por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 3 de maio de 2013

Por Vossa Mercê me ardo de amores...




                               A carta foi descoberta em uma greta, na parede de uma casa antiga de Toledo na Espanha. O proprietário atual da velha mansão se dispusera a fazer uma reforma. Por trás de uma das vigas,  deu-se com o tesouro , envolto em um canudinho e atado comum já puído barbante.  Junto uma espiga de milho que deve ter ajudado a introduzir o canudo nas profundidades do muro. Havia sido ali colocada, cuidadosamente, como uma relíquia que se quer preservada. Como se a descoberta  inoportuna pusesse em desequilíbrio a estabilidade de dinastias e estados. A restauração careceu de cuidados arqueológicos. O documento ameaçava desintegrar-se ao simples toque das mãos. Para surpresa de todos,  a cartinha não carregava consigo segredos de estado, estratégias militares, conspirações palacianas. Tratava-se de  uma carta de amor.
                               As linhas  haviam sido escritas, em letra artística,  com uma pluma de pássaro : nada mais adequado  para palavras de amor !  Fluidez, leveza, horizontes infinitos de passarinho. Nela, um apaixonado Dom Alfonso de Vargas y Montes  dirigia-se à sua querida Doña  Maria de Sierra,  com a aflição dos amantes, em frases como : “É por vossa mercê que me ardo de amores...” e “nasci para servir a vossa mercê e não para mandar”.   Agradecia por alguns favores recebidos  e demonstrava, claramente, que o amor se fazia correspondido,  pois  D. Alfonso elogiava, cortesmente, a letrinha da amada em correspondências anteriores.  Citava ainda duas outras pessoas que, certamente, deviam conhecer a relação  secreta: “ Pepita, quando te beijar, te dará dois beijos, um por mim e outro por Don Juan”. Terminava a missiva de forma esperançosa : “Por haver escrito com pressa, não explico melhor meu afetuoso amor por vossa mercê. Para manhã, sendo Deus servido, espero resposta”.  Datava D. Alfonso sua correspondência : “29 de Outubro de 1700”.
                               Tinham se passado mais de trezentos anos desde que o nosso apaixonado e fervoroso Vargas y Montes encaminhou  aquelas bem traçadas linhas à sua amada. Quem seriam D. Alfonso e D. Maria de Sierra ? Qual o fim dessa história ? Pesquisadores tentaram identificar o casal de enamorados , mas mostrou-se impossível o projeto. Na época, não havia registro nenhum de mulheres  e nem participação delas em  levantamentos censitários. Dom Vargas y Montes também não se localizou.  Descobriu-se, apenas, que a atual vivenda onde a relíquia foi descoberta  fazia parte de um antigo seminário e aventou-se a possibilidade de a amada de D. Afonso ser uma religiosa, talvez enclausurada com o único fito de ser afastada de um pretendente de origem plebeia ou  inadequado aos olhos da família Sierra.
                               O leitor pode até concluir, como Álvaro de Campos, que “Todas as cartas de amor são ridículas” , independentemente da cronologia de quando se as grafaram. Talvez, no entanto, mais grotescas e ridículas sejam as forças que se antepõem seguidamente ao exercício natural do amor em suas mais diversas formas. A paixão de D. Afonso e Doña Maria terminou corroída pela inexorabilidade  do tempo, como todas as coisas neste mundo,  sujeitas à ferrugem e ao cupim das horas.  Se os beijos  do nosso galante  escritor aconteceram apenas pela intersecção de Papita  ou um dia chegaram à esperada realidade, não se sabe. Apenas temos a certeza que duraram o infinitesimal momento em que aconteceram. Se o amor carrega consigo essa efemeridade inevitável, a cartinha de trezentos anos prova, por outro lado, que o sentimento que tangeu D. Afonso e D. Maria são eternos na sua essência. Hoje , com os celulares e os e-mails,  já não possuem a perenidade de registro que Vargas y Montes um dia imprimiu.  Mas, no íntimo, mantém aquela cola básica que se faz a força motriz da humanidade e que um dia redundou na degustação dos frutos da árvore do bem e do mal e na expulsão dos jardins do éden.
                                               O que faz a Terra girar sempre continua sendo a  a esperança que imantou D. Vargas y Montes :  a de que, para amanhã, sendo Deus servido, uma resposta há de chegar.

