tenham sido os causadores diretos pelo problema que ora vivenciamos. Até porque, sem a presença da Mostra, sem o seu clima, eles serão diretamente atingidos.  Não , são apenas coadjuvantes. As decisões maiores vêm do Generalato e não dos soldados rasos.
                                   A Prefeitura Municipal vem tentando, reconheço, recolocar o Crato novamente no cenário da região, ao menos em discurso. Jogou, de imediato, a culpa de tudo, na intransigência da FECOMÉRCIO que teria fechado questão contra a Guerrilha, numa espécie de  “Ou eles, ou nós, escolham!”. Sinceramente não acredito nesta versão, até porque os dois eventos vinham acontecendo simultaneamente há muitos anos. Um dos grandes pecados foi não terem ouvido Dane de Jade, a Secretária de Cultura dos sonhos de qualquer município nordestino! Eu mesmo queria levá-la para Matozinho. Dane vem de dentro do SESC, foi uma das mentoras da Mostra e tem uma vivência fabulosa nesta área. Temo até que utilizem este triste acontecimento, do qual ela não teve participação direta, para fritá-la politicamente.  Já estamos no subsolo de tudo , amigos, não merecemos este último golpe de misericórdia!  Sem Dane fecham-se praticamente todas as perspectivas de se retomar o vultoso passado Cultural da Cidade de Frei Carlos.  Percebo ( e tive informações privilegiadas sobre tudo) que , como sempre , as causas vieram de uma briga de  generais e não de simples samangos. Uma disputa de espaço político envolvendo vários atores graúdos da  política local e estadual.  Bate boca na Casa Grande termina, invariavelmente, em paulada na Senzala.
                                   Perdemos uma batalha ou fomos vencidos definitivamente? A hecatombe de hoje diz respeito apenas a 2013 ou nunca mais teremos a Mostra em Crato  ? Como a questão é basicamente de política partidária cabe uma grande mobilização da Cidade ( Estudantes, Clubes de Serviço, ICC, Fundação Mestre Elói, CDL) no sentido de intermediar estas  delicadas pendências, nas próximas edições.  Já vestimos todos os trajes da burrice nos últimos anos, não merecemos utilizar todo o enxoval. Aqui não já foi o paraíso dos homens de boa vontade ?

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Por Domingos Barroso

trêmulo

Quantas vezes (imagino)
os objetos me confessaram
sobre as suas vidas de silêncio
muitos ruídos e mil assombros -

eu ocupado com meus ridículos problemas
não ouvi os objetos da sala, cozinha, quarto.

Talvez se os tivesse ouvido
poderia ter salvo um bule
do suicídio pulando
do armário
de vidro.

Eu me redimo
olhando atento agora
para minha xícara branca
de leite na qual ultimamente
também bebo meu café e nescau.

Olho para ela
e contemplo
as lágrimas
de rímel.

Tantas imagens já vistas
e tantos poemas já escritos.

A candura, entretanto,
sempre é mais doce.

Uma criança
renova-se
no olhar.

"Catinga insuportável" - José Nilton Mariano Saraiva

Até que enfim o Crato chegou às manchetes, jornalísticas e televisivas. Pena que de uma forma nada positiva, não merecedora de encômios, nem um pouco edificante. É que o ex-prefeito da cidade, sentindo-se traído por um vereador que houvera sido seu aliado durante todo o tempo em que esteve no trono (nos últimos oito anos), resolveu fazer-lhe uma “visita amigável”, em companhia de um outro membro do legislativo cratense. Pois bem, durante o encontro, conversa vai conversa vem, ao tempo em que o incitava a fazer declarações comprometedoras (possível corrupção) contra o atual prefeito da cidade (seu adversário político), o ex-prefeito acionava um gravador a fim que a conversa registrada ficasse para a posteridade.

Nos dias seguintes, devidamente editados e vazados a conta-gotas, trechos da conversa gravada foram liberados para a imprensa, objetivando mostrar um suposto “modus operandi” mafioso do atual mandatário da cidade (compra de votos). Então, a coisa fedeu e uma “catinga insuportável” tomou de conta das ruas, praças, bares, clubes sociais, igrejas, bancos, consultórios, lotéricas e por aí vai, já que ao ouvir a própria voz num programa de alta audiência numa das emissoras da cidade e constatar que houvera sido enganado de forma humilhante pelo ex-amigo, a única e esfarrapada desculpa brandida por Sua Excelência (???) foi a de que naquela oportunidade havia “tomado umas e outras” e estava “fora de si” (sic), daí ter falado o que não devia. Assim, a se confirmar a fala do parlamentar, o ex-prefeito teria se aproveitado de uma pessoa em adiantado estado de embriaguez a fim induzi-la a fornecer informações que comprometeriam um adversário político (e isso é bastante grave).

A propósito, é de domínio público que o ex-prefeito do Crato é um dos herdeiros de um dos maiores cartórios de Fortaleza (deixado pelo pai para a família) e, conseqüentemente, até por dever de ofício deve saber que qualquer gravação feita sem a autorização da justiça, além de não ter qualquer valor jurídico constitui-se crime grave, passível de punição. E é difícil acreditar (diríamos até impossível) que a Justiça conceda autorização para que uma pessoa física (ou mesmo qualquer autoridade) bisbilhote a vida de quem quer que seja, sem que haja um motivo relevante e de interesse coletivo (picuinhas, então, visando beneficiar-se pessoalmente, nem pensar). Assim, caso se sinta prejudicada, basta que a parte ofendida procure a Justiça em busca da competente reparação, cabendo até a impetração de processo e a conseqüente indenização por danos morais.

Agora, aqui pra nós, independentemente do desenlace de tão lamentável e vergonhoso imbróglio, que só serviu para manchar ainda mais o nome da cidade em nível nacional, o que se pode concluir é que as partes envolvidas (ex-prefeito e diversos vereadores) demonstraram não ter nenhum apreço pela ética, qualquer consideração para com o cargo para o qual foram guindados, nenhum respeito para com os que os elegeram.


Como estamos às vésperas de mais uma eleição, é bom atentar para isso, porquanto já se comenta que o ex-prefeito pretende se candidatar a Deputado, no próximo ano. 

Lindo filme.Trilha sonora belíssima!




 Madrugo.
Enquanto o dia começa, no murmúrio das panelas, fico ligada  nos filmes que tocam a minha emoção.
"Nosso amor de ontem" é bom pra se ver de vez em quando, ou pelo menos uma única vez!
Existem amores que mudam de percurso sem fugir do coração da gente.Quem explica a exaustão da paixão?
Quem explica a beleza de viver o amor zelo, companheirismo, compreensão, e ainda com uma pitada de paixão?
Sexo em qualquer tempo, idade ou situação é apaixonante, se o parceiro é o amor de sempre!

socorro moreira

quarta-feira, 6 de novembro de 2013



Hoje amanheci o dia vendo pela segunda vez, o filme, baseado na vida do jazzista Dexter Gordon,  interpretado por Dale Carter. Vale a pena  conferir !

"Mistério" - José Nilton Mariano Saraiva

Terá feito alguma viagem transcontinental e esquecido o danado do notebook em casa ???  Ou estará curtindo adoidado a noite parisiense e esquecido do Crato ??? Avançou um pouco e perdeu-se na imensidão da gélida Sibéria ??? Ou empreende uma sofrida escalada ao Monte Everest, objetivando quebrar algum recorde ??? Decidiu se auto-exilar por uns tempos ???  Ou estará com alguma doença que não lhe permite aparecer ???  Terá sido seqüestrado por algum fã incondicional e ardoroso ???  Ou recolheu-se voluntariamente a fim de elaborar alguma obra literária monumental ???  Resolveu dá um tempo, a fim de testar o Ibope ??? Ou foi contratado por alguma organização ultra-secreta, objetivando elaborar uma vacina contra a corrupção ??? Enfim, por onde andará ??? Que mistério danado é esse ???

De concreto, o que se sabe é que já há cerca de quase três meses os “diaristas” dos blogs cratenses “No Azul Sonhado” e “Cariricult” não têm tido o prazer de acessar e se deleitar com os textos fabulosos do conterrâneo Zé do Vale Pinheiro Feitosa, sem favor nenhum (junto com o Zé Flávio Vieira), um dos dois “monstros sagrados” dos blogs caririenses na arte de colocar o preto no branco (e antes que algum apressadinho de plantão emita algum “juízo de valor” equivocado, que fique bem claro: não, não o conhecemos pessoalmente; mas, algum dia vamos ter, sim, tal privilégio).

Fato é que nunca uma ausência foi tão sentida; nunca a constatação de uma falta foi tão reclamada; nunca foi tão fácil constatar que os dois blogs do Crato perderam em substância e qualidade devido a uma “não presença”.