J. Flávio Vieira

  

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Felpuda
Tua voz noturna

O sono encurta a vida

Paro pra contar
Conto pra pensar

Sonho
Teu lugar
Ora, justo agora...
É vazio!

socorro moreira


Enrolei a dor na imaginação
A dor escapuliu, mas voltou.

O que desejo pra ser feliz?
- O que sou!?

Presa ao teu olhar-
Instantâneos-
Na densidade do passar dos anos

Trago a tua imagem...
Embriago-me !
Tão fortes, minhas leves lembranças...

socorro moreira


Cem portas, sem chaves
Interagem abraços e falas
Esperanças, desencantos...

Respingos do céu-novas águas-
O tempo goza eternidade,
E pune o mundo da temporalidade

Vai chegar, vai findar
A vida sem portas, sem janelas
Chaves enferrujadas nas esperas.

socorro moreira

Por Vera Barbosa


Poesia é a vida sendo recheada de carinhos e delicadezas. Está nas coisas mais simples e expressivas, como uma criança dormindo profundamente relaxada. Está na beleza das flores, do sol e da chuva. Está no amor, no brilho de um olhar apaixonado, na bolha de sabão que explode, suavemente, no espaço. Na alegria de viver, na espontaneidade de um sorriso. Como disse o poetinha, está na beleza de cada encontro, embora haja tantos desencontros pela vida... Está em mim e em ti, basta descobri-la. (Vera Barbosa)

A "face oculta" do patrocinador - José Nilton Mariano Saraiva


Até a “pedra da batateira” (lá no Crato) tem plena consciência (pedra, pensa ???) que na partida final da Copa do Mundo de Futebol, de 1998, realizada na França, a seleção brasileira atuou (não necessariamente em termos numéricos) desde o princípio, com um jogador a menos, daí a atuação ridícula e a conseqüente acachapante derrota por 3 x 0 para os anfitriões. É que o jogador Ronaldo Nazário (vulgarmente conhecido por o “Gordo”), que houvera sofrido convulsões minutos antes, foi escalado para aquele jogo meia-hora antes, sem que tivesse a mínima condição para tal (e aí, faltou um “doutor” arrochado, com um mínimo de ética e dignidade, para diagnosticar isso). Tanto é que, momentos antes da pugna se iniciar, no documento oficial disponibilizado para a imprensa de todo o mundo, figurava o nome do seu então reserva eventual, Edmundo, como titular do ataque brasileiro. O que aconteceu para que um jogador sem a mínima condição (e durante todo o jogo isso ficou comprovado) tenha sido posto, de forma até temerária, para disputar uma final de Copa do Mundo, após um suposto ataque epiléptico ??? Por que motivo a expectativa de milhões de pessoas foi prematuramente relegada a um plano secundário, frustrando-as de forma irremediável, porquanto com um jogador a menos em campo ??? À época, sem maiores contestações, desculpas sem pé nem cabeça foram ventiladas por parte de dirigentes, equipe médica e por aí vai, mas que nunca convenceram a ninguém. Posteriormente, restou comprovado que a razão determinante fora obliterada: o jogador entrou em campo literalmente dopado por um coquetel de possantes remédios. Pois foi em função da atipicidade daquele momento e em circunstâncias até dramáticas, que o Brasil conheceu, em toda a sua desfaçatez e crueza, a “face oculta do patrocinador”, e que a mercantilização desbragada chegara com força ao futebol: é que a Nike, patrocinadora não só da Seleção Brasileira, mas, também, do próprio jogador, teria “exigido”, “imposto”, “determinado”, por cima de pau e pedra, que ele fosse escalado, independentemente do comprometimento da sua condição físico/clínica. Como as quantias envolvidas eram dignas de algum desses príncipes árabes que nadam em petróleo, a “ordem” foi obedecida sem qualquer contestação e, assim, a seleção brasileira apresentou-se de forma pífia, naufragando de forma vergonhosa. E não se falou mais nisso, petê saudações (talvez se o jogador tivesse “batido as botas”, em pleno gramado, a verdade surgiria cristalina). Fato é que, de lá pra cá, a força do patrocínio-mercenário se solidificou a cada dia, e isso se reflete na “invasão” dos antigos “mantos sagrados” (camisas da seleção e dos clubes, às quais tínhamos orgulho de envergar), que se transformaram em autênticos outdoors ambulantes, já que descaracterizadas por propagandas de qualquer espécie. Ou será que algum torcedor do Vasco da Gama, por exemplo, algum dia imaginou ver o time entrar em campo com uma camisa azul e branco, que não tem nada a ver com a tradição do clube; ou que um flamenguista tenha que suportar o time envergar um uniforme amarelo e azul, tudo isso imposto e bancado pelo patrocinador ???. No mais, a badalada escolha do melhor jogador do mundo não passa de um jogo de cartas marcadas, uma farsa patrocinada pelo tal patrocinador que, inclusive, chega até a determinar os resultados das partidas (inclusive em Copas do Mundo) dependendo das suas conveniências. É a “face oculta do patrocinador” em toda a sua pujança, que muitos teimam em não ignorar. 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