E como quem promete não pode faltar, tá na hora de voltar, Zé do Vale.  

Lero, lero...- Socorro Moreira



Angústia de me disponibilizar pra cooperar com o Outro, e  o meu silêncio imperar, no momento do grito.
Repasso a vida, em blocos incontínuos.
Roubaram-me de ti, nos anos 70, e a partir de então, passei a te procurar no tempo, nos lugares, em pessoas, no céu, e nas  canções.
"Menino do Rio"- melodia tão linda!
-”... Toma esta canção como um beijo”...
Vejo a reprise da novela de mais de 30 anos atrás. Observo a beleza das adolescentes, Glória Pires, Lucélia Santos, Maria Padilha, Ângela Leal, Maria Zilda, Natália do Vale... A meninice de Isabela Garcia
; a maturidade bela de Tônia Carrero, além da saudosa lembrança de Raul Cortês, José  Lewgoy, e outros.
Acho que me procuro num tempo mal ou bem vivido para juntar meus pedaços  e me reintegrar num presente  sombrio.
Roubou-me a poesia, o amor incrédulo: a emoção de arrumar e desarrumar malas, ou de me preparar para dançar a noite toda, num baile.
Acabei de fazer uma maquiagem em mim. Perdi o frescor, mas alguma coisa no meu rosto ainda me faz lembrar antigos contornos.
Estou antenada com tudo que ocorre no mundo, tão bem colocado por  Zé Nilton Mariano. Leio com gula e encanto os textos de Zé Flávio, escritor inesgotável em criatividade, humor, espírito crítico. Sinto saudades do nosso "valium", que prometeu voltar, mas ainda está  sumido na estrada. Quem sabe esperando uma carona, ou tirando fotografias da vida, nos mares de Paracuru?
Sinto saudades de todos os nossos escritores e poetas que compunham uma literatura diversificada, poética e amiga.
Cadê Nicodemos ,Ulisses, Carlos, Magali ,Joaquim ,Stela, Marcos Barreto, e tantos outros?
Na última postagem do blog, um convite sinistro!
A Mostra de Arte do SESC/2013 está moribunda ou faleceu?
Triste, isso!
Morre com ela  nossa corrida para visualizar  a plástica de todas as falas, cores, sons pra todos os nossos gostos. Agora o alimento é nihil, ou quase...
Tenho encontrado cada vez menos os meus amigos. Estamos parando de fumar, comer, beber, e de amar?
O saldo positivo é a depuração da compreensão e sentimentos .Eles deveras se conectam do virtual para o real, e nos mostram que a vida é um claro/escuro, dentro de um universo infinito. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

ADEUS !

MOSTRA SESC / CRATO

CONVITE ENTERRO 

* 1998     + 2013  



O "babaca" - José Nilton Mariano Saraiva

Falastrão e flagrantemente desequilibrado emocionalmente quando sob pressão, o senhor Ciro Gomes viu-se rejeitado pelo povo em mais de uma oportunidade em suas tentativas de ascender politicamente ao cargo majoritário da nação, claro que por achá-lo inabilitado e despreparado para tal mister (já pensou uma figura dessas num foro internacional, discutindo algum tema delicado de interesse da nação).

Assim, retornou ao Ceará, onde o irmão, mandatário maior do Estado e presidente do PSB, arranjou-lhe uma “boquinha” ao nomeá-lo “assessor especial” do partido (sem que até hoje se saiba quais as atribuições pertinentes e o salário pago). Tanto é que, irrequieto por não ter o que fazer e por ter sido relegado ao ostracismo (decerto uma situação dolorida para quem houvera se acostumado às manchetes), forçou a barra e conseguiu ser designado Secretário de Saúde do governo, aonde já chegou fazendo barulho, como se fora o salvador da pátria. Só que, acostumado a mandar e desmandar por onde andou, vem se constituindo uma incômoda pedra no sapato do Governador-irmão, por conta da descabidas interferências que dia-a-dia patrocina, tanto que já há quem questione quem realmente manda no governo, se ele ou o mano querido.

Sua mais recente “travessura” deu-se na cidade do Iguatu, quando o irmão teve a infeliz idéia de incluí-lo na comitiva governamental que cumpriria uma série de compromissos naquela urbe. É que, chegando à cidade antes do governador, deparou-se com uma manifestação de estudantes da Universidade Regional do Cariri-URCA, protestando contra o estado caótico em que se encontra a educação não só naquela universidade como também em todo o estado do Ceará (enquanto vultosas verbas são destinadas a projetos de utilidade duvidosa).

E aí (claro que na tentativa de voltar às manchetes por cima de pau e pedra), o senhor Ciro Gomes deu um jeito de armar seu circo particular: cercado pelos áulicos de plantão e de parrudos seguranças (e eles nunca desgrudam do próprio, estão sempre lá na cola, dispostos a até baixar o sarrafo) bateu boca com os estudantes, chamou-os de “babacas”, investiu contra um deles, tomou-lhe o cartaz que portava e rasgou-o acintosamente, como se fora o “valentão do pedaço”.

Pergunta que se impõe: quem é mesmo o “babaca” dessa história, aquele que de forma democrática exerce seu direito de lutar por melhorias que contemplem todo o universo de uma atividade essencial (como a educação), ou essa figura menor, recorrentemente desequilibrada, que se julga o “messias” do mundo contemporâneo???

Quem é o “babaca” ???

sábado, 2 de novembro de 2013

O "berço" - José Nilton Mariano Saraiva

Inserta lá no meio dos versos de Joaquim Osório Duque Estrada, que alfim compõe o Hino Nacional Brasileiro, a frase aparentemente inocente e comodista - “deitado eternamente em berço esplêndido” - durante muito tempo serviu para que os pessimistas de plantão tratassem de afinar o discurso negativista, tentando ridicularizar e achincalhar o próprio país, porquanto retrataria com fidelidade uma espécie de “estado de espírito” omisso e acomodado dos seus dirigentes. Daí a perspectiva de um futuro desalentador e sombrio, profetizavam. Só que, ao longo dos anos, trabalhando com denodo e em silencio, nos bastidores, o Governo Federal paulatinamente conseguiu inserir o país no tabuleiro desenvolvimentista, via projetos bem estruturados, criteriosos e consistentes (inclusive apoiando de forma decisiva a iniciativa privada), daí o Brasil figurar, hoje, como um dos cinco emergentes que no futuro (que tá logo ali na esquina) se firmará, sim, como uma potência mundial. Pois bem, nessa bendita arrancada que já iniciamos rumo ao primeiro mundo, um dos insumos basilares que faz a “roda girar” é, sem sombra de dúvida o petróleo (apropriadamente cognominado “ouro negro”) em razão da miscelânea de utilidades que incorpora, daí sua conseqüente e necessária presença em tudo que represente alavancagem, progresso, desenvolvimento. Em qualquer idioma e rincão do planeta Terra. E então, “fiat lux”: por obra e graça do petróleo, no Brasil houve como que um despertar repentino, de sorte que o “deitado eternamente em berço esplêndido”, tão criticado e achincalhado pelos negativistas, se transfigura e nos apresenta uma outra conotação, um outro horizonte, uma outra faceta: sim, senhores, nosso país literalmente repousa, desde tempos imemoriais, num portentoso reservatório de petróleo, que poderá transformá-lo num dos maiores produtores-exportadores do produto, com tudo de bom que isso representa. É que a competente estatal brasileira Petrobrás, expertise na exploração em águas profundas, depois da descoberta de imensas reservas petrolíferas nas profundezas oceânicas do pré-sal (Bacia de Campos), agora anuncia um outro feito capaz de nos catapultar rumo ao primeiro mundo, verdadeiro passaporte para se adentrar no seleto grupo de países preferenciais: o recém-descoberto campo de Libra guarda algo em torno de impressionantes 15 bilhões de barris de petróleo (como se não bastasse, logo após a descoberta de Libra, aquela estatal e o governo de Sergipe anunciaram a descoberta de uma monumental nova reserva do mineral, no litoral de Sergipe-Alagoas, ainda maior em termos de área (2.418,77 Km²) do que a de Libra (cerca de 1.500 km ²). Claro que a extração de toda essa riqueza do fundo do oceano é por demais complicada e onerosa, mas não faltarão parceiros dispostos a alocarem os recursos necessários, via aceitação da “partilha” proposta pelo governo brasileiro (que ficará com 75% do que for extraído) daí a tendência a que nos tornemos um dos mais produtores-exportadores de petróleo. E inquestionáveis serão os reflexos na alavancagem desenvolvimentista e sustentável, propiciada. Fato é que, se vivíamos “deitado eternamente em berço esplendido” (mesmo tendo como colchão um mar de petróleo), agora o gigante não só despertou, mas levantou, e tende a ocupar lugar de destaque no conceito das nações. Evidentemente nossa geração não alcançará o apogeu disso tudo, mas, olhando em termos macros, nos conforta saber que nossos descendentes (filhos, netos) hão de usufruir das benesses de um país que o mundo há de respeitar. Alguém duvida ???