O formigueiro, James Bond e a Tartaruga - por José do Vale Pinheiro Feitosa


Uma multidão nestes túneis de vai e vem incessante. Sem nunca descansar. O formigueiro é o universo em criação. Na entranha da superfície com uma rede de comunicação entre os buracos de saída ao exterior. De onde continuamente o sobrepeso é transportado, preso à tesoura, encalcando as pernas frágeis mais ainda contra a gravidade. Quanta resistência por vencer! Quantos esbarrões no trajeto! Ainda mais com o peso da carga que transporta. Dos altos galhos das árvores até as profundezas do formigueiro. Continentes a transpor sobre as magras pernas que se movem com a velocidade de um motorzinho nervoso. Tanta coisa por viver.

E o olhar indiferente aos sapatos que esmagam a insignificância da formiga na estrada do viver humano. Um James Bond ousado e detalhado em artimanhas. Tanta coragem de viver e uma lista enorme de feitos, cada um mais minucioso, em avanços tecnológicos e na supremacia da inteligência. Uma vida de milhões de minutos avante da história da formiga. Basta comparar o tempo disponível para tanto viver e com isso excluir as formigas das possibilidades da lembrança e da identidade.

No passo lento a tartaruga desdenha a pequena fração de vida de James Bond. É tão pouco. Pouco mesmo. O máximo que consegue é examinar as ruínas de tempos remotos e viver a ruina do próprio tempo. E a cinegrafia balança entra a memória e o testemunho da fugacidade de James Bond.     

sábado, 27 de abril de 2013

"Jugo" - José Nilton Mariano Saraiva


A “obediência canina” é um dos pré-requisitos básicos àqueles que têm a desventura de trabalhar sob o "jugo" do global narrador Galvão Bueno, já há décadas o chefe supremo da equipe esportiva da TV Globo. Nem que isso represente navegar contra a maré. É de todos conhecido, por exemplo, a “geladeira” (isolamento) em que foi posto o crítico de arbitragem Arnaldo Cesar Coelho, por ter tido a ousadia de discordar de uma opinião do “chefe”, durante uma transmissão ao vivo.
Pois bem, durante a narração do último jogo Brasil X Chile, o Galvão Bueno passou toda a transmissão tecendo loas à facilidade, à funcionalidade, à eficiência e, enfim, à competência com que os responsáveis pela reforma do estádio Mineirão agiram, no tocante à mobilidade urbana (fluidez do trânsito) no entorno daquela praça de esportes, assim como com relação ao acesso às dependências do estádio. Para tanto, valeu-se do depoimento dos subalternos, que confirmaram e reafirmaram com todas as letras, pontos e acentos tudo o que o chefe houvera dito (chegar ao Mineirão e adentrá-lo nunca foi tão fácil).
Mas...
Dia seguinte, no principal telejornal da emissora global (Jornal Nacional), as imagens e depoimentos dos torcedores mineiros que “tentavam” chegar ao estádio nos deram a real dimensão da coisa: transito literalmente parado, muita confusão, revolta, insatisfação e grita generalizada por parte dos torcedores. Em suma, caos absoluto.
Como, ao mostrar e comprovar a “zorra” reinante na ocasião, a Globo publicamente desmentiu tudo o que o Galvão Bueno e subordinados afirmaram na transmissão ao vivo, no dia anterior, a pergunta que fica é: será que, tal qual a maioria dos torcedores, a cúpula da emissora global já “abusou” da arrogância e prepotência do próprio ??? Estaria reconhecendo a “saturação” do material ??? Ou que o “prazo de validade” da mercadoria oferecida aos seus telespectadores já passou ??? Será ???
Afinal, não custa lembrar, dias atrás a belíssima, simpática e competente Fátima Bernardes foi afastada do mesmo Jornal Nacional, carro-chefe da emissora, sob o argumento da necessidade de “oxigenação” do caro e valorizado horário nobre da TV Globo (embora a substituta, a também competente e belíssima Patrícia Poeta, se nos apresente como um verdadeiro “colírio pra os olhos”).
O que você, aí do outro lado da telinha, acha ???

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Pronuncie... se puder - José Nilton Mariano Saraiva


Weidenfeller, Łukasz Piszczek (Grosskreutz), Neven Subotić,
Mats Hummels, Marcel Schmelzer, Sven Bender,  İlkay Gündoğan (Schieber), Jakub Błaszczykowski (Kehl), Mario Götze, Marco Reus, Robert Lewandowski (Jurgen Klopp/Treinador).
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Até pela grafia dos nomes dos seus integrantes, não há como deixar de reconhecer tratar-se de um “genuíno” e autentico time de futebol alemão (o respeitável Borussia Dortmund). Mesmo porque, ao contrário dos grandes times mundiais da atualidade, repletos de “alienígenas”, aqui há a prevalência dos matutos “filhos da terra” (com uma ou outra honrosa exceção), daí a extrema dificuldade ou “enrolação” da língua para todos nós que não estamos acostumados com tal tipo de pronúncia. No mais, não é de hoje que o futebol alemão se destaca pela marcação implacável (em razão de um preparo físico excelente), pela insistência com que seus jogadores “caçam” os adversários em qualquer parte do gramado (já que parecem “voar” em campo), pela verticalidade e objetividade das suas ações (na perseguição do gol), pelo outrora inimaginável e envolvente toque de bola (eram conhecidos por "cintura dura"), e, principalmente pela absoluta ausência de firulas ou frescuras (tão comuns no nosso futebol). Em sendo assim, independentemente dos resultados dos dois jogos da próxima semana (que determinarão os finalistas da Copa dos Campeões da Europa), contra os fortíssimos (e não descartáveis) timaços-poliglotas-espanhóis do Barcelona e Real Madrid, o futebol alemão, através do Bayern de Munique e Borússia Dortmund, prova ser, literalmente, a “bola da vez”. Fato é que, queiram ou não determinados  "gênios" (analistas) do futebol brasileiro,  Alemanha e Espanha estão “sobrando” em termos de futebol moderno, eficiente e gostoso de ser ver.