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Tá Russo !




                             

J. FLÁVIO VIEIRA
 
                               Jonathan Swift ( 1667-1745)  , escritor irlandês, viveu naquele período que antecedeu, diretamente à Revolução Industrial.  Vivendo em Londres, testemunhou a cidade se apinhando de pobres diabos , em meio às profundas migrações do meio rural para uma ainda nascente metrópole. Juntos se avolumavam  todos os problemas de ordem sanitária, habitacional, econômica  que, inclusive, tinham dizimado grande parte da população , na Grande Peste de Londres, um ano antes do nascimento do escritor. Swift foi, certamente, um dos maiores sátiros da Literatura Universal. Em 1729, ele escreveu uma das suas pérolas : Uma modesta proposta para prevenir que, na Irlanda, as crianças dos pobres sejam um fardo para os pais ou para o país e, para as tornar benéficas para a República”. No folhetim, Swift propunha, vendo a terrível situação de mendicância das crianças dos humildes  no Reino Unido,  que elas fossem vendidas a peso, por volta de uma ano de idade, e transformadas em carne para consumo humano. Segundo sua tese , os benefícios seriam enormes : a tenra carne de criança, teria grande aceitação; os rendeiros mais pobres, cheios de filhos, teriam um grande capital a negociar; pela grande quantidade de pequerruchos a serem postos no mercado, haveria uma grande injeção de capital, no país; seria ainda um grande incentivo ao casamento, já que os filhos vindouros renderiam grana; aumentaria o cuidado das mães pelos filhos, antevendo o lucro; os homens passariam a gostar tanto de suas mulheres na gravidez, quanto das suas éguas prenhes e , muitas outras vantagens são citadas, corroborando a tese aparentemente estapafúrdia do autor. Swift, de forma drástica, queria denunciar a terrível situação social  numa Londres e Irlanda  com olhos fitos , diretamente, no capital e no seu lucro. Deixar os bebês morrerem de moléstias, fome e inanição, seria menos perverso do que fazer valer sua Proposta ?
                               Lembrei Swift, amigos, justamente porque, justamente 284 anos após sua autodenominada “Modesta Proposta”, apareceu, no Brasil, um discípulo do mestre Irlandês. Em Piraí, Rio de Janeiro, o vereador Paulo Carvalho de Oliveira, conhecido popularmente por “Russo”, apresentou um projeto polêmico na Câmara. Propõe, abertamente, cassar o voto dos moradores de rua. Em discurso inflamado na tribuna defendeu sua teoria, com veemência :                                         
   -- "Mendigo não tem que votar. Mendigo não faz nada. Ele não tem que tomar atitude nenhuma. Eu não dou nada para mendigo. Não adianta me pedir que eu não dou. Se quiser, vai trabalhar”.  
                               Em seguida, olhos esbugalhados, babando pelos cantos da boca,  citou o texto que, como por encanto, o pôs numa máquina do tempo e o aproximou de Swift que dorme , há três séculos na Capela de São Patrício em Dublin :
                               ---  “Aliás, acho que mendigo deveria virar comida para peixe !”
                               Definitivamente, as nossas Câmaras de Vereadores andam passando por momentos difíceis. A de Juazeiro mereceria ser barrida do mapa e a de Crato poderia, sem grandes problemas, ser transformada numa Casa de Leilões. Quem dá mais ?
                               Na visão do Russo , mendigo não é gente, enfeia a cidade, não quer trabalha, e não pode exercer seu direito de cidadão, mesmo de última classe. E ele, inclusive, tem uma espécie de Solução Final para o problema, inspirado mesmo de viés, no grande escritor irlandês. Na verdade, Paulo Carvalho tem, pasmem todos, uma visão que não é muito diferente de muitos e muitos meninos de classe média alta deste país e que já se haviam  antecipado na resolução desta crítica mancha  urbana, quando tocam fogo nos pedintes que dormem nas praças públicas  e  criaram um prato especial : o indigesto  “Churrasco de Mendigo”.
                               Observando bem, Paulo de  Carvalho e Swift estão separados não só por três séculos. A proposta do vereador de Piraí , por incrível e absurda que possa parecer, é real, saiu da sua cabeça como verdade e necessidade insofismáveis. E mais, ele não está sozinho, ele representa um enorme segmento da nossa mais refinada sociedade. Este grupo entende os mendigos como a borra , a lama da sociedade e que só servem para poluir visualmente as cidades. Os eleitores de Carvalho defendem pena de morte e, para eles,  a pobreza é sinônimo de preguiça e de furto. Swift, como todo grande artista, montou sua sátira para alertar uma Sociedade adormecida das profundas injustiças sociais que pululavam à sua frente. Paulo de Carvalho apresenta uma tese que orgulharia Eichmann , Mengele e Hitler.
                               O vereador poderia, muito bem, se preocupar com os terríveis e milenares problemas que continuam devastando a humanidade. Este outro, Paulo, já está resolvido. Todos nós, Russo,  eu,  você e os mendigos que você pretende dizimar, temos um banquete marcado prá daqui a pouquinho. E seremos servidos  todos como prato principal, não aos peixes, meu amigo, mas aos vermes.

Crato, 01/11/13

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

"A hora é agora" - José Nilton Mariano Saraiva

Tão brincando com fogo. E a experiência ensina que quem brinca com fogo tende a queimar-se (cedo ou tarde). Principalmente quando impera a falta de cuidados, os excessos, a afobação, enfim, o desrespeito ao bom senso e às leis. A reflexão acima tem a ver com as tais manifestações que se espraiam pelo país desde junho passado. Manifestações que, se pacíficas, ordeiras e com objetivos definidos, encontram respaldo no próprio texto constitucional (tanto que o Governo tem, via polícia militar dos Estados, na medida do possível, se limitado a proteger seus integrantes ao longo das caminhadas). Mas que perdem tal respaldo a partir do momento em que seus integrantes confundem liberdade com libertinagem, democracia com anarquia. Afinal, esconder-se atrás de uma máscara objetivando atentar contra o patrimônio público e privado (depredando a torto e a direito), impedir o ir e vir das pessoas, agredir os que tentam manter a ordem, bloquear vias importantes por onde escoa a produção nacional e por aí vai, não é bem um “ato democrático”. Exemplificancdo: a rodovia Raposo Tavares é uma das principais do estado de São Paulo, por onde trafegam milhares de veículos diariamente; não só automóveis particulares e o transporte público, mas, principalmente, caminhões e carretas que transportam cargas para os mais diversos rincões do país. Ou seja, a Raposo Tavares é um dos importantes corredores por onde se processa o “giro da roda” - a movimentação da economia do país. Eis que, de repente (e a televisão mostrou ao vivo), a Raposo Tavares literalmente parou em razão de um quilométrico e monumental congestionamento, em pleno dia útil. É que, mais à frente, obstruindo-a e provocando tal confusão, doze (12) pessoas (sim, senhores, apenas doze solitários “manifestantes”) se acharam no direito de parar a maior cidade do país, via protestos contra a falta de moradia. Já na rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte, cerca de 90 pessoas impediam o ir e vir de quem quer que seja, ao tempo em que incendiavam caminhões e ônibus, em protesto pela morte de um adolescente de 17 anos por um policial militar. Fato é que, se agora o Governo Federal não tomar uma decisão dura o suficiente para se fazer respeitar (tolerância zero, via intervenção da Força de Segurança Nacional), os tais manifestantes sentir-se-ão à vontade para deflagrarem um movimento anárquico de inimagináveis proporções. E o objetivo maior, sabemos todos nós, é levar a anarquia até o ano 2014, quando o Brasil estará na mídia mundial em razão da realização da Copa do Mundo e das eleições presidenciais. E aí, as manifestações de junho de 2013 serão consideradas “fichinha”, “café pequeno”, ante os estragos que pretendem implantar, já que desmoralizando o Governo e o próprio país ante a comunidade internacional. Urge, pois, que o Governo Federal entre pra valer no embate, antes da chegada definitiva do caos. A hora é agora.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