O ocaso, o tempo e o acaso



Tudo depende do tempo e do acaso”
Eclesiastes

                                               Há exatos dez anos, silenciava a pena de um dos mais prolíficos e brilhantes escritores cearenses: O Padre Antonio Vieira. Nascido na pequenina Lagoa dos Órfãos, em Várzea Alegre, Vieira dizia-se filho sentimental e intelectual da Cidade de Frei Carlos. Deixou quase trinta livros publicados, dentre eles “O Jumento, Nosso Irmão” , reconhecido internacionalmente, publicado numa versão inglesa e tido como  a mais impressionante e completa obra já escrita sobre o  nosso querido Jerico. Sua produção fluía de uma extraordinária erudição que avançava pelos campos da Literatura, da Sociologia, da Filosofia, do Direito, da Antropologia, da História, da Gramática, da Política, da Religião. Vieira era um poliglota, um orador inspiradíssimo e dono de um estilo único e inconfundível. Mesclava, com rara destreza, a poesia e o humor e fez-se um  incansável engenho de produção literária. Como professor (de incontáveis línguas e matérias) tinha o poder quase único de hipnotizar platéias e transferir a portentosa sabedoria acumulada por tantos e tantos anos, com uma leveza e didática difíceis de se encontrar nos atuais mercados educacionais.
                                               Mais que um escritor, o Padre Vieira era um Artista. Estava profundamente antenado com o seu tempo. Conseguia ver bem além dos filtros religiosos e morais que a sociedade nos vai impingindo, pouco a pouco, na busca de empalhar-nos com verdades prontas e receitas pré-fabricadas. Franzino, feio e aparentemente frágil, Vieira carregava uma força de um guerreiro espartano. Eleito deputado federal em plena Ditadura Militar, insurgiu-se, bravamente, contra o golpe de 64, contra a Censura e a Tortura. Seus pronunciamentos no Congresso possuíam uma contundência inimaginável num regime de exceção. Por isso mesmo, terminou cassado nas primeiras lufadas do AI-5. Numa época , amigos, em que tantos e tantos se acumpliciaram com a ditadura e outros tantos fizeram-se de Judas e entregaram estudantes, sindicalistas e políticos  tidos como subversivos aos leões famintos da arena pátria; Vieira, como artista,  teve a clarividência de reconhecer quem eram os mocinhos e os bandidos e, corajosamente, alistou-se com os que pugnavam pelo bom combate. Não foi menos corajoso ao insurgir-se contra algumas leis pétreas da igreja de que fazia parte. Postou-se contra o celibato clerical, contra o medievalismo crônico de algumas teses imutáveis, contra o preconceito de gênero nas suas hostes, contra a hierarquia mais burocrática e menos pastoral. Hoje, quando as mudanças nas estruturas arcaicas  parecem mais que imperiosas, o tempo demonstrou , claramente, que o Padre Vieira trilhava, mais uma vez, o caminho da luz.
                                               O legado de um escritor insre-se nas páginas que escreveu. A herança de um artista, no entanto, ultrapassa as fronteiras da sua obra. Em que contribuímos, com nossa Arte,  para transformar esse mundo num lugar mais bonito, mais justo, mais feliz, mais alegre ? Acredito que Vieira buscou, desesperadamente, legar um planeta mais igualitário , mais franco e mais risonho para a posteridade. Reclamava de ter sido tolhido como ser humano, na impossibilidade de gerar descendência, mas deixou quase trinta filhos, na forma de  livros.  Espalhados pelo Brasil, necessitam de reedições para que cheguem às novas gerações e continuem o seu poder transformador.
                                               Passados dez anos, chega o tempo em que um artista tão importante precisa sair do purgatório da nossa história. O Cariri e o Ceará precisam saudar essa dívida para com um dos seus mais expressivos artistas. Tudo nessa vida, como diz o Eclesiastes, depende do tempo e do acaso, mas bem que podíamos dar um empurrãozinho a estas duas forças motrizes da humanidade. 

J. Flávio Vieira