"Ronda" - José Nilton Mariano Saraiva

A partir do momento em que o Governo do Estado do Ceará se decidiu pela criação do programa “Ronda do Quarteirão” (espécie de tropa de elite da polícia militar) visando combater com mais eficiência a bandidagem (segundo a propaganda oficial), uma medida causou estranheza: sob o pífio argumento de que as prováveis perseguições de marginais deveriam ser feitas por carros potentes e rápidos, os veículos a serem utilizados pelos policiais seriam de uma só marca, com tração 4 x 4 e cilindrada 2,7. E aí se descobriu a cereja no bolo: a Toyota era a única marca que atendia àqueles requisitos e a Newland, revendedora de tal marca em Fortaleza a beneficiada, a quem também caberia a manutenção (caríssima) de toda a frota, por tempo indeterminado. Hoje o programa “Ronda do Quarteirão”, se constitui numa espécie de calcanhar de Aquiles do Governo do Ceará, porquanto criticado por gregos e troianos, além do que seus integrantes não teriam recebido o tratamento adequado para manobrar equipamento tão sofisticado, daí as constantes quebras e, conseqüentemente, em constante manutenção nas oficinas da Newland (afinal, única beneficiária). Ainda assim, independentemente das críticas e do pífio resultado alcançado, o Governo do Estado do Ceará houve por bem abrir licitação para a compra de nada menos que 400 (quatrocentos) novos carros, a serem incorporados à frota. E aí surgiu um problema: desta vez, a General Motors (Chevrolet), que houvera fabricado um carro com as mesmas qualificações da Toyota, foi a montadora vencedora da licitação, já que com um melhor preço. E aí, estranhamente, usando de um artifício capaz de suscitar dúvidas, o Governo do Estado do Ceará houve por bem desclassificá-la, sob a alegativa de que os novos carros deveriam ter a cilindrada de 3,0 e não mais 2,8, como na licitação anterior. Isto posto, o carro escolhido foi o mesmo (Toyota), a revendedora a mesma (Newland), que ficará responsável pela manutenção da frota. O prejuízo para os cofres público será da ordem de R$ 10,0 milhões (o suficiente para comprar 63 carros a mais), daí o Tribunal de Contas do Estado já ter sido acionado pelo aguerrido Deputado Heitor Ferrer. Mas, como naquela corte o Governo manda e desmanda o contribuinte não deve alimentar expectativa de que a coisa seja mudada. Agora, aqui pra nós, bem que poderiam nos informar qual o percentual da comissão que a Newland tá disponibilizando para ter tantos privilégios.

sábado, 26 de outubro de 2013

"Biografias" - José Nilton Mariano Saraiva

Mas...afinal, biografias devem ou não ser autorizadas ???

O bafafá a respeito nos remete a uma entrevista concedida pelo jornalista Lira Neto, depois que colocou no mercado, em 2009, a volumosa (e cara) biografia que produziu enfocando Cícero Romão Batista (são mais de 500 páginas).

Pois bem, após narrar o conceito “objetivo” da Igreja Católica a respeito (tanto que na prática redundou na expulsão do sacerdote das suas hostes), bem como as “subjetividades” dos fanáticos adeptos (tanto que sem nenhuma comprovação dos pretensos milagres), aquele jornalista foi instado a pronunciar-se se acreditava realmente na ocorrência do tal “milagre da hóstia”.
Depois de tergiversar, gaguejar, pigarrear, Lira Neto diplomaticamente tirou o braço da seringa ao afirmar que àquela época, lá (em Juazeiro) houvera acontecido “alguma coisa”, mas que não poderia precisar o quê. Ou seja, até o biógrafo levanta dúvidas a respeito da veracidade da informação que acabara de divulgar.

Sem dúvida, uma ducha de água fria nos adeptos de Cícero Romão Batista, que aguardavam um depoimento incisivo e contundente de sua parte, confirmando a sua convicção a respeito, afinal não manifestada.

Assim, o houvera acontecido “alguma coisa”, do biógrafo Lira Neto, deixa a porta entreaberta para que livremente trafegue versões outras e mais consistentes, inclusive e principalmente a da própria Igreja Católica, segundo a qual o tal “milagre da hóstia” não passou de uma grotesca farsa, desbragado charlatanismo (tanto que seu “arquiteto-idealizador” foi sumariamente desautorizado, excomungado e expulso da instituição).

Particularmente, entendemos que ancorados no generoso e amplo sentido embutido no conceito “liberdade de expressão”, ninguém tem o direito de sair por aí devassando a vida de outrem, sem prévia autorização, já que objetivando puramente fins mercantilistas.